Equador rejeitou candidatos linha-dura mesmo com disparada da criminalidade


O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional

Por Daniel Gateno
Atualização:

A morte do candidato a presidência do Equador e jornalista Fernando Villavicencio alterou o animo e a expectativa da população equatoriana para a votação que ocorreu no domingo, 20, aponta Maria Villareal, professora equatoriana do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

“A favorita de todas as pesquisas era a Luisa González, então isso se confirmou. E teve uma disputa acirrada pela segunda colocação. O Daniel Noboa conseguiu se posicionar bem neste momento, mas a verdade é que a morte do Fernando Villavicencio alterou profundamente o estado de animo do país e as expectativas da população”, aponta .

O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional. O vencedor do segundo turno governará até 2025, para completar o mandato que correspondia ao atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou eleições antecipadas para evitar um possível impeachment.

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Com 95% das urnas apuradas, González obteve 33,42%. Daniel Noboa conseguiu ir ao segundo turno com 23,58% dos votos. Christian Zurita, que substituiu Villavicencio, ficou com 16,47%, seguido de Jan Topic com 14,68%, Otto Sonnenholzner com 7,03% e Yaku Perez, que teve 3,96%. Xavier Hervas e Bolívar Armijos tiveram menos de 1% dos votos.

Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno nas eleições do Equador para ver quem irá completar o mandato de Guillermo Lasso até 2025  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A candidata faz parte do movimento chamado de “correísmo”, do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. O político mora na Bélgica desde 2017 e está inabilitado das eleições por conta de uma condenação a oito anos de prisão por corrupção no Equador.

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Para a professora, o debate entre os candidatos a presidência que ocorreu no dia 13 de julho foi importante para que Daniel Noboa conseguisse garantir a presença no segundo turno. “O Daniel Noboa saiu dessa polarização entre correísmo e forças opositoras ao Rafael Correa. Acredito que foi importante para ele conseguir se desvencilhar disso e se mostrar sereno durante o debate”, completou a especialista. Villareal destaca também que o candidato conseguiu expor as suas propostas sobre outros temas importantes para os equatorianos como a criação de empregos e questões econômicas.

Perfil linha-dura foi rejeitado

Para a especialista, o Equador rejeitou pautas consideradas linha-dura para a segurança, como as defendidas pelo candidato Jan Topic, que defendia a construção de mais presídios no Equador, imitando o estilo do presidente de El-Salvador, Nayib Bukele, com o intuito de reprimir o crime organizado no Equador. “Ficou muito claro que os equatorianos não querem um Bukele na presidência”, completa.

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Noboa de 35 anos pode ser o presidente mais jovem da história moderna do Equador. Conhecido por ser filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, que fez fortuna vendendo bananas e barcos, o candidato foi a surpresa do dia das eleições.

Villareal destaca que o candidato é visto quase como um outsider por ter sido eleito pela primeira vez na Assembleia Nacional do Equador em 2021, mas é conhecido das elites por conta da fortuna de seu pai.

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Álvaro Noboa tentou ser presidente cinco vezes, mas não obteve sucesso. “Você estava comigo, agora eu estou com você para alcançar a vitória merecida”, declarou o empresário após o filho chegar ao segundo turno.

Em entrevista ao Estadão, Franklin Ramírez Gallegos, professor equatoriano do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), apontou que Topic estava crescendo nas pesquisas após o assassinato de Villavicencio por conta de uma migração de votos do jornalista para o político linha-dura, que acabou não ocorrendo no pleito.

“Os votos que iriam para Topic após a morte de Villavicencio foram para Christian Zurita, que substituiu o jornalista, provavelmente como uma espécie de homenagem a Villavicencio. Por isso que Zurita teve mais votos que Topic, o que não era previsto nas pesquisas”, destacou o cientista político.

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Favoritismo

Daniel Noboa afirmou que está aberto a receber o apoio de outros eternos opositores de Correa: “Se houver pessoas que queiram aderir a este projeto, com muito prazer”.

“É muito provável que candidatos como Jan Topic e Otto Sonnenholzner apoiem Noboa no segundo turno, formando uma aliança anti-correísmo, mas a sociedade já mostrou que está cansada desta dicotomia entre esquerda e direita tradicional”, aponta a especialista.

