EUA dizem que príncipe herdeiro autorizou 'capturar ou matar' jornalista e impõem sanções a sauditas


Relatório divulgado se baseia principalmente nas investigações da CIA e conclui que herdeiro do trono 'aprovou a operação em Istambul'; Arábia Saudita responde e diz que 'rechaça totalmente' conclusão

Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Pouco depois de retirar o sigilo de um relatório de inteligência que revela que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman autorizou "capturar ou matar' o jornalista Jamal Khashoggi, o governo americano anunciou a imposição de sanções contra 76 sauditas vinculados ao assassinato. O príncipe herdeiro, porém, ficou de fora da punição.

Os Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado, também proibiram a entrada de quem ameaçar dissidentes em seus países de origem. "Deixamos claro que as ameaças extraterritoriais e os ataques da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas têm de acabar. Não serão tolerados pelos EUA", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

O governo americano retirou, nesta sexta-feira, 26, o sigilo do aguardado relatório da inteligência que revela que o príncipe herdeiro  autorizou "capturar ou matar' Khashoggi. A morte do jornalista, colaborador do jornal americano The Washington Post, no consulado saudita em Istambul, provocou grande indignação internacional. 

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O relatório foi elaborado há dois anos e só agora, no governo do presidente Joe Biden, foi tornado público. Ele se baseia principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e concluiu que o príncipe "aprovou a operação em Istambul, Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi". Para ela, o príncipe saudita via Khashoggi como uma "ameaça ao reino". Khashoggi morreu em outubro de 2018 após ter ido ao consulado saudita na cidade turca resolver uma questão burocrática. 

Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para resolver um trâmite burocrático e não saiu mais Foto: TRT World / Reuters

Em resposta, a Arábia Saudita afirmou que "rechaça totalmente" a conclusão do relatório. "O governo do reino da Arábia Saudita rechaça totalmente a avaliação negativa, falsa e inaceitável do relatório relativo a dirigentes do reino e assinala que ele contém informação e conclusões inexatas", afirmou a chancelaria saudita, em comunicado. 

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O relatório acrescenta que sua avaliação se baseia no controle de Bin Salman sobre o processo decisório no reino, bem como no envolvimento direto de conselheiros e membros dos detalhes de segurança do príncipe herdeiro no assassinato, e seu apoio ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior.

"Desde 2017, o príncipe herdeiro tem controle absoluto sobre as organizações de segurança e inteligência do reino, o que torna altamente improvável que as autoridades sauditas tivessem realizado tal operação sem a autorização do príncipe", destaca o texto.

Ainda segundo a inteligência americana, durante o momento em que o jornalista foi morto, Bin Salman provavelmente estimulou um ambiente no qual seus auxiliares temiam falhar nas tarefas que lhes foram confiadas, dada a possibilidade de serem demitidos ou presos. 

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"Isso sugere que é improvável que os ajudantes tenham questionado as ordens de Mohammed bin Salman ou empreendido ações sensíveis sem seu consentimento", afirma o documento.

Os serviços americanos também disseram que a equipe que chegou a Istambul em 2 de outubro de 2018 para matar Khashoggi incluía funcionários que trabalhavam para ou estavam ligados ao Centro Saudita de Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real (CSMARC).

Na época, o centro era dirigido por Saud al-Qahtani, que a inteligência americana identifica como um conselheiro próximo de Bin Salman. O diretor afirmou publicamente em 2018 que jamais tomou decisões sem a aprovação do príncipe.

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O esquadrão de ataque também incluiu sete membros da segurança pessoal de Bin Salman, conhecida como Força de Intervenção Rápida, um ramo da Guarda Real Saudita encarregado de proteger o príncipe herdeiro e responder apenas às suas ordens.

Ao esclarecer mais tarde as sanções impostas aos 76 sauditas, mas não ao príncipe herdeiro, Antony Blinken afirmou que seu país não busca uma ruptura com a Arábia Saudita, e sim deseja "recalibrar" a relação. Segundo o jornal americano New York Times, citando fontes do governo, Biden decidiu que o custo diplomático de penalizar diretamente Bin Salman seria muito alto. 

