Empate entre Trump e Kamala? Distrito em Nebraska pode ser decisivo na eleição americana; entenda


Apesar de Nebraska ser um Estado republicano, a legislação eleitoral que divide os delegados do colégio eleitoral por distrito pode definir disputa entre Trump e Kamala

Por Daniel Gateno

Nebraska não é um Estado considerado competitivo nas eleições americanas. O Partido Republicano domina os pleitos locais e os candidatos à presidência da legenda venceram todas as eleições nacionais no local desde 1964. Mas uma legislação eleitoral diferente de quase todos os demais Estados e uma disputa praticamente empatada entre Kamala Harris e Donald Trump colocou Nebraska nos holofotes e o Estado pode definir quem será o próximo presidente.

Na maioria dos Estados americanos o candidato que tiver mais votos obtém todos os delegados em disputa no Colégio Eleitoral, independente se o candidato tiver 90% dos votos ou 50,1%. Em Nebraska, a legislação é diferente.

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O Estado tem cinco delegados no Colégio Eleitoral. Dois desses delegados vão para o candidato que ganhar no voto popular. Os outros três são divididos entre quem ganhar em cada um dos três distritos de Nebraska, com um delegado para quem vencer em cada distrito.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

Tradicionalmente os republicanos ganham os dois delegados pelo voto popular e vencem facilmente em dois dos três distritos do Estado, contabilizando quatro votos no Colégio Eleitoral. Mas no chamado segundo distrito de Nebraska, que abriga Omaha, a maior cidade do Estado, a eleição se torna mais acirrada e o Partido Democrata conseguiu ganhar este voto no Colégio Eleitoral em 2008, com Barack Obama, e em 2020, com Joe Biden.

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A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, também conta com este voto em 2024.

Em uma eleição tão apertada, um voto no Colégio Eleitoral pode definir o vencedor, avalia Gregory Patrow, professor de ciências políticas da Universidade de Nebraska-Omaha, em entrevista ao Estadão. “Este contexto torna o segundo distrito de Nebraska tão decisivo quanto qualquer outro Estado-pêndulo”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Economico de Detroit, Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP
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Cenário eleitoral

Um voto no Colégio Eleitoral pode parecer pouco, mas pode ser o suficiente. Se Kamala vencer na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, três dos chamados Estados-pêndulo, e no segundo distrito de Nebraska a vice-presidente americana estará eleita com um placar de 270 para os democratas contra 268 para os republicanos.

Neste cenário, Kamala poderia perder para o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, em Nevada, Arizona, Geórgia (Estados que Joe Biden ganhou em 2020) e na Carolina do Norte que ainda sim venceria por conta deste voto em Nebraska.

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Empate

O distrito também poderia causar um empate no Colégio Eleitoral. Se Trump vencer nesta região de Nebraska, como aconteceu em 2016, e o panorama acima se concretizar, com vitórias do republicano em Nevada, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte e derrotas na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, o placar ficaria 269 a 269.

De acordo com a 12ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos do Colégio Eleitoral, o novo Congresso, que teria acabado de tomar posse em 3 de janeiro, escolhe o presidente. O Senado escolheria o vice-presidente.

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Este cenário é chamado de “eleição contingente”. O novo pleito ocorreria no dia 6 de janeiro do ano que vem, logo depois que os membros do Congresso se encontrassem para certificar os votos do Colégio Eleitoral.

O governador de Minnesota e companheiro de chapa de Kamala Harris, Tim Walz, segura uma camisa com seu nome em Omaha, Nebraska  Foto: Chris Machian/AP

Os congressistas e senadores não votariam individualmente, mas por delegação estadual. Cada delegação teria um voto, independente do tamanho do seu Estado. Uma maioria simples nomearia o novo presidente no Congresso e o novo vice-presidente no Senado.

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Os congressistas e senadores não seriam obrigados a votar da mesma forma que os seus Estados votaram na eleição. O presidente e o vice-presidente poderiam ser de partidos diferentes. Neste cenário, poderíamos ter Donald Trump como presidente e o democrata Tim Walz como vice, ou Kamala Harris como presidente e o republicano J.D Vance como vice.

Eleição em Nebraska

A possibilidade de um empate por conta de Nebraska mostra que o objetivo da mudança da lei eleitoral no Estado em 1991 foi atingido. A ideia dos políticos de Nebraska era justamente aumentar a importância do Estado no pleito presidencial, fazer com que a eleição fosse mais justa e motivar os eleitores a participarem do processo eleitoral.

