Entenda como a China foi de ‘zero covid’ a uma nova onda de infecções


A China abandonou sua estratégia de ‘zero covid’ e viu um aumento nas infecções por covid-19, que são agravadas por uma vacinação ineficiente e falta de orientação sobre os próximos passos

Por Redação

PEQUIM - Depois de três anos de uma política rígida de contenção da covid-19, a China abandonou a sua política de “zero covid” e em muito pouco tempo viu um novo surto começar. A cada dia, o país bate recorde de casos e, por medo, muito chineses passaram a fazer autoisolamento. Mesmo sem dados oficiais mostrarem aumento significativo de mortos, filas em crematórios e funerárias dão pistas dos números e estimativas já projetam mais de 1 milhão de mortes no país em 2023.

A China, que foi considerada exemplo de contenção no início da pandemia, se tornou alvo de críticas internas conforme a política de “zero covid” se tornava insustentável, tanto social quanto financeiramente. O problema, porém, é que agora o vírus - que já não é mesmo de quando a China se fechou pela primeira vez - está encontrando uma população ainda vulnerável, um sistema de saúde despreparado e autoridades desorientadas sobre o que fazer agora.

Protestos

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A política de zero covid, que já dava sinais de problemas, começou a ruir após protestos sem precedentes na China atual. No final de novembro, os surtos estavam se espalhando por mais de 200 cidades. Em 7 de novembro, as autoridades nacionais confirmaram 5.496 casos de covid; em 27 de novembro, eram quase 40.000, um recorde para casos diários no país.

Um homem usando máscara protetora e protetor facial no templo budista Jing'an, enquanto os surtos de doença por covid-19 continuam em Xangai, China Foto: Aly Song/Reuters

Muitos sentiram que a mudança estava no ar após os protestos no final de novembro contra as restrições da pandemia. Poucos, porém, esperavam uma reversão da estratégia “zero covid” consagrada como essencial para proteger os 1,4 bilhão de habitantes da China de uma onda de infecções.

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Xi Jinping argumentou que os controles da covid, embora onerosos, protegeram a economia e a saúde da China, para inveja do mundo. Mas a angústia estava começando a se traduzir em um dos maiores temores do partido: a agitação dos trabalhadores.

Em Zhengzhou, no centro da China, milhares de trabalhadores entraram em confronto com a polícia em uma fábrica de iPhone, irritados com o atraso nos bônus e com o tratamento de um surto.

Em Haizhu, um distrito industrial têxtil no sul da China, os trabalhadores foram às ruas devido à escassez de alimentos e às dificuldades impostas pelo confinamento. Os trabalhadores migrantes, que dependem do trabalho diário para sobreviver, passaram semanas sem emprego.

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A gota d’água para mobilização dos protestos foi um incêndio letal registrado na cidade de Urumqi, capital da província de Xinjiang, quando dez pessoas, incluindo três crianças, morreram depois que bombeiros não conseguiram chegar perto o suficiente de um prédio em chamas para prestar socorro, o que moradores relacionam às medidas de lockdown.

Enquanto as realidades econômicas e epidemiológicas forçavam os líderes a reavaliar seus controles pandêmicos, os protestos pareciam aumentar o medo de que as restrições contínuas desencadeassem mais manifestações, sem sufocar o vírus.

“A escala dos protestos realmente parecia enviar uma mensagem poderosa de que ‘já chega e é hora de mudar’”, disse Dali Yang , professor de ciência política da Universidade de Chicago, que estudou a maneira como a China lidou com a pandemia.

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Uma enfermeira aplica uma vacina contra covid-19 em uma idosa em um centro comunitário de saúde em Nantong, na província de Jiangsu, leste da China Foto: Chinatopix Via AP

Vacinação

Após a mudança na estratégia, o governo está correndo para aprovar vacinas e obter medicamentos ocidentais depois de evitar as infecções, pois se deparou com o problema da baixa capacidade de suas vacinas em conter a doença.

