Eleições na Colômbia: Hernández se distancia da direita e defende aborto e relações com Venezuela


Em meio a críticas sobre falta de propostas de governo e populismo conservador, o empresário defendeu pautas ecológicas, de igualdade de gênero e legalização das drogas

Por Carolina Marins

O candidato à presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández, que foi a grande surpresa do primeiro turno, tenta descolar sua imagem do uribismo, o movimento político ligada à direita tradicional na Colômbia, apesar de ser apoiado por seus principais expoentes. Nesta quarta-feira, 1º, ele postou as suas “20 diferenças do uribismo”, onde revelou apoio à pautas progressistas, como liberalização de drogas e aborto, e defendeu a retomada de relações com a Venezuela.

Hernández, que no primeiro turno recebeu 28% dos votos e avançou na disputa contra o esquerdista Gustavo Petro (40%), se coloca como um político antissistema e tenta surfar na onda de insatisfação dos colombianos aos políticos tradicionais. “Não engula histórias. Aqui deixo 20 diferenças que tenho com o uribismo”, escreveu em seu perfil no Twitter, onde esmiuçou algumas das pautas que apoia.

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Pautas de costumes

O ex-prefeito de Bucaramanga buscou afastar o rótulo de populista e conservador ao apontar temas de fora desta agenda. “Em meu governo haverá total apoio à diversidade sexual e de gênero, incluindo casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção por casais do mesmo sexo”, disse. “Sou a favor da legalização da maconha medicinal e recreativa. Já disse e repito: o mais perigoso das drogas é a proibição.”

O candidato também enfatizou que apoia a manutenção da lei de aborto “dentro dos prazos estipulados, a mulher que tem o direito de decidir se aborta ou não”.

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Os candidatos à presidência e vice-presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández e Marelen Castillo Foto: Campaña Rodolfo Hernández/EFE

Segundo especialistas, o movimento tem duas intenções: refutar as críticas de que ele não possui um plano claro de governo para a Colômbia e desfazer declarações polêmicas do passado.

“Ele não tem falado nada consistente sobre o plano de governo e isso está sendo uma das críticas principais na campanha do Petro”, explica Maria Elena Rodríguez, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do Brics Policy Center. “Ele não foi aos debates, então as pessoas não sabem o que ele pensa.”

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“Agora ele está tomando uma defensiva de mostrar um pouco o que pensa e se retratar de algumas coisas que ele tinha falado. Por exemplo, ele falou que era a favor do fracking (polêmica técnica de extração de petróleo por meio de produtos químicos), do glifosato, contra o aborto, etc. E se vemos os tuites percebemos que ele está colocando quais são os pontos do seu governo, se retratando em pontos anteriores, seguindo uma pauta semelhante a que tem o Petro, que é um pouco o clamor da sociedade por uma pauta mais liberal nos costumes e ecológica”.

Justamente pelo caráter de outsider político ao mesmo tempo que vem das elites econômicas - Hernández é engenheiro e empresário - ele ganhou a alcunha de “Trump colombiano”. Mas especialistas apontam que mesmo este rótulo é complexo, já que Hernández tende a se distanciar de muitas pautas conservadoras do trumpismo.

“A figura de Rodolfo Hernández tem sido bem ambivalente, porque ele tem se desmarcado do uribismo e tem algumas propostas que alguns consideram populistas como por exemplo a reforma do sistema de justiça, reduzir os impostos, mas sem saber como ele vai fazer isso”, aponta Andrés Londoño Niño, doutor em Ciência Política peço IESP-UERJ e professor na Escola Superior de Administração Pública da Colômbia.

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Distância do uribismo

Hernández concentra seus ataques ao atual presidente Iván Duque, que tem um baixo índice de popularidade entre os colombianos. “Ele só cita o Álvaro Uribe no título”, destaca María Elena Rodriguez. “Mas quando você lê os pontos você vê que ele quer se separar do Uribe através do Duque porque este é o governo mais impopular da história da Colômbia”.