Novo capítulo nas relações

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A divulgação do relatório já era aguardada e partes dele foram vazadas à imprensa nos últimos dois dias. Ontem, Biden palou por telefone com o rei Salman bin Abdulaziz, em um contato que analistas e a mídia viram como um novo capítulo nas relações dos EUA com a Arábia Saudita, assim como o próprio relatório. "É uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump", analisou a emissora NBC. Um resumo da conversa divulgado pela Casa Branca não faz nenhuma menção ao assassinato e dissesse, em vez disso, mostra que os discutiram a parceria de longa data dos países.

Uma versão secreta do relatório foi compartilhada com membros do Congresso no fim de 2018. Mas o governo de Donald Trump rejeitou as exigências de legisladores e grupos de direitos humanos para divulgar uma versão não sigilosa, buscando preservar a cooperação em meio a tensões crescentes com o rival regional de Riad, o Irã, e promover a venda de armas dos EUA para o reino.

A nova diretora de inteligência nacional de Biden, Avril Haines, comprometeu-se em sua audiência de confirmação a cumprir uma cláusula em um projeto de defesa de 2019 que exigia que o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional divulgasse dentro de 30 dias um relatório não sigiloso sobre o assassinato de Khashoggi./AFP, EFE e AP

WASHINGTON - Pouco depois de retirar o sigilo de um relatório de inteligência que revela que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman autorizou "capturar ou matar' o jornalista Jamal Khashoggi, o governo americano anunciou a imposição de sanções contra 76 sauditas vinculados ao assassinato. O príncipe herdeiro, porém, ficou de fora da punição.

Os Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado, também proibiram a entrada de quem ameaçar dissidentes em seus países de origem. "Deixamos claro que as ameaças extraterritoriais e os ataques da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas têm de acabar. Não serão tolerados pelos EUA", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

O governo americano retirou, nesta sexta-feira, 26, o sigilo do aguardado relatório da inteligência que revela que o príncipe herdeiro  autorizou "capturar ou matar' Khashoggi. A morte do jornalista, colaborador do jornal americano The Washington Post, no consulado saudita em Istambul, provocou grande indignação internacional. 

O relatório foi elaborado há dois anos e só agora, no governo do presidente Joe Biden, foi tornado público. Ele se baseia principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e concluiu que o príncipe "aprovou a operação em Istambul, Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi". Para ela, o príncipe saudita via Khashoggi como uma "ameaça ao reino". Khashoggi morreu em outubro de 2018 após ter ido ao consulado saudita na cidade turca resolver uma questão burocrática. 

Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para resolver um trâmite burocrático e não saiu mais Foto: TRT World / Reuters

Em resposta, a Arábia Saudita afirmou que "rechaça totalmente" a conclusão do relatório. "O governo do reino da Arábia Saudita rechaça totalmente a avaliação negativa, falsa e inaceitável do relatório relativo a dirigentes do reino e assinala que ele contém informação e conclusões inexatas", afirmou a chancelaria saudita, em comunicado. 

O relatório acrescenta que sua avaliação se baseia no controle de Bin Salman sobre o processo decisório no reino, bem como no envolvimento direto de conselheiros e membros dos detalhes de segurança do príncipe herdeiro no assassinato, e seu apoio ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior.

"Desde 2017, o príncipe herdeiro tem controle absoluto sobre as organizações de segurança e inteligência do reino, o que torna altamente improvável que as autoridades sauditas tivessem realizado tal operação sem a autorização do príncipe", destaca o texto.

Ainda segundo a inteligência americana, durante o momento em que o jornalista foi morto, Bin Salman provavelmente estimulou um ambiente no qual seus auxiliares temiam falhar nas tarefas que lhes foram confiadas, dada a possibilidade de serem demitidos ou presos. 

"Isso sugere que é improvável que os ajudantes tenham questionado as ordens de Mohammed bin Salman ou empreendido ações sensíveis sem seu consentimento", afirma o documento.

Os serviços americanos também disseram que a equipe que chegou a Istambul em 2 de outubro de 2018 para matar Khashoggi incluía funcionários que trabalhavam para ou estavam ligados ao Centro Saudita de Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real (CSMARC).

Na época, o centro era dirigido por Saud al-Qahtani, que a inteligência americana identifica como um conselheiro próximo de Bin Salman. O diretor afirmou publicamente em 2018 que jamais tomou decisões sem a aprovação do príncipe.

