Para finalizar um forte discurso na Polônia onde encerra sua viagem à Europa, o presidente americano, Joe Biden, pediu uma mudança de regime na Rússia e disse que Vladimir Putin não pode permanecer no poder. “Pelo amor de Deus, esse homem (Putin) não pode continuar no poder. Deus abençoe a todos, e que Deus defenda nossa liberdade e proteja nossas tropas”, disse Biden, na declaração mais fortes até agora com relação ao presidente russo, que comanda a invasão da Ucrânia.
A Rússia reagiu rapidamente e, segundo o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, essa decisão não cabe ao presidente americano. “Isso (permanência no poder) não deve ser decidido pelo sr. Biden. Deve ser apenas uma escolha do povo da Federação Russa.”
O presidente Biden fez uma denúncia contundente da invasão da Ucrânia por Putin, lançando o confronto militar como o “teste de todos os tempos” em uma batalha de décadas contra forças projetadas para esmagar as revoltas democráticas.
Em um discurso de um castelo que serviu por séculos como lar de monarcas poloneses, Biden traçou uma divisão entre as forças da liberdade e da opressão no mundo. Ele descreveu o confronto com Putin como um momento sobre o qual ele alerta há muito tempo: um choque de ideologias globais concorrentes.
“A escolha da guerra pela Rússia é um exemplo de um dos mais antigos impulsos humanos – usar força bruta e desinformação para satisfazer um desejo de poder e controle absolutos”, declarou ele diante de uma multidão de centenas de pessoas. “Nesta batalha, precisamos ser claros: ela não será vencida em dias ou meses. Precisamos nos fortalecer para a longa luta pela frente.”
O presidente desencadeou usou duras palavras contra Putin pela alegação de que sua invasão visa “desnazificar” a Ucrânia. Biden chamou essa afirmação de “mentira”, observando que o presidente Volodmir Zelenski é judeu e a família de seu pai foi morta no Holocausto. “É apenas cínico. Ele sabe disso. E também é obsceno”, disse Biden.
Biden disse que a guerra na Ucrânia era nada menos que uma extensão da longa história de opressão da União Soviética, que remonta às invasões militares da Hungria, Polônia e antiga Tchecoslováquia nas décadas de 50 e 60 para acabar com os movimentos pró-democracia, após o fim da 2ª Guerra.
Esses países conquistaram sua liberdade da União Soviética, disse ele, ponderando que “a batalha pela democracia não terminou com o fim da Guerra Fria”. “Hoje, a Rússia estrangulou sua democracia e procurou fazê-lo em outros lugares”, disse ele.
O presidente falou diretamente com os moradores da Rússia: ‘Deixe-me dizer isso se você puder ouvir”, disse. “Vocês, o povo russo, não são nossos inimigos.” Ele descreveu os horrores sofridos pelo povo ucraniano durante o mês passado. “Estas não são as ações de uma grande nação.”
‘Compromisso sagrado’
Biden disse também que Moscou sofrerá consequências se suas tropas avançarem “um centímetro” para dentro do território da Otan. Mais cedo, o presidente já havia dito que o compromisso dos Estados Unidos com os aliados da Otan era “sagrado”. Biden também se referiu a Putin com um “carniceiro” pelos assassinatos cruéis cometidos sob suas ordens nas cidades ucranianas.
“Os dias de qualquer nação sujeita aos caprichos de um tirano por suas necessidades energéticas acabaram – eles devem acabar”, diz Biden, pedindo aos aliados europeus que parem de depender da energia russa. O governo disse que ajudará os aliados a garantir mais 15 bilhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito.
Segundo Biden, a guerra já se tornou um “fracasso estratégico para a Rússia” em seu primeiro mês e que “o rublo foi reduzido a escombros”. O líder americano também enviou ao povo russo a mensagem de que “eles não são inimigos” dos EUA e que Putin devolveu seu país “ao século 19″./NYT e AP