Eleições nos EUA: o que está em jogo e como elas afetam Trump e Biden


Corrida pelos assentos da Câmara e do Senado dos EUA servirão como referendo para a candidatura de Joe Biden e Donald Trump para as eleições presidenciais

Por Carolina Marins

Historicamente consideradas como um referendo de avaliação do atual presidente dos Estados Unidos e do partido governista, as eleições de meio de mandato deste ano não só avaliarão o futuro de Joe Biden - e do Partido Democrata - para as eleições presidenciais de 2024, mas mostrará qual a viabilidade de Donald Trump em retornar ao poder e radicalizar o Partido Republicano.

Essas serão as primeiras eleições depois que o ex-presidente acusou o sistema eleitoral americano de fraude e insuflou seus apoiadores a marcharem contra o Capitólio a fim de impedir a certificação de Biden. Desde então, a falsa acusação de Trump continua tendo ecos dentro de parte do Partido Republicano e deve ter repercussões nas eleições de agora.

Biden vem alertando o eleitorado democrata que é a democracia americana que está em jogo nessas eleições, e sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado”. Enquanto isso, Trump prepara o terreno para anunciar sua intenção de concorrer novamente em 2024, com a imprensa americana especulando um anúncio em 14 de novembro.

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O presidente dos EUA, Joe Biden, fala em um comício para a governadora em exercício de Nova York Kathy Hochul e outros democratas estaduais  Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Embora nenhum dos dois tenham seus nomes nas urnas deste ano, especialistas apontam essas eleições como um referendo sobre Biden e Trump. “[É como se fossem] dois titulares”, disse Lee Miringoff, diretor do Marist College Institute for Public Opinion ao site Politico. “Ainda é um referendo sobre os dois.”

O futuro do Trumpismo

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Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora.

A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casa, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando.

Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma manifestação de apoio ao senador da Flórida Marco Rubio, em Miami Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE

“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.

Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.

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“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona.

“Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.

O futuro democrata

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Já para os democratas, as perspectivas futuras vão depender do tamanho da derrota que devem sofrer. Atualmente o partido tem uma pequena maioria no Congresso e contam com o “voto de Minerva” de Kamala Harris na presidência do Senado.

Para manter essa maioria o partido deve obter mais de 218 assentos no Congresso, no entanto, pesquisas apontam que o partido pode ficara abaixo de 200 cadeiras, dependendo muito dos independentes. Os republicanos, por outro lado, são projetados para ganhar até 216 assentos, precisando de muito menos aliados independentes.

Já a corrida para o Senado conta com apenas 35 cadeiras das 100 da casa - o mandato de senador é de seis anos -, sendo que pelo menos 20 são projetadas para republicanos, conta 12 para democratas. Ainda assim, muitos Estados continuam com votações acirradas e é possível que democratas obtenham mais votos e consigam negociar uma maioria com independentes.

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A vice-presidente Kamala Harris e governadora Kathy Hochul se abraçam enquanto a secretária Hillary Clinton aplaude em um comício Foto: Michael M. Santiago/Getty Image/AFP

De qualquer forma, essas eleições legislativas já são péssimas notícias para os democratas que devem se ver em sério risco para 2024. “ Será claramente um sinal de que Biden, e a própria Kamala Harris, não têm condições de se candidatarem em 2024, o que levará os Democratas a buscar uma opção”, sugere Vinicius Vieira. “No momento a opção mais óbvia é a Hillary Clinton, que ganhou no voto popular [contra Trump], mas ela está longe de ser a melhor opção”.

Uma pesquisa ABC-Washington Post publicada em setembro mostrou que 35% apoiam a nomeação de Biden para a corrida de 2024, contra 56% que preferem outro nome. Ainda são números mais positivos que uma pesquisa da CNN americana que indicava 75% de pessoas preferindo qualquer outro nome do que Biden.

“Neste meio de mandato tudo está em jogo para Biden”, disse Douglas Brinkley, historiador da Rice University à revista Time. “Perder as duas câmaras transformará Biden em um presidente encolhido e galvanizará uma nova geração de democratas à espera de uma abertura para assumir a liderança do partido”. Segundo ele, ficará insustentável para Biden concorrer a reeleição.

Democratas, no entanto, se mantêm positivos quanto a isso. “As apostas são obviamente altas, mas as eleições de meio de mandato que são ruins para os presidentes são a norma, não a exceção”, disse Jim Kessler, diretor executivo do think tank de centro-esquerda Third Way à ABC News.