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Para Gallegos, a lógica destas eleições será parecida com o pleito vencido por Guillermo Lasso em 2021, com todos os partidos anti-correísmo se unindo contra González.

O candidato a presidência do Equador Daniel Ochoa participou do debate entre os candidatos no dia 13 de agosto  Foto: Dolores Ochoa/ AP

“Tivemos três candidaturas fortes de direita no primeiro turno, com Noboa, Topic e Sonnenholzner. Como Noboa venceu, ele representa neste momento esta direita tradicional e as elites, apesar de ter feito uma campanha com um discurso que foge da polarização”, acrescentou o analista.

O professor acredita que Noboa é o favorito para o pleito, porque a candidatura de González não tem mais para onde crescer. " A candidatura de González focou na retórica de que o partido dela já havia feito um bom governo no passado e faria isso de novo neste momento, mas foi um discurso voltado para o próprio eleitorado”, aponta Gallegos. “A candidatura precisava ter passado uma imagem mais aberta para conseguir chamar a atenção de outra parte do eleitorado equatoriano”, completa o cientista político.

Já Villareal avalia que González segue como a favorita para ser a próxima mandatária do país, mas vai precisar de alianças na Assembleia Nacional. Caso consiga alcançar o posto de presidente, González será a primeira mulher a comandar o país sul-americano.

“As pessoas querem escutar a propostas sim sobre segurança, mas também sobre empregos, saúde e educação, né? E nesse sentido o partido de Luisa González tem muito a oferecer”, destacou a especialista.

Eleitor vota em Quito, Equador, para escolher o próximo presidente do país até 2025, completando o mandato de Guillermo Lasso  Foto: Carlos Noriega / AP

Futuro

De acordo com o professor do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), quem vencer não conseguirá aplicar a sua agenda para melhorar a questão do narcotráfico por conta do tempo de permanência no cargo, que será até 2025.

“Se González vencer, a ideia será mobilizar recursos para programas sociais e de crédito, enquanto Noboa deverá aplicar medidas de austeridade, mas em relação ao crime organizado vai ser muito difícil que algo seja feito porque o problema está enraizado no Equador”, aponta Gallegos.

O especialista destaca que daqui um ano a população já estará mobilizada nas eleições de 2025, então uma novo governo poderá surgir. “Este é um governo curto e com muitas demandas, onde estão sendo construídas as condições para uma eventual reeleição, e uma decisão ruim pode custar a chance de reeleição em 2025, então pouco poderá ser feito realmente”, completou o professor.

A morte do candidato a presidência do Equador e jornalista Fernando Villavicencio alterou o animo e a expectativa da população equatoriana para a votação que ocorreu no domingo, 20, aponta Maria Villareal, professora equatoriana do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

“A favorita de todas as pesquisas era a Luisa González, então isso se confirmou. E teve uma disputa acirrada pela segunda colocação. O Daniel Noboa conseguiu se posicionar bem neste momento, mas a verdade é que a morte do Fernando Villavicencio alterou profundamente o estado de animo do país e as expectativas da população”, aponta .

O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional. O vencedor do segundo turno governará até 2025, para completar o mandato que correspondia ao atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou eleições antecipadas para evitar um possível impeachment.

Com 95% das urnas apuradas, González obteve 33,42%. Daniel Noboa conseguiu ir ao segundo turno com 23,58% dos votos. Christian Zurita, que substituiu Villavicencio, ficou com 16,47%, seguido de Jan Topic com 14,68%, Otto Sonnenholzner com 7,03% e Yaku Perez, que teve 3,96%. Xavier Hervas e Bolívar Armijos tiveram menos de 1% dos votos.

Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno nas eleições do Equador para ver quem irá completar o mandato de Guillermo Lasso até 2025  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A candidata faz parte do movimento chamado de “correísmo”, do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. O político mora na Bélgica desde 2017 e está inabilitado das eleições por conta de uma condenação a oito anos de prisão por corrupção no Equador.

