Entenda qual o caminho de Trump até um possível retorno à Casa Branca


Ex-presidente precisa vencer primárias do Partido Republicano e arrecadar dinheiro para ser candidato em 2024; processos judiciais e fracasso nas eleições de meio de mandato podem atrapalhar planos

Por Redação

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou a terceira candidatura à Casa Branca na terça-feira, 15, mas precisa percorrer um longo percurso para retornar à presidência. Recriminado pelo Partido Republicano após os resultados dos seus candidatos nas eleições de meio de mandato, Trump precisa lidar com os rivais internos nas primárias, arrecadar dinheiro e manter a sua base mobilizada. E, somente depois, poderá enfrentar o candidato do Partido Democrata.

A imprensa americana associa o anúncio precoce a uma outra intenção, além do desejo de retornar à Casa Branca: frear os promotores que investigam o ex-presidente e podem estar considerando acusações criminais, particularmente em relação ao caso dos documentos secretos levados para Mar-a-Lago. A estratégia é que a candidatura reforce o argumento de que as investigações enfrentadas são parte de uma perseguição política, como ele acusa desde que o FBI realizou uma busca e apreensão na sua propriedade, em agosto.

Ex-presidente Donald Trump no lançamento da sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira, 15. Republicano tem longo percurso até 2024 Foto: Thomas Simonetti / The Washington Post
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Mas, independentemente das intenções, o anúncio de Trump o coloca oficialmente na próxima corrida presidencial. Para confirmar se o nome dele estará na disputa, é preciso esperar todo o percurso até as eleições, marcadas para novembro de 2024, e o desdobramento dos fatores políticos que ele está envolvido.

Rivais nas primárias do Partido Republicano

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Antes de se tornar candidato à presidência dos EUA, Donald Trump precisa vencer as primárias do Partido Republicano, marcadas para acontecer entre fevereiro e junho de 2024. O ex-presidente parecia ter força até as eleições de meio de mandato, mas os resultados frustrantes dos candidatos que receberam seu apoio o deixaram mais fraco. Em paralelo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, venceu a reeleição e se projetou como o possível candidato do partido.

Ron DeSantis conta com três fatores para rivalizar com favoritismo contra Trump: apoio interno, popularidade externa e dinheiro. Antes das eleições de meio de mandato, pesquisas estaduais citadas pelo jornal New York Times já mostravam que DeSantis seria um candidato competitivo e indicavam que havia mais republicanos identificados com o partido em si do que com o ex-presidente.

Imagem de 3 de novembro de 2018 mostra o então presidente Donald Trump ao lado do então candidato ao governo da Flórida, Ron DeSantis. Quatro anos depois, DeSantis pode barrar planos do ex-presidente se candidatar pela terceira vez pelo Partido Republicano Foto: Butch Dill / AP
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Após as eleições, os resultados das urnas pioraram as pretensões de Trump. As primeiras pesquisas mostram que ele continua com chances de ser escolhido contra DeSantis, mas pela primeira vez ele apareceu atrás em algumas delas. Questionado no podcast The Argument, do NYT, o colunista político Ross Douthat afirmou que via Trump com 60% de chances de vencer as primárias republicanas antes das eleições de meio de mandato, mas agora o vê com 40%. Outro colunista, Kevin Williamson, acredita que o ex-presidente continua favorito no momento, mas com um rival à altura e que pode evoluir até 2024.

Apesar de outros possíveis candidatos nas primárias, DeSantis se apresenta a maior ameaça interna de Trump por ter atributos semelhantes aos do ex-presidente: políticas anti-imigração, nacionalismo supremacista e campanha contra minorias. Segundo a colunista Jennifer Rubin, do The Washington Post, o governador reflete atributos que os apoiadores do lema “Make America Great Again”, criado por Trump em 2016, acreditam, mas é mais disciplinado do que o ex-presidente – e está em um momento melhor.