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Entre esses ataques, ele cita a não implementação do acordo de paz com as Farc e prometeu negociar também com o ELN (Exército de Libertação Nacional). “Ninguém mais deveria experimentar a dor da guerra”, escreveu.

A defesa do acordo de paz já era um tema que Hernández defendia em sua campanha no primeiro turno. Sua família já foi várias vezes vítima dos grupos armados do país, incluindo seu pai que foi sequestrado pelas Farc e a filha mais velha que desapareceu em 2004 em um sequestro que anos depois foi revelado ter sido obra do ELN.

“Ele tem propostas muito ambíguas, que tem mudado”, afirma Londoño. “Às vezes diz uma coisa e às vezes diz outra, então é difícil compreendê-lo. Por exemplo, ele votou ‘não’ no plebiscito pela paz, mas agora está apoiando a paz, inclusive com um processo de negociação com o ELN. Mas também tem dito que esse acordo de paz será só uma extensão do acordo com as Farc e não é assim porque é um conflito muito complexo.”

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A tentativa de se distanciar do uribismo ocorre dias depois que diversos políticos tradicionais do país declararam apoio a Hernández neste segundo turno. “Ele tem se desmarcado do uribismo e não tem aceitado apoios formais porque tenta se marcar como independente”, afirma Londoño. “Para grande parte do eleitorado colombiano isso pode dar certo”.

Os candidatos à vice-presidência e presidência da Colômbia, respectivamente, Francia Márquez e Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

A Venezuela e o medo da esquerda

Desde as eleições de 2018, a principal bandeira levantada pelos adversários de Gustavo Petro contra ele é de que, enquanto um ex-guerrilheiro de esquerda, ele transformará a Colômbia em uma “segunda Venezuela”. Foi com este repúdio à Venezuela que o governo de Iván Duque rompeu as relações com o país.

Porém, assim como Petro, Hernández é um defensor do restabelecimento das relações, cintando a proposta inclusive em seu plano de governo - amplamente criticado por ser muito vago. No documento ele promete restabelecer as relações com o país “desde o primeiro dia de governo”, com hora marcada.

“Um dos principais argumento do uribismo é que a Colômbia vai virar uma segunda Venezuela se o Petro se tornar presidente. Mas esse mesma direita está apoiando a Rodolfo”, aponta Londoño.

Segundo os analistas, mesmo defendendo pautas semelhantes às de Petro, Hernández ainda consegue recair na estratégia do “qualquer um menos Petro” porque o medo à esquerda chega a ser maior que um cansaço ao uribismo.

A tendência se reflete já nas primeiras pesquisas de intenção de votos para o segundo turno que mostram que, apesar da distância no primeiro turno, Hernández está cada vez mais próximo de Petro, já sendo considerado um empate técnico entre eles.

O candidato à presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández, que foi a grande surpresa do primeiro turno, tenta descolar sua imagem do uribismo, o movimento político ligada à direita tradicional na Colômbia, apesar de ser apoiado por seus principais expoentes. Nesta quarta-feira, 1º, ele postou as suas “20 diferenças do uribismo”, onde revelou apoio à pautas progressistas, como liberalização de drogas e aborto, e defendeu a retomada de relações com a Venezuela.

Hernández, que no primeiro turno recebeu 28% dos votos e avançou na disputa contra o esquerdista Gustavo Petro (40%), se coloca como um político antissistema e tenta surfar na onda de insatisfação dos colombianos aos políticos tradicionais. “Não engula histórias. Aqui deixo 20 diferenças que tenho com o uribismo”, escreveu em seu perfil no Twitter, onde esmiuçou algumas das pautas que apoia.

Pautas de costumes

O ex-prefeito de Bucaramanga buscou afastar o rótulo de populista e conservador ao apontar temas de fora desta agenda. “Em meu governo haverá total apoio à diversidade sexual e de gênero, incluindo casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção por casais do mesmo sexo”, disse. “Sou a favor da legalização da maconha medicinal e recreativa. Já disse e repito: o mais perigoso das drogas é a proibição.”

