WASHINGTON - As agências de inteligência dos Estados Unidos estão monitorando de perto os locais suspeitos de armazenamento de armas químicas na Síria, procurando indícios de que as forças leais ao presidente Bashar Assad estejam se preparando para usá-las contra o rebeldes da milícia jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) que tomaram a capital, Damasco, nas últimas horas.
A avaliação é de que as forças de Assad mantiveram estoques limitados de armas químicas, incluindo munições carregadas com gás sarin, e havia uma preocupação de que o governo possa empregá-las como parte de um último esforço para impedir que os rebeldes tomem o poder no país, revelaram fontes sob condição de anonimato.
O governo Assad tem usado repetidamente armas químicas, incluindo gases e ataques com cloro, contra os rebeldes durante os 13 anos de guerra civil, de acordo com avaliações de monitores de direitos humanos, dos Estados Unidos e outros.
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Os principais aliados árabes dos Estados Unidos querem manter Assad no poder porque temem que, com os grupos rebeldes no controle, o país poderá se tornar um refúgio mais perigoso para o terrorismo. Embora muitos desses aliados tenham se oposto ao governo Assad no passado, eles o veem uma melhor alternativa do que a liderada pelos rebeldes, disse um alto funcionário do governo Biden.
Os assessores do presidente Biden deixaram claro nos últimos dias que os Estados Unidos não têm intenção de intervir na situação da Síria, seja em apoio aos rebeldes ou a Bashar Assad.
Mensagem reforçada por Trump
A intenção foi reforça pelo presidente eleito, Donald Trump, que escreveu no X, antigo Twitter: “A Síria está uma bagunça, mas não é nossa amiga, e os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isso. Essa luta não é nossa. Deixem que ela se desenrola. Não se envolvam!.”
Quando as agências de inteligência americana pensaram pela última vez que os rebeldes ameaçavam o governo Assad, em 2015, o presidente russo Vladimir Putin enviou aviões de guerra para a Síria. Embora as agências acreditem que Putin queira manter o Assad no poder, ele parece ter menos capacidade de fazer isso agora, pois dedicou uma grande porcentagem dos recursos militares à guerra na Ucrânia.
Também não está claro se a inteligência americana conseguirá avisar a Biden e seus principais assessores com antecedência se as forças do governo Assad estiverem planejando lançar um grande ataque com armas químicas.
Antes de um notório ataque com sarin em agosto de 2013, as agências captaram sinais de alerta, incluindo mensagens codificadas para uma unidade síria especial para trazer os “grandes” e colocar máscaras de gás. No entanto, as interceptações não foram traduzidas para o inglês imediatamente, de modo que os principais assessores do então presidente Barack Obama não sabiam o que a Síria estava planejando até o início do ataque.
Apesar dos esforços contínuos dos inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), sediada em Haia, para livrar a Síria das armas químicas, as agências dos EUA acreditam que Assad manteve alguns estoques das munições e que suas forças as mantêm em um número limitado de locais de armazenamento.