Eleições na Itália: Favoritismo de Giorgia Meloni na votação deste domingo assusta a União Europeia


Posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de aliados da candidata a Putin, fazem Bruxelas observar votação com apreensão

Por Redação

Cem anos depois da marcha de Benito Mussolini sobre Roma, os italianos vão às urnas neste domingo, 25, em uma eleição que deve marcar a ascensão da direita radical ao poder no país pela primeira vez desde a 2ª Guerra. Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, é a favorita para formar uma coalizão de governo, depois de ter se aliado ao populista Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni. Conhecida pela instabilidade de seu sistema político, a Itália terá de escolher um novo governo depois da queda do gabinete tecnocrático de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em julho. Escolhido para um mandato-tampão pelo presidente Sergio Matarella em 2021, no auge da pandemia, Draghi perdeu o apoio dos populistas do Movimento Cinco Estrelas, o que levou à antecipação das eleições, mesmo com a gestão aprovada pela maioria dos italianos.

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Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni, em comício em Roma  Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

Com a aliança da direita em torno de Meloni, e o isolamento do Partido Democrático, de centro-esquerda, as pesquisas indicam que a coalizão da candidata deve ter 45% dos votos, com o Irmãos da Itália sendo o partido mais votado, com 25%. Liderado por Enrico Letta, o PD deve ter 22%, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, políticos e diplomatas temem que a vitória de Meloni fortaleça a direita radical no continente, em uma espécie de efeito cascata. Reservadamente, algumas dessas fontes lembram que há poucos dias, a extrema direita entrou na coalizão de governo conservadora na Suécia.

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Esse fortalecimento, ainda de acordo com essas fontes, criaria ruídos dentro da unidade do bloco no apoio à Ucrânia contra a invasão russa. O líder húngaro Viktor Órban, com quem Meloni compartilha muitas visões sobre imigração e direitos de minorias, tem contestado ações do bloco contra Moscou e enfraquecido as regras democráticas dentro de seu próprio país.

“Essas mudanças de governo na Suécia e provavelmente na Itália não ajudarão a UE, principalmente na hora de tomar decisões difíceis”, diz Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Políticas Públicas.

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Entre essas decisões, as principais envolvem o apoio à Ucrânia na guerra, em um momento no qual a Rússia ameaça diminuir o fornecimento de energia à UE às portas do inverno. “Com Salvini na coalizão, esqueçam novas sanções à Rússia”, afirma Sebastian Maillard, do Instituto Jacques Delors.

Outro temor dentro da União Europeia, disse um diplomata à France Presse, é que ascensão da direita radical na terceira maior economia do bloco abra caminho para a entrada de partidos extremistas em coalizões conservadoras em outros países no futuro, principalmente na Espanha e na França.

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Diante dos temores de líderes europeus, Meloni se esforçou ao longo da campanha para demonstrar compromisso com a Otan, no front político, e a zona do euro, no campo econômico. Meloni prometeu não atrapalhar a estabilidade da Itália, nem suas estratégicas. O país, diz ela, não vai dar uma guinada autoritária.

Apesar dos acenos ao centro, no entanto, Meloni no passado classificou o euro como a “moeda errada” e expressou apoio a Órban, à francesa Marine Le Pen e às democracias iliberais do Leste Europeu. Ela também já atacou os “burocratas de Bruxelas” e os “emissários” de George Soros — ecoando uma teoria da conspiração antissemita sobre um mundo supostamente controlado por financiadores judeus internacionalistas.

São nos temas sociais, sobretudo, que a favorita à chefia do governo italiano adota posições mais à direita. Sob o lema “Deus, pátria e família”, ela diz que tudo que o Ocidente defende está sob ataque da “esquerda globalista” e da “ideologia de gênero”. A candidata também se opõe à adoção de crianças por pais gays e tem restrições sobre a prática do aborto.

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”Muitos italianos temem que as liberdades pessoais sejam restringidas e que o espaço para a democracia seja reduzido”, explica Lorenzo Codogno, ex-diretor geral do Tesouro italiano. ”Outros se queixam de que o seu partido, Frateli D’Italia, inexperiente, que devem liderar a coalizão, carecem de competência técnica para governar a Itália em seus atuais desafios.”

Os aliados, por outro lado, dizem que Meloni tem o tipo de planos sérios que seus antecessores não tinham, e que ela quer principalmente resolver os problemas econômicos da Itália. Seu discurso é teatral, mas trata principalmente de ideias sobre como aumentar o investimento.

