A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira, 13, medidas para combater a escassez de leite para bebês que os Estados Unidos enfrentam, um problema que desencadeou uma ofensiva política da oposição republicana contra o presidente Joe Biden. A repórteres, o presidente democrata e altos funcionários afirmaram que o problema irá “melhorar drasticamente” nas próximas semanas.
Os Estados Unidos estão trabalhando com fabricantes para permitir mais importação de fórmulas infantis, disse Biden. “Nós estaremos, em questão de semanas ou menos, recebendo significativamente mais fórmula nas prateleiras”, prometeu. O comissário da Food and Drug Administration (FDA), Robert Califf, disse que a agência irá detalhar na próxima semana como fabricantes e fornecedores no exterior poderão exportar seus produtos para os Estados Unidos.
O mercado anual de fórmulas para bebês dos EUA, de US$ 4 bilhões, é dominado por produtores domésticos, com importações limitadas e sujeitas a altas tarifas. “Nossos dados indicam que as taxas de estoque nas lojas de varejo estão se estabilizando, mas continuamos trabalhando 24 horas por dia para aumentar ainda mais a disponibilidade”, disse Carliff no Twitter.
De acordo com o provedor de dados Datasembly, a taxa de ruptura de estoque, quando o cliente procura por algum item, mas ele não está disponível para a venda, de leite em pó para bebês atingiu 43% no fim da semana passada, uma situação que começou a se agravar em fevereiro, quando um laboratório Abbott com sede nos EUA fechou.
A Casa Branca, acusada de indiferença em relação ao cenário, já havia apresentado algumas medidas limitadas na quinta-feira.
“É um trabalho que leva meses”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, quando questionada sobre o tempo que o governo dos EUA levou para responder à crise. “Nossa mensagem para os pais é esta: entendemos, queremos fazer tudo o que pudermos”, acrescentou.
O Executivo americano estuda, entre outras coisas, medidas para aliviar a carga administrativa das famílias mais desfavorecidas, que compram leite infantil por meio de vale-refeição.
A Casa Branca também disse que pediu à autoridade federal de concorrência para investigar os abusos associados à escassez, incluindo a revenda de fórmula infantil online a preços bem acima dos normais.
Psaki indicou que uma das opções que está sendo considerada é invocar o “Defense Production Act”, uma medida herdada da Guerra Fria que permite ao presidente tomar decisões econômicas por decreto.
Enquanto isso, Biden se reuniu com representantes do comércio varejista e produtores de fórmulas infantis, em conversas descritas como “produtivas e encorajadoras” por um funcionário do governo, que pediu anonimato.
‘Vergonhoso’
A oposição republicana, em campanha para as eleições legislativas de novembro, usou essa questão para atacar o governo. A deputada Elise Stefanik disse ter contatado a autoridade correspondente, a agência de medicamentos FDA, em fevereiro: “Joe Biden não tem planos. (...) Quando perguntamos à Casa Branca sobre a escassez, eles riram. Constrangedor”, disse.
“Missouri é um dos seis Estados dos Estados Unidos onde mais da metade do leite infantil está em falta”, disse outra parlamentar republicana, Ann Wagner, dizendo que as jovens mães pechincham no Facebook por fórmulas.
Randy Feenstra, representante de Iowa, garantiu que em sua região “as famílias percorrem 50, 75, até 100 milhas (de 80 a 160 quilômetros) para tentar encontrá-la”.
Em 17 de fevereiro, após a morte de dois bebês, a fabricante Abbott anunciou um “recolhimento voluntário” de leite em pó de sua fábrica em Michigan, incluindo o Similac, usado por milhões de famílias americanas.
Uma investigação oficial determinou que o produto não tinha nada a ver com a morte dos bebês, mas a produção ainda não foi retomada, agravando a escassez essencialmente devido a problemas na cadeia de suprimentos e escassez de mão de obra.
A situação é particularmente crítica para os 5 mil bebês que dependem do leite especial, que é produzido apenas pela Abbott, sublinhou a Casa Branca, salientando que a falta do produto afeta também crianças e adultos com doenças metabólicas raras. /AFP