Recriminações do partido

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As derrotas nas eleições de meio de mandato causaram uma recriminação dos republicanos contra Trump. Como os seus candidatos não tiveram o sucesso esperado – o que permitiu que os democratas mantivessem a maioria no Senado –, o ex-presidente viu os seus colegas o culparem. Um número crescente de republicanos diz que os resultados deixam claro que é hora do partido olhar para o futuro.

Os apelos começaram na semana passada, quando o resultado favorável aos democratas do Senado foi confirmado, mas piorou na segunda-feira, quando uma de suas aliadas mais próximas, Kari Lake, não conseguiu se eleger governadora do Arizona.

Candidata republicana ao governo do Arizona, Kari Lake, em discurso na noite da eleição em Scottsdale. Aliada de Trump, Lake perdeu a disputa no Estado para a democrata Katie Hobbs Foto: Joshua Lott / The Washington Post
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Com o lançamento da candidatura na terça-feira, ainda houve a avaliação de que se tratou de um anúncio desleixado, devido ao foco atual do Partido Republicano em lidar com as consequências das eleições de meio de mandato. No mesmo dia do anúncio, os republicanos eleitos para a Câmara se reuniram em Washington para selecionar seus líderes e muitos aliados não puderam comparecer.

Outros nomes que estiveram ao seu lado nas campanhas anteriores, como a filha Ivanka e chefes de campanha, também não compareceram ao evento. Nesta quarta-feira, Ivanka afirmou em um comunicado que não participará da disputa do pai. ““Embora eu sempre ame e apoie meu pai, daqui para frente o farei fora da arena política”, disse.

O lançamento já era esperado, mas muitos assessores defendiam que acontecesse apenas após o segundo turno do Senado da Geórgia. Nos bastidores, noticiou o NYT, assessores têm lutado contra o impulso de Trump de expor queixas, particularmente sobre a eleição de 2020, na esperança de mantê-lo focado no futuro.

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Comitê de financiamento de campanha

Donald Trump também tem o desafio de arrecadar dinheiro para a campanha. No lançamento da candidatura, ele não realizou uma arrecadação de fundos e não está claro se os principais doadores de campanhas anteriores irão apoiá-lo novamente. Dois executivos – Stephen Schwarzman e Ken Griffin –, que financiaram a campanha dele anteriormente, disseram que não farão em 2024. Segundo o NYT, outros doadores reclamam que não receberam contato da equipe de campanha de Trump.

O ex-presidente realizou uma operação para arrecadar pequenos fundos, e se espera que isso represente a maior parte dos recursos de sua campanha. E, embora ele tenha financiado em comitês de ação política (os chamados PACs), ele não pode utilizá-los para financiar a candidatura diretamente.

Nos EUA, as doações para campanhas eleitorais podem ser feitas por doadores individuais ou grupos, que podem ser comitês de ação política (PACs, na sigla em inglês) ou grupos 527, que não possuem fins lucrativos. A maior parte dos fundos de campanha vem de doadores individuais.

Processos judiciais

O ex-presidente é alvo de inúmeras investigações, incluindo a investigação de meses sobre centenas de documentos com marcas classificadas encontrados em Mar-a-Lago. Trump também enfrenta escrutínio do Departamento de Justiça sobre os esforços para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020. Na Geórgia, a promotora do condado de Fulton, Fani Willis, investiga o que ela alega ser “um plano coordenado por vários estados pela campanha de Trump” para influenciar os resultados de 2020.

Alguns próximos a Trump acreditam que concorrer à presidência ajudará ele a se proteger contra possíveis acusações, mas não há estatuto legal que impeça o Departamento de Justiça de avançar nas investigações – ou impedir Trump de continuar a concorrer se for acusado. Ainda assim, a campanha de Trump faz com que as decisões do Departamento de Justiça sejam ainda mais difíceis ao criar uma pressão política que questiona as investigações e as considera perseguições.