Para a professora, o debate entre os candidatos a presidência que ocorreu no dia 13 de julho foi importante para que Daniel Noboa conseguisse garantir a presença no segundo turno. “O Daniel Noboa saiu dessa polarização entre correísmo e forças opositoras ao Rafael Correa. Acredito que foi importante para ele conseguir se desvencilhar disso e se mostrar sereno durante o debate”, completou a especialista. Villareal destaca também que o candidato conseguiu expor as suas propostas sobre outros temas importantes para os equatorianos como a criação de empregos e questões econômicas.

Perfil linha-dura foi rejeitado

Para a especialista, o Equador rejeitou pautas consideradas linha-dura para a segurança, como as defendidas pelo candidato Jan Topic, que defendia a construção de mais presídios no Equador, imitando o estilo do presidente de El-Salvador, Nayib Bukele, com o intuito de reprimir o crime organizado no Equador. “Ficou muito claro que os equatorianos não querem um Bukele na presidência”, completa.

Noboa de 35 anos pode ser o presidente mais jovem da história moderna do Equador. Conhecido por ser filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, que fez fortuna vendendo bananas e barcos, o candidato foi a surpresa do dia das eleições.

Villareal destaca que o candidato é visto quase como um outsider por ter sido eleito pela primeira vez na Assembleia Nacional do Equador em 2021, mas é conhecido das elites por conta da fortuna de seu pai.

Álvaro Noboa tentou ser presidente cinco vezes, mas não obteve sucesso. “Você estava comigo, agora eu estou com você para alcançar a vitória merecida”, declarou o empresário após o filho chegar ao segundo turno.

Em entrevista ao Estadão, Franklin Ramírez Gallegos, professor equatoriano do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), apontou que Topic estava crescendo nas pesquisas após o assassinato de Villavicencio por conta de uma migração de votos do jornalista para o político linha-dura, que acabou não ocorrendo no pleito.

“Os votos que iriam para Topic após a morte de Villavicencio foram para Christian Zurita, que substituiu o jornalista, provavelmente como uma espécie de homenagem a Villavicencio. Por isso que Zurita teve mais votos que Topic, o que não era previsto nas pesquisas”, destacou o cientista político.

Favoritismo

Daniel Noboa afirmou que está aberto a receber o apoio de outros eternos opositores de Correa: “Se houver pessoas que queiram aderir a este projeto, com muito prazer”.

“É muito provável que candidatos como Jan Topic e Otto Sonnenholzner apoiem Noboa no segundo turno, formando uma aliança anti-correísmo, mas a sociedade já mostrou que está cansada desta dicotomia entre esquerda e direita tradicional”, aponta a especialista.

Para Gallegos, a lógica destas eleições será parecida com o pleito vencido por Guillermo Lasso em 2021, com todos os partidos anti-correísmo se unindo contra González.

O candidato a presidência do Equador Daniel Ochoa participou do debate entre os candidatos no dia 13 de agosto  Foto: Dolores Ochoa/ AP

“Tivemos três candidaturas fortes de direita no primeiro turno, com Noboa, Topic e Sonnenholzner. Como Noboa venceu, ele representa neste momento esta direita tradicional e as elites, apesar de ter feito uma campanha com um discurso que foge da polarização”, acrescentou o analista.

O professor acredita que Noboa é o favorito para o pleito, porque a candidatura de González não tem mais para onde crescer. " A candidatura de González focou na retórica de que o partido dela já havia feito um bom governo no passado e faria isso de novo neste momento, mas foi um discurso voltado para o próprio eleitorado”, aponta Gallegos. “A candidatura precisava ter passado uma imagem mais aberta para conseguir chamar a atenção de outra parte do eleitorado equatoriano”, completa o cientista político.

Já Villareal avalia que González segue como a favorita para ser a próxima mandatária do país, mas vai precisar de alianças na Assembleia Nacional. Caso consiga alcançar o posto de presidente, González será a primeira mulher a comandar o país sul-americano.

“As pessoas querem escutar a propostas sim sobre segurança, mas também sobre empregos, saúde e educação, né? E nesse sentido o partido de Luisa González tem muito a oferecer”, destacou a especialista.

