Um especialista em doença de Parkinson do Walter Reed National Military Medical Center visitou a Casa Branca oito vezes em oito meses, do verão passado (período de junho a agosto nos Estados Unidos) até esta primavera (de março a maio), incluindo pelo menos uma vez para uma reunião com o médico do presidente Biden, segundo os registros oficiais de visitantes.
O especialista, Kevin Cannard, é um neurologista especializado em distúrbios do movimento e publicou recentemente um artigo sobre a doença de Parkinson. Os registros, divulgados pela Casa Branca, documentam visitas de julho de 2023 a março deste ano. Visitas mais recentes, caso haja alguma, não seriam divulgadas, segundo a política da Casa Branca.
Não ficou claro se Cannard estava na Casa Branca para fazer consultas específicas com o presidente ou se estava lá para reuniões não relacionadas a Biden. A página de Cannard no LinkedIn o descreve como “apoiador da Unidade Médica da Casa Branca” por mais de 12 anos. Sua biografia no Doximity, um site para profissionais de saúde, o lista como “consultor de neurologia da Unidade Médica da Casa Branca e médico do presidente” de 2012 a 2022, o que incluiria os governos dos presidentes Barack Obama e Donald J. Trump.
Os registros do governo Obama, quando Biden era vice-presidente, mostram que Cannard fez pelo menos dez visitas em 2012, além de uma visita familiar; quatro em 2013; uma em 2014; quatro em 2015; e oito em 2016. Trump rescindiu a política de divulgação voluntária de visitantes da Casa Branca de Obama. Portanto, não há registros disponíveis para seus quatro anos no cargo.
Cannard não respondeu aos repetidos pedidos para comentar as visitas. A Casa Branca não quis comentar especificamente sobre o propósito das visitas recentes de Cannard ou se elas estavam relacionadas ao presidente. “Uma grande variedade de especialistas do sistema Walter Reed visita o complexo da Casa Branca para tratar os milhares de militares que trabalham no local”, disse Andrew Bates, porta-voz da Casa Branca, em um comunicado.
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Sem falar especificamente sobre Cannard, Bates disse que o presidente “tem sido visto por um neurologista uma vez por ano” como parte de seu check-up físico anual geral e “esse exame não encontrou nenhum sinal de Parkinson e ele não está sendo tratado para isso”. Ele se recusou a fornecer as datas de qualquer reunião entre Biden e qualquer um de seus especialistas, mas disse que “não houve nenhuma visita ao neurologista além daquela para seu exame físico anual, três no total” durante seus três anos e meio no cargo.
Em seu briefing regular no final do dia, Karine Jean-Pierre, a secretária de imprensa da Casa Branca, recusou-se a responder a perguntas sobre as visitas de Cannard, dizendo que não discutiria especialistas que vão à Casa Branca por preocupação com sua “privacidade” e “segurança”, embora Cannard liste sua afiliação com a Casa Branca em um site público.
Cannard se reuniu em 17 de janeiro com Kevin O’Connor, o médico da Casa Branca, bem como com John Atwood, cardiologista do Walter Reed, e outra pessoa no início da noite na clínica da residência da Casa Branca, segundo os registros. Essa reunião ocorreu um mês antes de Biden se submeter ao seu mais recente exame físico anual no Walter Reed, em 28 de fevereiro.
Em uma carta de seis páginas divulgada após esse check-up, O’Connor disse que a equipe médica do presidente havia realizado “um exame neurológico extremamente detalhado” que não havia produzido “nenhum achado que fosse consistente com” Parkinson, derrame ou outros distúrbios neurológicos centrais. O’Connor não disse se o exame continha testes comuns para avaliar o declínio cognitivo ou detectar sinais de demência frequentemente recomendados para pessoas mais velhas.
A Casa Branca disse nos últimos dias que não havia motivo para realizar mais exames desde fevereiro. As perguntas sobre a saúde de Biden e, especificamente, sobre o mal de Parkinson, proliferaram desde seu desastroso desempenho no debate contra Trump em 27 de junho. Em entrevistas à ABC News na sexta-feira, 5, e à MSNBC nesta segunda-feira, 8, Biden disse que fazia o equivalente a um exame neurológico todos os dias devido à pressão dos deveres presidenciais.
Os registros de visitantes, que também foram divulgados por outras organizações de notícias, incluindo o The New York Post e o The Guardian, indicaram que a primeira visita registrada de Cannard à Casa Branca durante o governo Biden foi em 15 de novembro de 2022.
Os registros indicam que ele estava visitando Joshua Simmons, cujo cargo não está listado. As oito visitas mais recentes de Cannard começaram em 28 de julho de 2023, quando ele foi registrado como tendo se reunido com Megan Nasworthy, uma intermediária da Casa Branca com Walter Reed. Ela foi listada como a pessoa visitada em sete dessas reuniões, que sempre ocorreram cedo, entre 7 e 9 horas da manhã nas sextas-feiras, com exceção da última reunião, que ocorreu na quinta-feira, 28 de março, um dia antes da Sexta-feira Santa. Os registros registram uma décima visita que parecia ser para uma excursão da família à Casa Branca. Bates, porta-voz da Casa Branca, disse que, embora o presidente sempre viaje com médicos regulares, “ele não consultou especialistas em Delaware”, onde tem residências particulares.
Na época das primeiras reuniões, Cannard publicou um artigo de pesquisa na revista Parkinsonism & Related Disorders sobre os estágios iniciais da doença de Parkinson.
Vários neurologistas que não examinaram pessoalmente Biden disseram que observaram sintomas em suas aparições públicas que eram consistentes com Parkinson ou uma doença relacionada, como fala hipofônica (enfraquecida, que pode causar leve gagueira), postura flexionada para a frente, marcha arrastada, rosto mascarado e padrão de fala irregular. Mas eles enfatizaram que um diagnóstico específico não poderia ser dado sem um exame em primeira mão.
As autoridades da Casa Branca disseram que Biden não apresentava sinais de Parkinson e que O’Connor não encontrou motivos para reavaliar Biden quanto à doença desde seu exame físico em fevereiro. Bates também disse que o presidente nunca tomou Levodopa ou outros medicamentos para essa doença.
Em sua entrevista à ABC News na sexta-feira, Biden se recusou a concordar com um exame neurológico e cognitivo independente. “Eu faço um teste cognitivo todos os dias”, disse ele, o que significa que os desafios excepcionais da presidência o testam diariamente.
Em uma ligação para o programa “Morning Joe”, da MSNBC, na manhã de segunda-feira, Biden insistiu novamente que sua confusão e seu desempenho hesitante no debate foram uma aberração devido, em parte, a uma infecção ou outra doença menor, e não eram um sinal de um problema médico maior.
“Se havia algo de errado naquela noite, não é como se isso acontecesse em uma noite e fosse embora”, disse ele. “É por isso que estou fora. Tenho me testado, testado em todos os lugares que vou. Saio e apresento o caso. Na noite do debate, eu saí. Fiquei na rua até as 2 horas da manhã naquela mesma noite. Naquela mesma noite. As pessoas que falam sobre isso me deixam louco.”
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