Elizabeth II é sepultada em Windsor, marcando o fim de uma era da monarquia britânica


Cerimônia é rica em simbolismos que destacam enterro da rainha, mas dão continuidade a transição entre os reinados

Por Fernanda Simas
Atualização:

Em um dos últimos atos do funeral da rainha Elizabeth II, Lorde Chamberlain – funcionário de mais alto escalão da Casa Real – encerrou simbolicamente a “segunda era elisabetana” ao quebrar o bastão da governante e o colocar sobre o caixão da monarca na Capela de St. George. O enterro da rainha nesta segunda-feira, 19, simboliza também o início do reinado de Charles III.

“A cerimônia em Windsor foi muito rica em simbolismos, não apenas em termos do enterro da rainha, mas na questão da transição entre os reinados. Toda a cerimônia evocou a ideia de ‘dois corpos’ dos monarcas: o corpo político (dever e posição do soberano) e o corpo físico (a pessoa que ocupa o cargo)”, explica a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre. “Hoje vimos a separação dos dois corpos. O corpo físico descansa e o político passa para Charles III.

Num primeiro momento, a coroa, o cetro e o orbe que estavam em cima do caixão da rainha - e são os símbolos do “corpo político” - foram retirados do caixão. Em seguida, a quebra do bastão do governante foi o segundo momento dessa “separação dos corpos do monarca”. “Essa é uma tradição antiga que marca o fim do serviço da Casa Real ao monarca, mas nunca havia sido televisionada”, lembra Elena Woodacre.

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Imagem mostra caixão da rainha Elizabeth II coberto pela bandeira real e com a coroa, orbe e cetro pousadas em cima. Funeral de Elizabeth encerra uma era na história da monarquia britânica Foto: Danny Lawson/Reuters

Ícone de uma era, agora Elizabeth repousa no Memorial George VI, onde estão os corpos de seu pai - o rei George VI - e mãe e as cinzas da irmã Margaret. O anexo terminou de ser construído em 1969, justamente para abrigar o caixão do rei George VI, que morreu de forma inesperada em fevereiro de 1952, aos 56 anos. Até então, não existia um local especial designado aos seus restos mortais.

O caixão do príncipe Philip foi enterrado ao lado do de Elizabeth, depois de ser transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021. Esse era o último desejo da monarca.

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Na cripta real, continuam repousando os restos mortais de uma longa lista de soberanos entre os séculos 18 e 19, entre eles o rei George III, morto em 1820. Diante da falta de espaço no local era necessária a construção de outra capela - no que foi a primeira mudança arquitetônica no edifício.

Nos próximos dias, o rei Charles III deve consolidar a formação de seu reinado, com o desafio de continuar criando laços com o público e tentar ter ao menos parte da admiração que sua mãe tinha. “O público tem dado apoio a Charles até agora, mas parte dessa simpatia pode ser direcionada a um filho de luto pela perda da mãe”, diz a historiadora.

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Agora, as atenções se voltam para a cerimônia de coroação de Charles, que deve ocorrer no ano que vem. A mesma coroa que foi retirada de cima do caixão de Elizabeth ontem poderá ser usada no evento, caso seja a vontade do novo monarca.

“Charles parece estar fazendo a construção de um reinado no qual a monarquia é mais acessível e moderna, sem perder a tradição e mística sobre a qual foi construída”, afirma Elena Woodacre, lembrando que essa transição já vinha sendo feita por Elizabeth II e deve agora seguir para o próximo sucessor ao trono, o príncipe William. “Acho que veremos uma monarquia mais ‘enxuta’ com William, Kate e seus filhos sendo muito proeminentes como herdeiros diretos e menos foco nos irmãos dele e suas famílias.”

Cortejo

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Foram onze dias desde a morte da monarca mais longeva do Reino Unido até seu enterro na Capela de St. George, no Palácio de Windsor.

Após cinco dias de funeral aberto ao público, o caixão de Elizabeth deixou Westminster Hall e foi levado para a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, para um funeral de Estado.