Eleitor vota em Quito, Equador, para escolher o próximo presidente do país até 2025, completando o mandato de Guillermo Lasso  Foto: Carlos Noriega / AP

Futuro

De acordo com o professor do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), quem vencer não conseguirá aplicar a sua agenda para melhorar a questão do narcotráfico por conta do tempo de permanência no cargo, que será até 2025.

“Se González vencer, a ideia será mobilizar recursos para programas sociais e de crédito, enquanto Noboa deverá aplicar medidas de austeridade, mas em relação ao crime organizado vai ser muito difícil que algo seja feito porque o problema está enraizado no Equador”, aponta Gallegos.

O especialista destaca que daqui um ano a população já estará mobilizada nas eleições de 2025, então uma novo governo poderá surgir. “Este é um governo curto e com muitas demandas, onde estão sendo construídas as condições para uma eventual reeleição, e uma decisão ruim pode custar a chance de reeleição em 2025, então pouco poderá ser feito realmente”, completou o professor.

A morte do candidato a presidência do Equador e jornalista Fernando Villavicencio alterou o animo e a expectativa da população equatoriana para a votação que ocorreu no domingo, 20, aponta Maria Villareal, professora equatoriana do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

“A favorita de todas as pesquisas era a Luisa González, então isso se confirmou. E teve uma disputa acirrada pela segunda colocação. O Daniel Noboa conseguiu se posicionar bem neste momento, mas a verdade é que a morte do Fernando Villavicencio alterou profundamente o estado de animo do país e as expectativas da população”, aponta .

O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional. O vencedor do segundo turno governará até 2025, para completar o mandato que correspondia ao atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou eleições antecipadas para evitar um possível impeachment.

Com 95% das urnas apuradas, González obteve 33,42%. Daniel Noboa conseguiu ir ao segundo turno com 23,58% dos votos. Christian Zurita, que substituiu Villavicencio, ficou com 16,47%, seguido de Jan Topic com 14,68%, Otto Sonnenholzner com 7,03% e Yaku Perez, que teve 3,96%. Xavier Hervas e Bolívar Armijos tiveram menos de 1% dos votos.

Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno nas eleições do Equador para ver quem irá completar o mandato de Guillermo Lasso até 2025  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A candidata faz parte do movimento chamado de “correísmo”, do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. O político mora na Bélgica desde 2017 e está inabilitado das eleições por conta de uma condenação a oito anos de prisão por corrupção no Equador.

Para a professora, o debate entre os candidatos a presidência que ocorreu no dia 13 de julho foi importante para que Daniel Noboa conseguisse garantir a presença no segundo turno. “O Daniel Noboa saiu dessa polarização entre correísmo e forças opositoras ao Rafael Correa. Acredito que foi importante para ele conseguir se desvencilhar disso e se mostrar sereno durante o debate”, completou a especialista. Villareal destaca também que o candidato conseguiu expor as suas propostas sobre outros temas importantes para os equatorianos como a criação de empregos e questões econômicas.

Perfil linha-dura foi rejeitado

Para a especialista, o Equador rejeitou pautas consideradas linha-dura para a segurança, como as defendidas pelo candidato Jan Topic, que defendia a construção de mais presídios no Equador, imitando o estilo do presidente de El-Salvador, Nayib Bukele, com o intuito de reprimir o crime organizado no Equador. “Ficou muito claro que os equatorianos não querem um Bukele na presidência”, completa.

Noboa de 35 anos pode ser o presidente mais jovem da história moderna do Equador. Conhecido por ser filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, que fez fortuna vendendo bananas e barcos, o candidato foi a surpresa do dia das eleições.

Villareal destaca que o candidato é visto quase como um outsider por ter sido eleito pela primeira vez na Assembleia Nacional do Equador em 2021, mas é conhecido das elites por conta da fortuna de seu pai.

Álvaro Noboa tentou ser presidente cinco vezes, mas não obteve sucesso. “Você estava comigo, agora eu estou com você para alcançar a vitória merecida”, declarou o empresário após o filho chegar ao segundo turno.

Em entrevista ao Estadão, Franklin Ramírez Gallegos, professor equatoriano do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), apontou que Topic estava crescendo nas pesquisas após o assassinato de Villavicencio por conta de uma migração de votos do jornalista para o político linha-dura, que acabou não ocorrendo no pleito.