“Todos eles me acusaram de ser fascista durante toda minha vida”, afirmou Meloni. “Mas não me importo, porque, de qualquer maneira, os italianos não acreditam mais nessa bobagem.”/ W.POST, NYT, AP e AFP

Cem anos depois da marcha de Benito Mussolini sobre Roma, os italianos vão às urnas neste domingo, 25, em uma eleição que deve marcar a ascensão da direita radical ao poder no país pela primeira vez desde a 2ª Guerra. Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, é a favorita para formar uma coalizão de governo, depois de ter se aliado ao populista Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni. Conhecida pela instabilidade de seu sistema político, a Itália terá de escolher um novo governo depois da queda do gabinete tecnocrático de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em julho. Escolhido para um mandato-tampão pelo presidente Sergio Matarella em 2021, no auge da pandemia, Draghi perdeu o apoio dos populistas do Movimento Cinco Estrelas, o que levou à antecipação das eleições, mesmo com a gestão aprovada pela maioria dos italianos.

Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni, em comício em Roma  Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

Com a aliança da direita em torno de Meloni, e o isolamento do Partido Democrático, de centro-esquerda, as pesquisas indicam que a coalizão da candidata deve ter 45% dos votos, com o Irmãos da Itália sendo o partido mais votado, com 25%. Liderado por Enrico Letta, o PD deve ter 22%, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, políticos e diplomatas temem que a vitória de Meloni fortaleça a direita radical no continente, em uma espécie de efeito cascata. Reservadamente, algumas dessas fontes lembram que há poucos dias, a extrema direita entrou na coalizão de governo conservadora na Suécia.

Esse fortalecimento, ainda de acordo com essas fontes, criaria ruídos dentro da unidade do bloco no apoio à Ucrânia contra a invasão russa. O líder húngaro Viktor Órban, com quem Meloni compartilha muitas visões sobre imigração e direitos de minorias, tem contestado ações do bloco contra Moscou e enfraquecido as regras democráticas dentro de seu próprio país.

“Essas mudanças de governo na Suécia e provavelmente na Itália não ajudarão a UE, principalmente na hora de tomar decisões difíceis”, diz Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Políticas Públicas.

Entre essas decisões, as principais envolvem o apoio à Ucrânia na guerra, em um momento no qual a Rússia ameaça diminuir o fornecimento de energia à UE às portas do inverno. “Com Salvini na coalizão, esqueçam novas sanções à Rússia”, afirma Sebastian Maillard, do Instituto Jacques Delors.

Outro temor dentro da União Europeia, disse um diplomata à France Presse, é que ascensão da direita radical na terceira maior economia do bloco abra caminho para a entrada de partidos extremistas em coalizões conservadoras em outros países no futuro, principalmente na Espanha e na França.

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Diante dos temores de líderes europeus, Meloni se esforçou ao longo da campanha para demonstrar compromisso com a Otan, no front político, e a zona do euro, no campo econômico. Meloni prometeu não atrapalhar a estabilidade da Itália, nem suas estratégicas. O país, diz ela, não vai dar uma guinada autoritária.

Apesar dos acenos ao centro, no entanto, Meloni no passado classificou o euro como a “moeda errada” e expressou apoio a Órban, à francesa Marine Le Pen e às democracias iliberais do Leste Europeu. Ela também já atacou os “burocratas de Bruxelas” e os “emissários” de George Soros — ecoando uma teoria da conspiração antissemita sobre um mundo supostamente controlado por financiadores judeus internacionalistas.

São nos temas sociais, sobretudo, que a favorita à chefia do governo italiano adota posições mais à direita. Sob o lema “Deus, pátria e família”, ela diz que tudo que o Ocidente defende está sob ataque da “esquerda globalista” e da “ideologia de gênero”. A candidata também se opõe à adoção de crianças por pais gays e tem restrições sobre a prática do aborto.

”Muitos italianos temem que as liberdades pessoais sejam restringidas e que o espaço para a democracia seja reduzido”, explica Lorenzo Codogno, ex-diretor geral do Tesouro italiano. ”Outros se queixam de que o seu partido, Frateli D’Italia, inexperiente, que devem liderar a coalizão, carecem de competência técnica para governar a Itália em seus atuais desafios.”

Os aliados, por outro lado, dizem que Meloni tem o tipo de planos sérios que seus antecessores não tinham, e que ela quer principalmente resolver os problemas econômicos da Itália. Seu discurso é teatral, mas trata principalmente de ideias sobre como aumentar o investimento.

