Os Estados Unidos vão enviar um pacote de segurança adicional de ajuda para a Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea que há muito têm sido solicitados e munições de artilharia, de acordo com um anúncio feito pela Casa Branca na quarta-feira, 24.
O anúncio coincidiu com uma revelação paralela de fontes do governo americano que, no último mês, o Pentágono secretamente enviou para a Ucrânia mísseis poderosos de longo alcance, que foram usados recentemente para atacar uma basea aérea russa na Crimeia.
Juntas, as medidas parecem sugerir que Washington, tendo passado por um período amargo de paralisia política, está pronta para revigorar sua iniciativa expansiva ajuda para apoiar e sustentar as forças armadas da Ucrânia durante a guerra.
Autoridades disseram que os elementos do novo pacote, que é estimado em US$ 1 bilhão, iria chegar ao campo de batalha em alguns dias. O Pentágono, tendo previsto que os legisladores dariam fim ao impasse, sinalizou nos últimos dias que estava trabalhando atrás das cenas para preparar o pacote.
O pacote de quarta-feira faz parte do projeto de lei de gastos maior de US$ 61 bilhões para a Ucrânia, recentemente autorizado pelo Congresso. Ele fornece financiamento ao Departamento de Defesa para agrupar e enviar armas, munições e equipamento dos estoques militares existentes dos EUA, e depois reabastecer esses inventários com novas compras de empresas nacionais. Também inclui fundos para comprar armas diretamente para Kiev.
O presidente dos EUA, Joe Biden, em comentários na manhã de quarta-feira, disse que os envios começariam nas “próximas horas” e culpou um contingente do Partido Republicano por causar o que ele caracterizou como um atraso perigoso.
“Enquanto os republicanos do Maga (o movimento ‘Make America Great Again’) estavam bloqueado a ajuda, a Ucrânia estava ficando sem projéteis de artilharia e munição”, disse Biden, observando que os aliados de Moscou na China, no Irã e na Coreia do Norte têm ajudado as tropas russas na guerra, com armamentos e material.
Rússia tem ganhos lentos
É improvável que a assistência renovada dos EUA, sozinha, ajude a pender a balança para o lado de Kiev. Mas a infusão de munição de artilharia, em particular, será bem-vinda no front, onde unidades do exército ucraniano — forçadas a racionar os estoques cada vez menores — se instalaram e procuraram conter o avanço da Rússia.
Obus fornecidos pelo Ocidente têm sido usados para ajudar a atenuar os esforços para romper as suas linhas e localizar as formações russas. As tropas ucranianas também usaram foguetes de artilharia fornecidos pelos EUA para destruir postos de comando e equipamentos estacionados além das linhas de frente.
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O reabastecimento das defesas aéreas ucranianas irá ajudar a proteger as cidades e infraestruturas devastadas, que têm sido alvo de ataques implacáveis de mísseis e drones russos.
A Rússia, enquanto isso, auxiliada pelo reabastecimento de seus próprios equipamentos, tem tido ganhos lentos em Donetsk, consolidando-se em torno da cidade de Chasiv Yar. A tomada de Chasiv Yar permitiria às forças de Moscou lançar ataques a partir de terrenos elevados, ameaçando cidades maiores, importantes para a defesa e abastecimento da Ucrânia.
Autoridades dos EUA disseram que prevêem um ano difícil pela frente, no qual a Ucrânia tentará segurar as forças russas enquanto prepara as suas próprias unidades para voltarem à ofensiva no futuro. Eles dizem que as prioridades de Kiev incluem manter áreas contestadas no norte e no leste do país, manter a sua via comercial no Mar Negro e reduzir a capacidade de Moscou de atacar a partir do sul, mantendo a pressão sobre os seus amplos ativos militares na Crimeia.
No centro disso, aparece a recém-revelada transferência secreta de mísseis de longo alcance ATACMS, que podem atingir até 300 quilômetros. Esse tipo de míssil tem estado entre os itens que Kiev mais desejava, porque podem atingir as profundezas do território controlado pela Rússia e atingir algumas das maiores ameaças de Mosvou, incluindo instalações de lançamento de drones e campos de aviação.
Enquanto Moscou tem reconstituído suas forças e pressionado as posições ucranianas ao longo de uma série de frentes, suas forças aparecem incapazes de avançar de forma significativa. Por exemplo, as tropas russas falharam em aproveitar a iniciativa iniciativa e ir mais adiante nas linhas ucranianas depois de capturarem a importante cidade de Avdiivka este ano, disse um oficial do governo dos EUA.
Mesmo assim, os reveses no campo de batalha de Kiev, alguns dos quais devidos à lacuna de ajuda dos EUA, sugerem expectativas modestas em Washington. “Eu não acho que a Ucrânia está em uma posição onde seja provável de recuperar um território significativo nos próximos meses”, disse o oficial, que falou sob condição de anonimato.
O que tem no pacote enviado à Ucrânia
O inventário de armas divulgado na quarta-feira destaca as necessidades urgentes e duradouras da Ucrânia. Os EUA irão fornecer Stinger e outras munições, incluindo mísseis anti-navio, que os ucranianos adaptaram para lançamento a partir de sistemas da era soviética que continuam usando. O Pentágono também enviará veículos de combate Bradley, transportadores blindados de pessoal e Humvees.
O reabastecimento de armas antiblindadas chegará à medida que as forças russas fizerem avanços e ajustes táticos ao longo das linhas de frente. Mais veículos foram usados em ataques a posições ucranianas em comparação com seis meses atrás, disse recentemente ao Washington Post um vice-comandante de batalhão perto de Chasiv Yar..
O pacote dos EUA também inclui mísseis TOW, que podem ser usados com lançadores fixos ou no topo de veículos, além de mísseis antitanque Javelin e sistemas antiblindados AT-4 de fabricação sueca, que podem ajudar a fornecer defesas em camadas contra blindados russos. A ajuda ainda inclui munição para armas leves, incluindo cartuchos calibre 50 para abater drones.
O novo pacote de ajuda está entre os maiores que os Estados Unidos forneceram à Ucrânia desdeo início da guerra, em 2022. A última transferência de armas de Washington, incluindo o fornecimento secreto de ATACMS, totalizou US$ 300 milhões. Essa remessa foi decidida em março, depois de o Pentágono ter identificado “economias de custos imprevistas” em recentes contratos de armas.