Espião russo serviu como funcionário da rainha Elizabeth II sem ela saber por quase dez anos


Anthony Blunt, inspetor de imagens da Rainha, fez parte dos agentes duplos de Cambridge na 2.ª Guerra

Por Redação

LONDRES — A rainha Elizabeth II não foi informada durante quase dez anos que o seu conselheiro de arte, Anthony Blunt, havia servido como espião soviético na 2.ª Guerra. Funcionário do Palácio de Buckingham como Inspetor de Imagens da Rainha, Blunt fez parte dos espiões da Universidade de Cambridge, que vazaram segredos da espionagem britânica para a União Soviética.

De acordo com os arquivos das agências de espionagem que tiveram recentemente seu sigilo removido, Blunt foi suspeito por anos até confessar em 1964 que, como oficial do MI-5, ele havia passado informações secretas para agentes soviéticos na década de 30. Os documentos foram divulgados nesta terça-feira, 14, pelo Arquivo Nacional Britânico.

Em um dos arquivos, um oficial do MI-5 observa que Blunt disse que sentiu “profundo alívio” ao desabafar. Em troca das informações na confissão, ele foi autorizado a manter o emprego, o título de cavaleiro e a posição social – e a rainha foi mantida distante dos acontecimentos.

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Imagem de arquivo mostra o historiador de arte Anthony Blunt, que serviu como conselheiro de imagens da rainha, ao lado da rainha Elizabeth II. Blunt serviu como agente duplo durante a 2.ª Guerra Foto: via AP

Oito anos depois da confissão, em 1972, o secretário particular de Elizabeth II, Martin Charteris, disse ao chefe do MI-5, Michael Hanley, que “a rainha não sabia e ele não via vantagem em contar a ela sobre isso agora; isso só aumentaria as preocupações dela e não havia nada que pudesse ser feito a respeito disso”.

A monarca foi informada do agente duplo somente no ano seguinte, 1973, quando Blunt estava doente. As autoridades de inteligência temeram a repercussão midiática se ele morresse e os jornais pudessem publicar histórias sem medo de processos de difamação.

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Charteris relatou que “ela levou tudo muito calmamente e sem surpresas” e “lembrou que ele estava sob suspeita há muito tempo” no início dos anos 1950. O historiador Christopher Andrew diz na história oficial do MI-5 que a rainha já havia sido informada sobre Blunt em “termos gerais” antes dessa data.

Blunt foi publicamente desmascarado como espião soviético pela primeira-ministra Margaret Thatcher na Câmara dos Comuns em novembro de 1979. Na ocasião, ele foi destituído do título de cavaleiro, mas nunca foi processado. Morreu em 1983, aos 75 anos.

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Espiões de Cambridge

Os espiões de Cambridge, grupo do qual Anthony Blunt fez parte, pertenceram ao topo da hierarquia dos serviços secretos da Inglaterra e serviam como agentes duplos na 2.ª Guerra. Dois deles, Donald Maclean e Guy Burgess, fugiram para a Rússia em 1951.

Um terceiro espião, Kim Philby, continuou a trabalhar para a agência de inteligência britânica MI-6, responsável pela espionagem no exterior, mas caiu sob suspeita. Quando as evidências de que ele servia como agente duplo aumentaram, ele foi confrontado por seu amigo e oficial do MI-6, Nicholas Elliot, enquanto serviam em Beirute, em janeiro de 1963.

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Os arquivos desclassificados incluem a confissão escrita de Philby e uma transcrição de sua discussão com Elliott.

Nela, Philby admite que havia traído Konstantin Volkov, um oficial da KGB que tentou desertar para o Ocidente em 1945, trazendo consigo detalhes de espiões dentro da inteligência britânica – incluindo o próprio Philby. Como resultado da intervenção de Philby, Volkov foi sequestrado em Istambul, levado de volta para Moscou e executado.

Segundo o relato de Elliott, Philby disse que se pudesse viver a vida novamente, se comportaria da mesma maneira. “Eu realmente senti uma tremenda lealdade ao MI-6. Fui tratado muito, muito bem lá e fiz alguns amigos realmente maravilhosos lá”, disse Philby, de acordo com a transcrição. “Mas a inspiração predominante foi o outro lado.”

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Philby disse a Elliott que a escolha que ele enfrentava agora que estava exposto era “entre suicídio e processo”. No fim, ele fugiu para Moscou, onde morreu em 1988.

O grupo, formado por cinco espiões, inspiraram livros, peças de teatro, filmes e séries de TV. Anthony Blunt, o espião historiador de arte, também aparece em um episódio da série The Crown, interpretado por Samuel West.

