Estoque de armas disponíveis para a Ucrânia diminui e Otan busca países para fazer novos envios


Secretários de defesa da aliança militar consultam países e mudam políticas internacionais para obter armas compatíveis com o treinamento do exército ucraniano, cada vez mais difíceis de obter

Por Lara Jakes
Atualização:

Os ataques russos que atingiram alvos civis em toda a Ucrânia esta semana provocaram imediatamente novas promessas de mais armas e munições pelos aliados de Kiev. Os Estados Unidos prometeram mais sistemas de mísseis de defesa aérea e a Alemanha disse que enviaria proteções semelhantes “nos próximos dias”. O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que o apoio à luta da Ucrânia contra a Rússia continuará “pelo tempo que for necessário”.

Mas, apesar de todas as promessas, um problema persiste. A Ucrânia também precisa de mais armas semelhantes às russas, as quais seu exército tem treinamento para usar, mas o estoque global disponível delas está acabando.

Para conseguir essas armas, os EUA e outros aliados têm vasculhado o mundo, procurando fornecedores preparados em uma caçada que expôs tanto o potencial como as armadilhas de liberar estoques de armas de padrão russo e de estilo soviético para serem usadas pela Ucrânia.

continua após a publicidade
Veículo Himars em uma estrada do leste da Ucrânia, em imagem do dia 1º de julho. Armamento foi enviado pelos EUA para o exército ucraniano Foto: Anastasia Vlasova/Washington Post

Houve alguns êxitos. A Finlândia, que lida há muito tempo com os melindres de seu vizinho russo, está enviando para a Ucrânia algumas armas de estilo soviético, incluindo munições e armas compatíveis com o fuzil AK-47. A Coreia do Sul está fornecendo coletes à prova de balas, capacetes, equipamento médico e outras ajudas de defesa.

Outros países, como Camboja, Congo, Ruanda, México, Colômbia e Peru, receberam recentemente a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa meticulosa campanha diplomática nos bastidores em países que demonstraram apoio à Ucrânia, mas ainda relutam em fornecer ajuda letal.

continua após a publicidade

E depois tem o Chipre, que apresentou uma visão peculiar das dificuldades de dar conta da demanda urgente de armas que as tropas ucranianas estão perdendo mais rápido do que podem ser fornecidas, enquanto recuperam grandes faixas de território e fazem os russos recuarem.

Até este mês, o Chipre estava sob um embargo de armas dos EUA há 35 anos, imposto para ajudar a conter as tensões depois que um conflito deixou a ilha amargamente dividida entre um governo apoiado pela Grécia e uma parte ainda controlada pela Turquia – ambos membros da Otan.

continua após a publicidade

Naquela época, o Chipre recorreu à União Soviética e, depois, à Rússia para conseguir armas e equipamentos militares. Hoje, o estoque do país de pelo menos 10 sistemas de mísseis de defesa aérea Tor e Buk, capazes de derrubar aeronaves, drones e mísseis de cruzeiro russos, poderia proporcionar uma bonança para um exército ucraniano em apuros.

Mas o governo cipriota deixou claro que quer novas e melhores reposições, algo que poderia contrariar a Turquia e reacender uma corrida armamentista no conflito ainda não resolvido. Mesmo assim, em 1º de outubro, o governo Biden retirou formalmente o embargo, permitindo que o Chipre comprasse armas americanas.

As autoridades dos EUA disseram que a medida está em vigor há muitos anos e que pretende afastar o Chipre da influência russa. Entretanto, um oficial americano, falando sob condição de anonimato para se referir a uma questão diplomática delicada, disse que o Chipre agora era “uma possível opção” de fornecedor [de armas] para a Ucrânia.

continua após a publicidade

O Chipre “estaria pronto para considerar” transferir algumas de suas armas e munições para a Ucrânia se elas fossem “substituídas por outros aparatos militares de igual potência e funcionalidades”, disse Marios Pelekanos, porta-voz do governo, em um comunicado ao New York Times.