A família real seguiu o caixão durante a procissão. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

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Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

Funeral da rainha Elizabeth II

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Funeral rainha Elizabeth II

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Foto: HENRY NICHOLLS
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Foto: Kirsty O'Connor
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Funeral rainha Elizabeth II

Antes da última procissão fúnebre, mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participaram da cerimônia de funeral de Estado da rainha na Abadia, onde um sermão do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

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O Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.

Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.

O funeral de Estado terminou com o hino nacional, “Deus salve o Rei”, cantado em homenagem a Charles III.

Etapa final

De Westminster, o caixão seguiu em cortejo, transportado em uma carreta da Marinha Real ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin e com a presença da família real, até o Arco de Wellington, de onde foi levado, em carro, para o Castelo de Windsor.

Milhares de pessoas se reuniram na grande avenida que leva ao Castelo para ver a chegada do caixão da rainha, transportado cerca de 40 km em um carro funerário da capital britânica. “Vim prestar meus respeitos e cumprimentá-la uma última vez quando o carro fúnebre passou, como veterano militar era meu dever”, disse à agência France-Press Robert MacDonald, um morador local que estava uniformizado.

Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit. Conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela. / Com AFP

Em um dos últimos atos do funeral da rainha Elizabeth II, Lorde Chamberlain – funcionário de mais alto escalão da Casa Real – encerrou simbolicamente a “segunda era elisabetana” ao quebrar o bastão da governante e o colocar sobre o caixão da monarca na Capela de St. George. O enterro da rainha nesta segunda-feira, 19, simboliza também o início do reinado de Charles III.

“A cerimônia em Windsor foi muito rica em simbolismos, não apenas em termos do enterro da rainha, mas na questão da transição entre os reinados. Toda a cerimônia evocou a ideia de ‘dois corpos’ dos monarcas: o corpo político (dever e posição do soberano) e o corpo físico (a pessoa que ocupa o cargo)”, explica a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre. “Hoje vimos a separação dos dois corpos. O corpo físico descansa e o político passa para Charles III.

Num primeiro momento, a coroa, o cetro e o orbe que estavam em cima do caixão da rainha - e são os símbolos do “corpo político” - foram retirados do caixão. Em seguida, a quebra do bastão do governante foi o segundo momento dessa “separação dos corpos do monarca”. “Essa é uma tradição antiga que marca o fim do serviço da Casa Real ao monarca, mas nunca havia sido televisionada”, lembra Elena Woodacre.

Imagem mostra caixão da rainha Elizabeth II coberto pela bandeira real e com a coroa, orbe e cetro pousadas em cima. Funeral de Elizabeth encerra uma era na história da monarquia britânica Foto: Danny Lawson/Reuters

Ícone de uma era, agora Elizabeth repousa no Memorial George VI, onde estão os corpos de seu pai - o rei George VI - e mãe e as cinzas da irmã Margaret. O anexo terminou de ser construído em 1969, justamente para abrigar o caixão do rei George VI, que morreu de forma inesperada em fevereiro de 1952, aos 56 anos. Até então, não existia um local especial designado aos seus restos mortais.

O caixão do príncipe Philip foi enterrado ao lado do de Elizabeth, depois de ser transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021. Esse era o último desejo da monarca.

Na cripta real, continuam repousando os restos mortais de uma longa lista de soberanos entre os séculos 18 e 19, entre eles o rei George III, morto em 1820. Diante da falta de espaço no local era necessária a construção de outra capela - no que foi a primeira mudança arquitetônica no edifício.

Nos próximos dias, o rei Charles III deve consolidar a formação de seu reinado, com o desafio de continuar criando laços com o público e tentar ter ao menos parte da admiração que sua mãe tinha. “O público tem dado apoio a Charles até agora, mas parte dessa simpatia pode ser direcionada a um filho de luto pela perda da mãe”, diz a historiadora.

Agora, as atenções se voltam para a cerimônia de coroação de Charles, que deve ocorrer no ano que vem. A mesma coroa que foi retirada de cima do caixão de Elizabeth ontem poderá ser usada no evento, caso seja a vontade do novo monarca.