Além do mandato, Biden também será testado judicialmente caso republicanos obtenham a maioria, pois já sinalizaram que pretendem abrir investigações contra seu filho Hunter Biden, além de investigar políticas do próprio presidente, como contenção da covid-19 e migração. “Já me disseram que, se eles reconquistarem a Câmara e o Senado, vão me acusar”, disse Biden a apoiadores na semana passada.

Historicamente consideradas como um referendo de avaliação do atual presidente dos Estados Unidos e do partido governista, as eleições de meio de mandato deste ano não só avaliarão o futuro de Joe Biden - e do Partido Democrata - para as eleições presidenciais de 2024, mas mostrará qual a viabilidade de Donald Trump em retornar ao poder e radicalizar o Partido Republicano.

Essas serão as primeiras eleições depois que o ex-presidente acusou o sistema eleitoral americano de fraude e insuflou seus apoiadores a marcharem contra o Capitólio a fim de impedir a certificação de Biden. Desde então, a falsa acusação de Trump continua tendo ecos dentro de parte do Partido Republicano e deve ter repercussões nas eleições de agora.

Biden vem alertando o eleitorado democrata que é a democracia americana que está em jogo nessas eleições, e sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado”. Enquanto isso, Trump prepara o terreno para anunciar sua intenção de concorrer novamente em 2024, com a imprensa americana especulando um anúncio em 14 de novembro.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala em um comício para a governadora em exercício de Nova York Kathy Hochul e outros democratas estaduais  Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Embora nenhum dos dois tenham seus nomes nas urnas deste ano, especialistas apontam essas eleições como um referendo sobre Biden e Trump. “[É como se fossem] dois titulares”, disse Lee Miringoff, diretor do Marist College Institute for Public Opinion ao site Politico. “Ainda é um referendo sobre os dois.”

O futuro do Trumpismo

Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora.

A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casa, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando.

Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma manifestação de apoio ao senador da Flórida Marco Rubio, em Miami Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE

“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.

Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.

“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona.

“Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.

O futuro democrata

Já para os democratas, as perspectivas futuras vão depender do tamanho da derrota que devem sofrer. Atualmente o partido tem uma pequena maioria no Congresso e contam com o “voto de Minerva” de Kamala Harris na presidência do Senado.

Para manter essa maioria o partido deve obter mais de 218 assentos no Congresso, no entanto, pesquisas apontam que o partido pode ficara abaixo de 200 cadeiras, dependendo muito dos independentes. Os republicanos, por outro lado, são projetados para ganhar até 216 assentos, precisando de muito menos aliados independentes.

Já a corrida para o Senado conta com apenas 35 cadeiras das 100 da casa - o mandato de senador é de seis anos -, sendo que pelo menos 20 são projetadas para republicanos, conta 12 para democratas. Ainda assim, muitos Estados continuam com votações acirradas e é possível que democratas obtenham mais votos e consigam negociar uma maioria com independentes.

A vice-presidente Kamala Harris e governadora Kathy Hochul se abraçam enquanto a secretária Hillary Clinton aplaude em um comício Foto: Michael M. Santiago/Getty Image/AFP

De qualquer forma, essas eleições legislativas já são péssimas notícias para os democratas que devem se ver em sério risco para 2024. “ Será claramente um sinal de que Biden, e a própria Kamala Harris, não têm condições de se candidatarem em 2024, o que levará os Democratas a buscar uma opção”, sugere Vinicius Vieira. “No momento a opção mais óbvia é a Hillary Clinton, que ganhou no voto popular [contra Trump], mas ela está longe de ser a melhor opção”.

Uma pesquisa ABC-Washington Post publicada em setembro mostrou que 35% apoiam a nomeação de Biden para a corrida de 2024, contra 56% que preferem outro nome. Ainda são números mais positivos que uma pesquisa da CNN americana que indicava 75% de pessoas preferindo qualquer outro nome do que Biden.

“Neste meio de mandato tudo está em jogo para Biden”, disse Douglas Brinkley, historiador da Rice University à revista Time. “Perder as duas câmaras transformará Biden em um presidente encolhido e galvanizará uma nova geração de democratas à espera de uma abertura para assumir a liderança do partido”. Segundo ele, ficará insustentável para Biden concorrer a reeleição.

Democratas, no entanto, se mantêm positivos quanto a isso. “As apostas são obviamente altas, mas as eleições de meio de mandato que são ruins para os presidentes são a norma, não a exceção”, disse Jim Kessler, diretor executivo do think tank de centro-esquerda Third Way à ABC News.

Além do mandato, Biden também será testado judicialmente caso republicanos obtenham a maioria, pois já sinalizaram que pretendem abrir investigações contra seu filho Hunter Biden, além de investigar políticas do próprio presidente, como contenção da covid-19 e migração. “Já me disseram que, se eles reconquistarem a Câmara e o Senado, vão me acusar”, disse Biden a apoiadores na semana passada.