Ele citou inúmeras reuniões com autoridades dos EUA nos últimos meses, durante as quais “também discutimos essa possibilidade”.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu reforçar suas tropas no norte do Chipre com mais armas conforme o embargo dos EUA for retirado.

continua após a publicidade

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse na terça-feira que “apoiamos as contribuições adicionais para dar à Ucrânia o apoio contínuo de que precisa para se defender”, mas não comentaria conversas diplomáticas com nações específicas, entre elas o Chipre.

Encontro dos chefes de defesa dos países-membro da Otan nesta quarta-feira, 12, em Bruxelas Foto: Yves Herman/Reuters

Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski pediu aos aliados para acelerar a entrega dos sistemas de defesa aérea para o seu país transformando-a “na prioridade número 1 atual”. As nações da OTAN já se comprometeram a enviar à Ucrânia bilhões de dólares em armas ocidentais sofisticadas – incluindo cerca de US$ 17 bilhões apenas dos EUA.

continua após a publicidade

A Rússia está respondendo comprando artilharia da Coreia do Norte e, de forma considerável, drones militares do Irã, que bombardearam cidades do sul da Ucrânia e, na semana passada, atingiram uma cidade a cerca de 80 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia. Dezenas de países têm tentado se manter neutros, inclusive a China e a Índia, que são os dois maiores clientes de armas da Rússia, mas que na segunda-feira renovaram os pedidos de desescalada do conflito após os ataques com mísseis de Moscou.

As nações do leste Europeu, muitas das quais já foram Estados satélites da União Soviética, mas hoje são países-membros da OTAN, têm enviado com afinco equipamentos de padrão russo para a Ucrânia desde fevereiro: tanques e munições de artilharia da República Tcheca, obuses da Estônia, helicópteros da Letônia e da Eslováquia, e veículos de combate de infantaria anfíbia e milhares de mísseis Grad de calibre 122 mm da Polônia.

Segundo os dados disponíveis mais recentes, de terça-feira, a Polônia era o quarto maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, seguida por EUA, Reino Unido e a União Europeia, de acordo com uma base de dados de compromissos públicos compilados pelo Instituto Kiel, com sede na Alemanha. No entanto, a Polônia, assim como as demais nações do leste Europeu, não pode dar seu arsenal remanescente de armas de estilo soviético sem arriscar a própria defesa e quer ver outros países aumentarem sua oferta, disse uma autoridade da defesa polonesa.

As negociações entre os aliados para compartilhar peças, munições e outros equipamentos e para incentivar os fabricantes de aparatos de defesa a aumentar a produção continuam, inclusive numa reunião envolvendo figuras importantes na sede da Otan em Bruxelas esta semana. Mas os acordos para venda e compra de armas podem levar meses, quando não anos, para serem concluídos.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira que será solicitado aos ministros da Defesa que decidam a melhor forma de reabastecer com rapidez os estoques dos Estados-membros, enquanto ainda estão fornecendo à Ucrânia uma grande variedade de armas – não apenas sistemas de defesa aérea, como também mais artilharia, tanques blindados e munições, disse ele.

“Eles precisam de quase tudo e os aliados estão oferecendo um apoio sem precedentes”, disse Stoltenberg em Bruxelas. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Os ataques russos que atingiram alvos civis em toda a Ucrânia esta semana provocaram imediatamente novas promessas de mais armas e munições pelos aliados de Kiev. Os Estados Unidos prometeram mais sistemas de mísseis de defesa aérea e a Alemanha disse que enviaria proteções semelhantes “nos próximos dias”. O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que o apoio à luta da Ucrânia contra a Rússia continuará “pelo tempo que for necessário”.

Mas, apesar de todas as promessas, um problema persiste. A Ucrânia também precisa de mais armas semelhantes às russas, as quais seu exército tem treinamento para usar, mas o estoque global disponível delas está acabando.