“Todos eles me acusaram de ser fascista durante toda minha vida”, afirmou Meloni. “Mas não me importo, porque, de qualquer maneira, os italianos não acreditam mais nessa bobagem.”/ W.POST, NYT, AP e AFP

Cem anos depois da marcha de Benito Mussolini sobre Roma, os italianos vão às urnas neste domingo, 25, em uma eleição que deve marcar a ascensão da direita radical ao poder no país pela primeira vez desde a 2ª Guerra. Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, é a favorita para formar uma coalizão de governo, depois de ter se aliado ao populista Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni. Conhecida pela instabilidade de seu sistema político, a Itália terá de escolher um novo governo depois da queda do gabinete tecnocrático de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em julho. Escolhido para um mandato-tampão pelo presidente Sergio Matarella em 2021, no auge da pandemia, Draghi perdeu o apoio dos populistas do Movimento Cinco Estrelas, o que levou à antecipação das eleições, mesmo com a gestão aprovada pela maioria dos italianos.

Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni, em comício em Roma  Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

Com a aliança da direita em torno de Meloni, e o isolamento do Partido Democrático, de centro-esquerda, as pesquisas indicam que a coalizão da candidata deve ter 45% dos votos, com o Irmãos da Itália sendo o partido mais votado, com 25%. Liderado por Enrico Letta, o PD deve ter 22%, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, políticos e diplomatas temem que a vitória de Meloni fortaleça a direita radical no continente, em uma espécie de efeito cascata. Reservadamente, algumas dessas fontes lembram que há poucos dias, a extrema direita entrou na coalizão de governo conservadora na Suécia.

Esse fortalecimento, ainda de acordo com essas fontes, criaria ruídos dentro da unidade do bloco no apoio à Ucrânia contra a invasão russa. O líder húngaro Viktor Órban, com quem Meloni compartilha muitas visões sobre imigração e direitos de minorias, tem contestado ações do bloco contra Moscou e enfraquecido as regras democráticas dentro de seu próprio país.

“Essas mudanças de governo na Suécia e provavelmente na Itália não ajudarão a UE, principalmente na hora de tomar decisões difíceis”, diz Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Políticas Públicas.

Entre essas decisões, as principais envolvem o apoio à Ucrânia na guerra, em um momento no qual a Rússia ameaça diminuir o fornecimento de energia à UE às portas do inverno. “Com Salvini na coalizão, esqueçam novas sanções à Rússia”, afirma Sebastian Maillard, do Instituto Jacques Delors.

Outro temor dentro da União Europeia, disse um diplomata à France Presse, é que ascensão da direita radical na terceira maior economia do bloco abra caminho para a entrada de partidos extremistas em coalizões conservadoras em outros países no futuro, principalmente na Espanha e na França.

Busca por moderação

Diante dos temores de líderes europeus, Meloni se esforçou ao longo da campanha para demonstrar compromisso com a Otan, no front político, e a zona do euro, no campo econômico. Meloni prometeu não atrapalhar a estabilidade da Itália, nem suas estratégicas. O país, diz ela, não vai dar uma guinada autoritária.

Apesar dos acenos ao centro, no entanto, Meloni no passado classificou o euro como a “moeda errada” e expressou apoio a Órban, à francesa Marine Le Pen e às democracias iliberais do Leste Europeu. Ela também já atacou os “burocratas de Bruxelas” e os “emissários” de George Soros — ecoando uma teoria da conspiração antissemita sobre um mundo supostamente controlado por financiadores judeus internacionalistas.

São nos temas sociais, sobretudo, que a favorita à chefia do governo italiano adota posições mais à direita. Sob o lema “Deus, pátria e família”, ela diz que tudo que o Ocidente defende está sob ataque da “esquerda globalista” e da “ideologia de gênero”. A candidata também se opõe à adoção de crianças por pais gays e tem restrições sobre a prática do aborto.

”Muitos italianos temem que as liberdades pessoais sejam restringidas e que o espaço para a democracia seja reduzido”, explica Lorenzo Codogno, ex-diretor geral do Tesouro italiano. ”Outros se queixam de que o seu partido, Frateli D’Italia, inexperiente, que devem liderar a coalizão, carecem de competência técnica para governar a Itália em seus atuais desafios.”

Os aliados, por outro lado, dizem que Meloni tem o tipo de planos sérios que seus antecessores não tinham, e que ela quer principalmente resolver os problemas econômicos da Itália. Seu discurso é teatral, mas trata principalmente de ideias sobre como aumentar o investimento.