“Os votos que iriam para Topic após a morte de Villavicencio foram para Christian Zurita, que substituiu o jornalista, provavelmente como uma espécie de homenagem a Villavicencio. Por isso que Zurita teve mais votos que Topic, o que não era previsto nas pesquisas”, destacou o cientista político.

Favoritismo

Daniel Noboa afirmou que está aberto a receber o apoio de outros eternos opositores de Correa: “Se houver pessoas que queiram aderir a este projeto, com muito prazer”.

“É muito provável que candidatos como Jan Topic e Otto Sonnenholzner apoiem Noboa no segundo turno, formando uma aliança anti-correísmo, mas a sociedade já mostrou que está cansada desta dicotomia entre esquerda e direita tradicional”, aponta a especialista.

Para Gallegos, a lógica destas eleições será parecida com o pleito vencido por Guillermo Lasso em 2021, com todos os partidos anti-correísmo se unindo contra González.

O candidato a presidência do Equador Daniel Ochoa participou do debate entre os candidatos no dia 13 de agosto  Foto: Dolores Ochoa/ AP

“Tivemos três candidaturas fortes de direita no primeiro turno, com Noboa, Topic e Sonnenholzner. Como Noboa venceu, ele representa neste momento esta direita tradicional e as elites, apesar de ter feito uma campanha com um discurso que foge da polarização”, acrescentou o analista.

O professor acredita que Noboa é o favorito para o pleito, porque a candidatura de González não tem mais para onde crescer. " A candidatura de González focou na retórica de que o partido dela já havia feito um bom governo no passado e faria isso de novo neste momento, mas foi um discurso voltado para o próprio eleitorado”, aponta Gallegos. “A candidatura precisava ter passado uma imagem mais aberta para conseguir chamar a atenção de outra parte do eleitorado equatoriano”, completa o cientista político.

Já Villareal avalia que González segue como a favorita para ser a próxima mandatária do país, mas vai precisar de alianças na Assembleia Nacional. Caso consiga alcançar o posto de presidente, González será a primeira mulher a comandar o país sul-americano.

“As pessoas querem escutar a propostas sim sobre segurança, mas também sobre empregos, saúde e educação, né? E nesse sentido o partido de Luisa González tem muito a oferecer”, destacou a especialista.

Eleitor vota em Quito, Equador, para escolher o próximo presidente do país até 2025, completando o mandato de Guillermo Lasso  Foto: Carlos Noriega / AP

Futuro

De acordo com o professor do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), quem vencer não conseguirá aplicar a sua agenda para melhorar a questão do narcotráfico por conta do tempo de permanência no cargo, que será até 2025.

“Se González vencer, a ideia será mobilizar recursos para programas sociais e de crédito, enquanto Noboa deverá aplicar medidas de austeridade, mas em relação ao crime organizado vai ser muito difícil que algo seja feito porque o problema está enraizado no Equador”, aponta Gallegos.

O especialista destaca que daqui um ano a população já estará mobilizada nas eleições de 2025, então uma novo governo poderá surgir. “Este é um governo curto e com muitas demandas, onde estão sendo construídas as condições para uma eventual reeleição, e uma decisão ruim pode custar a chance de reeleição em 2025, então pouco poderá ser feito realmente”, completou o professor.

A morte do candidato a presidência do Equador e jornalista Fernando Villavicencio alterou o animo e a expectativa da população equatoriana para a votação que ocorreu no domingo, 20, aponta Maria Villareal, professora equatoriana do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

“A favorita de todas as pesquisas era a Luisa González, então isso se confirmou. E teve uma disputa acirrada pela segunda colocação. O Daniel Noboa conseguiu se posicionar bem neste momento, mas a verdade é que a morte do Fernando Villavicencio alterou profundamente o estado de animo do país e as expectativas da população”, aponta .

O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional. O vencedor do segundo turno governará até 2025, para completar o mandato que correspondia ao atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou eleições antecipadas para evitar um possível impeachment.