Para conseguir essas armas, os EUA e outros aliados têm vasculhado o mundo, procurando fornecedores preparados em uma caçada que expôs tanto o potencial como as armadilhas de liberar estoques de armas de padrão russo e de estilo soviético para serem usadas pela Ucrânia.

Veículo Himars em uma estrada do leste da Ucrânia, em imagem do dia 1º de julho. Armamento foi enviado pelos EUA para o exército ucraniano Foto: Anastasia Vlasova/Washington Post

Houve alguns êxitos. A Finlândia, que lida há muito tempo com os melindres de seu vizinho russo, está enviando para a Ucrânia algumas armas de estilo soviético, incluindo munições e armas compatíveis com o fuzil AK-47. A Coreia do Sul está fornecendo coletes à prova de balas, capacetes, equipamento médico e outras ajudas de defesa.

Outros países, como Camboja, Congo, Ruanda, México, Colômbia e Peru, receberam recentemente a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa meticulosa campanha diplomática nos bastidores em países que demonstraram apoio à Ucrânia, mas ainda relutam em fornecer ajuda letal.

E depois tem o Chipre, que apresentou uma visão peculiar das dificuldades de dar conta da demanda urgente de armas que as tropas ucranianas estão perdendo mais rápido do que podem ser fornecidas, enquanto recuperam grandes faixas de território e fazem os russos recuarem.

Até este mês, o Chipre estava sob um embargo de armas dos EUA há 35 anos, imposto para ajudar a conter as tensões depois que um conflito deixou a ilha amargamente dividida entre um governo apoiado pela Grécia e uma parte ainda controlada pela Turquia – ambos membros da Otan.

Naquela época, o Chipre recorreu à União Soviética e, depois, à Rússia para conseguir armas e equipamentos militares. Hoje, o estoque do país de pelo menos 10 sistemas de mísseis de defesa aérea Tor e Buk, capazes de derrubar aeronaves, drones e mísseis de cruzeiro russos, poderia proporcionar uma bonança para um exército ucraniano em apuros.

Mas o governo cipriota deixou claro que quer novas e melhores reposições, algo que poderia contrariar a Turquia e reacender uma corrida armamentista no conflito ainda não resolvido. Mesmo assim, em 1º de outubro, o governo Biden retirou formalmente o embargo, permitindo que o Chipre comprasse armas americanas.

As autoridades dos EUA disseram que a medida está em vigor há muitos anos e que pretende afastar o Chipre da influência russa. Entretanto, um oficial americano, falando sob condição de anonimato para se referir a uma questão diplomática delicada, disse que o Chipre agora era “uma possível opção” de fornecedor [de armas] para a Ucrânia.

O Chipre “estaria pronto para considerar” transferir algumas de suas armas e munições para a Ucrânia se elas fossem “substituídas por outros aparatos militares de igual potência e funcionalidades”, disse Marios Pelekanos, porta-voz do governo, em um comunicado ao New York Times.

Ele citou inúmeras reuniões com autoridades dos EUA nos últimos meses, durante as quais “também discutimos essa possibilidade”.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu reforçar suas tropas no norte do Chipre com mais armas conforme o embargo dos EUA for retirado.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse na terça-feira que “apoiamos as contribuições adicionais para dar à Ucrânia o apoio contínuo de que precisa para se defender”, mas não comentaria conversas diplomáticas com nações específicas, entre elas o Chipre.

Encontro dos chefes de defesa dos países-membro da Otan nesta quarta-feira, 12, em Bruxelas Foto: Yves Herman/Reuters

Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski pediu aos aliados para acelerar a entrega dos sistemas de defesa aérea para o seu país transformando-a “na prioridade número 1 atual”. As nações da OTAN já se comprometeram a enviar à Ucrânia bilhões de dólares em armas ocidentais sofisticadas – incluindo cerca de US$ 17 bilhões apenas dos EUA.

