Estrategista republicano é condenado por captar dinheiro russo para Donald Trump


Jesse Benton teria mediado esquema ilegal para transferir dinheiro de um empresário russo do ramo do marketing multinível para ex-presidente americano durante a campanha de 2016; defesa alega inocência

Por Rachel Weiner

Um estrategista político republicano foi condenado por ajudar ilegalmente um empresário russo a contribuir para a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

Jesse Benton, de 44 anos, foi perdoado por Trump em 2020 por um crime de financiamento de campanha diferente, meses antes de ser indiciado novamente por seis acusações relacionadas a facilitar uma doação estrangeira ilegal de campanha. Ele foi considerado culpado em todas as seis acusações na quinta-feira, 17.

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As eleições “refletem os valores, as prioridades e as crenças dos cidadãos americanos”, disse a procuradora-assistente dos EUA, Michelle Parikh, em seu argumento final esta semana. “Jesse Benton, com suas ações, prejudicou esses princípios.”

Estrategista republicano Jesse Benton em foto de 2011; Benton foi condenado por transferir recursos de empresário russo para campanha de Trump. Foto: Gage Skidmore

As evidências no julgamento mostraram que Benton comprou uma entrada de U$ 25 mil (R$ 133 mil) para um evento do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), em setembro de 2016, em nome de um oficial da marinha russa que entrou para o ramo do marketing multinível. (Vasilenko está sob investigação na Rússia por supostamente executar um esquema de pirâmide, de acordo com o jornal Kommersant; ele não pôde ser contatado para comentar.) A doação rendeu a Vasilenko uma foto com Trump e entrada para uma “rodada de negócios” com o futuro presidente.

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Vasilenko se conectou com Benton por meio de Doug Wead, um aliado evangélico da família Bush que também estava envolvido com marketing multinível. Vasilenko enviou U$ 100 mil (cerca de R$ 534 mil) para Benton, que trabalhava para um super comitê de ação política pró-Trump na época, supostamente para serviços de consultoria. Benton posteriormente doou U$ 25 mil ao RNC com cartão de crédito para cobrir o ingresso de Vasilenko.

Testemunhas do RNC e da empresa contratada para organizar o evento disseram que não foram informados de que Vasilenko era cidadão russo. Benton disse em um e-mail para seu contato no RNC que Vasilenko era “um amigo que passa a maior parte do tempo no Caribe”; ele descreveu a intérprete de Vasilenko como uma “body gal.” - expressão sexista que aponta que a mulher só merece destaque por seu corpo. Na verdade, de acordo com o testemunho, Benton e Vasilenko nunca se conheceram.

Benton argumentou que seguiu o conselho de seu advogado da época, David A. Warrington, que também representou Trump. Warrington testemunhou que Benton o contatou na época para perguntar se ele poderia dar um ingresso para uma arrecadação de fundos política a um cidadão russo. Warrington disse que respondeu a Benton que “não há proibição de um cidadão russo receber um ingresso para um evento” e que “você pode dar seu ingresso que comprou para uma arrecadação de fundos a qualquer pessoa”.

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Os promotores disseram que Benton não disse a Warrington que estava sendo reembolsado pelo cidadão russo pela doação. Benton pediu o conselho apenas “para encobrir seus rastros”, disse Parikh.

Em 2016, Donald Trump venceu a candidata democrata Hillary Clinton; campanha foi marcada por indícios de interferência russa. Foto: Kena Betancur/ AFP - 16/06/2015

Benton também afirmou que ganhou U$ 100 mil atuando como guia turístico em Washington para Vasilenko, cujo interesse não era política, mas autopromoção.

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Wead - que morreu aos 75 anos em dezembro passado depois de ter sido indiciado com Benton - já havia discutido com Vasilenko a possibilidade de uma fotografia com Oprah Winfrey, Michelle Obama ou Steven Seagal antes de sugerir Trump.

“Se Oprah estivesse disponível”, disse o advogado de defesa Brian Stolarz em seu argumento final, “nem estaríamos aqui”.

Vasilenko postou uma foto sua com Trump no Instagram com um banner que dizia “Dois presidentes” e anunciava sua própria empresa. Ele disse que Benton “cumpriu o que lhe foi pedido”, que era “colocá-lo em uma foto com uma celebridade” para que Vasilenko “pudesse se gabar no Instagram”. Para Vasilenko, ele disse, Trump não era um político, mas “o cara que costumava estar em ‘O Aprendiz’”. Na mesa redonda, ele disse que Trump apareceu apenas brevemente e “apenas falou sobre pesquisas”.

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Stolarz enfatizou que não há evidências de que Vasilenko tenha se envolvido com Trump fora do único evento, e nenhuma evidência de que o RNC tenha devolvido a doação. Testemunhas do RNC disseram que desconheciam a origem dos fundos.