“Charles parece estar fazendo a construção de um reinado no qual a monarquia é mais acessível e moderna, sem perder a tradição e mística sobre a qual foi construída”, afirma Elena Woodacre, lembrando que essa transição já vinha sendo feita por Elizabeth II e deve agora seguir para o próximo sucessor ao trono, o príncipe William. “Acho que veremos uma monarquia mais ‘enxuta’ com William, Kate e seus filhos sendo muito proeminentes como herdeiros diretos e menos foco nos irmãos dele e suas famílias.”

Cortejo

Foram onze dias desde a morte da monarca mais longeva do Reino Unido até seu enterro na Capela de St. George, no Palácio de Windsor.

Após cinco dias de funeral aberto ao público, o caixão de Elizabeth deixou Westminster Hall e foi levado para a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, para um funeral de Estado.

A família real seguiu o caixão durante a procissão. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

Funeral da rainha Elizabeth II

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Foto: HENRY NICHOLLS
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Foto: Kirsty O'Connor
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Antes da última procissão fúnebre, mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participaram da cerimônia de funeral de Estado da rainha na Abadia, onde um sermão do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

O Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.

Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.

O funeral de Estado terminou com o hino nacional, “Deus salve o Rei”, cantado em homenagem a Charles III.

Etapa final

De Westminster, o caixão seguiu em cortejo, transportado em uma carreta da Marinha Real ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin e com a presença da família real, até o Arco de Wellington, de onde foi levado, em carro, para o Castelo de Windsor.

Milhares de pessoas se reuniram na grande avenida que leva ao Castelo para ver a chegada do caixão da rainha, transportado cerca de 40 km em um carro funerário da capital britânica. “Vim prestar meus respeitos e cumprimentá-la uma última vez quando o carro fúnebre passou, como veterano militar era meu dever”, disse à agência France-Press Robert MacDonald, um morador local que estava uniformizado.

Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit. Conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela. / Com AFP

Em um dos últimos atos do funeral da rainha Elizabeth II, Lorde Chamberlain – funcionário de mais alto escalão da Casa Real – encerrou simbolicamente a “segunda era elisabetana” ao quebrar o bastão da governante e o colocar sobre o caixão da monarca na Capela de St. George. O enterro da rainha nesta segunda-feira, 19, simboliza também o início do reinado de Charles III.

“A cerimônia em Windsor foi muito rica em simbolismos, não apenas em termos do enterro da rainha, mas na questão da transição entre os reinados. Toda a cerimônia evocou a ideia de ‘dois corpos’ dos monarcas: o corpo político (dever e posição do soberano) e o corpo físico (a pessoa que ocupa o cargo)”, explica a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre. “Hoje vimos a separação dos dois corpos. O corpo físico descansa e o político passa para Charles III.

Num primeiro momento, a coroa, o cetro e o orbe que estavam em cima do caixão da rainha - e são os símbolos do “corpo político” - foram retirados do caixão. Em seguida, a quebra do bastão do governante foi o segundo momento dessa “separação dos corpos do monarca”. “Essa é uma tradição antiga que marca o fim do serviço da Casa Real ao monarca, mas nunca havia sido televisionada”, lembra Elena Woodacre.

Imagem mostra caixão da rainha Elizabeth II coberto pela bandeira real e com a coroa, orbe e cetro pousadas em cima. Funeral de Elizabeth encerra uma era na história da monarquia britânica Foto: Danny Lawson/Reuters

Ícone de uma era, agora Elizabeth repousa no Memorial George VI, onde estão os corpos de seu pai - o rei George VI - e mãe e as cinzas da irmã Margaret. O anexo terminou de ser construído em 1969, justamente para abrigar o caixão do rei George VI, que morreu de forma inesperada em fevereiro de 1952, aos 56 anos. Até então, não existia um local especial designado aos seus restos mortais.

O caixão do príncipe Philip foi enterrado ao lado do de Elizabeth, depois de ser transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021. Esse era o último desejo da monarca.

Na cripta real, continuam repousando os restos mortais de uma longa lista de soberanos entre os séculos 18 e 19, entre eles o rei George III, morto em 1820. Diante da falta de espaço no local era necessária a construção de outra capela - no que foi a primeira mudança arquitetônica no edifício.

