O deputado americano de origem brasileira George Santos, que ganhou notoriedade por forjar grande parte de seu currículo ao se candidatar, disse na quinta-feira, 12, que “viveu uma vida honesta” e indicou que buscaria a reeleição em 2024.
“Olha, eu trabalhei a vida inteira”, disse Santos. “Eu vivi uma vida honesta. Eu nunca fui acusado de, de quaisquer más ações, então, você sabe, é meu, é o patrimônio do meu eu trabalhador, e eu investi dentro de mim”, afirmou Santos durante uma entrevista no podcast do ativista de extrema direita Steve Bannon.
Santos adotou um tom desafiador e se apresentou como um oprimido em uma batalha contra forças do establishment que não servem ao público. Ele rejeitou as críticas que recebeu, dizendo que caberia aos eleitores decidir seu destino “em dois anos”.
Depois de virar um assento crucial em Long Island para o Partido Republicano, uma tempestade estourou no mês passado depois que o The New York Times e outros veículos revelaram aparentes invenções de Santos no currículo, que mentiu sobre trabalho, formação educacional e história pessoal.
Em uma queixa apresentada na segunda-feira, Santos foi acusado de violações de financiamento de campanha. E na quarta-feira, o The Washington Post informou que ele recebeu pagamentos por trabalhos desempenhados em uma empresa acusada de esquema de pirâmide.
O líder da minoria na Câmara, o democrata Hakeem Jeffries, disse na quinta-feira, 12, que “o espetáculo que é George Santos fala por si”.
“Ele é uma fraude completa e total”, acrescentou Jeffries. “[Ele] mentiu para os eleitores do 3º Distrito Congressional em Nova York, enganou e conspirou para entrar no Congresso. E agora é responsabilidade dos republicanos da Câmara fazer algo a respeito.”
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O presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, reconheceu o escândalo que envolveu Santos, mas recusou-se a tomar qualquer ação imediata. O líder republicano disse na quinta-feira que Santos “tem um longo caminho a percorrer para ganhar confiança. Mas a única coisa que sei é que se você aplicar a Constituição igual a todos os americanos, os eleitores de seu distrito o elegeram.”
Dois legisladores democratas apresentaram uma queixa ao Comitê de Ética da Câmara na terça-feira, mas não está claro se o órgão apartidário investigará.
“Se algo estiver errado”, disse McCarthy sobre Santos, “ele será responsabilizado exatamente como qualquer outra pessoa neste corpo seria”.
Na quarta-feira, o deputado Nicholas A. Langworthy, presidente do Partido Republicano do Estado de Nova York, juntou-se ao deputado Anthony D’Esposito e outras autoridades republicanas locais para pedir a renúncia de Santos.
Joseph G. Cairo Jr., presidente do Comitê Republicano do Condado de Nassau, disse que a campanha de Santos foi “uma campanha de engano, mentiras, invenção”. O legislador do condado de Nassau, Richard J. Nicolello, disse que as mentiras de Santos “violaram a confiança pública”.
A deputada republicana Nancy Mace, da Carolina do Sul, juntou-se na quinta-feira aos quatro legisladores republicanos que pedem a renúncia de Santos. Ele “deveria renunciar”, disse Mace no MSNBC, acrescentando que Santos parecia estar “amando” a atenção que estava recebendo.
Uma cópia do currículo que Santos apresentou ao Nassau County GOP mostrou que ele alegou ter se formado com honras no Baruch College, em 2010, uma média de 3,89 (em uma escala que vai até 4) e que recebeu um MBA em negócios pela New York University em 2013, após obter 710 em seu exame GMAT. Na verdade, Santos não se formou em nenhuma das escolas.
Os republicanos de Long Island disseram que evitariam trabalhar com o gabinete de Santos e encaminhariam os eleitores para o deputado vizinho, D’Esposito. No podcast, Santos disse na quinta-feira que a medida era “absurda e ilegal”, mas não deu mais detalhes.
Santos deixou uma mensagem para seus críticos na quinta-feira: “Eu apenas rezo por todos vocês, quando eles vierem atrás de vocês, para que tenham a mesma força que eu”.