Eleição na África do Sul tem maior participação desde o fim do Apartheid


Partido de Mandela é favorito, mas pode ficar sem maioria no Parlamento.

Por BBC Brasil

A justiça eleitoral da África do Sul anunciou que o comparecimento às urnas nas eleições presidenciais desta quarta-feira foi de 87% dos eleitores inscritos - o mais alto desde o fim do regime do apartheid, em 1994. A maior parte das urnas foi fechada às 17h, hora de Brasília, mas alguns locais de votação permanecem abertos para que eleitores possam votar na quarta eleição realizada desde o final do regime segregacionista. Em alguns locais houve falta de cédulas de votação e de urnas, atrasando o processo e provocando filas. Cerca de 23 milhões de pessoas se registraram para votar nestas eleições, um recorde para o país. Em geral, a eleição transcorreu de forma tranquila, com apenas alguns incidentes de falta de cédulas eleitorais. Mandela O partido Congresso Nacional Africano (CNA), símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, enfrenta o seu maior desafio nas urnas desde que chegou ao poder, em 1994. O partido de Nelson Mandela, que manteve a hegemonia política na África do Sul nos últimos 15 anos, deve vencer as eleições e indicar o seu líder, Jacob Zuma, para a Presidência do país. Mas o CNA pode sair das eleições sul-africanas sem a maioria de dois terços no Parlamento, necessária para alterar a Constituição. A oposição ganhou um reforço neste pleito. Além da tradicional Aliança Democrática, o CNA enfrenta também a concorrência do Congresso do Povo (Cope, na sigla em inglês), um novo partido formado por dissidentes do CNA e correligionários do ex-presidente Thabo Mbeki. Durante a campanha, o Cope tentou ganhar votos do CNA questionando a honestidade de Zuma. "Os líderes do partido governista ganham tratamento especial, só os pobres têm que enfrentar a justiça. Estamos cansados de eleger políticos que ganham bons salários, mas continuam roubando o nosso dinheiro", acusou Mosiuoa Lekota, presidente do Cope no último comício do partido. Racha Mesmo com grande favoritismo para vencer as eleições, o CNA enfrenta seu momento mais delicado desde que assumiu o poder, em 1994, com Nelson Mandela. Depois de dois mandatos consecutivos de Thabo Mbeki, a aprovação do governo despencou de 75%, em 2004, para apenas 52%, em novembro passado. Além disso, Mbeki e Zuma, antigos aliados, brigaram, causando o racha que originou o Cope. Com isso, dificilmente o CNA repetirá o desempenho das eleições passadas, quando conquistou 70% das vagas no Parlamento. O CNA é criticado pela minoria branca (quase 10% da população) por causa de suas políticas afirmativas que beneficiam apenas os negros (cerca de 80% do povo), e Zuma ainda teve sua imagem arranhada em 2005, quando foi acusado de estupro. Ele foi inocentado, mas provocou revolta em parte da população ao admitir ter tido relações sexuais sem proteção com uma mulher que ele sabia ser HIV positivo - a África do Sul é líder no número de casos de AIDS no mundo, com cerca de 5,7 milhões de infectados. "Esta é a eleição mais interessante na África do Sul desde a de 94 porque o CNA enfrenta muitos problemas de corrupção e tem uma oposição mais forte. Além do mais, com o passar dos anos, o discurso do partido de que ele lutou pelo fim do apartheid perde um pouco da força, as pessoas começam a se interessar mais por empregos e serviços" disse à BBC Brasil a cientista política Yolanda Sadie. Mas Zuma discorda das previsões, que considera "pessimistas", e garante que o CNA "nunca foi tão popular" como hoje. De fato, o partido ainda tem grande influência sobre a população negra do país - segundo a pesquisa do Ipsos Markinor, 79% dos eleitores negros vão votar no CNA. Em parte, a aprovação do CNA junto ao eleitorado se explica pelo crescimento econômico registrado nos últimos anos. No entanto, o país está sendo atingido pela crise financeira global e pode entrar em recessão pela primeira vez em 17 anos. O índice de desemprego já atingiu 22%. Outros assuntos que preocupam o eleitor são segurança e saúde. A África do Sul tem os maiores índices de