“Ele quer ser um influenciador”, disse Stolarz. “Isso é apenas autopromoção descarada de um cara que pode se dar ao luxo de tirar essa foto.”

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Mas os promotores disseram que, uma vez oferecido, Vasilenko viu o valor de uma apresentação a Trump. Ele estava concorrendo ao parlamento na Rússia na época, de acordo com o Departamento de Justiça, e após a eleição de Trump foi convidado pela televisão russa.

“Ele é sofisticado”, disse a promotora adjunta Michelle Wasserman aos jurados. “Ele teve acesso a alguém que ajudou a eleger.”

A defesa de Benton minimizou os U$ 25.000 como “nada” em uma eleição que custou bilhões.

“Este não é um esquema nefasto de bastidores para canalizar milhões de dólares da Rússia”, disse ele.

O ex-presidente Donald Trump afirmou que vai tentar uma nova corrida à Casa Branca em 2024. Foto: Andrew Harnik/ AP

Os promotores argumentaram que cada dólar contava em uma corrida em que a democrata Hillary Clinton estava muito à frente na arrecadação de fundos e que Benton sabia que Trump precisava de dinheiro na época.

Stolarz disse que Benton também foi pago para organizar um jantar beneficente ao qual Vasilenko compareceu em sua viagem aos Estados Unidos, que os promotores descartaram como uma refeição barata em uma rede de restaurantes.

“Eles podem tentar minimizar, mas o de Maggiano é bom”, disse Stolarz.

Benton começou sua carreira na periferia libertária do Partido Republicano como assessor do ex-congressista Ron Paul, do Texas, cuja neta é esposa de Benton. Ele ganhou credibilidade popular ajudando o filho de Paul, Rand Paul (Kentucky), a ganhar uma cadeira no Senado em 2010 e foi contratado pela campanha de reeleição de 2014 do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell (Kentucky).

Mas Benton renunciou antes daquela eleição em meio a uma investigação sobre se um senador do Estado de Iowa foi subornado para apoiar Ron Paul na corrida presidencial de 2012. Benton foi condenado em maio de 2016 por conspiração e envolvimento na apresentação de relatórios falsos de financiamento de campanha - não muito antes do início do novo esquema.

“Ele conhecia a lei”, disse Wasserman. “Ele conhecia as regras.”

Após o veredicto, Stolarz disse que Benton “mantém sua [alegação de] inocência e planeja apelar”.

Um estrategista político republicano foi condenado por ajudar ilegalmente um empresário russo a contribuir para a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

Jesse Benton, de 44 anos, foi perdoado por Trump em 2020 por um crime de financiamento de campanha diferente, meses antes de ser indiciado novamente por seis acusações relacionadas a facilitar uma doação estrangeira ilegal de campanha. Ele foi considerado culpado em todas as seis acusações na quinta-feira, 17.

As eleições “refletem os valores, as prioridades e as crenças dos cidadãos americanos”, disse a procuradora-assistente dos EUA, Michelle Parikh, em seu argumento final esta semana. “Jesse Benton, com suas ações, prejudicou esses princípios.”

Estrategista republicano Jesse Benton em foto de 2011; Benton foi condenado por transferir recursos de empresário russo para campanha de Trump. Foto: Gage Skidmore

As evidências no julgamento mostraram que Benton comprou uma entrada de U$ 25 mil (R$ 133 mil) para um evento do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), em setembro de 2016, em nome de um oficial da marinha russa que entrou para o ramo do marketing multinível. (Vasilenko está sob investigação na Rússia por supostamente executar um esquema de pirâmide, de acordo com o jornal Kommersant; ele não pôde ser contatado para comentar.) A doação rendeu a Vasilenko uma foto com Trump e entrada para uma “rodada de negócios” com o futuro presidente.

Vasilenko se conectou com Benton por meio de Doug Wead, um aliado evangélico da família Bush que também estava envolvido com marketing multinível. Vasilenko enviou U$ 100 mil (cerca de R$ 534 mil) para Benton, que trabalhava para um super comitê de ação política pró-Trump na época, supostamente para serviços de consultoria. Benton posteriormente doou U$ 25 mil ao RNC com cartão de crédito para cobrir o ingresso de Vasilenko.

Testemunhas do RNC e da empresa contratada para organizar o evento disseram que não foram informados de que Vasilenko era cidadão russo. Benton disse em um e-mail para seu contato no RNC que Vasilenko era “um amigo que passa a maior parte do tempo no Caribe”; ele descreveu a intérprete de Vasilenko como uma “body gal.” - expressão sexista que aponta que a mulher só merece destaque por seu corpo. Na verdade, de acordo com o testemunho, Benton e Vasilenko nunca se conheceram.

