Eleição na Colômbia: direita populista surpreende e vai a 2° turno contra ex-guerrilheiro


Gustavo Petro vai disputar o segundo turno com Rodolfo Hernández em um resultado que demonstra o descontentamento dos colombianos com a política tradicional

Por Carolina Marins
Atualização:

MEDELLÍN - Em um surpreendente avanço na reta final da campanha, o candidato populista Rodolfo Hernández desbancou o candidato da direita tradicional, Federico “Fico” Gutiérrez, e vai ao segundo turno contra o esquerdista Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que concorre à sua terceira eleição presidencial. Segundo analistas, o resultado deixa clara a insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais e o uribismo, a ala conservadora ligada o ex-presidente Álvaro Uribe.

Com 99,99% das urnas apuradas, Gustavo Petro avançou com 40,33% dos votos. Hernández, um magnata do setor da construção civil com um patrimônio avaliado em US$ 100 milhões e investimentos em todo o país, ficou com 28,15% (5,9 milhões) dos votos.

Com uma campanha forte nas redes sociais e encampando um discurso antissistema e de ataque à corrupção dos partidos tradicionais, Hernández cativou um eleitorado insatisfeito com a direita tradicional, que apoiava Gutiérrez, ligado ao atual presidente, Iván Duque. Essa será a primeira vez que o uribismo não terá um candidato próprio ou apoiado no segundo turno desde 2002.

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Pessoas caminham em Bogotá e passam por cartazes de Gustavo Petro, que tenta pela terceira vez ser presidente da Colômbia  Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE

Já muito polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos. Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.

Para Edgar Andrés Londoño, cientista político da Universidad Nacional de Colombia e doutor pela UERJ, a principal razão da ascensão de Hernández é e ele representar uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro. “Os resultados desse primeiro turno demonstram precisamente o fracasso das políticas da direita e do uribismo” diz Londoño. “Ele (Hernández) é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos”. Duque – que não poderia concorrer à reeleição – tem o desempenho muito criticado nas áreas de economia, saúde, e na segurança pública, tema caro aos colombianos.

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Insatisfação com o tradicional

Fico Gutiérrez - como é conhecido - do Equipo por Colombia é um representante do uribismo que há décadas governa a Colômbia. Em um país marcado pela violência, Fico apoiou toda a sua campanha na bandeira da segurança pública, prometendo combater o narcotráfico e demais grupos criminosos.

Embora tenha se distanciado do impopular partido governista de Iván Duque, Gutiérrez tem um discurso semelhante ao que levou Álvaro Uribe ao poder em 2002, promotor do atual presidente e influente político que conquistou grande parte de sua aceitação com uma estratégia de luta sem trégua contra os guerrilheiros de esquerda.

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“A principal razão da ascensão de Hernández é porque ele representa uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro”, explica Londoño. “Ele é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos e coisas que com Fico Gutiérrez pareciam que iam ser uma continuidade do governo de Duque que tem uma impopularidade muito grande.”

O candidato pela Liga de Gobernantes Anticorrupción, Rodolfo Hernández Foto: REUTERS / REUTERS

Duque - que não pode concorrer à reeleição - tem uma impopularidade em torno de 67%. Sem conseguir cumprir suas promessas na área da segurança e com um desempenho muito criticado na economia e na saúde em meio à pandemia, Duque foi rejeitado por todos os candidatos ao cargo presidencial.

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“O Duque tem a maior desaprovação dos presidentes recentes da história da Colômbia. Isso faz com que muitas pessoas tenham considerado que Fico Gutiérrez seria a continuidade e não queriam votar por Petro que representa uma esquerda que aqui no país é rejeitada por muitos setores políticos poderosos e por parte da população”, afirma Londoño.

Cenário na América Latina

A votação expressiva de Petro repete um roteiro de eleições em outros países da América Latina. Liderados por liberais, países como a Argentina, de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernández, e o Chile, então governado por Sebastián Piñera, escolheu Gabriel Boric – nos dois casos, políticos identificados com a esquerda.

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Na Colômbia, porém, o candidato do Pacto Histórico, terá de superar uma intensa polarização e um aumento da violência eleitoral. Segundo dados da organização civil Misión de Observación Electoral, em 2018, na vitória de Duque, o país registrou 322 casos de violência com motivação eleitoral, sendo que 131 foram direcionados a líderes políticos.