Abertura progressiva

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Arquivos mantidos pelos serviços secretos de inteligência do Reino Unido em geral permanecem classificados por décadas, mas há uma abertura progressiva das agências de inteligência. Alguns dos documentos recém-divulgados serão apresentados em uma exposição, intitulada “MI5: Official Secrets”, no National Archives, em Londres, no final deste ano. /ASSOCIATED PRESS

LONDRES — A rainha Elizabeth II não foi informada durante quase dez anos que o seu conselheiro de arte, Anthony Blunt, havia servido como espião soviético na 2.ª Guerra. Funcionário do Palácio de Buckingham como Inspetor de Imagens da Rainha, Blunt fez parte dos espiões da Universidade de Cambridge, que vazaram segredos da espionagem britânica para a União Soviética.

De acordo com os arquivos das agências de espionagem que tiveram recentemente seu sigilo removido, Blunt foi suspeito por anos até confessar em 1964 que, como oficial do MI-5, ele havia passado informações secretas para agentes soviéticos na década de 30. Os documentos foram divulgados nesta terça-feira, 14, pelo Arquivo Nacional Britânico.

Em um dos arquivos, um oficial do MI-5 observa que Blunt disse que sentiu “profundo alívio” ao desabafar. Em troca das informações na confissão, ele foi autorizado a manter o emprego, o título de cavaleiro e a posição social – e a rainha foi mantida distante dos acontecimentos.

Imagem de arquivo mostra o historiador de arte Anthony Blunt, que serviu como conselheiro de imagens da rainha, ao lado da rainha Elizabeth II. Blunt serviu como agente duplo durante a 2.ª Guerra Foto: via AP

Oito anos depois da confissão, em 1972, o secretário particular de Elizabeth II, Martin Charteris, disse ao chefe do MI-5, Michael Hanley, que “a rainha não sabia e ele não via vantagem em contar a ela sobre isso agora; isso só aumentaria as preocupações dela e não havia nada que pudesse ser feito a respeito disso”.

A monarca foi informada do agente duplo somente no ano seguinte, 1973, quando Blunt estava doente. As autoridades de inteligência temeram a repercussão midiática se ele morresse e os jornais pudessem publicar histórias sem medo de processos de difamação.

Charteris relatou que “ela levou tudo muito calmamente e sem surpresas” e “lembrou que ele estava sob suspeita há muito tempo” no início dos anos 1950. O historiador Christopher Andrew diz na história oficial do MI-5 que a rainha já havia sido informada sobre Blunt em “termos gerais” antes dessa data.

Blunt foi publicamente desmascarado como espião soviético pela primeira-ministra Margaret Thatcher na Câmara dos Comuns em novembro de 1979. Na ocasião, ele foi destituído do título de cavaleiro, mas nunca foi processado. Morreu em 1983, aos 75 anos.

Espiões de Cambridge

Os espiões de Cambridge, grupo do qual Anthony Blunt fez parte, pertenceram ao topo da hierarquia dos serviços secretos da Inglaterra e serviam como agentes duplos na 2.ª Guerra. Dois deles, Donald Maclean e Guy Burgess, fugiram para a Rússia em 1951.

Um terceiro espião, Kim Philby, continuou a trabalhar para a agência de inteligência britânica MI-6, responsável pela espionagem no exterior, mas caiu sob suspeita. Quando as evidências de que ele servia como agente duplo aumentaram, ele foi confrontado por seu amigo e oficial do MI-6, Nicholas Elliot, enquanto serviam em Beirute, em janeiro de 1963.

Os arquivos desclassificados incluem a confissão escrita de Philby e uma transcrição de sua discussão com Elliott.

Nela, Philby admite que havia traído Konstantin Volkov, um oficial da KGB que tentou desertar para o Ocidente em 1945, trazendo consigo detalhes de espiões dentro da inteligência britânica – incluindo o próprio Philby. Como resultado da intervenção de Philby, Volkov foi sequestrado em Istambul, levado de volta para Moscou e executado.

Segundo o relato de Elliott, Philby disse que se pudesse viver a vida novamente, se comportaria da mesma maneira. “Eu realmente senti uma tremenda lealdade ao MI-6. Fui tratado muito, muito bem lá e fiz alguns amigos realmente maravilhosos lá”, disse Philby, de acordo com a transcrição. “Mas a inspiração predominante foi o outro lado.”

Philby disse a Elliott que a escolha que ele enfrentava agora que estava exposto era “entre suicídio e processo”. No fim, ele fugiu para Moscou, onde morreu em 1988.

O grupo, formado por cinco espiões, inspiraram livros, peças de teatro, filmes e séries de TV. Anthony Blunt, o espião historiador de arte, também aparece em um episódio da série The Crown, interpretado por Samuel West.