O esquadrão de ataque também incluiu sete membros da segurança pessoal de Bin Salman, conhecida como Força de Intervenção Rápida, um ramo da Guarda Real Saudita encarregado de proteger o príncipe herdeiro e responder apenas às suas ordens.

Ao esclarecer mais tarde as sanções impostas aos 76 sauditas, mas não ao príncipe herdeiro, Antony Blinken afirmou que seu país não busca uma ruptura com a Arábia Saudita, e sim deseja "recalibrar" a relação. Segundo o jornal americano New York Times, citando fontes do governo, Biden decidiu que o custo diplomático de penalizar diretamente Bin Salman seria muito alto. 

Novo capítulo nas relações

A divulgação do relatório já era aguardada e partes dele foram vazadas à imprensa nos últimos dois dias. Ontem, Biden palou por telefone com o rei Salman bin Abdulaziz, em um contato que analistas e a mídia viram como um novo capítulo nas relações dos EUA com a Arábia Saudita, assim como o próprio relatório. "É uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump", analisou a emissora NBC. Um resumo da conversa divulgado pela Casa Branca não faz nenhuma menção ao assassinato e dissesse, em vez disso, mostra que os discutiram a parceria de longa data dos países.

Uma versão secreta do relatório foi compartilhada com membros do Congresso no fim de 2018. Mas o governo de Donald Trump rejeitou as exigências de legisladores e grupos de direitos humanos para divulgar uma versão não sigilosa, buscando preservar a cooperação em meio a tensões crescentes com o rival regional de Riad, o Irã, e promover a venda de armas dos EUA para o reino.

A nova diretora de inteligência nacional de Biden, Avril Haines, comprometeu-se em sua audiência de confirmação a cumprir uma cláusula em um projeto de defesa de 2019 que exigia que o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional divulgasse dentro de 30 dias um relatório não sigiloso sobre o assassinato de Khashoggi./AFP, EFE e AP

WASHINGTON - Pouco depois de retirar o sigilo de um relatório de inteligência que revela que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman autorizou "capturar ou matar' o jornalista Jamal Khashoggi, o governo americano anunciou a imposição de sanções contra 76 sauditas vinculados ao assassinato. O príncipe herdeiro, porém, ficou de fora da punição.

Os Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado, também proibiram a entrada de quem ameaçar dissidentes em seus países de origem. "Deixamos claro que as ameaças extraterritoriais e os ataques da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas têm de acabar. Não serão tolerados pelos EUA", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

O governo americano retirou, nesta sexta-feira, 26, o sigilo do aguardado relatório da inteligência que revela que o príncipe herdeiro  autorizou "capturar ou matar' Khashoggi. A morte do jornalista, colaborador do jornal americano The Washington Post, no consulado saudita em Istambul, provocou grande indignação internacional. 

O relatório foi elaborado há dois anos e só agora, no governo do presidente Joe Biden, foi tornado público. Ele se baseia principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e concluiu que o príncipe "aprovou a operação em Istambul, Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi". Para ela, o príncipe saudita via Khashoggi como uma "ameaça ao reino". Khashoggi morreu em outubro de 2018 após ter ido ao consulado saudita na cidade turca resolver uma questão burocrática. 

Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para resolver um trâmite burocrático e não saiu mais Foto: TRT World / Reuters

Em resposta, a Arábia Saudita afirmou que "rechaça totalmente" a conclusão do relatório. "O governo do reino da Arábia Saudita rechaça totalmente a avaliação negativa, falsa e inaceitável do relatório relativo a dirigentes do reino e assinala que ele contém informação e conclusões inexatas", afirmou a chancelaria saudita, em comunicado. 

O relatório acrescenta que sua avaliação se baseia no controle de Bin Salman sobre o processo decisório no reino, bem como no envolvimento direto de conselheiros e membros dos detalhes de segurança do príncipe herdeiro no assassinato, e seu apoio ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior.

"Desde 2017, o príncipe herdeiro tem controle absoluto sobre as organizações de segurança e inteligência do reino, o que torna altamente improvável que as autoridades sauditas tivessem realizado tal operação sem a autorização do príncipe", destaca o texto.

Ainda segundo a inteligência americana, durante o momento em que o jornalista foi morto, Bin Salman provavelmente estimulou um ambiente no qual seus auxiliares temiam falhar nas tarefas que lhes foram confiadas, dada a possibilidade de serem demitidos ou presos. 