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A taxa oficial de vacinação contra o coronavírus da China é de 90%, o que inclui duas doses de suas vacinas produzidas internamente. Mas essas vacinas, que usam tecnologia mais antiga, têm taxas de eficácia mais baixas do que as vacinas de RNA mensageiro e oferecem proteção mais fraca contra novas variantes, segundo os especialistas. Outro problema na China é a hesitação em vacinar, principalmente entre os idosos. Apenas 40% dos chineses com mais de 80 anos receberam uma dose de reforço.

“A imunidade induzida pela vacina da China diminuiu com o tempo e, com baixa absorção de reforço e sem infecções naturais, a população é mais suscetível a doenças graves”, explicou a Airfinity, uma empresa de análise de saúde com sede em Londres.

Sem acesso aos candidatos baseados em mRNA mais eficazes da Pfizer-BioNTech e Moderna, que foram atualizados para combater a variante ômicron, o país mais populoso do mundo continua dependente de vacinas desenvolvidas com a cepa original do vírus

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Serviços de saúde

Outra crítica é de que os serviços de saúde, que deveriam ter se preparado para surtos como esse durante os três anos de isolamento intenso, não se preparam. Mais leitos de terapia intensiva e melhor cobertura de vacinação “deveriam ter começado há 2 anos e meio, mas o foco único na contenção significava menos recursos focados nisso”, disse Yanzhong Huang, membro sênior de saúde global do Conselho de Relações Exteriores.

Agora, a China corre contra o tempo para aumentar o número de leitos hospitalares e criar novos postos de atendimento, em um sistema de saúde que especialistas temem não estar preparado para o fim completo da “covid zero”.

Um médico de um hospital da cidade disse nas redes sociais que “os cuidados primários explodiram” com pacientes da covid, e mais da metade dos médicos e enfermeiros da seção de doenças respiratórias foram infectados.

Pacientes com coronavírus deitados em leitos de hospital no saguão do Hospital Popular nº 5 de Chongqing, na cidade de Chongqing, no sudoeste da China Foto: Noel Celis/AFP

Desorientação

Por fim, a falta de orientação sobre o que fazer está deixando a população, autoridades e até censores da China batendo cabeça, enquanto as infecções correm.

“No geral, tem sido bastante caótico e, claro, parte disso é o número positivo – cerca de um terço das pessoas, a julgar pelos meus amigos”, disse Tan Gangqiang, um conselheiro psicológico em Chongqing que ajudou os residentes com sob estresse devido aos bloqueios e, agora, da abertura repentina.

“Há muitas pessoas que vivem sob a propaganda oficial há muito tempo, então, depois de serem libertadas, ficam sem saber o que fazer”, disse ele. “Há até quem espere que o governo restabeleça os controles.”

A mudança foi tão atordoante que, mesmo duas semanas depois, o poderoso sistema de propaganda e censura do governo ainda não alcançou a torrente de confusão e críticas que vaza pelos controles da internet do estado, normalmente muito rigorosos./NYT

PEQUIM - Depois de três anos de uma política rígida de contenção da covid-19, a China abandonou a sua política de “zero covid” e em muito pouco tempo viu um novo surto começar. A cada dia, o país bate recorde de casos e, por medo, muito chineses passaram a fazer autoisolamento. Mesmo sem dados oficiais mostrarem aumento significativo de mortos, filas em crematórios e funerárias dão pistas dos números e estimativas já projetam mais de 1 milhão de mortes no país em 2023.

A China, que foi considerada exemplo de contenção no início da pandemia, se tornou alvo de críticas internas conforme a política de “zero covid” se tornava insustentável, tanto social quanto financeiramente. O problema, porém, é que agora o vírus - que já não é mesmo de quando a China se fechou pela primeira vez - está encontrando uma população ainda vulnerável, um sistema de saúde despreparado e autoridades desorientadas sobre o que fazer agora.

Protestos

A política de zero covid, que já dava sinais de problemas, começou a ruir após protestos sem precedentes na China atual. No final de novembro, os surtos estavam se espalhando por mais de 200 cidades. Em 7 de novembro, as autoridades nacionais confirmaram 5.496 casos de covid; em 27 de novembro, eram quase 40.000, um recorde para casos diários no país.

