O Equador decretou estado de exceção na cidade de Guayaquil nesta segunda-feira, 15, após uma explosão que deixou cinco mortos neste domingo, 14. O município possui o maior número de homicídios do país e o governo investiga se a explosão está ligada ao crime organizado. Em uma declaração após o decreto, o ministro do Interior, Patricio Carrillo, considerou o ataque “uma declaração de guerra ao Estado”.
A explosão aconteceu com o uso de explosivos caseiros e artesanais. Segundo as investigações, eles foram lançados por uma dupla a bordo de uma moto e, além das mortes, feriram 17 pessoas, destruíram paredes de residências próximas, 4 veículos e 1 moto. Entre os feridos, 2 estão em estado grave.
O decreto de exceção suspende os direitos de liberdade de associação e de inviolabilidade de domicílio – que permite à polícia inspecionar casas dos moradores. O governo também ofereceu 10 mil dólares para quem fornecer informações sobre o caso.
“Estamos frente a atos de enorme barbárie e irracionalidade como o de colocar estes explosivos nas ruas, o que estamos vivendo preocupa muito além das ligações com organizações criminosas”, expressou o ministro Patricio Carrillo durante uma visita ao bairro Cristo del Consuelo, onde ocorreu a explosão.
O bairro amanheceu bloqueado por cordões de segurança e patrulhado por dezenas de agentes. Os militares ocuparam as ruas após a declaração de estado de exceção no Distrito Metropolitano de Guayaquil (sudoeste), que inclui as vizinhas Durán e Samborondón.
O decreto divulgado nesta segunda-feira informou que Guayaquil, com 2,8 milhões de habitantes, é “a região com maior número de homicídios intencionais” do país, com 32,5% dos casos. Somente neste ano, 861 pessoas foram assassinadas na cidade, eixo econômico do Equador.
Este não foi o primeiro ataque com explosivos no país. Entre janeiro e agosto a polícia reportou 145, dos quais 72 ocorreram no distrito de Guayaquil. Após o incidente de domingo, Carrillo apontou que se tratava de um ataque de “mercenários do crime organizado”.
O decreto foi descrito como “uma solução paliativa” pela ex-subsecretária de Inteligência do Equador, Carolina Andrade. Em abril, a mesma medida foi tomada nas províncias de Guayas (cuja capital é Guayaquil), Esmeraldas e Manabí devido à ação do narcotráfico.
Para Carolina, o governo não conseguiu abordar o crime organizado de uma forma estrutural. “Quando não há acesso aos serviços do Estado, o narcotráfico se faz presente e toma seu lugar, por isso é importante a prevenção”, afirmou.
Billy Navarrete, diretor da Comissão Permanente para os Direitos Humanos, compartilha a opinião, ao afirmar que “as respostas aos últimos acontecimentos criminais no país têm sido bastante anacrônicas e se limitam a reforçar o controle policial e militar”.
Após a última explosão, a polícia realizou operações em Cristo del Consuelo e deteve cinco pessoas por delitos como posse de armas. Os agentes também apreenderam armas, drogas e explosivos.
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador já aprendeu mais de 100 toneladas de droga no primeiro semestre deste ano. /AFP