"Isso sugere que é improvável que os ajudantes tenham questionado as ordens de Mohammed bin Salman ou empreendido ações sensíveis sem seu consentimento", afirma o documento.

Os serviços americanos também disseram que a equipe que chegou a Istambul em 2 de outubro de 2018 para matar Khashoggi incluía funcionários que trabalhavam para ou estavam ligados ao Centro Saudita de Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real (CSMARC).

Na época, o centro era dirigido por Saud al-Qahtani, que a inteligência americana identifica como um conselheiro próximo de Bin Salman. O diretor afirmou publicamente em 2018 que jamais tomou decisões sem a aprovação do príncipe.

O esquadrão de ataque também incluiu sete membros da segurança pessoal de Bin Salman, conhecida como Força de Intervenção Rápida, um ramo da Guarda Real Saudita encarregado de proteger o príncipe herdeiro e responder apenas às suas ordens.

Ao esclarecer mais tarde as sanções impostas aos 76 sauditas, mas não ao príncipe herdeiro, Antony Blinken afirmou que seu país não busca uma ruptura com a Arábia Saudita, e sim deseja "recalibrar" a relação. Segundo o jornal americano New York Times, citando fontes do governo, Biden decidiu que o custo diplomático de penalizar diretamente Bin Salman seria muito alto. 

Novo capítulo nas relações

A divulgação do relatório já era aguardada e partes dele foram vazadas à imprensa nos últimos dois dias. Ontem, Biden palou por telefone com o rei Salman bin Abdulaziz, em um contato que analistas e a mídia viram como um novo capítulo nas relações dos EUA com a Arábia Saudita, assim como o próprio relatório. "É uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump", analisou a emissora NBC. Um resumo da conversa divulgado pela Casa Branca não faz nenhuma menção ao assassinato e dissesse, em vez disso, mostra que os discutiram a parceria de longa data dos países.

Uma versão secreta do relatório foi compartilhada com membros do Congresso no fim de 2018. Mas o governo de Donald Trump rejeitou as exigências de legisladores e grupos de direitos humanos para divulgar uma versão não sigilosa, buscando preservar a cooperação em meio a tensões crescentes com o rival regional de Riad, o Irã, e promover a venda de armas dos EUA para o reino.

A nova diretora de inteligência nacional de Biden, Avril Haines, comprometeu-se em sua audiência de confirmação a cumprir uma cláusula em um projeto de defesa de 2019 que exigia que o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional divulgasse dentro de 30 dias um relatório não sigiloso sobre o assassinato de Khashoggi./AFP, EFE e AP

WASHINGTON - Pouco depois de retirar o sigilo de um relatório de inteligência que revela que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman autorizou "capturar ou matar' o jornalista Jamal Khashoggi, o governo americano anunciou a imposição de sanções contra 76 sauditas vinculados ao assassinato. O príncipe herdeiro, porém, ficou de fora da punição.

Os Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado, também proibiram a entrada de quem ameaçar dissidentes em seus países de origem. "Deixamos claro que as ameaças extraterritoriais e os ataques da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas têm de acabar. Não serão tolerados pelos EUA", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

O governo americano retirou, nesta sexta-feira, 26, o sigilo do aguardado relatório da inteligência que revela que o príncipe herdeiro  autorizou "capturar ou matar' Khashoggi. A morte do jornalista, colaborador do jornal americano The Washington Post, no consulado saudita em Istambul, provocou grande indignação internacional. 

O relatório foi elaborado há dois anos e só agora, no governo do presidente Joe Biden, foi tornado público. Ele se baseia principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e concluiu que o príncipe "aprovou a operação em Istambul, Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi". Para ela, o príncipe saudita via Khashoggi como uma "ameaça ao reino". Khashoggi morreu em outubro de 2018 após ter ido ao consulado saudita na cidade turca resolver uma questão burocrática. 

Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para resolver um trâmite burocrático e não saiu mais Foto: TRT World / Reuters

Em resposta, a Arábia Saudita afirmou que "rechaça totalmente" a conclusão do relatório. "O governo do reino da Arábia Saudita rechaça totalmente a avaliação negativa, falsa e inaceitável do relatório relativo a dirigentes do reino e assinala que ele contém informação e conclusões inexatas", afirmou a chancelaria saudita, em comunicado. 

