PARIS - Empresas de comunicação e personalidades francesas estão furiosas com o uso de imagens sob propriedade intelectual sem autorização pelo candidato à presidência de extrema direita Éric Zemmour, a quem ameaçam de processo.
A France-Presse expressou seu protesto na quarta-feira contra o uso de imagens feitas pela agência de notícias no vídeo em que Zemmour lançou sua candidatura na terça-feira, 30.
"A Agence France-Presse pediu à equipe de campanha de Éric Zemmour que parasse de usar imagens que foram incluídas, sem sua autorização, no vídeo em que o polemista anunciou sua candidatura às eleições presidenciais”, informou a agência em comunicado.
"Imagens pertencentes à AFP foram reproduzidas e incluídas no clipe, sem nossa autorização ou licença", escreveu o diretor de informações da France Press, Phil Chetwynd. Imagens de pelo menos cinco vídeos da empresa aparecem no material do candidato.
O cineasta Luc Besson também mostrou sua indignação depois que Zemmour usou imagens de seu filme "Joana d'Arc" (1999) e anunciou que estava estudando "medidas judiciais". Neste caso, as imagens foram usadas de maneira "fraudulenta", disse o diretor do filme, que especificou que "ele não compartilha das ideias de Éric Zemmour".
A distribuidora de filmes Gaumont também protestou contra o uso de imagens de "Joana d'Arc" (cujos direitos de distribuição pertencem a ela) e do filme "Un Singe en hiver". "Vamos estudar todas as opções", disse um porta-voz.
O canal de televisão France 24 também mostrou sua "oposição de princípio ao uso de suas imagens e de seu logotipo em qualquer videoclipe de campanha política".
A equipe de Zemmour indica que as imagens que usaram até agora são muito curtas e que estão protegidas pelo que é conhecido na França como "direito de citação curta".
Mas isso não impediu as manifestações de repúdio. O intelectual Jacques Attali, que no passado colaborou com o governo socialista de François Mitterrand, exigiu que o candidato populista retirasse sua imagem, que aparece muito brevemente no vídeo, em menos de 24 horas.
Um advogado da SCAM, sociedade que administra os direitos autorais na França, explicou que o uso breve de imagens só pode ser invocado em um documento "de natureza crítica, polêmica, científica, pedagógica ou informativa". Opinião, não entraria no quadro de uma campanha política. / AFP