A evolução dos processos pode minar ainda mais as pretensões de Trump e as escolhas do Partido Republicano nas primárias, além da repercussão entre os eleitores. Resta saber até que ponto o ex-presidente vai conseguir convencer ou não os americanos das possíveis acusações contra ele. /COM INFORMAÇÕES DO NYT, W.POST E AP

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou a terceira candidatura à Casa Branca na terça-feira, 15, mas precisa percorrer um longo percurso para retornar à presidência. Recriminado pelo Partido Republicano após os resultados dos seus candidatos nas eleições de meio de mandato, Trump precisa lidar com os rivais internos nas primárias, arrecadar dinheiro e manter a sua base mobilizada. E, somente depois, poderá enfrentar o candidato do Partido Democrata.

A imprensa americana associa o anúncio precoce a uma outra intenção, além do desejo de retornar à Casa Branca: frear os promotores que investigam o ex-presidente e podem estar considerando acusações criminais, particularmente em relação ao caso dos documentos secretos levados para Mar-a-Lago. A estratégia é que a candidatura reforce o argumento de que as investigações enfrentadas são parte de uma perseguição política, como ele acusa desde que o FBI realizou uma busca e apreensão na sua propriedade, em agosto.

Ex-presidente Donald Trump no lançamento da sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira, 15. Republicano tem longo percurso até 2024 Foto: Thomas Simonetti / The Washington Post

Mas, independentemente das intenções, o anúncio de Trump o coloca oficialmente na próxima corrida presidencial. Para confirmar se o nome dele estará na disputa, é preciso esperar todo o percurso até as eleições, marcadas para novembro de 2024, e o desdobramento dos fatores políticos que ele está envolvido.

Rivais nas primárias do Partido Republicano

Antes de se tornar candidato à presidência dos EUA, Donald Trump precisa vencer as primárias do Partido Republicano, marcadas para acontecer entre fevereiro e junho de 2024. O ex-presidente parecia ter força até as eleições de meio de mandato, mas os resultados frustrantes dos candidatos que receberam seu apoio o deixaram mais fraco. Em paralelo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, venceu a reeleição e se projetou como o possível candidato do partido.

Ron DeSantis conta com três fatores para rivalizar com favoritismo contra Trump: apoio interno, popularidade externa e dinheiro. Antes das eleições de meio de mandato, pesquisas estaduais citadas pelo jornal New York Times já mostravam que DeSantis seria um candidato competitivo e indicavam que havia mais republicanos identificados com o partido em si do que com o ex-presidente.

Imagem de 3 de novembro de 2018 mostra o então presidente Donald Trump ao lado do então candidato ao governo da Flórida, Ron DeSantis. Quatro anos depois, DeSantis pode barrar planos do ex-presidente se candidatar pela terceira vez pelo Partido Republicano Foto: Butch Dill / AP

Após as eleições, os resultados das urnas pioraram as pretensões de Trump. As primeiras pesquisas mostram que ele continua com chances de ser escolhido contra DeSantis, mas pela primeira vez ele apareceu atrás em algumas delas. Questionado no podcast The Argument, do NYT, o colunista político Ross Douthat afirmou que via Trump com 60% de chances de vencer as primárias republicanas antes das eleições de meio de mandato, mas agora o vê com 40%. Outro colunista, Kevin Williamson, acredita que o ex-presidente continua favorito no momento, mas com um rival à altura e que pode evoluir até 2024.

Apesar de outros possíveis candidatos nas primárias, DeSantis se apresenta a maior ameaça interna de Trump por ter atributos semelhantes aos do ex-presidente: políticas anti-imigração, nacionalismo supremacista e campanha contra minorias. Segundo a colunista Jennifer Rubin, do The Washington Post, o governador reflete atributos que os apoiadores do lema “Make America Great Again”, criado por Trump em 2016, acreditam, mas é mais disciplinado do que o ex-presidente – e está em um momento melhor.