Em 2022, o número total saltou para 683, alta de 112.1%.Analistas projetam um segundo turno ainda mais tenso, com uma clara tendência de setores da direita se unindo para evitar uma vitória do ex-guerrilheiro. Ainda no domingo, Gutiérrez, que obteve 23,9% (5 milhões) dos votos, anunciou apoio a Hernández. “Não queremos perder o país e não vamos colocar em risco o futuro da Colômbia”, disse.

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Após o resultado, Petro disse que uma vitória do seu adversário “é um risco para a democracia e para as liberdades da Colômbia”Para Londoño, o resultado das urnas no domingo, 29, torna as previsões sobre um segundo turno mais difíceis, pois Hernández se mostra muito competitivo. “Acho que muitos votos de ‘Fico’ Gutiérrez devem ir para Hernández e não pra Petro.”

A polarização, no entanto, tende a ser bastante diferente da que seria em um cenário Petro e Fico. “A polarização estará mais distante do uribismo. Vão entrar outros temas, outras questões que Uribe e esquerda como era antes”, finaliza.

MEDELLÍN - Em um surpreendente avanço na reta final da campanha, o candidato populista Rodolfo Hernández desbancou o candidato da direita tradicional, Federico “Fico” Gutiérrez, e vai ao segundo turno contra o esquerdista Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que concorre à sua terceira eleição presidencial. Segundo analistas, o resultado deixa clara a insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais e o uribismo, a ala conservadora ligada o ex-presidente Álvaro Uribe.

Com 99,99% das urnas apuradas, Gustavo Petro avançou com 40,33% dos votos. Hernández, um magnata do setor da construção civil com um patrimônio avaliado em US$ 100 milhões e investimentos em todo o país, ficou com 28,15% (5,9 milhões) dos votos.

Com uma campanha forte nas redes sociais e encampando um discurso antissistema e de ataque à corrupção dos partidos tradicionais, Hernández cativou um eleitorado insatisfeito com a direita tradicional, que apoiava Gutiérrez, ligado ao atual presidente, Iván Duque. Essa será a primeira vez que o uribismo não terá um candidato próprio ou apoiado no segundo turno desde 2002.

Pessoas caminham em Bogotá e passam por cartazes de Gustavo Petro, que tenta pela terceira vez ser presidente da Colômbia  Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE

Já muito polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos. Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.

Para Edgar Andrés Londoño, cientista político da Universidad Nacional de Colombia e doutor pela UERJ, a principal razão da ascensão de Hernández é e ele representar uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro. “Os resultados desse primeiro turno demonstram precisamente o fracasso das políticas da direita e do uribismo” diz Londoño. “Ele (Hernández) é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos”. Duque – que não poderia concorrer à reeleição – tem o desempenho muito criticado nas áreas de economia, saúde, e na segurança pública, tema caro aos colombianos.

Insatisfação com o tradicional

Fico Gutiérrez - como é conhecido - do Equipo por Colombia é um representante do uribismo que há décadas governa a Colômbia. Em um país marcado pela violência, Fico apoiou toda a sua campanha na bandeira da segurança pública, prometendo combater o narcotráfico e demais grupos criminosos.

Embora tenha se distanciado do impopular partido governista de Iván Duque, Gutiérrez tem um discurso semelhante ao que levou Álvaro Uribe ao poder em 2002, promotor do atual presidente e influente político que conquistou grande parte de sua aceitação com uma estratégia de luta sem trégua contra os guerrilheiros de esquerda.

“A principal razão da ascensão de Hernández é porque ele representa uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro”, explica Londoño. “Ele é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos e coisas que com Fico Gutiérrez pareciam que iam ser uma continuidade do governo de Duque que tem uma impopularidade muito grande.”

O candidato pela Liga de Gobernantes Anticorrupción, Rodolfo Hernández Foto: REUTERS / REUTERS

Duque - que não pode concorrer à reeleição - tem uma impopularidade em torno de 67%. Sem conseguir cumprir suas promessas na área da segurança e com um desempenho muito criticado na economia e na saúde em meio à pandemia, Duque foi rejeitado por todos os candidatos ao cargo presidencial.

“O Duque tem a maior desaprovação dos presidentes recentes da história da Colômbia. Isso faz com que muitas pessoas tenham considerado que Fico Gutiérrez seria a continuidade e não queriam votar por Petro que representa uma esquerda que aqui no país é rejeitada por muitos setores políticos poderosos e por parte da população”, afirma Londoño.