“Todos eles me acusaram de ser fascista durante toda minha vida”, afirmou Meloni. “Mas não me importo, porque, de qualquer maneira, os italianos não acreditam mais nessa bobagem.”/ W.POST, NYT, AP e AFP

Cem anos depois da marcha de Benito Mussolini sobre Roma, os italianos vão às urnas neste domingo, 25, em uma eleição que deve marcar a ascensão da direita radical ao poder no país pela primeira vez desde a 2ª Guerra. Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, é a favorita para formar uma coalizão de governo, depois de ter se aliado ao populista Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni. Conhecida pela instabilidade de seu sistema político, a Itália terá de escolher um novo governo depois da queda do gabinete tecnocrático de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em julho. Escolhido para um mandato-tampão pelo presidente Sergio Matarella em 2021, no auge da pandemia, Draghi perdeu o apoio dos populistas do Movimento Cinco Estrelas, o que levou à antecipação das eleições, mesmo com a gestão aprovada pela maioria dos italianos.

Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni, em comício em Roma  Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

Com a aliança da direita em torno de Meloni, e o isolamento do Partido Democrático, de centro-esquerda, as pesquisas indicam que a coalizão da candidata deve ter 45% dos votos, com o Irmãos da Itália sendo o partido mais votado, com 25%. Liderado por Enrico Letta, o PD deve ter 22%, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, políticos e diplomatas temem que a vitória de Meloni fortaleça a direita radical no continente, em uma espécie de efeito cascata. Reservadamente, algumas dessas fontes lembram que há poucos dias, a extrema direita entrou na coalizão de governo conservadora na Suécia.

Esse fortalecimento, ainda de acordo com essas fontes, criaria ruídos dentro da unidade do bloco no apoio à Ucrânia contra a invasão russa. O líder húngaro Viktor Órban, com quem Meloni compartilha muitas visões sobre imigração e direitos de minorias, tem contestado ações do bloco contra Moscou e enfraquecido as regras democráticas dentro de seu próprio país.

“Essas mudanças de governo na Suécia e provavelmente na Itália não ajudarão a UE, principalmente na hora de tomar decisões difíceis”, diz Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Políticas Públicas.

Entre essas decisões, as principais envolvem o apoio à Ucrânia na guerra, em um momento no qual a Rússia ameaça diminuir o fornecimento de energia à UE às portas do inverno. “Com Salvini na coalizão, esqueçam novas sanções à Rússia”, afirma Sebastian Maillard, do Instituto Jacques Delors.

Outro temor dentro da União Europeia, disse um diplomata à France Presse, é que ascensão da direita radical na terceira maior economia do bloco abra caminho para a entrada de partidos extremistas em coalizões conservadoras em outros países no futuro, principalmente na Espanha e na França.

Busca por moderação

Diante dos temores de líderes europeus, Meloni se esforçou ao longo da campanha para demonstrar compromisso com a Otan, no front político, e a zona do euro, no campo econômico. Meloni prometeu não atrapalhar a estabilidade da Itália, nem suas estratégicas. O país, diz ela, não vai dar uma guinada autoritária.

Apesar dos acenos ao centro, no entanto, Meloni no passado classificou o euro como a “moeda errada” e expressou apoio a Órban, à francesa Marine Le Pen e às democracias iliberais do Leste Europeu. Ela também já atacou os “burocratas de Bruxelas” e os “emissários” de George Soros — ecoando uma teoria da conspiração antissemita sobre um mundo supostamente controlado por financiadores judeus internacionalistas.

São nos temas sociais, sobretudo, que a favorita à chefia do governo italiano adota posições mais à direita. Sob o lema “Deus, pátria e família”, ela diz que tudo que o Ocidente defende está sob ataque da “esquerda globalista” e da “ideologia de gênero”. A candidata também se opõe à adoção de crianças por pais gays e tem restrições sobre a prática do aborto.

”Muitos italianos temem que as liberdades pessoais sejam restringidas e que o espaço para a democracia seja reduzido”, explica Lorenzo Codogno, ex-diretor geral do Tesouro italiano. ”Outros se queixam de que o seu partido, Frateli D’Italia, inexperiente, que devem liderar a coalizão, carecem de competência técnica para governar a Itália em seus atuais desafios.”

Os aliados, por outro lado, dizem que Meloni tem o tipo de planos sérios que seus antecessores não tinham, e que ela quer principalmente resolver os problemas econômicos da Itália. Seu discurso é teatral, mas trata principalmente de ideias sobre como aumentar o investimento.