Nos próximos dias, o rei Charles III deve consolidar a formação de seu reinado, com o desafio de continuar criando laços com o público e tentar ter ao menos parte da admiração que sua mãe tinha. “O público tem dado apoio a Charles até agora, mas parte dessa simpatia pode ser direcionada a um filho de luto pela perda da mãe”, diz a historiadora.

Agora, as atenções se voltam para a cerimônia de coroação de Charles, que deve ocorrer no ano que vem. A mesma coroa que foi retirada de cima do caixão de Elizabeth ontem poderá ser usada no evento, caso seja a vontade do novo monarca.

“Charles parece estar fazendo a construção de um reinado no qual a monarquia é mais acessível e moderna, sem perder a tradição e mística sobre a qual foi construída”, afirma Elena Woodacre, lembrando que essa transição já vinha sendo feita por Elizabeth II e deve agora seguir para o próximo sucessor ao trono, o príncipe William. “Acho que veremos uma monarquia mais ‘enxuta’ com William, Kate e seus filhos sendo muito proeminentes como herdeiros diretos e menos foco nos irmãos dele e suas famílias.”

Cortejo

Foram onze dias desde a morte da monarca mais longeva do Reino Unido até seu enterro na Capela de St. George, no Palácio de Windsor.

Após cinco dias de funeral aberto ao público, o caixão de Elizabeth deixou Westminster Hall e foi levado para a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, para um funeral de Estado.

A família real seguiu o caixão durante a procissão. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

Funeral da rainha Elizabeth II

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Foto: HENRY NICHOLLS
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Foto: Kirsty O'Connor
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Antes da última procissão fúnebre, mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participaram da cerimônia de funeral de Estado da rainha na Abadia, onde um sermão do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

O Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.

Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.

O funeral de Estado terminou com o hino nacional, “Deus salve o Rei”, cantado em homenagem a Charles III.

Etapa final

De Westminster, o caixão seguiu em cortejo, transportado em uma carreta da Marinha Real ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin e com a presença da família real, até o Arco de Wellington, de onde foi levado, em carro, para o Castelo de Windsor.

Milhares de pessoas se reuniram na grande avenida que leva ao Castelo para ver a chegada do caixão da rainha, transportado cerca de 40 km em um carro funerário da capital britânica. “Vim prestar meus respeitos e cumprimentá-la uma última vez quando o carro fúnebre passou, como veterano militar era meu dever”, disse à agência France-Press Robert MacDonald, um morador local que estava uniformizado.

Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit. Conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela. / Com AFP

Em um dos últimos atos do funeral da rainha Elizabeth II, Lorde Chamberlain – funcionário de mais alto escalão da Casa Real – encerrou simbolicamente a “segunda era elisabetana” ao quebrar o bastão da governante e o colocar sobre o caixão da monarca na Capela de St. George. O enterro da rainha nesta segunda-feira, 19, simboliza também o início do reinado de Charles III.

“A cerimônia em Windsor foi muito rica em simbolismos, não apenas em termos do enterro da rainha, mas na questão da transição entre os reinados. Toda a cerimônia evocou a ideia de ‘dois corpos’ dos monarcas: o corpo político (dever e posição do soberano) e o corpo físico (a pessoa que ocupa o cargo)”, explica a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre. “Hoje vimos a separação dos dois corpos. O corpo físico descansa e o político passa para Charles III.

Num primeiro momento, a coroa, o cetro e o orbe que estavam em cima do caixão da rainha - e são os símbolos do “corpo político” - foram retirados do caixão. Em seguida, a quebra do bastão do governante foi o segundo momento dessa “separação dos corpos do monarca”. “Essa é uma tradição antiga que marca o fim do serviço da Casa Real ao monarca, mas nunca havia sido televisionada”, lembra Elena Woodacre.