A Rússia está respondendo comprando artilharia da Coreia do Norte e, de forma considerável, drones militares do Irã, que bombardearam cidades do sul da Ucrânia e, na semana passada, atingiram uma cidade a cerca de 80 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia. Dezenas de países têm tentado se manter neutros, inclusive a China e a Índia, que são os dois maiores clientes de armas da Rússia, mas que na segunda-feira renovaram os pedidos de desescalada do conflito após os ataques com mísseis de Moscou.

As nações do leste Europeu, muitas das quais já foram Estados satélites da União Soviética, mas hoje são países-membros da OTAN, têm enviado com afinco equipamentos de padrão russo para a Ucrânia desde fevereiro: tanques e munições de artilharia da República Tcheca, obuses da Estônia, helicópteros da Letônia e da Eslováquia, e veículos de combate de infantaria anfíbia e milhares de mísseis Grad de calibre 122 mm da Polônia.

Segundo os dados disponíveis mais recentes, de terça-feira, a Polônia era o quarto maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, seguida por EUA, Reino Unido e a União Europeia, de acordo com uma base de dados de compromissos públicos compilados pelo Instituto Kiel, com sede na Alemanha. No entanto, a Polônia, assim como as demais nações do leste Europeu, não pode dar seu arsenal remanescente de armas de estilo soviético sem arriscar a própria defesa e quer ver outros países aumentarem sua oferta, disse uma autoridade da defesa polonesa.

As negociações entre os aliados para compartilhar peças, munições e outros equipamentos e para incentivar os fabricantes de aparatos de defesa a aumentar a produção continuam, inclusive numa reunião envolvendo figuras importantes na sede da Otan em Bruxelas esta semana. Mas os acordos para venda e compra de armas podem levar meses, quando não anos, para serem concluídos.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira que será solicitado aos ministros da Defesa que decidam a melhor forma de reabastecer com rapidez os estoques dos Estados-membros, enquanto ainda estão fornecendo à Ucrânia uma grande variedade de armas – não apenas sistemas de defesa aérea, como também mais artilharia, tanques blindados e munições, disse ele.

“Eles precisam de quase tudo e os aliados estão oferecendo um apoio sem precedentes”, disse Stoltenberg em Bruxelas. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Os ataques russos que atingiram alvos civis em toda a Ucrânia esta semana provocaram imediatamente novas promessas de mais armas e munições pelos aliados de Kiev. Os Estados Unidos prometeram mais sistemas de mísseis de defesa aérea e a Alemanha disse que enviaria proteções semelhantes “nos próximos dias”. O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que o apoio à luta da Ucrânia contra a Rússia continuará “pelo tempo que for necessário”.

Mas, apesar de todas as promessas, um problema persiste. A Ucrânia também precisa de mais armas semelhantes às russas, as quais seu exército tem treinamento para usar, mas o estoque global disponível delas está acabando.

Para conseguir essas armas, os EUA e outros aliados têm vasculhado o mundo, procurando fornecedores preparados em uma caçada que expôs tanto o potencial como as armadilhas de liberar estoques de armas de padrão russo e de estilo soviético para serem usadas pela Ucrânia.

Veículo Himars em uma estrada do leste da Ucrânia, em imagem do dia 1º de julho. Armamento foi enviado pelos EUA para o exército ucraniano Foto: Anastasia Vlasova/Washington Post

Houve alguns êxitos. A Finlândia, que lida há muito tempo com os melindres de seu vizinho russo, está enviando para a Ucrânia algumas armas de estilo soviético, incluindo munições e armas compatíveis com o fuzil AK-47. A Coreia do Sul está fornecendo coletes à prova de balas, capacetes, equipamento médico e outras ajudas de defesa.

Outros países, como Camboja, Congo, Ruanda, México, Colômbia e Peru, receberam recentemente a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa meticulosa campanha diplomática nos bastidores em países que demonstraram apoio à Ucrânia, mas ainda relutam em fornecer ajuda letal.