“Os políticos de Nebraska acreditavam que uma mudança na lei representaria melhor todos os eleitores do Estado”, aponta Perre Neilan, fundador do Neilan Strategy Group, empresa de consultoria política em Nebraska, e ex-diretor estadual do Partido Republicano. “Eles pensaram na época que os outros Estados seguiram o exemplo de Nebraska, mas isso não aconteceu”.

Os republicanos tentam reverter o status eleitoral de Nebraska desde que a lei foi aprovada. Em 2024 não foi diferente. A tentativa ganhou projeção nacional por conta de uma pressão da campanha de Donald Trump para que os legisladores de Nebraska aprovassem a mudança antes das eleições de novembro.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um ato de campanha em um McDonalds de Feasterville-Trevose, na Pensilvânia  Foto: Evan Vucci/AP

A movimentação fez com que o Maine, Estado que tem as mesmas regras eleitorais mas com uma tendência mais democrata, também sinalizasse uma possível mudança de seu sistema. Mas a legislação eleitoral do Estado não permitiria que a mudança ocorresse antes da eleição presidencial de novembro.

Em Nebraska os esforços também não deram certo. Para que a medida se concretizasse os republicanos precisariam de uma super maioria de 33 votos no Senado Estadual, que conta com 49 senadores. Mas o senador estadual Mike McDonnell, um republicano, afirmou que não apoiaria a medida. Ele ressaltou que o status de Nebraska traz notoriedade e atenção ao Estado. McDonnell também deseja se candidatar a prefeitura de Omaha em 2025, cidade que seria a mais impactada pela mudança.

Apesar do status eleitoral de Nebraska continuar o mesmo para 2024, Gregory Patrow, da Universidade de Nebraska-Omaha, avalia que os republicanos devem conseguir mudar o sistema até o pleito eleitoral de 2028. “Eu ficaria surpreso se em 2028 tivermos o mesmo sistema eleitoral”.

Segundo distrito

O chamado segundo distrito de Nebraska abriga a zona metropolitana da cidade de Omaha, a maior cidade do Estado, e também regiões de subúrbio do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais no Partido Democrata e os subúrbios se dividem entre democratas e republicanos. Em 2016, o ex-presidente americano Donald Trump venceu no segundo distrito, mas Biden ganhou em 2020.

A região é considerada competitiva e o resultado é incerto. Outras eleições no distrito como a disputa por uma vaga no Congresso, uma eleição para o Senado e um plebiscito sobre o direito ao aborto devem fazer com que a participação popular seja alta.

Perre Neilan, um consultor e ex-diretor do Partido Republicano no Estado, avalia que a tentativa frustrada dos republicanos de mudar a legislação eleitoral energizou os democratas. Ele prevê uma vitória de Kamala Harris na região. “O Partido Democrata fez com que essa questão tivesse projeção nacional e eles querem fazer este voto valer”, avalia Neilan.

Segundo uma pesquisa do jornal americano The New York Times em parceria com a Siena College, a democrata lidera no segundo distrito de Nebraska com 52% das intenções de voto, contra 43% de Trump

Para o consultor, a maioria da população de Nebraska gosta da notoriedade que o sistema eleitoral diferenciado traz para o Estado. “ As pessoas ficam muito orgulhosas de que Nebraska tem alguma influência e pode impactar a eleição nacional. Eles certamente não estão envergonhados com as diferenças do nosso sistema”.

Nebraska não é um Estado considerado competitivo nas eleições americanas. O Partido Republicano domina os pleitos locais e os candidatos à presidência da legenda venceram todas as eleições nacionais no local desde 1964. Mas uma legislação eleitoral diferente de quase todos os demais Estados e uma disputa praticamente empatada entre Kamala Harris e Donald Trump colocou Nebraska nos holofotes e o Estado pode definir quem será o próximo presidente.

Na maioria dos Estados americanos o candidato que tiver mais votos obtém todos os delegados em disputa no Colégio Eleitoral, independente se o candidato tiver 90% dos votos ou 50,1%. Em Nebraska, a legislação é diferente.

O Estado tem cinco delegados no Colégio Eleitoral. Dois desses delegados vão para o candidato que ganhar no voto popular. Os outros três são divididos entre quem ganhar em cada um dos três distritos de Nebraska, com um delegado para quem vencer em cada distrito.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

Tradicionalmente os republicanos ganham os dois delegados pelo voto popular e vencem facilmente em dois dos três distritos do Estado, contabilizando quatro votos no Colégio Eleitoral. Mas no chamado segundo distrito de Nebraska, que abriga Omaha, a maior cidade do Estado, a eleição se torna mais acirrada e o Partido Democrata conseguiu ganhar este voto no Colégio Eleitoral em 2008, com Barack Obama, e em 2020, com Joe Biden.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, também conta com este voto em 2024.

