Entenda como a economia da Venezuela entrou em colapso nos últimos anos


Governo de Nicolás Maduro enfrenta uma das piores crises econômicas já vistas no país; chavista buscará se reeleger no domingo

Por Redação

CARACAS - A Venezuela passou da bonança dos petrodólares para uma de suas piores crises econômicas durante o governo de Nicolás Maduro, que buscará sua reeleição no pleito deste domingo. Veja abaixo como começou a crise e o que o futuro reserva ao país.

+ Centenas de venezuelanos protestam prevendo manipulação de eleição presidencial

+ Venezuela compra US$ 440 milhões em petróleo para enviá-lo subsidiado a Cuba

continua após a publicidade
Nicolás Maduro tentará se reeleger no pleito de domingo Foto: AP Photo/Ariana Cubillos

Bonança

Entre 2004 e 2015, o país com as maiores reservas de petróleo recebeu cerca de US$ 750 bilhões, em sua mais longa bonança em um século de exploração petroleira. Enquanto a dependência da commodity - fonte de 96% de suas receitas - crescia, o governo de Hugo Chávez (1999-2013) aproveitava o boom para se financiar a baixo custo. 

continua após a publicidade

+ Grupo de Lima diz que eleição na Venezuela é ilegítima e pede adiamento

+ Venezuela aposta em banco russo para negociar criptomoeda diante de sanções de EUA e Europa

Ele emitiu cerca de US$ 62 bilhões em títulos soberanos e da petroleira PDVSA, segundo a consultoria Ecoanalítica, e recebeu empréstimos da China e da Rússia. A dívida externa aumentou cinco vezes, a US$ 150 bilhões. As reservas internacionais atingiram 42,3 bilhões em 2008. Hoje são um quarto disso.

continua após a publicidade

Seu navegador não suporta esse video.

Mais de 500 centros de votação na Venezuela receberam neste domingo uma simulação das eleições presidenciais de 20 de maio. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição.

Os gastos públicos também dispararam e, em 2012, houve um déficit de 15,6% do PIB, apesar do fato de o barril de petróleo ter atingido uma média recorde de US$ 103,42 dólares. Esse déficit "igualou ao da Grécia em seu pior momento", disse Orlando Ochoa, economista da Universidade de Oxford.

Onipresente

continua após a publicidade

Na época, o governo socialista nacionalizou setores como cimento e aço, e expropriou centenas de empresas. Desde 2003, monopoliza as divisas e impõe um controle de preços, que, com as expropriações e importações subsidiadas, minou a indústria.

"O setor privado foi induzido a substituir a produção por importações baratas", disse Ochoa. O setor empresarial hoje fornece 20% do consumo, comparado a 70% em 2008, segundo a Fedeagro.

O controle cambial resultou em corrupção, com importações fantasmas, superfaturamento e desvio de dólares para o mercado negro, onde as cotações multiplicaram por 12 a oficial. As estatizações fizeram várias empresas diminuírem e levaram a litígios, como é o caso da petroleira americana ConocoPhillips, que tomou ativos da Venezuela no Caribe para cobrar US$ 2 bilhões.

continua após a publicidade

Ruínas

O caminho para o colapso já estava traçado quando o preço do petróleo despencou de US$ 98,98 o barril, em julho de 2014, a US$ 47,05 no fim do ano. Em 2016, o preço médio foi de US$ 35,16. As receitas caíram de US$ 121 bilhões em 2014 para US$ 48 bilhões em 2016. 

continua após a publicidade

A produção da PDVSA foi de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,5 milhão em abril, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Assim, o impacto da recuperação dos preços é limitado.

Como ajuste, o governo reduziu as importações e a entrega de divisas, ampliando a escassez de alimentos e medicamentos. As importações, de US$ 66 bilhões em 2012, serão de US$ 9,2 bilhões em 2018, estima a Ecoanalítica. 

O financiamento do déficit e a disparada do "dólar negro" em razão da falta de divisas originaram uma hiperinflação estimada pelo FMI em 13.864,6% neste ano. O PIB retraiu 45% desde 2013, também segundo o Fundo, passando de US$ 400 bilhões a US$ 120 bilhões. "Indicadores de um país em guerra", apontou Asdrúbal Oliveros, da Ecoanalítica.

Futuro

Venezuela e PDVSA foram declaradas em moratória parcial em 2017 em razão de atrasos no pagamento da dívida. Para os próximos quatro anos, os compromissos chegam a US$ 10 bilhões anuais. 

Seu navegador não suporta esse video.

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro, em campanha para sua reeleição, anunciou nesta terça-feira que seu governo interveio na subsidiária da empresa americana de alimentos Kellogg, depois que ela interrompeu as operações no país.

Maduro, que se diz vítima de "uma guerra econômica", anunciou uma renegociação, mas desde agosto Washington proíbe os americanos de negociarem novas dívidas venezuelanas. Um embargo seria iminente, alerta Alejandro Grisanti, da Ecoanalítica, que prevê que a produção de petróleo cairia a 1,2 milhão de barris diários no fim de 2018.