E depois tem o Chipre, que apresentou uma visão peculiar das dificuldades de dar conta da demanda urgente de armas que as tropas ucranianas estão perdendo mais rápido do que podem ser fornecidas, enquanto recuperam grandes faixas de território e fazem os russos recuarem.

Até este mês, o Chipre estava sob um embargo de armas dos EUA há 35 anos, imposto para ajudar a conter as tensões depois que um conflito deixou a ilha amargamente dividida entre um governo apoiado pela Grécia e uma parte ainda controlada pela Turquia – ambos membros da Otan.

Naquela época, o Chipre recorreu à União Soviética e, depois, à Rússia para conseguir armas e equipamentos militares. Hoje, o estoque do país de pelo menos 10 sistemas de mísseis de defesa aérea Tor e Buk, capazes de derrubar aeronaves, drones e mísseis de cruzeiro russos, poderia proporcionar uma bonança para um exército ucraniano em apuros.

Mas o governo cipriota deixou claro que quer novas e melhores reposições, algo que poderia contrariar a Turquia e reacender uma corrida armamentista no conflito ainda não resolvido. Mesmo assim, em 1º de outubro, o governo Biden retirou formalmente o embargo, permitindo que o Chipre comprasse armas americanas.

As autoridades dos EUA disseram que a medida está em vigor há muitos anos e que pretende afastar o Chipre da influência russa. Entretanto, um oficial americano, falando sob condição de anonimato para se referir a uma questão diplomática delicada, disse que o Chipre agora era “uma possível opção” de fornecedor [de armas] para a Ucrânia.

O Chipre “estaria pronto para considerar” transferir algumas de suas armas e munições para a Ucrânia se elas fossem “substituídas por outros aparatos militares de igual potência e funcionalidades”, disse Marios Pelekanos, porta-voz do governo, em um comunicado ao New York Times.

Ele citou inúmeras reuniões com autoridades dos EUA nos últimos meses, durante as quais “também discutimos essa possibilidade”.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu reforçar suas tropas no norte do Chipre com mais armas conforme o embargo dos EUA for retirado.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse na terça-feira que “apoiamos as contribuições adicionais para dar à Ucrânia o apoio contínuo de que precisa para se defender”, mas não comentaria conversas diplomáticas com nações específicas, entre elas o Chipre.

Encontro dos chefes de defesa dos países-membro da Otan nesta quarta-feira, 12, em Bruxelas Foto: Yves Herman/Reuters

Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski pediu aos aliados para acelerar a entrega dos sistemas de defesa aérea para o seu país transformando-a “na prioridade número 1 atual”. As nações da OTAN já se comprometeram a enviar à Ucrânia bilhões de dólares em armas ocidentais sofisticadas – incluindo cerca de US$ 17 bilhões apenas dos EUA.

A Rússia está respondendo comprando artilharia da Coreia do Norte e, de forma considerável, drones militares do Irã, que bombardearam cidades do sul da Ucrânia e, na semana passada, atingiram uma cidade a cerca de 80 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia. Dezenas de países têm tentado se manter neutros, inclusive a China e a Índia, que são os dois maiores clientes de armas da Rússia, mas que na segunda-feira renovaram os pedidos de desescalada do conflito após os ataques com mísseis de Moscou.

As nações do leste Europeu, muitas das quais já foram Estados satélites da União Soviética, mas hoje são países-membros da OTAN, têm enviado com afinco equipamentos de padrão russo para a Ucrânia desde fevereiro: tanques e munições de artilharia da República Tcheca, obuses da Estônia, helicópteros da Letônia e da Eslováquia, e veículos de combate de infantaria anfíbia e milhares de mísseis Grad de calibre 122 mm da Polônia.