Cenário na América Latina

A votação expressiva de Petro repete um roteiro de eleições em outros países da América Latina. Liderados por liberais, países como a Argentina, de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernández, e o Chile, então governado por Sebastián Piñera, escolheu Gabriel Boric – nos dois casos, políticos identificados com a esquerda.

Na Colômbia, porém, o candidato do Pacto Histórico, terá de superar uma intensa polarização e um aumento da violência eleitoral. Segundo dados da organização civil Misión de Observación Electoral, em 2018, na vitória de Duque, o país registrou 322 casos de violência com motivação eleitoral, sendo que 131 foram direcionados a líderes políticos.

Em 2022, o número total saltou para 683, alta de 112.1%.Analistas projetam um segundo turno ainda mais tenso, com uma clara tendência de setores da direita se unindo para evitar uma vitória do ex-guerrilheiro. Ainda no domingo, Gutiérrez, que obteve 23,9% (5 milhões) dos votos, anunciou apoio a Hernández. “Não queremos perder o país e não vamos colocar em risco o futuro da Colômbia”, disse.

Após o resultado, Petro disse que uma vitória do seu adversário “é um risco para a democracia e para as liberdades da Colômbia”Para Londoño, o resultado das urnas no domingo, 29, torna as previsões sobre um segundo turno mais difíceis, pois Hernández se mostra muito competitivo. “Acho que muitos votos de ‘Fico’ Gutiérrez devem ir para Hernández e não pra Petro.”

A polarização, no entanto, tende a ser bastante diferente da que seria em um cenário Petro e Fico. “A polarização estará mais distante do uribismo. Vão entrar outros temas, outras questões que Uribe e esquerda como era antes”, finaliza.

MEDELLÍN - Em um surpreendente avanço na reta final da campanha, o candidato populista Rodolfo Hernández desbancou o candidato da direita tradicional, Federico “Fico” Gutiérrez, e vai ao segundo turno contra o esquerdista Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que concorre à sua terceira eleição presidencial. Segundo analistas, o resultado deixa clara a insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais e o uribismo, a ala conservadora ligada o ex-presidente Álvaro Uribe.

Com 99,99% das urnas apuradas, Gustavo Petro avançou com 40,33% dos votos. Hernández, um magnata do setor da construção civil com um patrimônio avaliado em US$ 100 milhões e investimentos em todo o país, ficou com 28,15% (5,9 milhões) dos votos.

Com uma campanha forte nas redes sociais e encampando um discurso antissistema e de ataque à corrupção dos partidos tradicionais, Hernández cativou um eleitorado insatisfeito com a direita tradicional, que apoiava Gutiérrez, ligado ao atual presidente, Iván Duque. Essa será a primeira vez que o uribismo não terá um candidato próprio ou apoiado no segundo turno desde 2002.

Pessoas caminham em Bogotá e passam por cartazes de Gustavo Petro, que tenta pela terceira vez ser presidente da Colômbia  Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE

Já muito polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos. Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.

Para Edgar Andrés Londoño, cientista político da Universidad Nacional de Colombia e doutor pela UERJ, a principal razão da ascensão de Hernández é e ele representar uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro. “Os resultados desse primeiro turno demonstram precisamente o fracasso das políticas da direita e do uribismo” diz Londoño. “Ele (Hernández) é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos”. Duque – que não poderia concorrer à reeleição – tem o desempenho muito criticado nas áreas de economia, saúde, e na segurança pública, tema caro aos colombianos.

Insatisfação com o tradicional

Fico Gutiérrez - como é conhecido - do Equipo por Colombia é um representante do uribismo que há décadas governa a Colômbia. Em um país marcado pela violência, Fico apoiou toda a sua campanha na bandeira da segurança pública, prometendo combater o narcotráfico e demais grupos criminosos.

Embora tenha se distanciado do impopular partido governista de Iván Duque, Gutiérrez tem um discurso semelhante ao que levou Álvaro Uribe ao poder em 2002, promotor do atual presidente e influente político que conquistou grande parte de sua aceitação com uma estratégia de luta sem trégua contra os guerrilheiros de esquerda.