“Todos eles me acusaram de ser fascista durante toda minha vida”, afirmou Meloni. “Mas não me importo, porque, de qualquer maneira, os italianos não acreditam mais nessa bobagem.”/ W.POST, NYT, AP e AFP

Cem anos depois da marcha de Benito Mussolini sobre Roma, os italianos vão às urnas neste domingo, 25, em uma eleição que deve marcar a ascensão da direita radical ao poder no país pela primeira vez desde a 2ª Guerra. Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, é a favorita para formar uma coalizão de governo, depois de ter se aliado ao populista Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni. Conhecida pela instabilidade de seu sistema político, a Itália terá de escolher um novo governo depois da queda do gabinete tecnocrático de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em julho. Escolhido para um mandato-tampão pelo presidente Sergio Matarella em 2021, no auge da pandemia, Draghi perdeu o apoio dos populistas do Movimento Cinco Estrelas, o que levou à antecipação das eleições, mesmo com a gestão aprovada pela maioria dos italianos.

Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni, em comício em Roma  Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

Com a aliança da direita em torno de Meloni, e o isolamento do Partido Democrático, de centro-esquerda, as pesquisas indicam que a coalizão da candidata deve ter 45% dos votos, com o Irmãos da Itália sendo o partido mais votado, com 25%. Liderado por Enrico Letta, o PD deve ter 22%, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, políticos e diplomatas temem que a vitória de Meloni fortaleça a direita radical no continente, em uma espécie de efeito cascata. Reservadamente, algumas dessas fontes lembram que há poucos dias, a extrema direita entrou na coalizão de governo conservadora na Suécia.

Esse fortalecimento, ainda de acordo com essas fontes, criaria ruídos dentro da unidade do bloco no apoio à Ucrânia contra a invasão russa. O líder húngaro Viktor Órban, com quem Meloni compartilha muitas visões sobre imigração e direitos de minorias, tem contestado ações do bloco contra Moscou e enfraquecido as regras democráticas dentro de seu próprio país.

“Essas mudanças de governo na Suécia e provavelmente na Itália não ajudarão a UE, principalmente na hora de tomar decisões difíceis”, diz Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Políticas Públicas.

Entre essas decisões, as principais envolvem o apoio à Ucrânia na guerra, em um momento no qual a Rússia ameaça diminuir o fornecimento de energia à UE às portas do inverno. “Com Salvini na coalizão, esqueçam novas sanções à Rússia”, afirma Sebastian Maillard, do Instituto Jacques Delors.

Outro temor dentro da União Europeia, disse um diplomata à France Presse, é que ascensão da direita radical na terceira maior economia do bloco abra caminho para a entrada de partidos extremistas em coalizões conservadoras em outros países no futuro, principalmente na Espanha e na França.

Busca por moderação

Diante dos temores de líderes europeus, Meloni se esforçou ao longo da campanha para demonstrar compromisso com a Otan, no front político, e a zona do euro, no campo econômico. Meloni prometeu não atrapalhar a estabilidade da Itália, nem suas estratégicas. O país, diz ela, não vai dar uma guinada autoritária.

Apesar dos acenos ao centro, no entanto, Meloni no passado classificou o euro como a “moeda errada” e expressou apoio a Órban, à francesa Marine Le Pen e às democracias iliberais do Leste Europeu. Ela também já atacou os “burocratas de Bruxelas” e os “emissários” de George Soros — ecoando uma teoria da conspiração antissemita sobre um mundo supostamente controlado por financiadores judeus internacionalistas.

São nos temas sociais, sobretudo, que a favorita à chefia do governo italiano adota posições mais à direita. Sob o lema “Deus, pátria e família”, ela diz que tudo que o Ocidente defende está sob ataque da “esquerda globalista” e da “ideologia de gênero”. A candidata também se opõe à adoção de crianças por pais gays e tem restrições sobre a prática do aborto.

”Muitos italianos temem que as liberdades pessoais sejam restringidas e que o espaço para a democracia seja reduzido”, explica Lorenzo Codogno, ex-diretor geral do Tesouro italiano. ”Outros se queixam de que o seu partido, Frateli D’Italia, inexperiente, que devem liderar a coalizão, carecem de competência técnica para governar a Itália em seus atuais desafios.”

Os aliados, por outro lado, dizem que Meloni tem o tipo de planos sérios que seus antecessores não tinham, e que ela quer principalmente resolver os problemas econômicos da Itália. Seu discurso é teatral, mas trata principalmente de ideias sobre como aumentar o investimento.

“Todos eles me acusaram de ser fascista durante toda minha vida”, afirmou Meloni. “Mas não me importo, porque, de qualquer maneira, os italianos não acreditam mais nessa bobagem.”/ W.POST, NYT, AP e AFP

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