criminalidade do mundo. O país tem 5,7 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A justiça eleitoral da África do Sul anunciou que o comparecimento às urnas nas eleições presidenciais desta quarta-feira foi de 87% dos eleitores inscritos - o mais alto desde o fim do regime do apartheid, em 1994. A maior parte das urnas foi fechada às 17h, hora de Brasília, mas alguns locais de votação permanecem abertos para que eleitores possam votar na quarta eleição realizada desde o final do regime segregacionista. Em alguns locais houve falta de cédulas de votação e de urnas, atrasando o processo e provocando filas. Cerca de 23 milhões de pessoas se registraram para votar nestas eleições, um recorde para o país. Em geral, a eleição transcorreu de forma tranquila, com apenas alguns incidentes de falta de cédulas eleitorais. Mandela O partido Congresso Nacional Africano (CNA), símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, enfrenta o seu maior desafio nas urnas desde que chegou ao poder, em 1994. O partido de Nelson Mandela, que manteve a hegemonia política na África do Sul nos últimos 15 anos, deve vencer as eleições e indicar o seu líder, Jacob Zuma, para a Presidência do país. Mas o CNA pode sair das eleições sul-africanas sem a maioria de dois terços no Parlamento, necessária para alterar a Constituição. A oposição ganhou um reforço neste pleito. Além da tradicional Aliança Democrática, o CNA enfrenta também a concorrência do Congresso do Povo (Cope, na sigla em inglês), um novo partido formado por dissidentes do CNA e correligionários do ex-presidente Thabo Mbeki. Durante a campanha, o Cope tentou ganhar votos do CNA questionando a honestidade de Zuma. "Os líderes do partido governista ganham tratamento especial, só os pobres têm que enfrentar a justiça. Estamos cansados de eleger políticos que ganham bons salários, mas continuam roubando o nosso dinheiro", acusou Mosiuoa Lekota, presidente do Cope no último comício do partido. Racha Mesmo com grande favoritismo para vencer as eleições, o CNA enfrenta seu momento mais delicado desde que assumiu o poder, em 1994, com Nelson Mandela. Depois de dois mandatos consecutivos de Thabo Mbeki, a aprovação do governo despencou de 75%, em 2004, para apenas 52%, em novembro passado. Além disso, Mbeki e Zuma, antigos aliados, brigaram, causando o racha que originou o Cope. Com isso, dificilmente o CNA repetirá o desempenho das eleições passadas, quando conquistou 70% das vagas no Parlamento. O CNA é criticado pela minoria branca (quase 10% da população) por causa de suas políticas afirmativas que beneficiam apenas os negros (cerca de 80% do povo), e Zuma ainda teve sua imagem arranhada em 2005, quando foi acusado de estupro. Ele foi inocentado, mas provocou revolta em parte da população ao admitir ter tido relações sexuais sem proteção com uma mulher que ele sabia ser HIV positivo - a África do Sul é líder no número de casos de AIDS no mundo, com cerca de 5,7 milhões de infectados. "Esta é a eleição mais interessante na África do Sul desde a de 94 porque o CNA enfrenta muitos problemas de corrupção e tem uma oposição mais forte. Além do mais, com o passar dos anos, o discurso do partido de que ele lutou pelo fim do apartheid perde um pouco da força, as pessoas começam a se interessar mais por empregos e serviços" disse à BBC Brasil a cientista política Yolanda Sadie. Mas Zuma discorda das previsões, que considera "pessimistas", e garante que o CNA "nunca foi tão popular" como hoje. De fato, o partido ainda tem grande influência sobre a população negra do país - segundo a pesquisa do Ipsos Markinor, 79% dos eleitores negros vão votar no CNA. Em parte, a aprovação do CNA junto ao eleitorado se explica pelo crescimento econômico registrado nos últimos anos. No entanto, o país está sendo atingido pela crise financeira global e pode entrar em recessão pela primeira vez em 17 anos. O índice de desemprego já atingiu 22%. Outros assuntos que preocupam o eleitor são segurança e saúde. A África do Sul tem os maiores índices de criminalidade do mundo. O país tem 5,7 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A