Em uma eleição tão apertada, um voto no Colégio Eleitoral pode definir o vencedor, avalia Gregory Patrow, professor de ciências políticas da Universidade de Nebraska-Omaha, em entrevista ao Estadão. “Este contexto torna o segundo distrito de Nebraska tão decisivo quanto qualquer outro Estado-pêndulo”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Economico de Detroit, Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Cenário eleitoral

Um voto no Colégio Eleitoral pode parecer pouco, mas pode ser o suficiente. Se Kamala vencer na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, três dos chamados Estados-pêndulo, e no segundo distrito de Nebraska a vice-presidente americana estará eleita com um placar de 270 para os democratas contra 268 para os republicanos.

Neste cenário, Kamala poderia perder para o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, em Nevada, Arizona, Geórgia (Estados que Joe Biden ganhou em 2020) e na Carolina do Norte que ainda sim venceria por conta deste voto em Nebraska.

Empate

O distrito também poderia causar um empate no Colégio Eleitoral. Se Trump vencer nesta região de Nebraska, como aconteceu em 2016, e o panorama acima se concretizar, com vitórias do republicano em Nevada, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte e derrotas na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, o placar ficaria 269 a 269.

De acordo com a 12ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos do Colégio Eleitoral, o novo Congresso, que teria acabado de tomar posse em 3 de janeiro, escolhe o presidente. O Senado escolheria o vice-presidente.

Este cenário é chamado de “eleição contingente”. O novo pleito ocorreria no dia 6 de janeiro do ano que vem, logo depois que os membros do Congresso se encontrassem para certificar os votos do Colégio Eleitoral.

O governador de Minnesota e companheiro de chapa de Kamala Harris, Tim Walz, segura uma camisa com seu nome em Omaha, Nebraska  Foto: Chris Machian/AP

Os congressistas e senadores não votariam individualmente, mas por delegação estadual. Cada delegação teria um voto, independente do tamanho do seu Estado. Uma maioria simples nomearia o novo presidente no Congresso e o novo vice-presidente no Senado.

Os congressistas e senadores não seriam obrigados a votar da mesma forma que os seus Estados votaram na eleição. O presidente e o vice-presidente poderiam ser de partidos diferentes. Neste cenário, poderíamos ter Donald Trump como presidente e o democrata Tim Walz como vice, ou Kamala Harris como presidente e o republicano J.D Vance como vice.

Eleição em Nebraska

A possibilidade de um empate por conta de Nebraska mostra que o objetivo da mudança da lei eleitoral no Estado em 1991 foi atingido. A ideia dos políticos de Nebraska era justamente aumentar a importância do Estado no pleito presidencial, fazer com que a eleição fosse mais justa e motivar os eleitores a participarem do processo eleitoral.

“Os políticos de Nebraska acreditavam que uma mudança na lei representaria melhor todos os eleitores do Estado”, aponta Perre Neilan, fundador do Neilan Strategy Group, empresa de consultoria política em Nebraska, e ex-diretor estadual do Partido Republicano. “Eles pensaram na época que os outros Estados seguiram o exemplo de Nebraska, mas isso não aconteceu”.

Os republicanos tentam reverter o status eleitoral de Nebraska desde que a lei foi aprovada. Em 2024 não foi diferente. A tentativa ganhou projeção nacional por conta de uma pressão da campanha de Donald Trump para que os legisladores de Nebraska aprovassem a mudança antes das eleições de novembro.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um ato de campanha em um McDonalds de Feasterville-Trevose, na Pensilvânia  Foto: Evan Vucci/AP

A movimentação fez com que o Maine, Estado que tem as mesmas regras eleitorais mas com uma tendência mais democrata, também sinalizasse uma possível mudança de seu sistema. Mas a legislação eleitoral do Estado não permitiria que a mudança ocorresse antes da eleição presidencial de novembro.

Em Nebraska os esforços também não deram certo. Para que a medida se concretizasse os republicanos precisariam de uma super maioria de 33 votos no Senado Estadual, que conta com 49 senadores. Mas o senador estadual Mike McDonnell, um republicano, afirmou que não apoiaria a medida. Ele ressaltou que o status de Nebraska traz notoriedade e atenção ao Estado. McDonnell também deseja se candidatar a prefeitura de Omaha em 2025, cidade que seria a mais impactada pela mudança.

Apesar do status eleitoral de Nebraska continuar o mesmo para 2024, Gregory Patrow, da Universidade de Nebraska-Omaha, avalia que os republicanos devem conseguir mudar o sistema até o pleito eleitoral de 2028. “Eu ficaria surpreso se em 2028 tivermos o mesmo sistema eleitoral”.