Recriminações do partido

As derrotas nas eleições de meio de mandato causaram uma recriminação dos republicanos contra Trump. Como os seus candidatos não tiveram o sucesso esperado – o que permitiu que os democratas mantivessem a maioria no Senado –, o ex-presidente viu os seus colegas o culparem. Um número crescente de republicanos diz que os resultados deixam claro que é hora do partido olhar para o futuro.

Os apelos começaram na semana passada, quando o resultado favorável aos democratas do Senado foi confirmado, mas piorou na segunda-feira, quando uma de suas aliadas mais próximas, Kari Lake, não conseguiu se eleger governadora do Arizona.

Candidata republicana ao governo do Arizona, Kari Lake, em discurso na noite da eleição em Scottsdale. Aliada de Trump, Lake perdeu a disputa no Estado para a democrata Katie Hobbs Foto: Joshua Lott / The Washington Post

Com o lançamento da candidatura na terça-feira, ainda houve a avaliação de que se tratou de um anúncio desleixado, devido ao foco atual do Partido Republicano em lidar com as consequências das eleições de meio de mandato. No mesmo dia do anúncio, os republicanos eleitos para a Câmara se reuniram em Washington para selecionar seus líderes e muitos aliados não puderam comparecer.

Outros nomes que estiveram ao seu lado nas campanhas anteriores, como a filha Ivanka e chefes de campanha, também não compareceram ao evento. Nesta quarta-feira, Ivanka afirmou em um comunicado que não participará da disputa do pai. ““Embora eu sempre ame e apoie meu pai, daqui para frente o farei fora da arena política”, disse.

O lançamento já era esperado, mas muitos assessores defendiam que acontecesse apenas após o segundo turno do Senado da Geórgia. Nos bastidores, noticiou o NYT, assessores têm lutado contra o impulso de Trump de expor queixas, particularmente sobre a eleição de 2020, na esperança de mantê-lo focado no futuro.

Comitê de financiamento de campanha

Donald Trump também tem o desafio de arrecadar dinheiro para a campanha. No lançamento da candidatura, ele não realizou uma arrecadação de fundos e não está claro se os principais doadores de campanhas anteriores irão apoiá-lo novamente. Dois executivos – Stephen Schwarzman e Ken Griffin –, que financiaram a campanha dele anteriormente, disseram que não farão em 2024. Segundo o NYT, outros doadores reclamam que não receberam contato da equipe de campanha de Trump.

O ex-presidente realizou uma operação para arrecadar pequenos fundos, e se espera que isso represente a maior parte dos recursos de sua campanha. E, embora ele tenha financiado em comitês de ação política (os chamados PACs), ele não pode utilizá-los para financiar a candidatura diretamente.

Nos EUA, as doações para campanhas eleitorais podem ser feitas por doadores individuais ou grupos, que podem ser comitês de ação política (PACs, na sigla em inglês) ou grupos 527, que não possuem fins lucrativos. A maior parte dos fundos de campanha vem de doadores individuais.

Processos judiciais

O ex-presidente é alvo de inúmeras investigações, incluindo a investigação de meses sobre centenas de documentos com marcas classificadas encontrados em Mar-a-Lago. Trump também enfrenta escrutínio do Departamento de Justiça sobre os esforços para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020. Na Geórgia, a promotora do condado de Fulton, Fani Willis, investiga o que ela alega ser “um plano coordenado por vários estados pela campanha de Trump” para influenciar os resultados de 2020.

Alguns próximos a Trump acreditam que concorrer à presidência ajudará ele a se proteger contra possíveis acusações, mas não há estatuto legal que impeça o Departamento de Justiça de avançar nas investigações – ou impedir Trump de continuar a concorrer se for acusado. Ainda assim, a campanha de Trump faz com que as decisões do Departamento de Justiça sejam ainda mais difíceis ao criar uma pressão política que questiona as investigações e as considera perseguições.