Um homem usando máscara protetora e protetor facial no templo budista Jing'an, enquanto os surtos de doença por covid-19 continuam em Xangai, China Foto: Aly Song/Reuters

Muitos sentiram que a mudança estava no ar após os protestos no final de novembro contra as restrições da pandemia. Poucos, porém, esperavam uma reversão da estratégia “zero covid” consagrada como essencial para proteger os 1,4 bilhão de habitantes da China de uma onda de infecções.

Xi Jinping argumentou que os controles da covid, embora onerosos, protegeram a economia e a saúde da China, para inveja do mundo. Mas a angústia estava começando a se traduzir em um dos maiores temores do partido: a agitação dos trabalhadores.

Em Zhengzhou, no centro da China, milhares de trabalhadores entraram em confronto com a polícia em uma fábrica de iPhone, irritados com o atraso nos bônus e com o tratamento de um surto.

Em Haizhu, um distrito industrial têxtil no sul da China, os trabalhadores foram às ruas devido à escassez de alimentos e às dificuldades impostas pelo confinamento. Os trabalhadores migrantes, que dependem do trabalho diário para sobreviver, passaram semanas sem emprego.

A gota d’água para mobilização dos protestos foi um incêndio letal registrado na cidade de Urumqi, capital da província de Xinjiang, quando dez pessoas, incluindo três crianças, morreram depois que bombeiros não conseguiram chegar perto o suficiente de um prédio em chamas para prestar socorro, o que moradores relacionam às medidas de lockdown.

Enquanto as realidades econômicas e epidemiológicas forçavam os líderes a reavaliar seus controles pandêmicos, os protestos pareciam aumentar o medo de que as restrições contínuas desencadeassem mais manifestações, sem sufocar o vírus.

“A escala dos protestos realmente parecia enviar uma mensagem poderosa de que ‘já chega e é hora de mudar’”, disse Dali Yang , professor de ciência política da Universidade de Chicago, que estudou a maneira como a China lidou com a pandemia.

Uma enfermeira aplica uma vacina contra covid-19 em uma idosa em um centro comunitário de saúde em Nantong, na província de Jiangsu, leste da China Foto: Chinatopix Via AP

Vacinação

Após a mudança na estratégia, o governo está correndo para aprovar vacinas e obter medicamentos ocidentais depois de evitar as infecções, pois se deparou com o problema da baixa capacidade de suas vacinas em conter a doença.

A taxa oficial de vacinação contra o coronavírus da China é de 90%, o que inclui duas doses de suas vacinas produzidas internamente. Mas essas vacinas, que usam tecnologia mais antiga, têm taxas de eficácia mais baixas do que as vacinas de RNA mensageiro e oferecem proteção mais fraca contra novas variantes, segundo os especialistas. Outro problema na China é a hesitação em vacinar, principalmente entre os idosos. Apenas 40% dos chineses com mais de 80 anos receberam uma dose de reforço.

“A imunidade induzida pela vacina da China diminuiu com o tempo e, com baixa absorção de reforço e sem infecções naturais, a população é mais suscetível a doenças graves”, explicou a Airfinity, uma empresa de análise de saúde com sede em Londres.

Sem acesso aos candidatos baseados em mRNA mais eficazes da Pfizer-BioNTech e Moderna, que foram atualizados para combater a variante ômicron, o país mais populoso do mundo continua dependente de vacinas desenvolvidas com a cepa original do vírus

Serviços de saúde

Outra crítica é de que os serviços de saúde, que deveriam ter se preparado para surtos como esse durante os três anos de isolamento intenso, não se preparam. Mais leitos de terapia intensiva e melhor cobertura de vacinação “deveriam ter começado há 2 anos e meio, mas o foco único na contenção significava menos recursos focados nisso”, disse Yanzhong Huang, membro sênior de saúde global do Conselho de Relações Exteriores.