O candidato também enfatizou que apoia a manutenção da lei de aborto “dentro dos prazos estipulados, a mulher que tem o direito de decidir se aborta ou não”.

Os candidatos à presidência e vice-presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández e Marelen Castillo Foto: Campaña Rodolfo Hernández/EFE

Segundo especialistas, o movimento tem duas intenções: refutar as críticas de que ele não possui um plano claro de governo para a Colômbia e desfazer declarações polêmicas do passado.

“Ele não tem falado nada consistente sobre o plano de governo e isso está sendo uma das críticas principais na campanha do Petro”, explica Maria Elena Rodríguez, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do Brics Policy Center. “Ele não foi aos debates, então as pessoas não sabem o que ele pensa.”

“Agora ele está tomando uma defensiva de mostrar um pouco o que pensa e se retratar de algumas coisas que ele tinha falado. Por exemplo, ele falou que era a favor do fracking (polêmica técnica de extração de petróleo por meio de produtos químicos), do glifosato, contra o aborto, etc. E se vemos os tuites percebemos que ele está colocando quais são os pontos do seu governo, se retratando em pontos anteriores, seguindo uma pauta semelhante a que tem o Petro, que é um pouco o clamor da sociedade por uma pauta mais liberal nos costumes e ecológica”.

Justamente pelo caráter de outsider político ao mesmo tempo que vem das elites econômicas - Hernández é engenheiro e empresário - ele ganhou a alcunha de “Trump colombiano”. Mas especialistas apontam que mesmo este rótulo é complexo, já que Hernández tende a se distanciar de muitas pautas conservadoras do trumpismo.

“A figura de Rodolfo Hernández tem sido bem ambivalente, porque ele tem se desmarcado do uribismo e tem algumas propostas que alguns consideram populistas como por exemplo a reforma do sistema de justiça, reduzir os impostos, mas sem saber como ele vai fazer isso”, aponta Andrés Londoño Niño, doutor em Ciência Política peço IESP-UERJ e professor na Escola Superior de Administração Pública da Colômbia.

Distância do uribismo

Hernández concentra seus ataques ao atual presidente Iván Duque, que tem um baixo índice de popularidade entre os colombianos. “Ele só cita o Álvaro Uribe no título”, destaca María Elena Rodriguez. “Mas quando você lê os pontos você vê que ele quer se separar do Uribe através do Duque porque este é o governo mais impopular da história da Colômbia”.

Entre esses ataques, ele cita a não implementação do acordo de paz com as Farc e prometeu negociar também com o ELN (Exército de Libertação Nacional). “Ninguém mais deveria experimentar a dor da guerra”, escreveu.

A defesa do acordo de paz já era um tema que Hernández defendia em sua campanha no primeiro turno. Sua família já foi várias vezes vítima dos grupos armados do país, incluindo seu pai que foi sequestrado pelas Farc e a filha mais velha que desapareceu em 2004 em um sequestro que anos depois foi revelado ter sido obra do ELN.

“Ele tem propostas muito ambíguas, que tem mudado”, afirma Londoño. “Às vezes diz uma coisa e às vezes diz outra, então é difícil compreendê-lo. Por exemplo, ele votou ‘não’ no plebiscito pela paz, mas agora está apoiando a paz, inclusive com um processo de negociação com o ELN. Mas também tem dito que esse acordo de paz será só uma extensão do acordo com as Farc e não é assim porque é um conflito muito complexo.”

A tentativa de se distanciar do uribismo ocorre dias depois que diversos políticos tradicionais do país declararam apoio a Hernández neste segundo turno. “Ele tem se desmarcado do uribismo e não tem aceitado apoios formais porque tenta se marcar como independente”, afirma Londoño. “Para grande parte do eleitorado colombiano isso pode dar certo”.

