O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com a viúva e a filha de Alexei Navalni, na quinta-feira, 22, em São Francisco, Califórnia, e expressou suas condolências depois que a equipe do líder da oposição russa disse que a certidão de óbito oficial registrou sua morte na prisão como sendo devida a " causas naturais”.
A família de Navalni e sua equipe dizem que ele foi assassinado e que as autoridades se recusaram até agora a liberar o corpo para esconder evidências.
Biden disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é “responsável pela morte de Navalni” e falou para Yulia e Daria, a viúva e a filha, que ele iria anunciar novas sanções nesta sexta-feira, 23, para responsabilizar a Rússia.
Um comunicado da Casa Branca disse que Biden expressou sua admiração por Navalni por sua “coragem extraordinária e seu legado em lutar contra corrupção e por uma Rússia livre e democrática na qual o Estado de direito se aplique igualmente a todos”.
O legado de Navalni, disse Biden, continuaria por meio de pessoas em toda a Rússia e em todo o mundo que lamentam a sua perda e lutam pela liberdade, pela democracia e pelos direitos humanos.
Funeral privado
Mais cedo na quinta-feira, a mãe de Navalni disse que que as autoridades russas tentaram chantageá-la para fazer um funeral privado ao filho, depois de ela finalmente ter sido autorizada a ver o corpo dele, pela primeira vez desde sua morta na última sexta-feira, 16.
Liudmila Navalnaya, de 69 anos, cujo filho era o maior rival de Putin, disse em um vídeo publicado no YouTube que o Comitê de Investigação da cidade de Salekhard, no norte da Rússia, perto da prisão onde ele morreu, ainda estava se recusando a liberar o corpo para ela, enquanto a pressionava por um funeral secreto.
De acordo com o relato de Liudmila, um funcionário do Comitê de Investigação de Salekhard adotou uma abordagem dura ao tentar forçar seu acordo, alertando-a de que o corpo de seu filho iria se decompor se ela não concordasse com os termos do comitê. As autoridades emitira a ela uma certidão de óbito afirmando que Navalni morreu de “causas naturais”, disse a secretária de imprensa de Navalni, Kira Yarmysh.
Um assessor de Navalni disse que funcionários do Comitê de Investigação ofereceram um avião para levar o corpo do ativista para Moscou – mas apenas se os familiares mantivessem o silêncio, para evitar que multidões de apoiadores se aglomerassem no aeroporto.
A luta das autoridades para impedir um funeral público indica o medo do Kremlin de que o enterro possa se tornar um foco para os apoiadores de Navalni, centenas dos quais arriscaram ser presos em cidades de toda a Rússia para prestarem homenagens, depositando flores em memoriais improvisados.
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Viúva corre risco de prisão
Enquanto isso, propagandistas da televisão estatal russa afirmaram na quinta-feira que Yulia Navalnaya poderá ser presa se retornar à Rússia. Yulia Navalnaya prometeu continuar a cruzada de seu marido pela democracia na Rússia e, em uma postagem na quarta-feira no X ela acusou sem rodeios o líder russo de matá-lo. “Putin matou Alexei”, escreveu ela.
Em um sinal de apreensão entre os apoiadores de Putin – e talvez do Kremlin – Yulia Navalnaya tornou-se alvo de uma onda de desinformação, com postagens nas redes sociais dizendo que ela não conseguiu esconder um sorriso quando apareceu na Conferência de Segurança de Munique, pouco depois de receber a notícia de que ele havia morrido.
Desde então, outras postagens falsas de figuras pró-Kremlin no Telegram e no X a acusaram de “traí-lo” ou de ter um caso.
Os primeiros ataques russos a Navalnaya precederam o seu anúncio em vídeo na segunda-feira, 19, de que pretendia continuar o trabalho do seu marido resistindo ao regime de Putin, e a sua acusação de que o líder russo o tinha envenenado./Com informações de Washington Post.