Agora, a China corre contra o tempo para aumentar o número de leitos hospitalares e criar novos postos de atendimento, em um sistema de saúde que especialistas temem não estar preparado para o fim completo da “covid zero”.

Um médico de um hospital da cidade disse nas redes sociais que “os cuidados primários explodiram” com pacientes da covid, e mais da metade dos médicos e enfermeiros da seção de doenças respiratórias foram infectados.

Pacientes com coronavírus deitados em leitos de hospital no saguão do Hospital Popular nº 5 de Chongqing, na cidade de Chongqing, no sudoeste da China Foto: Noel Celis/AFP

Desorientação

Por fim, a falta de orientação sobre o que fazer está deixando a população, autoridades e até censores da China batendo cabeça, enquanto as infecções correm.

“No geral, tem sido bastante caótico e, claro, parte disso é o número positivo – cerca de um terço das pessoas, a julgar pelos meus amigos”, disse Tan Gangqiang, um conselheiro psicológico em Chongqing que ajudou os residentes com sob estresse devido aos bloqueios e, agora, da abertura repentina.

“Há muitas pessoas que vivem sob a propaganda oficial há muito tempo, então, depois de serem libertadas, ficam sem saber o que fazer”, disse ele. “Há até quem espere que o governo restabeleça os controles.”

A mudança foi tão atordoante que, mesmo duas semanas depois, o poderoso sistema de propaganda e censura do governo ainda não alcançou a torrente de confusão e críticas que vaza pelos controles da internet do estado, normalmente muito rigorosos./NYT

PEQUIM - Depois de três anos de uma política rígida de contenção da covid-19, a China abandonou a sua política de “zero covid” e em muito pouco tempo viu um novo surto começar. A cada dia, o país bate recorde de casos e, por medo, muito chineses passaram a fazer autoisolamento. Mesmo sem dados oficiais mostrarem aumento significativo de mortos, filas em crematórios e funerárias dão pistas dos números e estimativas já projetam mais de 1 milhão de mortes no país em 2023.

A China, que foi considerada exemplo de contenção no início da pandemia, se tornou alvo de críticas internas conforme a política de “zero covid” se tornava insustentável, tanto social quanto financeiramente. O problema, porém, é que agora o vírus - que já não é mesmo de quando a China se fechou pela primeira vez - está encontrando uma população ainda vulnerável, um sistema de saúde despreparado e autoridades desorientadas sobre o que fazer agora.

Protestos

A política de zero covid, que já dava sinais de problemas, começou a ruir após protestos sem precedentes na China atual. No final de novembro, os surtos estavam se espalhando por mais de 200 cidades. Em 7 de novembro, as autoridades nacionais confirmaram 5.496 casos de covid; em 27 de novembro, eram quase 40.000, um recorde para casos diários no país.

Um homem usando máscara protetora e protetor facial no templo budista Jing'an, enquanto os surtos de doença por covid-19 continuam em Xangai, China Foto: Aly Song/Reuters

Muitos sentiram que a mudança estava no ar após os protestos no final de novembro contra as restrições da pandemia. Poucos, porém, esperavam uma reversão da estratégia “zero covid” consagrada como essencial para proteger os 1,4 bilhão de habitantes da China de uma onda de infecções.

Xi Jinping argumentou que os controles da covid, embora onerosos, protegeram a economia e a saúde da China, para inveja do mundo. Mas a angústia estava começando a se traduzir em um dos maiores temores do partido: a agitação dos trabalhadores.

Em Zhengzhou, no centro da China, milhares de trabalhadores entraram em confronto com a polícia em uma fábrica de iPhone, irritados com o atraso nos bônus e com o tratamento de um surto.

Em Haizhu, um distrito industrial têxtil no sul da China, os trabalhadores foram às ruas devido à escassez de alimentos e às dificuldades impostas pelo confinamento. Os trabalhadores migrantes, que dependem do trabalho diário para sobreviver, passaram semanas sem emprego.

A gota d’água para mobilização dos protestos foi um incêndio letal registrado na cidade de Urumqi, capital da província de Xinjiang, quando dez pessoas, incluindo três crianças, morreram depois que bombeiros não conseguiram chegar perto o suficiente de um prédio em chamas para prestar socorro, o que moradores relacionam às medidas de lockdown.