Com 95% das urnas apuradas, González obteve 33,42%. Daniel Noboa conseguiu ir ao segundo turno com 23,58% dos votos. Christian Zurita, que substituiu Villavicencio, ficou com 16,47%, seguido de Jan Topic com 14,68%, Otto Sonnenholzner com 7,03% e Yaku Perez, que teve 3,96%. Xavier Hervas e Bolívar Armijos tiveram menos de 1% dos votos.

Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno nas eleições do Equador para ver quem irá completar o mandato de Guillermo Lasso até 2025  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A candidata faz parte do movimento chamado de “correísmo”, do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. O político mora na Bélgica desde 2017 e está inabilitado das eleições por conta de uma condenação a oito anos de prisão por corrupção no Equador.

Para a professora, o debate entre os candidatos a presidência que ocorreu no dia 13 de julho foi importante para que Daniel Noboa conseguisse garantir a presença no segundo turno. “O Daniel Noboa saiu dessa polarização entre correísmo e forças opositoras ao Rafael Correa. Acredito que foi importante para ele conseguir se desvencilhar disso e se mostrar sereno durante o debate”, completou a especialista. Villareal destaca também que o candidato conseguiu expor as suas propostas sobre outros temas importantes para os equatorianos como a criação de empregos e questões econômicas.

Perfil linha-dura foi rejeitado

Para a especialista, o Equador rejeitou pautas consideradas linha-dura para a segurança, como as defendidas pelo candidato Jan Topic, que defendia a construção de mais presídios no Equador, imitando o estilo do presidente de El-Salvador, Nayib Bukele, com o intuito de reprimir o crime organizado no Equador. “Ficou muito claro que os equatorianos não querem um Bukele na presidência”, completa.

Noboa de 35 anos pode ser o presidente mais jovem da história moderna do Equador. Conhecido por ser filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, que fez fortuna vendendo bananas e barcos, o candidato foi a surpresa do dia das eleições.

Villareal destaca que o candidato é visto quase como um outsider por ter sido eleito pela primeira vez na Assembleia Nacional do Equador em 2021, mas é conhecido das elites por conta da fortuna de seu pai.

Álvaro Noboa tentou ser presidente cinco vezes, mas não obteve sucesso. “Você estava comigo, agora eu estou com você para alcançar a vitória merecida”, declarou o empresário após o filho chegar ao segundo turno.

Em entrevista ao Estadão, Franklin Ramírez Gallegos, professor equatoriano do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), apontou que Topic estava crescendo nas pesquisas após o assassinato de Villavicencio por conta de uma migração de votos do jornalista para o político linha-dura, que acabou não ocorrendo no pleito.

“Os votos que iriam para Topic após a morte de Villavicencio foram para Christian Zurita, que substituiu o jornalista, provavelmente como uma espécie de homenagem a Villavicencio. Por isso que Zurita teve mais votos que Topic, o que não era previsto nas pesquisas”, destacou o cientista político.

Favoritismo

Daniel Noboa afirmou que está aberto a receber o apoio de outros eternos opositores de Correa: “Se houver pessoas que queiram aderir a este projeto, com muito prazer”.

“É muito provável que candidatos como Jan Topic e Otto Sonnenholzner apoiem Noboa no segundo turno, formando uma aliança anti-correísmo, mas a sociedade já mostrou que está cansada desta dicotomia entre esquerda e direita tradicional”, aponta a especialista.

Para Gallegos, a lógica destas eleições será parecida com o pleito vencido por Guillermo Lasso em 2021, com todos os partidos anti-correísmo se unindo contra González.

O candidato a presidência do Equador Daniel Ochoa participou do debate entre os candidatos no dia 13 de agosto  Foto: Dolores Ochoa/ AP

“Tivemos três candidaturas fortes de direita no primeiro turno, com Noboa, Topic e Sonnenholzner. Como Noboa venceu, ele representa neste momento esta direita tradicional e as elites, apesar de ter feito uma campanha com um discurso que foge da polarização”, acrescentou o analista.

O professor acredita que Noboa é o favorito para o pleito, porque a candidatura de González não tem mais para onde crescer. " A candidatura de González focou na retórica de que o partido dela já havia feito um bom governo no passado e faria isso de novo neste momento, mas foi um discurso voltado para o próprio eleitorado”, aponta Gallegos. “A candidatura precisava ter passado uma imagem mais aberta para conseguir chamar a atenção de outra parte do eleitorado equatoriano”, completa o cientista político.