“A principal razão da ascensão de Hernández é porque ele representa uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro”, explica Londoño. “Ele é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos e coisas que com Fico Gutiérrez pareciam que iam ser uma continuidade do governo de Duque que tem uma impopularidade muito grande.”

O candidato pela Liga de Gobernantes Anticorrupción, Rodolfo Hernández Foto: REUTERS / REUTERS

Duque - que não pode concorrer à reeleição - tem uma impopularidade em torno de 67%. Sem conseguir cumprir suas promessas na área da segurança e com um desempenho muito criticado na economia e na saúde em meio à pandemia, Duque foi rejeitado por todos os candidatos ao cargo presidencial.

“O Duque tem a maior desaprovação dos presidentes recentes da história da Colômbia. Isso faz com que muitas pessoas tenham considerado que Fico Gutiérrez seria a continuidade e não queriam votar por Petro que representa uma esquerda que aqui no país é rejeitada por muitos setores políticos poderosos e por parte da população”, afirma Londoño.

Cenário na América Latina

A votação expressiva de Petro repete um roteiro de eleições em outros países da América Latina. Liderados por liberais, países como a Argentina, de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernández, e o Chile, então governado por Sebastián Piñera, escolheu Gabriel Boric – nos dois casos, políticos identificados com a esquerda.

Na Colômbia, porém, o candidato do Pacto Histórico, terá de superar uma intensa polarização e um aumento da violência eleitoral. Segundo dados da organização civil Misión de Observación Electoral, em 2018, na vitória de Duque, o país registrou 322 casos de violência com motivação eleitoral, sendo que 131 foram direcionados a líderes políticos.

Em 2022, o número total saltou para 683, alta de 112.1%.Analistas projetam um segundo turno ainda mais tenso, com uma clara tendência de setores da direita se unindo para evitar uma vitória do ex-guerrilheiro. Ainda no domingo, Gutiérrez, que obteve 23,9% (5 milhões) dos votos, anunciou apoio a Hernández. “Não queremos perder o país e não vamos colocar em risco o futuro da Colômbia”, disse.

Após o resultado, Petro disse que uma vitória do seu adversário “é um risco para a democracia e para as liberdades da Colômbia”Para Londoño, o resultado das urnas no domingo, 29, torna as previsões sobre um segundo turno mais difíceis, pois Hernández se mostra muito competitivo. “Acho que muitos votos de ‘Fico’ Gutiérrez devem ir para Hernández e não pra Petro.”

A polarização, no entanto, tende a ser bastante diferente da que seria em um cenário Petro e Fico. “A polarização estará mais distante do uribismo. Vão entrar outros temas, outras questões que Uribe e esquerda como era antes”, finaliza.

MEDELLÍN - Em um surpreendente avanço na reta final da campanha, o candidato populista Rodolfo Hernández desbancou o candidato da direita tradicional, Federico “Fico” Gutiérrez, e vai ao segundo turno contra o esquerdista Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que concorre à sua terceira eleição presidencial. Segundo analistas, o resultado deixa clara a insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais e o uribismo, a ala conservadora ligada o ex-presidente Álvaro Uribe.

Com 99,99% das urnas apuradas, Gustavo Petro avançou com 40,33% dos votos. Hernández, um magnata do setor da construção civil com um patrimônio avaliado em US$ 100 milhões e investimentos em todo o país, ficou com 28,15% (5,9 milhões) dos votos.

Com uma campanha forte nas redes sociais e encampando um discurso antissistema e de ataque à corrupção dos partidos tradicionais, Hernández cativou um eleitorado insatisfeito com a direita tradicional, que apoiava Gutiérrez, ligado ao atual presidente, Iván Duque. Essa será a primeira vez que o uribismo não terá um candidato próprio ou apoiado no segundo turno desde 2002.

Pessoas caminham em Bogotá e passam por cartazes de Gustavo Petro, que tenta pela terceira vez ser presidente da Colômbia  Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE

Já muito polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos. Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.

Para Edgar Andrés Londoño, cientista político da Universidad Nacional de Colombia e doutor pela UERJ, a principal razão da ascensão de Hernández é e ele representar uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro. “Os resultados desse primeiro turno demonstram precisamente o fracasso das políticas da direita e do uribismo” diz Londoño. “Ele (Hernández) é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos”. Duque – que não poderia concorrer à reeleição – tem o desempenho muito criticado nas áreas de economia, saúde, e na segurança pública, tema caro aos colombianos.