Enquanto as realidades econômicas e epidemiológicas forçavam os líderes a reavaliar seus controles pandêmicos, os protestos pareciam aumentar o medo de que as restrições contínuas desencadeassem mais manifestações, sem sufocar o vírus.

“A escala dos protestos realmente parecia enviar uma mensagem poderosa de que ‘já chega e é hora de mudar’”, disse Dali Yang , professor de ciência política da Universidade de Chicago, que estudou a maneira como a China lidou com a pandemia.

Uma enfermeira aplica uma vacina contra covid-19 em uma idosa em um centro comunitário de saúde em Nantong, na província de Jiangsu, leste da China Foto: Chinatopix Via AP

Vacinação

Após a mudança na estratégia, o governo está correndo para aprovar vacinas e obter medicamentos ocidentais depois de evitar as infecções, pois se deparou com o problema da baixa capacidade de suas vacinas em conter a doença.

A taxa oficial de vacinação contra o coronavírus da China é de 90%, o que inclui duas doses de suas vacinas produzidas internamente. Mas essas vacinas, que usam tecnologia mais antiga, têm taxas de eficácia mais baixas do que as vacinas de RNA mensageiro e oferecem proteção mais fraca contra novas variantes, segundo os especialistas. Outro problema na China é a hesitação em vacinar, principalmente entre os idosos. Apenas 40% dos chineses com mais de 80 anos receberam uma dose de reforço.

“A imunidade induzida pela vacina da China diminuiu com o tempo e, com baixa absorção de reforço e sem infecções naturais, a população é mais suscetível a doenças graves”, explicou a Airfinity, uma empresa de análise de saúde com sede em Londres.

Sem acesso aos candidatos baseados em mRNA mais eficazes da Pfizer-BioNTech e Moderna, que foram atualizados para combater a variante ômicron, o país mais populoso do mundo continua dependente de vacinas desenvolvidas com a cepa original do vírus

Serviços de saúde

Outra crítica é de que os serviços de saúde, que deveriam ter se preparado para surtos como esse durante os três anos de isolamento intenso, não se preparam. Mais leitos de terapia intensiva e melhor cobertura de vacinação “deveriam ter começado há 2 anos e meio, mas o foco único na contenção significava menos recursos focados nisso”, disse Yanzhong Huang, membro sênior de saúde global do Conselho de Relações Exteriores.

Agora, a China corre contra o tempo para aumentar o número de leitos hospitalares e criar novos postos de atendimento, em um sistema de saúde que especialistas temem não estar preparado para o fim completo da “covid zero”.

Um médico de um hospital da cidade disse nas redes sociais que “os cuidados primários explodiram” com pacientes da covid, e mais da metade dos médicos e enfermeiros da seção de doenças respiratórias foram infectados.

Pacientes com coronavírus deitados em leitos de hospital no saguão do Hospital Popular nº 5 de Chongqing, na cidade de Chongqing, no sudoeste da China Foto: Noel Celis/AFP

Desorientação

Por fim, a falta de orientação sobre o que fazer está deixando a população, autoridades e até censores da China batendo cabeça, enquanto as infecções correm.

“No geral, tem sido bastante caótico e, claro, parte disso é o número positivo – cerca de um terço das pessoas, a julgar pelos meus amigos”, disse Tan Gangqiang, um conselheiro psicológico em Chongqing que ajudou os residentes com sob estresse devido aos bloqueios e, agora, da abertura repentina.

“Há muitas pessoas que vivem sob a propaganda oficial há muito tempo, então, depois de serem libertadas, ficam sem saber o que fazer”, disse ele. “Há até quem espere que o governo restabeleça os controles.”

A mudança foi tão atordoante que, mesmo duas semanas depois, o poderoso sistema de propaganda e censura do governo ainda não alcançou a torrente de confusão e críticas que vaza pelos controles da internet do estado, normalmente muito rigorosos./NYT

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