A evolução dos processos pode minar ainda mais as pretensões de Trump e as escolhas do Partido Republicano nas primárias, além da repercussão entre os eleitores. Resta saber até que ponto o ex-presidente vai conseguir convencer ou não os americanos das possíveis acusações contra ele. /COM INFORMAÇÕES DO NYT, W.POST E AP

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou a terceira candidatura à Casa Branca na terça-feira, 15, mas precisa percorrer um longo percurso para retornar à presidência. Recriminado pelo Partido Republicano após os resultados dos seus candidatos nas eleições de meio de mandato, Trump precisa lidar com os rivais internos nas primárias, arrecadar dinheiro e manter a sua base mobilizada. E, somente depois, poderá enfrentar o candidato do Partido Democrata.

A imprensa americana associa o anúncio precoce a uma outra intenção, além do desejo de retornar à Casa Branca: frear os promotores que investigam o ex-presidente e podem estar considerando acusações criminais, particularmente em relação ao caso dos documentos secretos levados para Mar-a-Lago. A estratégia é que a candidatura reforce o argumento de que as investigações enfrentadas são parte de uma perseguição política, como ele acusa desde que o FBI realizou uma busca e apreensão na sua propriedade, em agosto.

Ex-presidente Donald Trump no lançamento da sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira, 15. Republicano tem longo percurso até 2024 Foto: Thomas Simonetti / The Washington Post

Mas, independentemente das intenções, o anúncio de Trump o coloca oficialmente na próxima corrida presidencial. Para confirmar se o nome dele estará na disputa, é preciso esperar todo o percurso até as eleições, marcadas para novembro de 2024, e o desdobramento dos fatores políticos que ele está envolvido.

Rivais nas primárias do Partido Republicano

Antes de se tornar candidato à presidência dos EUA, Donald Trump precisa vencer as primárias do Partido Republicano, marcadas para acontecer entre fevereiro e junho de 2024. O ex-presidente parecia ter força até as eleições de meio de mandato, mas os resultados frustrantes dos candidatos que receberam seu apoio o deixaram mais fraco. Em paralelo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, venceu a reeleição e se projetou como o possível candidato do partido.

Ron DeSantis conta com três fatores para rivalizar com favoritismo contra Trump: apoio interno, popularidade externa e dinheiro. Antes das eleições de meio de mandato, pesquisas estaduais citadas pelo jornal New York Times já mostravam que DeSantis seria um candidato competitivo e indicavam que havia mais republicanos identificados com o partido em si do que com o ex-presidente.

Imagem de 3 de novembro de 2018 mostra o então presidente Donald Trump ao lado do então candidato ao governo da Flórida, Ron DeSantis. Quatro anos depois, DeSantis pode barrar planos do ex-presidente se candidatar pela terceira vez pelo Partido Republicano Foto: Butch Dill / AP

Após as eleições, os resultados das urnas pioraram as pretensões de Trump. As primeiras pesquisas mostram que ele continua com chances de ser escolhido contra DeSantis, mas pela primeira vez ele apareceu atrás em algumas delas. Questionado no podcast The Argument, do NYT, o colunista político Ross Douthat afirmou que via Trump com 60% de chances de vencer as primárias republicanas antes das eleições de meio de mandato, mas agora o vê com 40%. Outro colunista, Kevin Williamson, acredita que o ex-presidente continua favorito no momento, mas com um rival à altura e que pode evoluir até 2024.

Apesar de outros possíveis candidatos nas primárias, DeSantis se apresenta a maior ameaça interna de Trump por ter atributos semelhantes aos do ex-presidente: políticas anti-imigração, nacionalismo supremacista e campanha contra minorias. Segundo a colunista Jennifer Rubin, do The Washington Post, o governador reflete atributos que os apoiadores do lema “Make America Great Again”, criado por Trump em 2016, acreditam, mas é mais disciplinado do que o ex-presidente – e está em um momento melhor.

Recriminações do partido

As derrotas nas eleições de meio de mandato causaram uma recriminação dos republicanos contra Trump. Como os seus candidatos não tiveram o sucesso esperado – o que permitiu que os democratas mantivessem a maioria no Senado –, o ex-presidente viu os seus colegas o culparem. Um número crescente de republicanos diz que os resultados deixam claro que é hora do partido olhar para o futuro.