Insatisfação com o tradicional

Fico Gutiérrez - como é conhecido - do Equipo por Colombia é um representante do uribismo que há décadas governa a Colômbia. Em um país marcado pela violência, Fico apoiou toda a sua campanha na bandeira da segurança pública, prometendo combater o narcotráfico e demais grupos criminosos.

Embora tenha se distanciado do impopular partido governista de Iván Duque, Gutiérrez tem um discurso semelhante ao que levou Álvaro Uribe ao poder em 2002, promotor do atual presidente e influente político que conquistou grande parte de sua aceitação com uma estratégia de luta sem trégua contra os guerrilheiros de esquerda.

“A principal razão da ascensão de Hernández é porque ele representa uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro”, explica Londoño. “Ele é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos e coisas que com Fico Gutiérrez pareciam que iam ser uma continuidade do governo de Duque que tem uma impopularidade muito grande.”

O candidato pela Liga de Gobernantes Anticorrupción, Rodolfo Hernández Foto: REUTERS / REUTERS

Duque - que não pode concorrer à reeleição - tem uma impopularidade em torno de 67%. Sem conseguir cumprir suas promessas na área da segurança e com um desempenho muito criticado na economia e na saúde em meio à pandemia, Duque foi rejeitado por todos os candidatos ao cargo presidencial.

“O Duque tem a maior desaprovação dos presidentes recentes da história da Colômbia. Isso faz com que muitas pessoas tenham considerado que Fico Gutiérrez seria a continuidade e não queriam votar por Petro que representa uma esquerda que aqui no país é rejeitada por muitos setores políticos poderosos e por parte da população”, afirma Londoño.

Cenário na América Latina

A votação expressiva de Petro repete um roteiro de eleições em outros países da América Latina. Liderados por liberais, países como a Argentina, de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernández, e o Chile, então governado por Sebastián Piñera, escolheu Gabriel Boric – nos dois casos, políticos identificados com a esquerda.

Na Colômbia, porém, o candidato do Pacto Histórico, terá de superar uma intensa polarização e um aumento da violência eleitoral. Segundo dados da organização civil Misión de Observación Electoral, em 2018, na vitória de Duque, o país registrou 322 casos de violência com motivação eleitoral, sendo que 131 foram direcionados a líderes políticos.

Em 2022, o número total saltou para 683, alta de 112.1%.Analistas projetam um segundo turno ainda mais tenso, com uma clara tendência de setores da direita se unindo para evitar uma vitória do ex-guerrilheiro. Ainda no domingo, Gutiérrez, que obteve 23,9% (5 milhões) dos votos, anunciou apoio a Hernández. “Não queremos perder o país e não vamos colocar em risco o futuro da Colômbia”, disse.

Após o resultado, Petro disse que uma vitória do seu adversário “é um risco para a democracia e para as liberdades da Colômbia”Para Londoño, o resultado das urnas no domingo, 29, torna as previsões sobre um segundo turno mais difíceis, pois Hernández se mostra muito competitivo. “Acho que muitos votos de ‘Fico’ Gutiérrez devem ir para Hernández e não pra Petro.”

A polarização, no entanto, tende a ser bastante diferente da que seria em um cenário Petro e Fico. “A polarização estará mais distante do uribismo. Vão entrar outros temas, outras questões que Uribe e esquerda como era antes”, finaliza.

MEDELLÍN - Em um surpreendente avanço na reta final da campanha, o candidato populista Rodolfo Hernández desbancou o candidato da direita tradicional, Federico “Fico” Gutiérrez, e vai ao segundo turno contra o esquerdista Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que concorre à sua terceira eleição presidencial. Segundo analistas, o resultado deixa clara a insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais e o uribismo, a ala conservadora ligada o ex-presidente Álvaro Uribe.

Com 99,99% das urnas apuradas, Gustavo Petro avançou com 40,33% dos votos. Hernández, um magnata do setor da construção civil com um patrimônio avaliado em US$ 100 milhões e investimentos em todo o país, ficou com 28,15% (5,9 milhões) dos votos.

Com uma campanha forte nas redes sociais e encampando um discurso antissistema e de ataque à corrupção dos partidos tradicionais, Hernández cativou um eleitorado insatisfeito com a direita tradicional, que apoiava Gutiérrez, ligado ao atual presidente, Iván Duque. Essa será a primeira vez que o uribismo não terá um candidato próprio ou apoiado no segundo turno desde 2002.

