O escândalo internacional de corrupção da Odebrecht e suas implicações na política têm dominado a reta final do primeiro turno da eleição presidencial no Equador. Imprensa e analistas políticos debatem o sigilo mantido pelo governo do presidente Rafael Correa em torno da lista de suspeitos de terem recebido propina da empreiteira no país.
À noite, os principais candidatos à sucessão de Correa – seu vice-presidente Lenín Moreno e o opositor Guillermo Lasso – fizeram seus encerramentos de campanha em Guayaquil, a cidade mais populosa do país. A votação está marcada para domingo.
“Eu não sei em quem votar. Há muitas dúvidas. Gosto de Correa, ele fez muitas coisas boas, mas ultimamente as coisas pioraram”, disse Renato Pintado, vendedor de 35 anos que trabalha no centro de Quito. “Há uma sensação de corrupção muito grande.”
Segundo o último levantamento do instituto de pesquisa Cedatos, Moreno tem cerca de 32% das intenções de voto. Lasso conta com 21%. A ex-deputada Cynthia Viteri tem 14%. Os indecisos somam de 30% a 35% do eleitorado.
Segundo analistas, as últimas denúncias envolvendo a Odebrecht e o pagamento de propina em troca de contratos de obras públicas no país contribuem para o alto grau de indecisão. “O núcleo duro de apoio ao Alianza País (partido de Correa) caiu muito nos últimos meses em virtude de denúncias de corrupção”, disse ao Estado a cientista política Natália Barbara Sierra, da PUC do
Seu navegador não suporta esse video.
O Cristo do Pacífico não é apenas uma estátua que lembra a do Corcovado no Rio de Janeiro. Para muitos, é o símbolo de um escândalo de corrupção no Peru que atinge três presidentes
Equador. “O tamanho do impacto disso na eleição dependerá do quanto os escândalos chegarão ao governo. Por isso, há indignação em torno da decisão da procuradoria de não revelar quem recebeu os subornos.”
O procurador-geral do Equador, Galo Chiriboga, trabalha em parceria com autoridades brasileiras que fazem parte da Força Tarefa da Operação Lava Jato para descobrir as ramificações das propinas pagas pela empresa no Equador.
Para o analista Walter Spurrier, o fato de Correa – há dez anos no poder – decidir todas as nomeações para cargos de controle de corrupção e investigação facilita o uso de pressão política. “Todos os procuradores foram nomeados por ele e continuarão no próximo governo”, disse.
Nas ruas. Em um esforço final, Lasso tentou consolidar-se como a melhor alternativa para derrotar Moreno em um possível segundo turno. Sua meta é conquistar indecisos em bairros populares de Guayaquil. No terminal de ônibus de Nueva Prosperina, o ex-banqueiro prometeu manter o subsídio ao preço do gás natural e o Abono de Desenvolvimento Humano, um dos principais programas sociais de Correa, além de prometer combater o tráfico de drogas em comunidades pobres. Moreno, por sua vez, teve um encontro em Quito com intelectuais e movimentos sociais.