Já Villareal avalia que González segue como a favorita para ser a próxima mandatária do país, mas vai precisar de alianças na Assembleia Nacional. Caso consiga alcançar o posto de presidente, González será a primeira mulher a comandar o país sul-americano.

“As pessoas querem escutar a propostas sim sobre segurança, mas também sobre empregos, saúde e educação, né? E nesse sentido o partido de Luisa González tem muito a oferecer”, destacou a especialista.

Eleitor vota em Quito, Equador, para escolher o próximo presidente do país até 2025, completando o mandato de Guillermo Lasso  Foto: Carlos Noriega / AP

Futuro

De acordo com o professor do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), quem vencer não conseguirá aplicar a sua agenda para melhorar a questão do narcotráfico por conta do tempo de permanência no cargo, que será até 2025.

“Se González vencer, a ideia será mobilizar recursos para programas sociais e de crédito, enquanto Noboa deverá aplicar medidas de austeridade, mas em relação ao crime organizado vai ser muito difícil que algo seja feito porque o problema está enraizado no Equador”, aponta Gallegos.

O especialista destaca que daqui um ano a população já estará mobilizada nas eleições de 2025, então uma novo governo poderá surgir. “Este é um governo curto e com muitas demandas, onde estão sendo construídas as condições para uma eventual reeleição, e uma decisão ruim pode custar a chance de reeleição em 2025, então pouco poderá ser feito realmente”, completou o professor.

A morte do candidato a presidência do Equador e jornalista Fernando Villavicencio alterou o animo e a expectativa da população equatoriana para a votação que ocorreu no domingo, 20, aponta Maria Villareal, professora equatoriana do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

“A favorita de todas as pesquisas era a Luisa González, então isso se confirmou. E teve uma disputa acirrada pela segunda colocação. O Daniel Noboa conseguiu se posicionar bem neste momento, mas a verdade é que a morte do Fernando Villavicencio alterou profundamente o estado de animo do país e as expectativas da população”, aponta .

O segundo turno no Equador, marcado para o dia 15 de outubro, será entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolução Cidadã, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Ação Democrática Nacional. O vencedor do segundo turno governará até 2025, para completar o mandato que correspondia ao atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou eleições antecipadas para evitar um possível impeachment.

Com 95% das urnas apuradas, González obteve 33,42%. Daniel Noboa conseguiu ir ao segundo turno com 23,58% dos votos. Christian Zurita, que substituiu Villavicencio, ficou com 16,47%, seguido de Jan Topic com 14,68%, Otto Sonnenholzner com 7,03% e Yaku Perez, que teve 3,96%. Xavier Hervas e Bolívar Armijos tiveram menos de 1% dos votos.

Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno nas eleições do Equador para ver quem irá completar o mandato de Guillermo Lasso até 2025  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A candidata faz parte do movimento chamado de “correísmo”, do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. O político mora na Bélgica desde 2017 e está inabilitado das eleições por conta de uma condenação a oito anos de prisão por corrupção no Equador.

Para a professora, o debate entre os candidatos a presidência que ocorreu no dia 13 de julho foi importante para que Daniel Noboa conseguisse garantir a presença no segundo turno. “O Daniel Noboa saiu dessa polarização entre correísmo e forças opositoras ao Rafael Correa. Acredito que foi importante para ele conseguir se desvencilhar disso e se mostrar sereno durante o debate”, completou a especialista. Villareal destaca também que o candidato conseguiu expor as suas propostas sobre outros temas importantes para os equatorianos como a criação de empregos e questões econômicas.

Perfil linha-dura foi rejeitado

Para a especialista, o Equador rejeitou pautas consideradas linha-dura para a segurança, como as defendidas pelo candidato Jan Topic, que defendia a construção de mais presídios no Equador, imitando o estilo do presidente de El-Salvador, Nayib Bukele, com o intuito de reprimir o crime organizado no Equador. “Ficou muito claro que os equatorianos não querem um Bukele na presidência”, completa.