Os candidatos à vice-presidência e presidência da Colômbia, respectivamente, Francia Márquez e Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

A Venezuela e o medo da esquerda

Desde as eleições de 2018, a principal bandeira levantada pelos adversários de Gustavo Petro contra ele é de que, enquanto um ex-guerrilheiro de esquerda, ele transformará a Colômbia em uma “segunda Venezuela”. Foi com este repúdio à Venezuela que o governo de Iván Duque rompeu as relações com o país.

Porém, assim como Petro, Hernández é um defensor do restabelecimento das relações, cintando a proposta inclusive em seu plano de governo - amplamente criticado por ser muito vago. No documento ele promete restabelecer as relações com o país “desde o primeiro dia de governo”, com hora marcada.

“Um dos principais argumento do uribismo é que a Colômbia vai virar uma segunda Venezuela se o Petro se tornar presidente. Mas esse mesma direita está apoiando a Rodolfo”, aponta Londoño.

Segundo os analistas, mesmo defendendo pautas semelhantes às de Petro, Hernández ainda consegue recair na estratégia do “qualquer um menos Petro” porque o medo à esquerda chega a ser maior que um cansaço ao uribismo.

A tendência se reflete já nas primeiras pesquisas de intenção de votos para o segundo turno que mostram que, apesar da distância no primeiro turno, Hernández está cada vez mais próximo de Petro, já sendo considerado um empate técnico entre eles.

O candidato à presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández, que foi a grande surpresa do primeiro turno, tenta descolar sua imagem do uribismo, o movimento político ligada à direita tradicional na Colômbia, apesar de ser apoiado por seus principais expoentes. Nesta quarta-feira, 1º, ele postou as suas “20 diferenças do uribismo”, onde revelou apoio à pautas progressistas, como liberalização de drogas e aborto, e defendeu a retomada de relações com a Venezuela.

Hernández, que no primeiro turno recebeu 28% dos votos e avançou na disputa contra o esquerdista Gustavo Petro (40%), se coloca como um político antissistema e tenta surfar na onda de insatisfação dos colombianos aos políticos tradicionais. “Não engula histórias. Aqui deixo 20 diferenças que tenho com o uribismo”, escreveu em seu perfil no Twitter, onde esmiuçou algumas das pautas que apoia.

Pautas de costumes

O ex-prefeito de Bucaramanga buscou afastar o rótulo de populista e conservador ao apontar temas de fora desta agenda. “Em meu governo haverá total apoio à diversidade sexual e de gênero, incluindo casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção por casais do mesmo sexo”, disse. “Sou a favor da legalização da maconha medicinal e recreativa. Já disse e repito: o mais perigoso das drogas é a proibição.”

O candidato também enfatizou que apoia a manutenção da lei de aborto “dentro dos prazos estipulados, a mulher que tem o direito de decidir se aborta ou não”.

Os candidatos à presidência e vice-presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández e Marelen Castillo Foto: Campaña Rodolfo Hernández/EFE

Segundo especialistas, o movimento tem duas intenções: refutar as críticas de que ele não possui um plano claro de governo para a Colômbia e desfazer declarações polêmicas do passado.

“Ele não tem falado nada consistente sobre o plano de governo e isso está sendo uma das críticas principais na campanha do Petro”, explica Maria Elena Rodríguez, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do Brics Policy Center. “Ele não foi aos debates, então as pessoas não sabem o que ele pensa.”

“Agora ele está tomando uma defensiva de mostrar um pouco o que pensa e se retratar de algumas coisas que ele tinha falado. Por exemplo, ele falou que era a favor do fracking (polêmica técnica de extração de petróleo por meio de produtos químicos), do glifosato, contra o aborto, etc. E se vemos os tuites percebemos que ele está colocando quais são os pontos do seu governo, se retratando em pontos anteriores, seguindo uma pauta semelhante a que tem o Petro, que é um pouco o clamor da sociedade por uma pauta mais liberal nos costumes e ecológica”.