Segundo distrito

O chamado segundo distrito de Nebraska abriga a zona metropolitana da cidade de Omaha, a maior cidade do Estado, e também regiões de subúrbio do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais no Partido Democrata e os subúrbios se dividem entre democratas e republicanos. Em 2016, o ex-presidente americano Donald Trump venceu no segundo distrito, mas Biden ganhou em 2020.

A região é considerada competitiva e o resultado é incerto. Outras eleições no distrito como a disputa por uma vaga no Congresso, uma eleição para o Senado e um plebiscito sobre o direito ao aborto devem fazer com que a participação popular seja alta.

Perre Neilan, um consultor e ex-diretor do Partido Republicano no Estado, avalia que a tentativa frustrada dos republicanos de mudar a legislação eleitoral energizou os democratas. Ele prevê uma vitória de Kamala Harris na região. “O Partido Democrata fez com que essa questão tivesse projeção nacional e eles querem fazer este voto valer”, avalia Neilan.

Segundo uma pesquisa do jornal americano The New York Times em parceria com a Siena College, a democrata lidera no segundo distrito de Nebraska com 52% das intenções de voto, contra 43% de Trump

Para o consultor, a maioria da população de Nebraska gosta da notoriedade que o sistema eleitoral diferenciado traz para o Estado. “ As pessoas ficam muito orgulhosas de que Nebraska tem alguma influência e pode impactar a eleição nacional. Eles certamente não estão envergonhados com as diferenças do nosso sistema”.

Nebraska não é um Estado considerado competitivo nas eleições americanas. O Partido Republicano domina os pleitos locais e os candidatos à presidência da legenda venceram todas as eleições nacionais no local desde 1964. Mas uma legislação eleitoral diferente de quase todos os demais Estados e uma disputa praticamente empatada entre Kamala Harris e Donald Trump colocou Nebraska nos holofotes e o Estado pode definir quem será o próximo presidente.

Na maioria dos Estados americanos o candidato que tiver mais votos obtém todos os delegados em disputa no Colégio Eleitoral, independente se o candidato tiver 90% dos votos ou 50,1%. Em Nebraska, a legislação é diferente.

O Estado tem cinco delegados no Colégio Eleitoral. Dois desses delegados vão para o candidato que ganhar no voto popular. Os outros três são divididos entre quem ganhar em cada um dos três distritos de Nebraska, com um delegado para quem vencer em cada distrito.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

Tradicionalmente os republicanos ganham os dois delegados pelo voto popular e vencem facilmente em dois dos três distritos do Estado, contabilizando quatro votos no Colégio Eleitoral. Mas no chamado segundo distrito de Nebraska, que abriga Omaha, a maior cidade do Estado, a eleição se torna mais acirrada e o Partido Democrata conseguiu ganhar este voto no Colégio Eleitoral em 2008, com Barack Obama, e em 2020, com Joe Biden.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, também conta com este voto em 2024.

Em uma eleição tão apertada, um voto no Colégio Eleitoral pode definir o vencedor, avalia Gregory Patrow, professor de ciências políticas da Universidade de Nebraska-Omaha, em entrevista ao Estadão. “Este contexto torna o segundo distrito de Nebraska tão decisivo quanto qualquer outro Estado-pêndulo”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Economico de Detroit, Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Cenário eleitoral

Um voto no Colégio Eleitoral pode parecer pouco, mas pode ser o suficiente. Se Kamala vencer na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, três dos chamados Estados-pêndulo, e no segundo distrito de Nebraska a vice-presidente americana estará eleita com um placar de 270 para os democratas contra 268 para os republicanos.

Neste cenário, Kamala poderia perder para o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, em Nevada, Arizona, Geórgia (Estados que Joe Biden ganhou em 2020) e na Carolina do Norte que ainda sim venceria por conta deste voto em Nebraska.

Empate

O distrito também poderia causar um empate no Colégio Eleitoral. Se Trump vencer nesta região de Nebraska, como aconteceu em 2016, e o panorama acima se concretizar, com vitórias do republicano em Nevada, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte e derrotas na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, o placar ficaria 269 a 269.

De acordo com a 12ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos do Colégio Eleitoral, o novo Congresso, que teria acabado de tomar posse em 3 de janeiro, escolhe o presidente. O Senado escolheria o vice-presidente.

Este cenário é chamado de “eleição contingente”. O novo pleito ocorreria no dia 6 de janeiro do ano que vem, logo depois que os membros do Congresso se encontrassem para certificar os votos do Colégio Eleitoral.

