Um juiz investigativo da Espanha convocou nesta terça-feira, 4, a esposa do primeiro-ministro Pedro Sánchez para prestar depoimento como parte de uma investigação em um caso de suposta corrupção e tráfico de influência que o líder socialista classificou como uma “armação grosseira”.
Begoa Gómez deve comparecer ao tribunal de Madri em 5 de julho para responder a perguntas. A investigação é baseada em acusações contra Gómez feitas pelo grupo de extrema direita Manos Limpias, que se descreve como um sindicato.
Gómez está sendo investigada por sua suposta relação comercial com empresas que receberam ajuda do governo. As acusações baseiam-se em supostas ligações de Gómez com o grupo espanhol Globalia, dono da aérea Air Europa, que negociava um socorro do governo durante a pandemia. A denúncia levou o líder socialista a cancelar compromissos públicos e chegar a anunciar que estava considerando renunciar ao cargo.
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A primeira-dama ainda não se manifestou sobre a investigação que foi tornada pública em abril, mas Sánchez repetidamente chamou de “campanha de difamação” para prejudicar o governo de coalizão de esquerda da Espanha, liderado por seu partido socialista.
“Estamos absolutamente calmos”, disse Sánchez. “Não há nada por trás dessas acusações, apenas uma farsa barata criada por grupos de extrema direita”, declarou o primeiro-ministro espanhol em uma carta aos cidadãos publicada na tarde desta terça-feira na rede social X.
Sánchez garantiu que a sua decisão de continuar à frente do governo “está mais firme do que nunca” e que a sua esposa é “uma mulher trabalhadora e honesta que reivindica o seu direito de trabalhar”.
Direita comemora convocação
A oposição de direita comemorou imediatamente a notícia e pediu a renúncia de Sánchez. O presidente de governo deve “assumir sua responsabilidade política imediatamente” e “comunicar à nação qual é sua decisão”, escreveu na rede social X Alberto Nuñez Feijóo, líder do conservador Partido Popular (PP), principal formação de oposição.
“Qualquer presidente de governo com um mínimo de dignidade se demitiria hoje mesmo”, disse aos jornalistas o porta-voz do PP, Borja Sémper. A convocação foi anunciada após o tribunal ter rejeitado, na semana passada, o pedido do Ministério Público para arquivar a investigação, por falta de elementos “suficientes”.
Também teve continuidade apesar de um relatório da Guarda Civil no qual informaram não ter encontrado nenhum crime.
Um tribunal de Madri considerou que havia “indícios de um suposto ato criminoso” e autorizou a continuidade da investigação preliminar./AFP e AP.