A nova formação do Congresso argentino eleito na noite de domingo, 22, mostra que o peronista Sergio Massa e o libertário Javier Milei terão desafios diferentes para lidar com o Legislativo. O peronismo manteve-se como maior força tanto no Senado quanto na Câmara. A coalizão Liberdade Avança, de Milei, um grupo relativamente pequeno no Congresso, se tornou a terceira maior bancada nas duas Casas.
As eleições renovaram metade, ou 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, e um terço, ou seja 24, dos 72 assentos do Senado.
Na Câmara, a União pela Pátria perdeu assentos — passou de 118 deputados para 108 na próxima legislatura. No Senado, a atuação foi melhor, já que o peronismo aumentou o número de senadores, passando de 31 para 35.
Já a aliança Liberdade Avança, do libertário Javier Milei, aumentou as bancadas na Câmara, passando de 3 para 37 deputados; e no Senado, onde passou de zero para oito cadeiras.
A coalizão de direita Juntos pela Mudança, de Patricia Bullrich e Mauricio Macri, foi a maior derrotada: conseguiu apenas 24 das 33 cadeiras que tinha no Senado e 93 dos 117 assentos na Câmara.
No Congresso, são necessários 129 deputados para atingir o quórum, o que nenhuma força conseguirá sozinha.
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Com isso, qualquer que seja o vencedor em 19 de novembro terá de negociar apoio com o Legislativo. A tarefa de Massa é mais simples por dois motivos. A mais óbvia é que seu grupo está mais perto da maioria que Milei. Com mais 21 deputados, consegue a maioria.
As opções são negociar com legendas de esquerda e o peronismo dissidente ou com a União Cívica Radical, que faz parte da coalizão de Bullrich, e que Massa pretende cortejar para um apoio no segundo turno.
A segunda razão é que o peronismo já conta com a expertise de negociação de décadas no Congresso, além do domínio de governadores na maioria das províncias, com os quais os deputados precisam manter boas relações.
Milei, por sua vez, pode tentar formar uma coalizão com o Juntos pela Mudança, a segunda maior bancada, mas ainda assim teria 120 deputados, menos do que os 129 necessários para a maioria, e teria de negociar com o peronismo dissidente. É uma tarefa difícil, sobretudo pela promessa do libertário de romper com a casta política argentina.
Segundo turno
Os dois candidatos que disputarão o segundo turno na eleição presidencial argentina, em 19 de novembro, têm o desafio de ampliar sua base de apoio, partindo, ambos, de um alto índice de rejeição.
De acordo com pesquisa realizada em setembro pela Universidade de San Andrés, a rejeição a Milei, candidato libertário e que espanta eleitores com propostas como permitir a venda de órgãos e reduzir drasticamente o tamanho do Estado — podendo eliminar programas de ajuda social —, atinge 53%.
Já o peronista Sergio Massa, deve convencer os argentinos de que ser o ministro da Economia num país mergulhado numa crise dramática não significa que não possa ser o presidente que resolva essa mesma crise. /AFP e EFE