Historicamente consideradas como um referendo de avaliação do atual presidente dos Estados Unidos e do partido governista, as eleições de meio de mandato deste ano não só avaliarão o futuro de Joe Biden - e do Partido Democrata - para as eleições presidenciais de 2024, mas mostrará qual a viabilidade de Donald Trump em retornar ao poder e radicalizar o Partido Republicano.

Essas serão as primeiras eleições depois que o ex-presidente acusou o sistema eleitoral americano de fraude e insuflou seus apoiadores a marcharem contra o Capitólio a fim de impedir a certificação de Biden. Desde então, a falsa acusação de Trump continua tendo ecos dentro de parte do Partido Republicano e deve ter repercussões nas eleições de agora.

Biden vem alertando o eleitorado democrata que é a democracia americana que está em jogo nessas eleições, e sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado”. Enquanto isso, Trump prepara o terreno para anunciar sua intenção de concorrer novamente em 2024, com a imprensa americana especulando um anúncio em 14 de novembro.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala em um comício para a governadora em exercício de Nova York Kathy Hochul e outros democratas estaduais  Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Embora nenhum dos dois tenham seus nomes nas urnas deste ano, especialistas apontam essas eleições como um referendo sobre Biden e Trump. “[É como se fossem] dois titulares”, disse Lee Miringoff, diretor do Marist College Institute for Public Opinion ao site Politico. “Ainda é um referendo sobre os dois.”

O futuro do Trumpismo

Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora.

A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casa, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando.

Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma manifestação de apoio ao senador da Flórida Marco Rubio, em Miami Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE

“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.

Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.

“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona.

“Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.

O futuro democrata

Já para os democratas, as perspectivas futuras vão depender do tamanho da derrota que devem sofrer. Atualmente o partido tem uma pequena maioria no Congresso e contam com o “voto de Minerva” de Kamala Harris na presidência do Senado.

Para manter essa maioria o partido deve obter mais de 218 assentos no Congresso, no entanto, pesquisas apontam que o partido pode ficara abaixo de 200 cadeiras, dependendo muito dos independentes. Os republicanos, por outro lado, são projetados para ganhar até 216 assentos, precisando de muito menos aliados independentes.

Já a corrida para o Senado conta com apenas 35 cadeiras das 100 da casa - o mandato de senador é de seis anos -, sendo que pelo menos 20 são projetadas para republicanos, conta 12 para democratas. Ainda assim, muitos Estados continuam com votações acirradas e é possível que democratas obtenham mais votos e consigam negociar uma maioria com independentes.

A vice-presidente Kamala Harris e governadora Kathy Hochul se abraçam enquanto a secretária Hillary Clinton aplaude em um comício Foto: Michael M. Santiago/Getty Image/AFP

De qualquer forma, essas eleições legislativas já são péssimas notícias para os democratas que devem se ver em sério risco para 2024. “ Será claramente um sinal de que Biden, e a própria Kamala Harris, não têm condições de se candidatarem em 2024, o que levará os Democratas a buscar uma opção”, sugere Vinicius Vieira. “No momento a opção mais óbvia é a Hillary Clinton, que ganhou no voto popular [contra Trump], mas ela está longe de ser a melhor opção”.

Uma pesquisa ABC-Washington Post publicada em setembro mostrou que 35% apoiam a nomeação de Biden para a corrida de 2024, contra 56% que preferem outro nome. Ainda são números mais positivos que uma pesquisa da CNN americana que indicava 75% de pessoas preferindo qualquer outro nome do que Biden.

“Neste meio de mandato tudo está em jogo para Biden”, disse Douglas Brinkley, historiador da Rice University à revista Time. “Perder as duas câmaras transformará Biden em um presidente encolhido e galvanizará uma nova geração de democratas à espera de uma abertura para assumir a liderança do partido”. Segundo ele, ficará insustentável para Biden concorrer a reeleição.

Democratas, no entanto, se mantêm positivos quanto a isso. “As apostas são obviamente altas, mas as eleições de meio de mandato que são ruins para os presidentes são a norma, não a exceção”, disse Jim Kessler, diretor executivo do think tank de centro-esquerda Third Way à ABC News.

Além do mandato, Biden também será testado judicialmente caso republicanos obtenham a maioria, pois já sinalizaram que pretendem abrir investigações contra seu filho Hunter Biden, além de investigar políticas do próprio presidente, como contenção da covid-19 e migração. “Já me disseram que, se eles reconquistarem a Câmara e o Senado, vão me acusar”, disse Biden a apoiadores na semana passada.