O governador de Minnesota e companheiro de chapa de Kamala Harris, Tim Walz, segura uma camisa com seu nome em Omaha, Nebraska  Foto: Chris Machian/AP

Os congressistas e senadores não votariam individualmente, mas por delegação estadual. Cada delegação teria um voto, independente do tamanho do seu Estado. Uma maioria simples nomearia o novo presidente no Congresso e o novo vice-presidente no Senado.

Os congressistas e senadores não seriam obrigados a votar da mesma forma que os seus Estados votaram na eleição. O presidente e o vice-presidente poderiam ser de partidos diferentes. Neste cenário, poderíamos ter Donald Trump como presidente e o democrata Tim Walz como vice, ou Kamala Harris como presidente e o republicano J.D Vance como vice.

Eleição em Nebraska

A possibilidade de um empate por conta de Nebraska mostra que o objetivo da mudança da lei eleitoral no Estado em 1991 foi atingido. A ideia dos políticos de Nebraska era justamente aumentar a importância do Estado no pleito presidencial, fazer com que a eleição fosse mais justa e motivar os eleitores a participarem do processo eleitoral.

“Os políticos de Nebraska acreditavam que uma mudança na lei representaria melhor todos os eleitores do Estado”, aponta Perre Neilan, fundador do Neilan Strategy Group, empresa de consultoria política em Nebraska, e ex-diretor estadual do Partido Republicano. “Eles pensaram na época que os outros Estados seguiram o exemplo de Nebraska, mas isso não aconteceu”.

Os republicanos tentam reverter o status eleitoral de Nebraska desde que a lei foi aprovada. Em 2024 não foi diferente. A tentativa ganhou projeção nacional por conta de uma pressão da campanha de Donald Trump para que os legisladores de Nebraska aprovassem a mudança antes das eleições de novembro.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um ato de campanha em um McDonalds de Feasterville-Trevose, na Pensilvânia  Foto: Evan Vucci/AP

A movimentação fez com que o Maine, Estado que tem as mesmas regras eleitorais mas com uma tendência mais democrata, também sinalizasse uma possível mudança de seu sistema. Mas a legislação eleitoral do Estado não permitiria que a mudança ocorresse antes da eleição presidencial de novembro.

Em Nebraska os esforços também não deram certo. Para que a medida se concretizasse os republicanos precisariam de uma super maioria de 33 votos no Senado Estadual, que conta com 49 senadores. Mas o senador estadual Mike McDonnell, um republicano, afirmou que não apoiaria a medida. Ele ressaltou que o status de Nebraska traz notoriedade e atenção ao Estado. McDonnell também deseja se candidatar a prefeitura de Omaha em 2025, cidade que seria a mais impactada pela mudança.

Apesar do status eleitoral de Nebraska continuar o mesmo para 2024, Gregory Patrow, da Universidade de Nebraska-Omaha, avalia que os republicanos devem conseguir mudar o sistema até o pleito eleitoral de 2028. “Eu ficaria surpreso se em 2028 tivermos o mesmo sistema eleitoral”.

Segundo distrito

O chamado segundo distrito de Nebraska abriga a zona metropolitana da cidade de Omaha, a maior cidade do Estado, e também regiões de subúrbio do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais no Partido Democrata e os subúrbios se dividem entre democratas e republicanos. Em 2016, o ex-presidente americano Donald Trump venceu no segundo distrito, mas Biden ganhou em 2020.

A região é considerada competitiva e o resultado é incerto. Outras eleições no distrito como a disputa por uma vaga no Congresso, uma eleição para o Senado e um plebiscito sobre o direito ao aborto devem fazer com que a participação popular seja alta.

Perre Neilan, um consultor e ex-diretor do Partido Republicano no Estado, avalia que a tentativa frustrada dos republicanos de mudar a legislação eleitoral energizou os democratas. Ele prevê uma vitória de Kamala Harris na região. “O Partido Democrata fez com que essa questão tivesse projeção nacional e eles querem fazer este voto valer”, avalia Neilan.

Segundo uma pesquisa do jornal americano The New York Times em parceria com a Siena College, a democrata lidera no segundo distrito de Nebraska com 52% das intenções de voto, contra 43% de Trump

Para o consultor, a maioria da população de Nebraska gosta da notoriedade que o sistema eleitoral diferenciado traz para o Estado. “ As pessoas ficam muito orgulhosas de que Nebraska tem alguma influência e pode impactar a eleição nacional. Eles certamente não estão envergonhados com as diferenças do nosso sistema”.

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