Imagem mostra caixão da rainha Elizabeth II coberto pela bandeira real e com a coroa, orbe e cetro pousadas em cima. Funeral de Elizabeth encerra uma era na história da monarquia britânica Foto: Danny Lawson/Reuters

Ícone de uma era, agora Elizabeth repousa no Memorial George VI, onde estão os corpos de seu pai - o rei George VI - e mãe e as cinzas da irmã Margaret. O anexo terminou de ser construído em 1969, justamente para abrigar o caixão do rei George VI, que morreu de forma inesperada em fevereiro de 1952, aos 56 anos. Até então, não existia um local especial designado aos seus restos mortais.

O caixão do príncipe Philip foi enterrado ao lado do de Elizabeth, depois de ser transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021. Esse era o último desejo da monarca.

Na cripta real, continuam repousando os restos mortais de uma longa lista de soberanos entre os séculos 18 e 19, entre eles o rei George III, morto em 1820. Diante da falta de espaço no local era necessária a construção de outra capela - no que foi a primeira mudança arquitetônica no edifício.

Nos próximos dias, o rei Charles III deve consolidar a formação de seu reinado, com o desafio de continuar criando laços com o público e tentar ter ao menos parte da admiração que sua mãe tinha. “O público tem dado apoio a Charles até agora, mas parte dessa simpatia pode ser direcionada a um filho de luto pela perda da mãe”, diz a historiadora.

Agora, as atenções se voltam para a cerimônia de coroação de Charles, que deve ocorrer no ano que vem. A mesma coroa que foi retirada de cima do caixão de Elizabeth ontem poderá ser usada no evento, caso seja a vontade do novo monarca.

“Charles parece estar fazendo a construção de um reinado no qual a monarquia é mais acessível e moderna, sem perder a tradição e mística sobre a qual foi construída”, afirma Elena Woodacre, lembrando que essa transição já vinha sendo feita por Elizabeth II e deve agora seguir para o próximo sucessor ao trono, o príncipe William. “Acho que veremos uma monarquia mais ‘enxuta’ com William, Kate e seus filhos sendo muito proeminentes como herdeiros diretos e menos foco nos irmãos dele e suas famílias.”

Cortejo

Foram onze dias desde a morte da monarca mais longeva do Reino Unido até seu enterro na Capela de St. George, no Palácio de Windsor.

Após cinco dias de funeral aberto ao público, o caixão de Elizabeth deixou Westminster Hall e foi levado para a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, para um funeral de Estado.

A família real seguiu o caixão durante a procissão. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

Funeral da rainha Elizabeth II

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Antes da última procissão fúnebre, mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participaram da cerimônia de funeral de Estado da rainha na Abadia, onde um sermão do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

O Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.

Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.

O funeral de Estado terminou com o hino nacional, “Deus salve o Rei”, cantado em homenagem a Charles III.

Etapa final

De Westminster, o caixão seguiu em cortejo, transportado em uma carreta da Marinha Real ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin e com a presença da família real, até o Arco de Wellington, de onde foi levado, em carro, para o Castelo de Windsor.

Milhares de pessoas se reuniram na grande avenida que leva ao Castelo para ver a chegada do caixão da rainha, transportado cerca de 40 km em um carro funerário da capital britânica. “Vim prestar meus respeitos e cumprimentá-la uma última vez quando o carro fúnebre passou, como veterano militar era meu dever”, disse à agência France-Press Robert MacDonald, um morador local que estava uniformizado.

Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit. Conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela. / Com AFP

Em um dos últimos atos do funeral da rainha Elizabeth II, Lorde Chamberlain – funcionário de mais alto escalão da Casa Real – encerrou simbolicamente a “segunda era elisabetana” ao quebrar o bastão da governante e o colocar sobre o caixão da monarca na Capela de St. George. O enterro da rainha nesta segunda-feira, 19, simboliza também o início do reinado de Charles III.

“A cerimônia em Windsor foi muito rica em simbolismos, não apenas em termos do enterro da rainha, mas na questão da transição entre os reinados. Toda a cerimônia evocou a ideia de ‘dois corpos’ dos monarcas: o corpo político (dever e posição do soberano) e o corpo físico (a pessoa que ocupa o cargo)”, explica a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre. “Hoje vimos a separação dos dois corpos. O corpo físico descansa e o político passa para Charles III.