Historicamente consideradas como um referendo de avaliação do atual presidente dos Estados Unidos e do partido governista, as eleições de meio de mandato deste ano não só avaliarão o futuro de Joe Biden - e do Partido Democrata - para as eleições presidenciais de 2024, mas mostrará qual a viabilidade de Donald Trump em retornar ao poder e radicalizar o Partido Republicano.

Essas serão as primeiras eleições depois que o ex-presidente acusou o sistema eleitoral americano de fraude e insuflou seus apoiadores a marcharem contra o Capitólio a fim de impedir a certificação de Biden. Desde então, a falsa acusação de Trump continua tendo ecos dentro de parte do Partido Republicano e deve ter repercussões nas eleições de agora.

Biden vem alertando o eleitorado democrata que é a democracia americana que está em jogo nessas eleições, e sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado”. Enquanto isso, Trump prepara o terreno para anunciar sua intenção de concorrer novamente em 2024, com a imprensa americana especulando um anúncio em 14 de novembro.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala em um comício para a governadora em exercício de Nova York Kathy Hochul e outros democratas estaduais  Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Embora nenhum dos dois tenham seus nomes nas urnas deste ano, especialistas apontam essas eleições como um referendo sobre Biden e Trump. “[É como se fossem] dois titulares”, disse Lee Miringoff, diretor do Marist College Institute for Public Opinion ao site Politico. “Ainda é um referendo sobre os dois.”

O futuro do Trumpismo

Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora.

A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casa, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando.

Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma manifestação de apoio ao senador da Flórida Marco Rubio, em Miami Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE

“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.

Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.

“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona.

“Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.

O futuro democrata

Já para os democratas, as perspectivas futuras vão depender do tamanho da derrota que devem sofrer. Atualmente o partido tem uma pequena maioria no Congresso e contam com o “voto de Minerva” de Kamala Harris na presidência do Senado.

Para manter essa maioria o partido deve obter mais de 218 assentos no Congresso, no entanto, pesquisas apontam que o partido pode ficara abaixo de 200 cadeiras, dependendo muito dos independentes. Os republicanos, por outro lado, são projetados para ganhar até 216 assentos, precisando de muito menos aliados independentes.

Já a corrida para o Senado conta com apenas 35 cadeiras das 100 da casa - o mandato de senador é de seis anos -, sendo que pelo menos 20 são projetadas para republicanos, conta 12 para democratas. Ainda assim, muitos Estados continuam com votações acirradas e é possível que democratas obtenham mais votos e consigam negociar uma maioria com independentes.

A vice-presidente Kamala Harris e governadora Kathy Hochul se abraçam enquanto a secretária Hillary Clinton aplaude em um comício Foto: Michael M. Santiago/Getty Image/AFP

De qualquer forma, essas eleições legislativas já são péssimas notícias para os democratas que devem se ver em sério risco para 2024. “ Será claramente um sinal de que Biden, e a própria Kamala Harris, não têm condições de se candidatarem em 2024, o que levará os Democratas a buscar uma opção”, sugere Vinicius Vieira. “No momento a opção mais óbvia é a Hillary Clinton, que ganhou no voto popular [contra Trump], mas ela está longe de ser a melhor opção”.

Uma pesquisa ABC-Washington Post publicada em setembro mostrou que 35% apoiam a nomeação de Biden para a corrida de 2024, contra 56% que preferem outro nome. Ainda são números mais positivos que uma pesquisa da CNN americana que indicava 75% de pessoas preferindo qualquer outro nome do que Biden.

“Neste meio de mandato tudo está em jogo para Biden”, disse Douglas Brinkley, historiador da Rice University à revista Time. “Perder as duas câmaras transformará Biden em um presidente encolhido e galvanizará uma nova geração de democratas à espera de uma abertura para assumir a liderança do partido”. Segundo ele, ficará insustentável para Biden concorrer a reeleição.

Democratas, no entanto, se mantêm positivos quanto a isso. “As apostas são obviamente altas, mas as eleições de meio de mandato que são ruins para os presidentes são a norma, não a exceção”, disse Jim Kessler, diretor executivo do think tank de centro-esquerda Third Way à ABC News.

Além do mandato, Biden também será testado judicialmente caso republicanos obtenham a maioria, pois já sinalizaram que pretendem abrir investigações contra seu filho Hunter Biden, além de investigar políticas do próprio presidente, como contenção da covid-19 e migração. “Já me disseram que, se eles reconquistarem a Câmara e o Senado, vão me acusar”, disse Biden a apoiadores na semana passada.

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