Segundo os dados disponíveis mais recentes, de terça-feira, a Polônia era o quarto maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, seguida por EUA, Reino Unido e a União Europeia, de acordo com uma base de dados de compromissos públicos compilados pelo Instituto Kiel, com sede na Alemanha. No entanto, a Polônia, assim como as demais nações do leste Europeu, não pode dar seu arsenal remanescente de armas de estilo soviético sem arriscar a própria defesa e quer ver outros países aumentarem sua oferta, disse uma autoridade da defesa polonesa.

As negociações entre os aliados para compartilhar peças, munições e outros equipamentos e para incentivar os fabricantes de aparatos de defesa a aumentar a produção continuam, inclusive numa reunião envolvendo figuras importantes na sede da Otan em Bruxelas esta semana. Mas os acordos para venda e compra de armas podem levar meses, quando não anos, para serem concluídos.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira que será solicitado aos ministros da Defesa que decidam a melhor forma de reabastecer com rapidez os estoques dos Estados-membros, enquanto ainda estão fornecendo à Ucrânia uma grande variedade de armas – não apenas sistemas de defesa aérea, como também mais artilharia, tanques blindados e munições, disse ele.

“Eles precisam de quase tudo e os aliados estão oferecendo um apoio sem precedentes”, disse Stoltenberg em Bruxelas. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Os ataques russos que atingiram alvos civis em toda a Ucrânia esta semana provocaram imediatamente novas promessas de mais armas e munições pelos aliados de Kiev. Os Estados Unidos prometeram mais sistemas de mísseis de defesa aérea e a Alemanha disse que enviaria proteções semelhantes “nos próximos dias”. O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que o apoio à luta da Ucrânia contra a Rússia continuará “pelo tempo que for necessário”.

Mas, apesar de todas as promessas, um problema persiste. A Ucrânia também precisa de mais armas semelhantes às russas, as quais seu exército tem treinamento para usar, mas o estoque global disponível delas está acabando.

Para conseguir essas armas, os EUA e outros aliados têm vasculhado o mundo, procurando fornecedores preparados em uma caçada que expôs tanto o potencial como as armadilhas de liberar estoques de armas de padrão russo e de estilo soviético para serem usadas pela Ucrânia.

Veículo Himars em uma estrada do leste da Ucrânia, em imagem do dia 1º de julho. Armamento foi enviado pelos EUA para o exército ucraniano Foto: Anastasia Vlasova/Washington Post

Houve alguns êxitos. A Finlândia, que lida há muito tempo com os melindres de seu vizinho russo, está enviando para a Ucrânia algumas armas de estilo soviético, incluindo munições e armas compatíveis com o fuzil AK-47. A Coreia do Sul está fornecendo coletes à prova de balas, capacetes, equipamento médico e outras ajudas de defesa.

Outros países, como Camboja, Congo, Ruanda, México, Colômbia e Peru, receberam recentemente a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa meticulosa campanha diplomática nos bastidores em países que demonstraram apoio à Ucrânia, mas ainda relutam em fornecer ajuda letal.

E depois tem o Chipre, que apresentou uma visão peculiar das dificuldades de dar conta da demanda urgente de armas que as tropas ucranianas estão perdendo mais rápido do que podem ser fornecidas, enquanto recuperam grandes faixas de território e fazem os russos recuarem.

Até este mês, o Chipre estava sob um embargo de armas dos EUA há 35 anos, imposto para ajudar a conter as tensões depois que um conflito deixou a ilha amargamente dividida entre um governo apoiado pela Grécia e uma parte ainda controlada pela Turquia – ambos membros da Otan.

Naquela época, o Chipre recorreu à União Soviética e, depois, à Rússia para conseguir armas e equipamentos militares. Hoje, o estoque do país de pelo menos 10 sistemas de mísseis de defesa aérea Tor e Buk, capazes de derrubar aeronaves, drones e mísseis de cruzeiro russos, poderia proporcionar uma bonança para um exército ucraniano em apuros.

Mas o governo cipriota deixou claro que quer novas e melhores reposições, algo que poderia contrariar a Turquia e reacender uma corrida armamentista no conflito ainda não resolvido. Mesmo assim, em 1º de outubro, o governo Biden retirou formalmente o embargo, permitindo que o Chipre comprasse armas americanas.