Os EUA apontam para um embargo petroleiro, um cenário catastrófico já que um terço da produção se destina ao país e representa 75% do fluxo de caixa. A crise venezuelana é uma "das maiores" do mundo em 50 anos, alerta o FMI. E ainda não chegou ao fim. / AFP

CARACAS - A Venezuela passou da bonança dos petrodólares para uma de suas piores crises econômicas durante o governo de Nicolás Maduro, que buscará sua reeleição no pleito deste domingo. Veja abaixo como começou a crise e o que o futuro reserva ao país.

+ Centenas de venezuelanos protestam prevendo manipulação de eleição presidencial

+ Venezuela compra US$ 440 milhões em petróleo para enviá-lo subsidiado a Cuba

Nicolás Maduro tentará se reeleger no pleito de domingo Foto: AP Photo/Ariana Cubillos

Bonança

Entre 2004 e 2015, o país com as maiores reservas de petróleo recebeu cerca de US$ 750 bilhões, em sua mais longa bonança em um século de exploração petroleira. Enquanto a dependência da commodity - fonte de 96% de suas receitas - crescia, o governo de Hugo Chávez (1999-2013) aproveitava o boom para se financiar a baixo custo. 

+ Grupo de Lima diz que eleição na Venezuela é ilegítima e pede adiamento

+ Venezuela aposta em banco russo para negociar criptomoeda diante de sanções de EUA e Europa

Ele emitiu cerca de US$ 62 bilhões em títulos soberanos e da petroleira PDVSA, segundo a consultoria Ecoanalítica, e recebeu empréstimos da China e da Rússia. A dívida externa aumentou cinco vezes, a US$ 150 bilhões. As reservas internacionais atingiram 42,3 bilhões em 2008. Hoje são um quarto disso.

Seu navegador não suporta esse video.

Mais de 500 centros de votação na Venezuela receberam neste domingo uma simulação das eleições presidenciais de 20 de maio. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição.

Os gastos públicos também dispararam e, em 2012, houve um déficit de 15,6% do PIB, apesar do fato de o barril de petróleo ter atingido uma média recorde de US$ 103,42 dólares. Esse déficit "igualou ao da Grécia em seu pior momento", disse Orlando Ochoa, economista da Universidade de Oxford.

Onipresente

Na época, o governo socialista nacionalizou setores como cimento e aço, e expropriou centenas de empresas. Desde 2003, monopoliza as divisas e impõe um controle de preços, que, com as expropriações e importações subsidiadas, minou a indústria.

"O setor privado foi induzido a substituir a produção por importações baratas", disse Ochoa. O setor empresarial hoje fornece 20% do consumo, comparado a 70% em 2008, segundo a Fedeagro.

O controle cambial resultou em corrupção, com importações fantasmas, superfaturamento e desvio de dólares para o mercado negro, onde as cotações multiplicaram por 12 a oficial. As estatizações fizeram várias empresas diminuírem e levaram a litígios, como é o caso da petroleira americana ConocoPhillips, que tomou ativos da Venezuela no Caribe para cobrar US$ 2 bilhões.

Ruínas

O caminho para o colapso já estava traçado quando o preço do petróleo despencou de US$ 98,98 o barril, em julho de 2014, a US$ 47,05 no fim do ano. Em 2016, o preço médio foi de US$ 35,16. As receitas caíram de US$ 121 bilhões em 2014 para US$ 48 bilhões em 2016. 

A produção da PDVSA foi de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,5 milhão em abril, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Assim, o impacto da recuperação dos preços é limitado.

Como ajuste, o governo reduziu as importações e a entrega de divisas, ampliando a escassez de alimentos e medicamentos. As importações, de US$ 66 bilhões em 2012, serão de US$ 9,2 bilhões em 2018, estima a Ecoanalítica. 

O financiamento do déficit e a disparada do "dólar negro" em razão da falta de divisas originaram uma hiperinflação estimada pelo FMI em 13.864,6% neste ano. O PIB retraiu 45% desde 2013, também segundo o Fundo, passando de US$ 400 bilhões a US$ 120 bilhões. "Indicadores de um país em guerra", apontou Asdrúbal Oliveros, da Ecoanalítica.

Futuro

Venezuela e PDVSA foram declaradas em moratória parcial em 2017 em razão de atrasos no pagamento da dívida. Para os próximos quatro anos, os compromissos chegam a US$ 10 bilhões anuais. 

Seu navegador não suporta esse video.

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro, em campanha para sua reeleição, anunciou nesta terça-feira que seu governo interveio na subsidiária da empresa americana de alimentos Kellogg, depois que ela interrompeu as operações no país.

Maduro, que se diz vítima de "uma guerra econômica", anunciou uma renegociação, mas desde agosto Washington proíbe os americanos de negociarem novas dívidas venezuelanas. Um embargo seria iminente, alerta Alejandro Grisanti, da Ecoanalítica, que prevê que a produção de petróleo cairia a 1,2 milhão de barris diários no fim de 2018.