Os apelos começaram na semana passada, quando o resultado favorável aos democratas do Senado foi confirmado, mas piorou na segunda-feira, quando uma de suas aliadas mais próximas, Kari Lake, não conseguiu se eleger governadora do Arizona.

Candidata republicana ao governo do Arizona, Kari Lake, em discurso na noite da eleição em Scottsdale. Aliada de Trump, Lake perdeu a disputa no Estado para a democrata Katie Hobbs Foto: Joshua Lott / The Washington Post

Com o lançamento da candidatura na terça-feira, ainda houve a avaliação de que se tratou de um anúncio desleixado, devido ao foco atual do Partido Republicano em lidar com as consequências das eleições de meio de mandato. No mesmo dia do anúncio, os republicanos eleitos para a Câmara se reuniram em Washington para selecionar seus líderes e muitos aliados não puderam comparecer.

Outros nomes que estiveram ao seu lado nas campanhas anteriores, como a filha Ivanka e chefes de campanha, também não compareceram ao evento. Nesta quarta-feira, Ivanka afirmou em um comunicado que não participará da disputa do pai. ““Embora eu sempre ame e apoie meu pai, daqui para frente o farei fora da arena política”, disse.

O lançamento já era esperado, mas muitos assessores defendiam que acontecesse apenas após o segundo turno do Senado da Geórgia. Nos bastidores, noticiou o NYT, assessores têm lutado contra o impulso de Trump de expor queixas, particularmente sobre a eleição de 2020, na esperança de mantê-lo focado no futuro.

Comitê de financiamento de campanha

Donald Trump também tem o desafio de arrecadar dinheiro para a campanha. No lançamento da candidatura, ele não realizou uma arrecadação de fundos e não está claro se os principais doadores de campanhas anteriores irão apoiá-lo novamente. Dois executivos – Stephen Schwarzman e Ken Griffin –, que financiaram a campanha dele anteriormente, disseram que não farão em 2024. Segundo o NYT, outros doadores reclamam que não receberam contato da equipe de campanha de Trump.

O ex-presidente realizou uma operação para arrecadar pequenos fundos, e se espera que isso represente a maior parte dos recursos de sua campanha. E, embora ele tenha financiado em comitês de ação política (os chamados PACs), ele não pode utilizá-los para financiar a candidatura diretamente.

Nos EUA, as doações para campanhas eleitorais podem ser feitas por doadores individuais ou grupos, que podem ser comitês de ação política (PACs, na sigla em inglês) ou grupos 527, que não possuem fins lucrativos. A maior parte dos fundos de campanha vem de doadores individuais.

Processos judiciais

O ex-presidente é alvo de inúmeras investigações, incluindo a investigação de meses sobre centenas de documentos com marcas classificadas encontrados em Mar-a-Lago. Trump também enfrenta escrutínio do Departamento de Justiça sobre os esforços para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020. Na Geórgia, a promotora do condado de Fulton, Fani Willis, investiga o que ela alega ser “um plano coordenado por vários estados pela campanha de Trump” para influenciar os resultados de 2020.

Alguns próximos a Trump acreditam que concorrer à presidência ajudará ele a se proteger contra possíveis acusações, mas não há estatuto legal que impeça o Departamento de Justiça de avançar nas investigações – ou impedir Trump de continuar a concorrer se for acusado. Ainda assim, a campanha de Trump faz com que as decisões do Departamento de Justiça sejam ainda mais difíceis ao criar uma pressão política que questiona as investigações e as considera perseguições.

A evolução dos processos pode minar ainda mais as pretensões de Trump e as escolhas do Partido Republicano nas primárias, além da repercussão entre os eleitores. Resta saber até que ponto o ex-presidente vai conseguir convencer ou não os americanos das possíveis acusações contra ele. /COM INFORMAÇÕES DO NYT, W.POST E AP

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