Num primeiro momento, a coroa, o cetro e o orbe que estavam em cima do caixão da rainha - e são os símbolos do “corpo político” - foram retirados do caixão. Em seguida, a quebra do bastão do governante foi o segundo momento dessa “separação dos corpos do monarca”. “Essa é uma tradição antiga que marca o fim do serviço da Casa Real ao monarca, mas nunca havia sido televisionada”, lembra Elena Woodacre.

Imagem mostra caixão da rainha Elizabeth II coberto pela bandeira real e com a coroa, orbe e cetro pousadas em cima. Funeral de Elizabeth encerra uma era na história da monarquia britânica Foto: Danny Lawson/Reuters

Ícone de uma era, agora Elizabeth repousa no Memorial George VI, onde estão os corpos de seu pai - o rei George VI - e mãe e as cinzas da irmã Margaret. O anexo terminou de ser construído em 1969, justamente para abrigar o caixão do rei George VI, que morreu de forma inesperada em fevereiro de 1952, aos 56 anos. Até então, não existia um local especial designado aos seus restos mortais.

O caixão do príncipe Philip foi enterrado ao lado do de Elizabeth, depois de ser transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021. Esse era o último desejo da monarca.

Na cripta real, continuam repousando os restos mortais de uma longa lista de soberanos entre os séculos 18 e 19, entre eles o rei George III, morto em 1820. Diante da falta de espaço no local era necessária a construção de outra capela - no que foi a primeira mudança arquitetônica no edifício.

Nos próximos dias, o rei Charles III deve consolidar a formação de seu reinado, com o desafio de continuar criando laços com o público e tentar ter ao menos parte da admiração que sua mãe tinha. “O público tem dado apoio a Charles até agora, mas parte dessa simpatia pode ser direcionada a um filho de luto pela perda da mãe”, diz a historiadora.

Agora, as atenções se voltam para a cerimônia de coroação de Charles, que deve ocorrer no ano que vem. A mesma coroa que foi retirada de cima do caixão de Elizabeth ontem poderá ser usada no evento, caso seja a vontade do novo monarca.

“Charles parece estar fazendo a construção de um reinado no qual a monarquia é mais acessível e moderna, sem perder a tradição e mística sobre a qual foi construída”, afirma Elena Woodacre, lembrando que essa transição já vinha sendo feita por Elizabeth II e deve agora seguir para o próximo sucessor ao trono, o príncipe William. “Acho que veremos uma monarquia mais ‘enxuta’ com William, Kate e seus filhos sendo muito proeminentes como herdeiros diretos e menos foco nos irmãos dele e suas famílias.”

Cortejo

Foram onze dias desde a morte da monarca mais longeva do Reino Unido até seu enterro na Capela de St. George, no Palácio de Windsor.

Após cinco dias de funeral aberto ao público, o caixão de Elizabeth deixou Westminster Hall e foi levado para a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, para um funeral de Estado.

A família real seguiu o caixão durante a procissão. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

Funeral da rainha Elizabeth II

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Foto: HENRY NICHOLLS
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Foto: Kirsty O'Connor
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Antes da última procissão fúnebre, mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participaram da cerimônia de funeral de Estado da rainha na Abadia, onde um sermão do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

O Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.

Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.

O funeral de Estado terminou com o hino nacional, “Deus salve o Rei”, cantado em homenagem a Charles III.

Etapa final

De Westminster, o caixão seguiu em cortejo, transportado em uma carreta da Marinha Real ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin e com a presença da família real, até o Arco de Wellington, de onde foi levado, em carro, para o Castelo de Windsor.

Milhares de pessoas se reuniram na grande avenida que leva ao Castelo para ver a chegada do caixão da rainha, transportado cerca de 40 km em um carro funerário da capital britânica. “Vim prestar meus respeitos e cumprimentá-la uma última vez quando o carro fúnebre passou, como veterano militar era meu dever”, disse à agência France-Press Robert MacDonald, um morador local que estava uniformizado.

Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit. Conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela. / Com AFP

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