justiça eleitoral da África do Sul anunciou que o comparecimento às urnas nas eleições presidenciais desta quarta-feira foi de 87% dos eleitores inscritos - o mais alto desde o fim do regime do apartheid, em 1994. A maior parte das urnas foi fechada às 17h, hora de Brasília, mas alguns locais de votação permanecem abertos para que eleitores possam votar na quarta eleição realizada desde o final do regime segregacionista. Em alguns locais houve falta de cédulas de votação e de urnas, atrasando o processo e provocando filas. Cerca de 23 milhões de pessoas se registraram para votar nestas eleições, um recorde para o país. Em geral, a eleição transcorreu de forma tranquila, com apenas alguns incidentes de falta de cédulas eleitorais. Mandela O partido Congresso Nacional Africano (CNA), símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, enfrenta o seu maior desafio nas urnas desde que chegou ao poder, em 1994. O partido de Nelson Mandela, que manteve a hegemonia política na África do Sul nos últimos 15 anos, deve vencer as eleições e indicar o seu líder, Jacob Zuma, para a Presidência do país. Mas o CNA pode sair das eleições sul-africanas sem a maioria de dois terços no Parlamento, necessária para alterar a Constituição. A oposição ganhou um reforço neste pleito. Além da tradicional Aliança Democrática, o CNA enfrenta também a concorrência do Congresso do Povo (Cope, na sigla em inglês), um novo partido formado por dissidentes do CNA e correligionários do ex-presidente Thabo Mbeki. Durante a campanha, o Cope tentou ganhar votos do CNA questionando a honestidade de Zuma. "Os líderes do partido governista ganham tratamento especial, só os pobres têm que enfrentar a justiça. Estamos cansados de eleger políticos que ganham bons salários, mas continuam roubando o nosso dinheiro", acusou Mosiuoa Lekota, presidente do Cope no último comício do partido. Racha Mesmo com grande favoritismo para vencer as eleições, o CNA enfrenta seu momento mais delicado desde que assumiu o poder, em 1994, com Nelson Mandela. Depois de dois mandatos consecutivos de Thabo Mbeki, a aprovação do governo despencou de 75%, em 2004, para apenas 52%, em novembro passado. Além disso, Mbeki e Zuma, antigos aliados, brigaram, causando o racha que originou o Cope. Com isso, dificilmente o CNA repetirá o desempenho das eleições passadas, quando conquistou 70% das vagas no Parlamento. O CNA é criticado pela minoria branca (quase 10% da população) por causa de suas políticas afirmativas que beneficiam apenas os negros (cerca de 80% do povo), e Zuma ainda teve sua imagem arranhada em 2005, quando foi acusado de estupro. Ele foi inocentado, mas provocou revolta em parte da população ao admitir ter tido relações sexuais sem proteção com uma mulher que ele sabia ser HIV positivo - a África do Sul é líder no número de casos de AIDS no mundo, com cerca de 5,7 milhões de infectados. "Esta é a eleição mais interessante na África do Sul desde a de 94 porque o CNA enfrenta muitos problemas de corrupção e tem uma oposição mais forte. Além do mais, com o passar dos anos, o discurso do partido de que ele lutou pelo fim do apartheid perde um pouco da força, as pessoas começam a se interessar mais por empregos e serviços" disse à BBC Brasil a cientista política Yolanda Sadie. Mas Zuma discorda das previsões, que considera "pessimistas", e garante que o CNA "nunca foi tão popular" como hoje. De fato, o partido ainda tem grande influência sobre a população negra do país - segundo a pesquisa do Ipsos Markinor, 79% dos eleitores negros vão votar no CNA. Em parte, a aprovação do CNA junto ao eleitorado se explica pelo crescimento econômico registrado nos últimos anos. No entanto, o país está sendo atingido pela crise financeira global e pode entrar em recessão pela primeira vez em 17 anos. O índice de desemprego já atingiu 22%. Outros assuntos que preocupam o eleitor são segurança e saúde. A África do Sul tem os maiores índices de criminalidade do mundo. O país tem 5,7 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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