JERUSALÉM - O embaixador dos Estados Unidos em Israel, David Friedman, disse que o país tem o direito de anexar partes da Cisjordânia, uma declaração que pode ser vista como provocação pelos palestinos. A fala do embaixador foi dada em uma entrevista ao jornal The New York Times publicada neste sábado, 8.
“Sob certas circunstâncias”, afirmou Friedman, “eu penso que Israel tem o direito de tomar o controle de partes da Cisjordânia, mas, provavelmente, não de todo o território”. Antes da eleição de 9 de abril, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu iniciar a anexação de assentamentos israelenses na Cisjordânia, medida que poderia violar a lei internacional e ser um golpe fatal na solução de dois Estados ao conflito Israel-Palestina.
Os palestinos reivindicam todo o território como parte de seu futuro Estado. Israel tomou o controle de parte da região em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Friedman se negou a dizer como os EUA reagiriam se Netanyahu levasse o plano adiante. “Não temos uma posição até entendermos se a iniciativa faz sentido, por que é boa para Israel e para a região e por que não criaria mais problemas do que resolveria”, disse.
O embaixador ainda acusou a gestão de Barack Obama de permitir a aprovação de uma resolução da ONU, em 2016, que considerou os assentamentos uma “flagrante violação” da lei internacional, validando argumentos palestinos de que “a Cisjordânia e Jerusalém Oriental pertencem a eles”.
A maioria dos países vê os assentamentos israelenses na Cisjordânia como ilegais. Israel discorda, citando laços históricos, políticos e religiosos, assim como necessidades de segurança. Respondendo à entrevista de Friedman, o principal negociador palestino, Saeb Erekat, tuitou: “A visão deles é sobre anexação de território ocupado, um crime de guerra sob leis internacionais”.
A Casa Branca tem trabalhado por uma proposta de paz entre Israel e palestinos, considerada pelo presidente Donald Trump como “o acordo do século”, mas até agora nenhum detalhe veio a público. A liderança palestina se recusa a conversar com o governo Trump desde que ele reconheceu Jerusalém como capital de Israel./ REUTERS E EFE