As autoridades dos EUA disseram que a medida está em vigor há muitos anos e que pretende afastar o Chipre da influência russa. Entretanto, um oficial americano, falando sob condição de anonimato para se referir a uma questão diplomática delicada, disse que o Chipre agora era “uma possível opção” de fornecedor [de armas] para a Ucrânia.

O Chipre “estaria pronto para considerar” transferir algumas de suas armas e munições para a Ucrânia se elas fossem “substituídas por outros aparatos militares de igual potência e funcionalidades”, disse Marios Pelekanos, porta-voz do governo, em um comunicado ao New York Times.

Ele citou inúmeras reuniões com autoridades dos EUA nos últimos meses, durante as quais “também discutimos essa possibilidade”.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu reforçar suas tropas no norte do Chipre com mais armas conforme o embargo dos EUA for retirado.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse na terça-feira que “apoiamos as contribuições adicionais para dar à Ucrânia o apoio contínuo de que precisa para se defender”, mas não comentaria conversas diplomáticas com nações específicas, entre elas o Chipre.

Encontro dos chefes de defesa dos países-membro da Otan nesta quarta-feira, 12, em Bruxelas Foto: Yves Herman/Reuters

Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski pediu aos aliados para acelerar a entrega dos sistemas de defesa aérea para o seu país transformando-a “na prioridade número 1 atual”. As nações da OTAN já se comprometeram a enviar à Ucrânia bilhões de dólares em armas ocidentais sofisticadas – incluindo cerca de US$ 17 bilhões apenas dos EUA.

A Rússia está respondendo comprando artilharia da Coreia do Norte e, de forma considerável, drones militares do Irã, que bombardearam cidades do sul da Ucrânia e, na semana passada, atingiram uma cidade a cerca de 80 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia. Dezenas de países têm tentado se manter neutros, inclusive a China e a Índia, que são os dois maiores clientes de armas da Rússia, mas que na segunda-feira renovaram os pedidos de desescalada do conflito após os ataques com mísseis de Moscou.

As nações do leste Europeu, muitas das quais já foram Estados satélites da União Soviética, mas hoje são países-membros da OTAN, têm enviado com afinco equipamentos de padrão russo para a Ucrânia desde fevereiro: tanques e munições de artilharia da República Tcheca, obuses da Estônia, helicópteros da Letônia e da Eslováquia, e veículos de combate de infantaria anfíbia e milhares de mísseis Grad de calibre 122 mm da Polônia.

Segundo os dados disponíveis mais recentes, de terça-feira, a Polônia era o quarto maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, seguida por EUA, Reino Unido e a União Europeia, de acordo com uma base de dados de compromissos públicos compilados pelo Instituto Kiel, com sede na Alemanha. No entanto, a Polônia, assim como as demais nações do leste Europeu, não pode dar seu arsenal remanescente de armas de estilo soviético sem arriscar a própria defesa e quer ver outros países aumentarem sua oferta, disse uma autoridade da defesa polonesa.

As negociações entre os aliados para compartilhar peças, munições e outros equipamentos e para incentivar os fabricantes de aparatos de defesa a aumentar a produção continuam, inclusive numa reunião envolvendo figuras importantes na sede da Otan em Bruxelas esta semana. Mas os acordos para venda e compra de armas podem levar meses, quando não anos, para serem concluídos.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira que será solicitado aos ministros da Defesa que decidam a melhor forma de reabastecer com rapidez os estoques dos Estados-membros, enquanto ainda estão fornecendo à Ucrânia uma grande variedade de armas – não apenas sistemas de defesa aérea, como também mais artilharia, tanques blindados e munições, disse ele.

“Eles precisam de quase tudo e os aliados estão oferecendo um apoio sem precedentes”, disse Stoltenberg em Bruxelas. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.