O relatório acrescenta que sua avaliação se baseia no controle de Bin Salman sobre o processo decisório no reino, bem como no envolvimento direto de conselheiros e membros dos detalhes de segurança do príncipe herdeiro no assassinato, e seu apoio ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior.

"Desde 2017, o príncipe herdeiro tem controle absoluto sobre as organizações de segurança e inteligência do reino, o que torna altamente improvável que as autoridades sauditas tivessem realizado tal operação sem a autorização do príncipe", destaca o texto.

Ainda segundo a inteligência americana, durante o momento em que o jornalista foi morto, Bin Salman provavelmente estimulou um ambiente no qual seus auxiliares temiam falhar nas tarefas que lhes foram confiadas, dada a possibilidade de serem demitidos ou presos. 

"Isso sugere que é improvável que os ajudantes tenham questionado as ordens de Mohammed bin Salman ou empreendido ações sensíveis sem seu consentimento", afirma o documento.

Os serviços americanos também disseram que a equipe que chegou a Istambul em 2 de outubro de 2018 para matar Khashoggi incluía funcionários que trabalhavam para ou estavam ligados ao Centro Saudita de Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real (CSMARC).

Na época, o centro era dirigido por Saud al-Qahtani, que a inteligência americana identifica como um conselheiro próximo de Bin Salman. O diretor afirmou publicamente em 2018 que jamais tomou decisões sem a aprovação do príncipe.

O esquadrão de ataque também incluiu sete membros da segurança pessoal de Bin Salman, conhecida como Força de Intervenção Rápida, um ramo da Guarda Real Saudita encarregado de proteger o príncipe herdeiro e responder apenas às suas ordens.

Ao esclarecer mais tarde as sanções impostas aos 76 sauditas, mas não ao príncipe herdeiro, Antony Blinken afirmou que seu país não busca uma ruptura com a Arábia Saudita, e sim deseja "recalibrar" a relação. Segundo o jornal americano New York Times, citando fontes do governo, Biden decidiu que o custo diplomático de penalizar diretamente Bin Salman seria muito alto. 

Novo capítulo nas relações

A divulgação do relatório já era aguardada e partes dele foram vazadas à imprensa nos últimos dois dias. Ontem, Biden palou por telefone com o rei Salman bin Abdulaziz, em um contato que analistas e a mídia viram como um novo capítulo nas relações dos EUA com a Arábia Saudita, assim como o próprio relatório. "É uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump", analisou a emissora NBC. Um resumo da conversa divulgado pela Casa Branca não faz nenhuma menção ao assassinato e dissesse, em vez disso, mostra que os discutiram a parceria de longa data dos países.

Uma versão secreta do relatório foi compartilhada com membros do Congresso no fim de 2018. Mas o governo de Donald Trump rejeitou as exigências de legisladores e grupos de direitos humanos para divulgar uma versão não sigilosa, buscando preservar a cooperação em meio a tensões crescentes com o rival regional de Riad, o Irã, e promover a venda de armas dos EUA para o reino.

A nova diretora de inteligência nacional de Biden, Avril Haines, comprometeu-se em sua audiência de confirmação a cumprir uma cláusula em um projeto de defesa de 2019 que exigia que o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional divulgasse dentro de 30 dias um relatório não sigiloso sobre o assassinato de Khashoggi./AFP, EFE e AP

WASHINGTON - Pouco depois de retirar o sigilo de um relatório de inteligência que revela que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman autorizou "capturar ou matar' o jornalista Jamal Khashoggi, o governo americano anunciou a imposição de sanções contra 76 sauditas vinculados ao assassinato. O príncipe herdeiro, porém, ficou de fora da punição.

Os Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado, também proibiram a entrada de quem ameaçar dissidentes em seus países de origem. "Deixamos claro que as ameaças extraterritoriais e os ataques da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas têm de acabar. Não serão tolerados pelos EUA", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

O governo americano retirou, nesta sexta-feira, 26, o sigilo do aguardado relatório da inteligência que revela que o príncipe herdeiro  autorizou "capturar ou matar' Khashoggi. A morte do jornalista, colaborador do jornal americano The Washington Post, no consulado saudita em Istambul, provocou grande indignação internacional. 

