BERLIM - O bilionário Elon Musk, conselheiro próximo do presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, declarou apoio ao Alternativa para a Alemanha (AfD), partido da extrema direita que tem ligações com neonazistas, antes das eleições no país. A votação foi antecipada pelo colapso do governo Olaf Scholz.
“Somente o AfD pode salvar a Alemanha”, escreveu Musk no X em resposta ao vídeo da influenciadora da extrema direita alemã Naomi Seibt. Ela criticava o líder nas pesquisas, Friedrich Merz, por rejeitar sugestões de que a Alemanha deveria se inspirar em Elon Musk e no presidente argentino Javier Milei e descartar a possibilidade de coalizão com o Alternativo para Alemanha.
As legendas tradicionais da política alemã se negam a compor com o AfD, que consideram uma ameaça para a democracia. Isso inclui o partido de Friedrich Merz, União Democrata-Cristã (CDU), de centro-direita, que aparece com 32% das intenções de voto em aliança com a União Social-Cristã (CSU).
Musk, apontado para compor a Casa Branca de Trump no comando do Departamento de Eficiência Governamental, declarou apoio ao AfD em momento de turbulência na política alemã. E os líderes do partido parecem dispostos a tirar proveito disso. Alice Weidel, candidata da extrema direita ao governo reagiu prontamente: “A Alternativa para a Alemanha é de fato a única alternativa para o nosso país, nossa última opção”.
O partido tem bom desempenho nas pesquisas, com 19%, mas o isolamento imposto à extrema direita impede que Alice tenha chances reais de se tornar chanceler nas eleições de 23 de fevereiro.
Olaf Sholz, por outro lado, rechaçou o comentário de Elon Musk. Ele deve buscar o segundo mandato depois que a sua coalizão ruiu, sem consenso para enfrentar a crise econômica que abala o país, mas seu partido, o social-democrata, está atrás nas pesquisas, com 15%.
“Temos liberdade de opinião — isso também vale para multimilionários, mas liberdade de opinião também significa que você pode dizer coisas que não são certas e não contêm bons conselhos políticos”, afirmou em entrevista coletiva. “Digo enfaticamente que todos os partidos democráticos na Alemanha veem isso de forma diferente”, acrescentou.
Laços com neonazistas
O Alternativa para Alemanha foi alvo de protestos no começo do ano, após a revelação de encontro secreto de líderes do partido com o provocador de extrema-direita austríaco Martin Sellner, que admitiu ter sido membro de grupo neonazista. Na reunião, foram discutidos planos de deportação em massa.
Em maio, Björn Höcke, líder do AfD no Estado da Turíngia, foi multado por propagar slogans nazistas — o que é proibido na Alemanha. No mês passado, a polícia prendeu oito pessoas suspeitas de integrar organização terrorista neonazista com planos para derrubar o governo. Três deles eram do Alternativa para Alemanha, que anunciou expulsões.
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Apoio de Musk a direita
Dono do X, antigo Twitter, Elon Musk usa a rede intensamente para expressar posições políticas dentro e fora dos EUA.
No Reino Unido, o bilionário apoia o Reform UK e discute a possibilidade de fazer doações ao partido. Esse foi o tema do encontro com de Musk com o líder Nigel Farage e o tesoureiro Nick Candy na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, no começo da semana. Quando Farage postou a foto dos três com a frase “A Grã-Bretanha precisa de reforma”, Musk respondeu: “Com certeza.”
O bilionário também travou repetidas discussões online com o os trabalhistas no poder. Ele já disse que uma “guerra civil” no país era inevitável e alegou que “o Reino Unido está se tornando um estado policial” depois que o primeiro-ministro Keir Starmer ativou um plano de emergência para aliviar a pressão sobre prisões superlotadas, permitindo que réus fossem mantidos por mais tempo em celas até que houvesse vagas./Com NY Times, AP e AFP