No mesmo momento em que líderes de Israel e dos palestinos falavam de paz na cúpula de Ácaba, seus opositores internos prometiam continuar com a luta: militantes do Hamas diziam que Mahmoud Abbas havia se vendido e colonos judeus promoviam uma manifestação contra seu antigo patrono, Ariel Sharon. A oposição sublinha as dificuldades políticas e práticas que os dois primeiros-ministros enfrentam, mesmo se conseguirem superar seuas divergências pessoais sobre como implementar o "roteiro para a paz", apoiado pelos EUA, com o objetivo de pôr fim a 32 meses de violência e estabelecer um Estado palestino até 2005. A eventual continuidade de ataques extremistas por parte de militantes palestinos poderia facilmente torpedear toda a iniciativa. E os colonos, caso recusem-se a abandonar seus postos avançados e mobilizem o Partido Likud, de Sharon, contra ele, poderiam tornar difícil para um já relutante primeiro-ministro seguir em frente. Em Jerusalém, milhares de colonos judeus e seus partidários promoveram hoje um protesto contra Sharon na Praça Sião. Numa longa faixa estava escrito: "Não a um Estado palestino!" Em Gaza, sombrios líderes do Hamas assistiram pela televisão Abbas prometer o fim da "intifada armada", renunciar "ao terrorismo contra israelenses não importa onde estejam" e garantir que armas só serão portadas "por aqueles responsáveis pela manutenção da lei e da ordem", aludindo ao desarmamento dos militantes exigido pelo roteiro da paz. Apesar de Israel esperar prisões e uma forte repressão, Abbas tem deixado claro que tentará primeiro a persuasão. Porém, a reação inicial dos líderes do Hamas em Gaza ao seu discurso sugere que será difícil convencê-los. "Fiquei abismado, realmente", disse Abdel Aziz Rantisi, um líder do Hamas. Para ele, Abbas "rendeu-se à pressão dos EUA e de Israel".