O relatório foi elaborado há dois anos e só agora, no governo do presidente Joe Biden, foi tornado público. Ele se baseia principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e concluiu que o príncipe "aprovou a operação em Istambul, Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi". Para ela, o príncipe saudita via Khashoggi como uma "ameaça ao reino". Khashoggi morreu em outubro de 2018 após ter ido ao consulado saudita na cidade turca resolver uma questão burocrática. 

Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para resolver um trâmite burocrático e não saiu mais Foto: TRT World / Reuters

Em resposta, a Arábia Saudita afirmou que "rechaça totalmente" a conclusão do relatório. "O governo do reino da Arábia Saudita rechaça totalmente a avaliação negativa, falsa e inaceitável do relatório relativo a dirigentes do reino e assinala que ele contém informação e conclusões inexatas", afirmou a chancelaria saudita, em comunicado. 

O relatório acrescenta que sua avaliação se baseia no controle de Bin Salman sobre o processo decisório no reino, bem como no envolvimento direto de conselheiros e membros dos detalhes de segurança do príncipe herdeiro no assassinato, e seu apoio ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior.

"Desde 2017, o príncipe herdeiro tem controle absoluto sobre as organizações de segurança e inteligência do reino, o que torna altamente improvável que as autoridades sauditas tivessem realizado tal operação sem a autorização do príncipe", destaca o texto.

Ainda segundo a inteligência americana, durante o momento em que o jornalista foi morto, Bin Salman provavelmente estimulou um ambiente no qual seus auxiliares temiam falhar nas tarefas que lhes foram confiadas, dada a possibilidade de serem demitidos ou presos. 

"Isso sugere que é improvável que os ajudantes tenham questionado as ordens de Mohammed bin Salman ou empreendido ações sensíveis sem seu consentimento", afirma o documento.

Os serviços americanos também disseram que a equipe que chegou a Istambul em 2 de outubro de 2018 para matar Khashoggi incluía funcionários que trabalhavam para ou estavam ligados ao Centro Saudita de Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real (CSMARC).

Na época, o centro era dirigido por Saud al-Qahtani, que a inteligência americana identifica como um conselheiro próximo de Bin Salman. O diretor afirmou publicamente em 2018 que jamais tomou decisões sem a aprovação do príncipe.

O esquadrão de ataque também incluiu sete membros da segurança pessoal de Bin Salman, conhecida como Força de Intervenção Rápida, um ramo da Guarda Real Saudita encarregado de proteger o príncipe herdeiro e responder apenas às suas ordens.

Ao esclarecer mais tarde as sanções impostas aos 76 sauditas, mas não ao príncipe herdeiro, Antony Blinken afirmou que seu país não busca uma ruptura com a Arábia Saudita, e sim deseja "recalibrar" a relação. Segundo o jornal americano New York Times, citando fontes do governo, Biden decidiu que o custo diplomático de penalizar diretamente Bin Salman seria muito alto. 

Novo capítulo nas relações

A divulgação do relatório já era aguardada e partes dele foram vazadas à imprensa nos últimos dois dias. Ontem, Biden palou por telefone com o rei Salman bin Abdulaziz, em um contato que analistas e a mídia viram como um novo capítulo nas relações dos EUA com a Arábia Saudita, assim como o próprio relatório. "É uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump", analisou a emissora NBC. Um resumo da conversa divulgado pela Casa Branca não faz nenhuma menção ao assassinato e dissesse, em vez disso, mostra que os discutiram a parceria de longa data dos países.

Uma versão secreta do relatório foi compartilhada com membros do Congresso no fim de 2018. Mas o governo de Donald Trump rejeitou as exigências de legisladores e grupos de direitos humanos para divulgar uma versão não sigilosa, buscando preservar a cooperação em meio a tensões crescentes com o rival regional de Riad, o Irã, e promover a venda de armas dos EUA para o reino.

A nova diretora de inteligência nacional de Biden, Avril Haines, comprometeu-se em sua audiência de confirmação a cumprir uma cláusula em um projeto de defesa de 2019 que exigia que o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional divulgasse dentro de 30 dias um relatório não sigiloso sobre o assassinato de Khashoggi./AFP, EFE e AP

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