Justamente pelo caráter de outsider político ao mesmo tempo que vem das elites econômicas - Hernández é engenheiro e empresário - ele ganhou a alcunha de “Trump colombiano”. Mas especialistas apontam que mesmo este rótulo é complexo, já que Hernández tende a se distanciar de muitas pautas conservadoras do trumpismo.

“A figura de Rodolfo Hernández tem sido bem ambivalente, porque ele tem se desmarcado do uribismo e tem algumas propostas que alguns consideram populistas como por exemplo a reforma do sistema de justiça, reduzir os impostos, mas sem saber como ele vai fazer isso”, aponta Andrés Londoño Niño, doutor em Ciência Política peço IESP-UERJ e professor na Escola Superior de Administração Pública da Colômbia.

Distância do uribismo

Hernández concentra seus ataques ao atual presidente Iván Duque, que tem um baixo índice de popularidade entre os colombianos. “Ele só cita o Álvaro Uribe no título”, destaca María Elena Rodriguez. “Mas quando você lê os pontos você vê que ele quer se separar do Uribe através do Duque porque este é o governo mais impopular da história da Colômbia”.

Entre esses ataques, ele cita a não implementação do acordo de paz com as Farc e prometeu negociar também com o ELN (Exército de Libertação Nacional). “Ninguém mais deveria experimentar a dor da guerra”, escreveu.

A defesa do acordo de paz já era um tema que Hernández defendia em sua campanha no primeiro turno. Sua família já foi várias vezes vítima dos grupos armados do país, incluindo seu pai que foi sequestrado pelas Farc e a filha mais velha que desapareceu em 2004 em um sequestro que anos depois foi revelado ter sido obra do ELN.

“Ele tem propostas muito ambíguas, que tem mudado”, afirma Londoño. “Às vezes diz uma coisa e às vezes diz outra, então é difícil compreendê-lo. Por exemplo, ele votou ‘não’ no plebiscito pela paz, mas agora está apoiando a paz, inclusive com um processo de negociação com o ELN. Mas também tem dito que esse acordo de paz será só uma extensão do acordo com as Farc e não é assim porque é um conflito muito complexo.”

A tentativa de se distanciar do uribismo ocorre dias depois que diversos políticos tradicionais do país declararam apoio a Hernández neste segundo turno. “Ele tem se desmarcado do uribismo e não tem aceitado apoios formais porque tenta se marcar como independente”, afirma Londoño. “Para grande parte do eleitorado colombiano isso pode dar certo”.

Os candidatos à vice-presidência e presidência da Colômbia, respectivamente, Francia Márquez e Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

A Venezuela e o medo da esquerda

Desde as eleições de 2018, a principal bandeira levantada pelos adversários de Gustavo Petro contra ele é de que, enquanto um ex-guerrilheiro de esquerda, ele transformará a Colômbia em uma “segunda Venezuela”. Foi com este repúdio à Venezuela que o governo de Iván Duque rompeu as relações com o país.

Porém, assim como Petro, Hernández é um defensor do restabelecimento das relações, cintando a proposta inclusive em seu plano de governo - amplamente criticado por ser muito vago. No documento ele promete restabelecer as relações com o país “desde o primeiro dia de governo”, com hora marcada.

“Um dos principais argumento do uribismo é que a Colômbia vai virar uma segunda Venezuela se o Petro se tornar presidente. Mas esse mesma direita está apoiando a Rodolfo”, aponta Londoño.

Segundo os analistas, mesmo defendendo pautas semelhantes às de Petro, Hernández ainda consegue recair na estratégia do “qualquer um menos Petro” porque o medo à esquerda chega a ser maior que um cansaço ao uribismo.

A tendência se reflete já nas primeiras pesquisas de intenção de votos para o segundo turno que mostram que, apesar da distância no primeiro turno, Hernández está cada vez mais próximo de Petro, já sendo considerado um empate técnico entre eles.

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