Os EUA apontam para um embargo petroleiro, um cenário catastrófico já que um terço da produção se destina ao país e representa 75% do fluxo de caixa. A crise venezuelana é uma "das maiores" do mundo em 50 anos, alerta o FMI. E ainda não chegou ao fim. / AFP

CARACAS - A Venezuela passou da bonança dos petrodólares para uma de suas piores crises econômicas durante o governo de Nicolás Maduro, que buscará sua reeleição no pleito deste domingo. Veja abaixo como começou a crise e o que o futuro reserva ao país.

+ Centenas de venezuelanos protestam prevendo manipulação de eleição presidencial

+ Venezuela compra US$ 440 milhões em petróleo para enviá-lo subsidiado a Cuba

Nicolás Maduro tentará se reeleger no pleito de domingo Foto: AP Photo/Ariana Cubillos

Bonança

Entre 2004 e 2015, o país com as maiores reservas de petróleo recebeu cerca de US$ 750 bilhões, em sua mais longa bonança em um século de exploração petroleira. Enquanto a dependência da commodity - fonte de 96% de suas receitas - crescia, o governo de Hugo Chávez (1999-2013) aproveitava o boom para se financiar a baixo custo. 

+ Grupo de Lima diz que eleição na Venezuela é ilegítima e pede adiamento

+ Venezuela aposta em banco russo para negociar criptomoeda diante de sanções de EUA e Europa

Ele emitiu cerca de US$ 62 bilhões em títulos soberanos e da petroleira PDVSA, segundo a consultoria Ecoanalítica, e recebeu empréstimos da China e da Rússia. A dívida externa aumentou cinco vezes, a US$ 150 bilhões. As reservas internacionais atingiram 42,3 bilhões em 2008. Hoje são um quarto disso.

Seu navegador não suporta esse video.

Mais de 500 centros de votação na Venezuela receberam neste domingo uma simulação das eleições presidenciais de 20 de maio. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição.

Os gastos públicos também dispararam e, em 2012, houve um déficit de 15,6% do PIB, apesar do fato de o barril de petróleo ter atingido uma média recorde de US$ 103,42 dólares. Esse déficit "igualou ao da Grécia em seu pior momento", disse Orlando Ochoa, economista da Universidade de Oxford.

Onipresente

Na época, o governo socialista nacionalizou setores como cimento e aço, e expropriou centenas de empresas. Desde 2003, monopoliza as divisas e impõe um controle de preços, que, com as expropriações e importações subsidiadas, minou a indústria.

"O setor privado foi induzido a substituir a produção por importações baratas", disse Ochoa. O setor empresarial hoje fornece 20% do consumo, comparado a 70% em 2008, segundo a Fedeagro.

O controle cambial resultou em corrupção, com importações fantasmas, superfaturamento e desvio de dólares para o mercado negro, onde as cotações multiplicaram por 12 a oficial. As estatizações fizeram várias empresas diminuírem e levaram a litígios, como é o caso da petroleira americana ConocoPhillips, que tomou ativos da Venezuela no Caribe para cobrar US$ 2 bilhões.

Ruínas

O caminho para o colapso já estava traçado quando o preço do petróleo despencou de US$ 98,98 o barril, em julho de 2014, a US$ 47,05 no fim do ano. Em 2016, o preço médio foi de US$ 35,16. As receitas caíram de US$ 121 bilhões em 2014 para US$ 48 bilhões em 2016. 

A produção da PDVSA foi de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,5 milhão em abril, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Assim, o impacto da recuperação dos preços é limitado.

Como ajuste, o governo reduziu as importações e a entrega de divisas, ampliando a escassez de alimentos e medicamentos. As importações, de US$ 66 bilhões em 2012, serão de US$ 9,2 bilhões em 2018, estima a Ecoanalítica. 

O financiamento do déficit e a disparada do "dólar negro" em razão da falta de divisas originaram uma hiperinflação estimada pelo FMI em 13.864,6% neste ano. O PIB retraiu 45% desde 2013, também segundo o Fundo, passando de US$ 400 bilhões a US$ 120 bilhões. "Indicadores de um país em guerra", apontou Asdrúbal Oliveros, da Ecoanalítica.

Futuro

Venezuela e PDVSA foram declaradas em moratória parcial em 2017 em razão de atrasos no pagamento da dívida. Para os próximos quatro anos, os compromissos chegam a US$ 10 bilhões anuais. 

Seu navegador não suporta esse video.

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro, em campanha para sua reeleição, anunciou nesta terça-feira que seu governo interveio na subsidiária da empresa americana de alimentos Kellogg, depois que ela interrompeu as operações no país.

Maduro, que se diz vítima de "uma guerra econômica", anunciou uma renegociação, mas desde agosto Washington proíbe os americanos de negociarem novas dívidas venezuelanas. Um embargo seria iminente, alerta Alejandro Grisanti, da Ecoanalítica, que prevê que a produção de petróleo cairia a 1,2 milhão de barris diários no fim de 2018.

Os EUA apontam para um embargo petroleiro, um cenário catastrófico já que um terço da produção se destina ao país e representa 75% do fluxo de caixa. A crise venezuelana é uma "das maiores" do mundo em 50 anos, alerta o FMI. E ainda não chegou ao fim. / AFP

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.