QUITO - O governo do Equador anunciou nesta terça-feira, 14, a expulsão do embaixador da Argentina em Quito, Gabriel Fuks, e convocou para consultas o seu embaixador em Buenos Aires, Xavier Monge, após a fuga da ex-ministra equatoriana María de los Ángeles Duarte para a Venezuela.
O ministro das Relações Exteriores do Equador, Juan Carlos Holguín, argumentou em entrevista coletiva que perdeu a confiança em Fuks, cuja residência serviu de refúgio durante mais de dois anos e meio para Duarte evitar a prisão por uma condenação por corrupção.
De outro lado, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina manifestou o descontentamento com a decisão do Equador. “O governo argentino recebeu com surpresa e profunda tristeza a decisão do governo do Equador de escalar a divergência existente com respeito à situação de María de los Ángeles Duarte e levar isso ao nível de prejuízo na relação bilateral”, diz em nota.
Duarte permaneceu por mais de dois anos com o filho menor de idade na embaixada argentina em Quito antes de ir para a Venezuela, disse o governo argentino. “Não existe nenhuma norma internacional que obrigue as autoridades diplomáticas argentinas a exercer custódia sobre Duarte. O profundo apreço ao povo do Equador não vai mudar por esta situação conjuntural”, acrescenta a nota.
Duarte, que foi ministra no governo do esquerdista Rafael Correa (2007-2017), teve asilo concedido em dezembro do ano passado pelo governo do presidente argentino, Alberto Fernández.
No entanto, o governo do Equador, presidido pelo conservador Guillermo Lasso, negou o seu salvo-conduto para viajar a Buenos Aires sem ser detida.
Duarte foi condenada ao lado de Correa - que vive na Bélgica - e outros ex-funcionários do governo pela acusação de integrar uma estrutura criminosa que pediu subornos de quase US$ 7,6 milhões de empresas em troca de contratos com o Estado, segundo o Ministério Público.
A ministra estava na embaixada com o filho menor, cujo pai é argentino. O ex-presidente Correa e seus ex-colaboradores criticam as decisões da justiça, que consideram uma perseguição política./EFE e AFP