Abertura progressiva

Arquivos mantidos pelos serviços secretos de inteligência do Reino Unido em geral permanecem classificados por décadas, mas há uma abertura progressiva das agências de inteligência. Alguns dos documentos recém-divulgados serão apresentados em uma exposição, intitulada “MI5: Official Secrets”, no National Archives, em Londres, no final deste ano. /ASSOCIATED PRESS

LONDRES — A rainha Elizabeth II não foi informada durante quase dez anos que o seu conselheiro de arte, Anthony Blunt, havia servido como espião soviético na 2.ª Guerra. Funcionário do Palácio de Buckingham como Inspetor de Imagens da Rainha, Blunt fez parte dos espiões da Universidade de Cambridge, que vazaram segredos da espionagem britânica para a União Soviética.

De acordo com os arquivos das agências de espionagem que tiveram recentemente seu sigilo removido, Blunt foi suspeito por anos até confessar em 1964 que, como oficial do MI-5, ele havia passado informações secretas para agentes soviéticos na década de 30. Os documentos foram divulgados nesta terça-feira, 14, pelo Arquivo Nacional Britânico.

Em um dos arquivos, um oficial do MI-5 observa que Blunt disse que sentiu “profundo alívio” ao desabafar. Em troca das informações na confissão, ele foi autorizado a manter o emprego, o título de cavaleiro e a posição social – e a rainha foi mantida distante dos acontecimentos.

Imagem de arquivo mostra o historiador de arte Anthony Blunt, que serviu como conselheiro de imagens da rainha, ao lado da rainha Elizabeth II. Blunt serviu como agente duplo durante a 2.ª Guerra Foto: via AP

Oito anos depois da confissão, em 1972, o secretário particular de Elizabeth II, Martin Charteris, disse ao chefe do MI-5, Michael Hanley, que “a rainha não sabia e ele não via vantagem em contar a ela sobre isso agora; isso só aumentaria as preocupações dela e não havia nada que pudesse ser feito a respeito disso”.

A monarca foi informada do agente duplo somente no ano seguinte, 1973, quando Blunt estava doente. As autoridades de inteligência temeram a repercussão midiática se ele morresse e os jornais pudessem publicar histórias sem medo de processos de difamação.

Charteris relatou que “ela levou tudo muito calmamente e sem surpresas” e “lembrou que ele estava sob suspeita há muito tempo” no início dos anos 1950. O historiador Christopher Andrew diz na história oficial do MI-5 que a rainha já havia sido informada sobre Blunt em “termos gerais” antes dessa data.

Blunt foi publicamente desmascarado como espião soviético pela primeira-ministra Margaret Thatcher na Câmara dos Comuns em novembro de 1979. Na ocasião, ele foi destituído do título de cavaleiro, mas nunca foi processado. Morreu em 1983, aos 75 anos.

Espiões de Cambridge

Os espiões de Cambridge, grupo do qual Anthony Blunt fez parte, pertenceram ao topo da hierarquia dos serviços secretos da Inglaterra e serviam como agentes duplos na 2.ª Guerra. Dois deles, Donald Maclean e Guy Burgess, fugiram para a Rússia em 1951.

Um terceiro espião, Kim Philby, continuou a trabalhar para a agência de inteligência britânica MI-6, responsável pela espionagem no exterior, mas caiu sob suspeita. Quando as evidências de que ele servia como agente duplo aumentaram, ele foi confrontado por seu amigo e oficial do MI-6, Nicholas Elliot, enquanto serviam em Beirute, em janeiro de 1963.

Os arquivos desclassificados incluem a confissão escrita de Philby e uma transcrição de sua discussão com Elliott.

Nela, Philby admite que havia traído Konstantin Volkov, um oficial da KGB que tentou desertar para o Ocidente em 1945, trazendo consigo detalhes de espiões dentro da inteligência britânica – incluindo o próprio Philby. Como resultado da intervenção de Philby, Volkov foi sequestrado em Istambul, levado de volta para Moscou e executado.

Segundo o relato de Elliott, Philby disse que se pudesse viver a vida novamente, se comportaria da mesma maneira. “Eu realmente senti uma tremenda lealdade ao MI-6. Fui tratado muito, muito bem lá e fiz alguns amigos realmente maravilhosos lá”, disse Philby, de acordo com a transcrição. “Mas a inspiração predominante foi o outro lado.”

Philby disse a Elliott que a escolha que ele enfrentava agora que estava exposto era “entre suicídio e processo”. No fim, ele fugiu para Moscou, onde morreu em 1988.

O grupo, formado por cinco espiões, inspiraram livros, peças de teatro, filmes e séries de TV. Anthony Blunt, o espião historiador de arte, também aparece em um episódio da série The Crown, interpretado por Samuel West.

Abertura progressiva

Arquivos mantidos pelos serviços secretos de inteligência do Reino Unido em geral permanecem classificados por décadas, mas há uma abertura progressiva das agências de inteligência. Alguns dos documentos recém-divulgados serão apresentados em uma exposição, intitulada “MI5: Official Secrets”, no National Archives, em Londres, no final deste ano. /ASSOCIATED PRESS

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