Pessoas caminham em Bogotá e passam por cartazes de Gustavo Petro, que tenta pela terceira vez ser presidente da Colômbia  Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE

Já muito polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos. Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.

Para Edgar Andrés Londoño, cientista político da Universidad Nacional de Colombia e doutor pela UERJ, a principal razão da ascensão de Hernández é e ele representar uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro. “Os resultados desse primeiro turno demonstram precisamente o fracasso das políticas da direita e do uribismo” diz Londoño. “Ele (Hernández) é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos”. Duque – que não poderia concorrer à reeleição – tem o desempenho muito criticado nas áreas de economia, saúde, e na segurança pública, tema caro aos colombianos.

Insatisfação com o tradicional

Fico Gutiérrez - como é conhecido - do Equipo por Colombia é um representante do uribismo que há décadas governa a Colômbia. Em um país marcado pela violência, Fico apoiou toda a sua campanha na bandeira da segurança pública, prometendo combater o narcotráfico e demais grupos criminosos.

Embora tenha se distanciado do impopular partido governista de Iván Duque, Gutiérrez tem um discurso semelhante ao que levou Álvaro Uribe ao poder em 2002, promotor do atual presidente e influente político que conquistou grande parte de sua aceitação com uma estratégia de luta sem trégua contra os guerrilheiros de esquerda.

“A principal razão da ascensão de Hernández é porque ele representa uma mudança nessa política tradicional, assim como o Petro”, explica Londoño. “Ele é um empresário e sua plataforma está organizada a partir dessa questão mais de negócios. Ele também tem a proposta de diminuir os impostos e coisas que com Fico Gutiérrez pareciam que iam ser uma continuidade do governo de Duque que tem uma impopularidade muito grande.”

O candidato pela Liga de Gobernantes Anticorrupción, Rodolfo Hernández Foto: REUTERS / REUTERS

Duque - que não pode concorrer à reeleição - tem uma impopularidade em torno de 67%. Sem conseguir cumprir suas promessas na área da segurança e com um desempenho muito criticado na economia e na saúde em meio à pandemia, Duque foi rejeitado por todos os candidatos ao cargo presidencial.

“O Duque tem a maior desaprovação dos presidentes recentes da história da Colômbia. Isso faz com que muitas pessoas tenham considerado que Fico Gutiérrez seria a continuidade e não queriam votar por Petro que representa uma esquerda que aqui no país é rejeitada por muitos setores políticos poderosos e por parte da população”, afirma Londoño.

Cenário na América Latina

A votação expressiva de Petro repete um roteiro de eleições em outros países da América Latina. Liderados por liberais, países como a Argentina, de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernández, e o Chile, então governado por Sebastián Piñera, escolheu Gabriel Boric – nos dois casos, políticos identificados com a esquerda.

Na Colômbia, porém, o candidato do Pacto Histórico, terá de superar uma intensa polarização e um aumento da violência eleitoral. Segundo dados da organização civil Misión de Observación Electoral, em 2018, na vitória de Duque, o país registrou 322 casos de violência com motivação eleitoral, sendo que 131 foram direcionados a líderes políticos.

Em 2022, o número total saltou para 683, alta de 112.1%.Analistas projetam um segundo turno ainda mais tenso, com uma clara tendência de setores da direita se unindo para evitar uma vitória do ex-guerrilheiro. Ainda no domingo, Gutiérrez, que obteve 23,9% (5 milhões) dos votos, anunciou apoio a Hernández. “Não queremos perder o país e não vamos colocar em risco o futuro da Colômbia”, disse.

Após o resultado, Petro disse que uma vitória do seu adversário “é um risco para a democracia e para as liberdades da Colômbia”Para Londoño, o resultado das urnas no domingo, 29, torna as previsões sobre um segundo turno mais difíceis, pois Hernández se mostra muito competitivo. “Acho que muitos votos de ‘Fico’ Gutiérrez devem ir para Hernández e não pra Petro.”

A polarização, no entanto, tende a ser bastante diferente da que seria em um cenário Petro e Fico. “A polarização estará mais distante do uribismo. Vão entrar outros temas, outras questões que Uribe e esquerda como era antes”, finaliza.

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