Noboa de 35 anos pode ser o presidente mais jovem da história moderna do Equador. Conhecido por ser filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, que fez fortuna vendendo bananas e barcos, o candidato foi a surpresa do dia das eleições.

Villareal destaca que o candidato é visto quase como um outsider por ter sido eleito pela primeira vez na Assembleia Nacional do Equador em 2021, mas é conhecido das elites por conta da fortuna de seu pai.

Álvaro Noboa tentou ser presidente cinco vezes, mas não obteve sucesso. “Você estava comigo, agora eu estou com você para alcançar a vitória merecida”, declarou o empresário após o filho chegar ao segundo turno.

Em entrevista ao Estadão, Franklin Ramírez Gallegos, professor equatoriano do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), apontou que Topic estava crescendo nas pesquisas após o assassinato de Villavicencio por conta de uma migração de votos do jornalista para o político linha-dura, que acabou não ocorrendo no pleito.

“Os votos que iriam para Topic após a morte de Villavicencio foram para Christian Zurita, que substituiu o jornalista, provavelmente como uma espécie de homenagem a Villavicencio. Por isso que Zurita teve mais votos que Topic, o que não era previsto nas pesquisas”, destacou o cientista político.

Favoritismo

Daniel Noboa afirmou que está aberto a receber o apoio de outros eternos opositores de Correa: “Se houver pessoas que queiram aderir a este projeto, com muito prazer”.

“É muito provável que candidatos como Jan Topic e Otto Sonnenholzner apoiem Noboa no segundo turno, formando uma aliança anti-correísmo, mas a sociedade já mostrou que está cansada desta dicotomia entre esquerda e direita tradicional”, aponta a especialista.

Para Gallegos, a lógica destas eleições será parecida com o pleito vencido por Guillermo Lasso em 2021, com todos os partidos anti-correísmo se unindo contra González.

O candidato a presidência do Equador Daniel Ochoa participou do debate entre os candidatos no dia 13 de agosto  Foto: Dolores Ochoa/ AP

“Tivemos três candidaturas fortes de direita no primeiro turno, com Noboa, Topic e Sonnenholzner. Como Noboa venceu, ele representa neste momento esta direita tradicional e as elites, apesar de ter feito uma campanha com um discurso que foge da polarização”, acrescentou o analista.

O professor acredita que Noboa é o favorito para o pleito, porque a candidatura de González não tem mais para onde crescer. " A candidatura de González focou na retórica de que o partido dela já havia feito um bom governo no passado e faria isso de novo neste momento, mas foi um discurso voltado para o próprio eleitorado”, aponta Gallegos. “A candidatura precisava ter passado uma imagem mais aberta para conseguir chamar a atenção de outra parte do eleitorado equatoriano”, completa o cientista político.

Já Villareal avalia que González segue como a favorita para ser a próxima mandatária do país, mas vai precisar de alianças na Assembleia Nacional. Caso consiga alcançar o posto de presidente, González será a primeira mulher a comandar o país sul-americano.

“As pessoas querem escutar a propostas sim sobre segurança, mas também sobre empregos, saúde e educação, né? E nesse sentido o partido de Luisa González tem muito a oferecer”, destacou a especialista.

Eleitor vota em Quito, Equador, para escolher o próximo presidente do país até 2025, completando o mandato de Guillermo Lasso  Foto: Carlos Noriega / AP

Futuro

De acordo com o professor do departamento de ciências políticas da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), quem vencer não conseguirá aplicar a sua agenda para melhorar a questão do narcotráfico por conta do tempo de permanência no cargo, que será até 2025.

“Se González vencer, a ideia será mobilizar recursos para programas sociais e de crédito, enquanto Noboa deverá aplicar medidas de austeridade, mas em relação ao crime organizado vai ser muito difícil que algo seja feito porque o problema está enraizado no Equador”, aponta Gallegos.

O especialista destaca que daqui um ano a população já estará mobilizada nas eleições de 2025, então uma novo governo poderá surgir. “Este é um governo curto e com muitas demandas, onde estão sendo construídas as condições para uma eventual reeleição, e uma decisão ruim pode custar a chance de reeleição em 2025, então pouco poderá ser feito realmente”, completou o professor.

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