JERUSALÉM - "Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro". Foi com esta frase, que disse ser de autoria própria - mas que parece uma variação do original "Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo", do filósofo e ensaísta espanhol George Santayana -, que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, marcou sua passagem durante visita a Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém.
O museu é um local de tributo aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante o Holocausto. No local, ele também citou uma passagem da Bíblia e disse estar tocado. Após a visita, o presidente disse 'não ter dúvida' de que nazismo é de esquerda.
Bolsonaro fez o curto pronunciamento após assinar o livro de visitantes. Antes, ele participou de uma cerimônia no Hall da Memória, que contou com o coro infantil Ankor. O presidente acionou a alavanca que ativa a Chama Eterna e, em seguida, bateu continência.
No chão, há o nome dos principais campos de extermínio. Bolsonaro também depositou uma coroa de flores no local e fez um minuto de silêncio. Ao final, houve uma oração.
A visita de Bolsonaro ao centro de memória também movimentou o Twitter. A repercussão se deu, no entanto, não pela visita em si, mas pela publicação recente do chanceler Ernesto Araújo de que o nazismo "foi um movimento de esquerda".
O escrito do chanceler vai de encontro ao próprio museu visitado por Bolsonaro, que diz em seu site que o Partido Nazista da Alemanha era um entre vários "grupos radicais de direita". Além do museu, a instituição também abriga um centro de pesquisas sobre o nazismo. A publicação de um vídeo da visita de Bolsonaro ao museu inflamou a discussão entre críticos e apoiadores do governo, bem como a discussão sobre o nazismo estar à esquerda ou à direita no espectro político. A movimentação tornou Holocausto uma das expressões mais citadas no Twitter do Brasil.
Protesto contra líder brasileiro
Enquanto Bolsonaro participava de uma cerimônia fechada a imprensa antes de plantar uma oliveira no Bosque das Nações, em Jerusalém, duas pessoas mostravam ao longe cartazes para a imprensa com dizeres em português "proteger a Amazônia" e "tolerância entre humanos e natureza". Eles são israelenses.
Com a aproximação de jornalistas, a policia pediu a retirada dos manifestantes. O plantio da muda no bosque é um protocolo das visitas de chefes de Estado ou de governo ao local. / COM GREGORY PRUDENCIANO