Benton argumentou que seguiu o conselho de seu advogado da época, David A. Warrington, que também representou Trump. Warrington testemunhou que Benton o contatou na época para perguntar se ele poderia dar um ingresso para uma arrecadação de fundos política a um cidadão russo. Warrington disse que respondeu a Benton que “não há proibição de um cidadão russo receber um ingresso para um evento” e que “você pode dar seu ingresso que comprou para uma arrecadação de fundos a qualquer pessoa”.

Os promotores disseram que Benton não disse a Warrington que estava sendo reembolsado pelo cidadão russo pela doação. Benton pediu o conselho apenas “para encobrir seus rastros”, disse Parikh.

Em 2016, Donald Trump venceu a candidata democrata Hillary Clinton; campanha foi marcada por indícios de interferência russa. Foto: Kena Betancur/ AFP - 16/06/2015

Benton também afirmou que ganhou U$ 100 mil atuando como guia turístico em Washington para Vasilenko, cujo interesse não era política, mas autopromoção.

Wead - que morreu aos 75 anos em dezembro passado depois de ter sido indiciado com Benton - já havia discutido com Vasilenko a possibilidade de uma fotografia com Oprah Winfrey, Michelle Obama ou Steven Seagal antes de sugerir Trump.

“Se Oprah estivesse disponível”, disse o advogado de defesa Brian Stolarz em seu argumento final, “nem estaríamos aqui”.

Vasilenko postou uma foto sua com Trump no Instagram com um banner que dizia “Dois presidentes” e anunciava sua própria empresa. Ele disse que Benton “cumpriu o que lhe foi pedido”, que era “colocá-lo em uma foto com uma celebridade” para que Vasilenko “pudesse se gabar no Instagram”. Para Vasilenko, ele disse, Trump não era um político, mas “o cara que costumava estar em ‘O Aprendiz’”. Na mesa redonda, ele disse que Trump apareceu apenas brevemente e “apenas falou sobre pesquisas”.

Stolarz enfatizou que não há evidências de que Vasilenko tenha se envolvido com Trump fora do único evento, e nenhuma evidência de que o RNC tenha devolvido a doação. Testemunhas do RNC disseram que desconheciam a origem dos fundos.

“Ele quer ser um influenciador”, disse Stolarz. “Isso é apenas autopromoção descarada de um cara que pode se dar ao luxo de tirar essa foto.”

Mas os promotores disseram que, uma vez oferecido, Vasilenko viu o valor de uma apresentação a Trump. Ele estava concorrendo ao parlamento na Rússia na época, de acordo com o Departamento de Justiça, e após a eleição de Trump foi convidado pela televisão russa.

“Ele é sofisticado”, disse a promotora adjunta Michelle Wasserman aos jurados. “Ele teve acesso a alguém que ajudou a eleger.”

A defesa de Benton minimizou os U$ 25.000 como “nada” em uma eleição que custou bilhões.

“Este não é um esquema nefasto de bastidores para canalizar milhões de dólares da Rússia”, disse ele.

O ex-presidente Donald Trump afirmou que vai tentar uma nova corrida à Casa Branca em 2024. Foto: Andrew Harnik/ AP

Os promotores argumentaram que cada dólar contava em uma corrida em que a democrata Hillary Clinton estava muito à frente na arrecadação de fundos e que Benton sabia que Trump precisava de dinheiro na época.

Stolarz disse que Benton também foi pago para organizar um jantar beneficente ao qual Vasilenko compareceu em sua viagem aos Estados Unidos, que os promotores descartaram como uma refeição barata em uma rede de restaurantes.

“Eles podem tentar minimizar, mas o de Maggiano é bom”, disse Stolarz.

Benton começou sua carreira na periferia libertária do Partido Republicano como assessor do ex-congressista Ron Paul, do Texas, cuja neta é esposa de Benton. Ele ganhou credibilidade popular ajudando o filho de Paul, Rand Paul (Kentucky), a ganhar uma cadeira no Senado em 2010 e foi contratado pela campanha de reeleição de 2014 do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell (Kentucky).

Mas Benton renunciou antes daquela eleição em meio a uma investigação sobre se um senador do Estado de Iowa foi subornado para apoiar Ron Paul na corrida presidencial de 2012. Benton foi condenado em maio de 2016 por conspiração e envolvimento na apresentação de relatórios falsos de financiamento de campanha - não muito antes do início do novo esquema.

“Ele conhecia a lei”, disse Wasserman. “Ele conhecia as regras.”

Após o veredicto, Stolarz disse que Benton “mantém sua [alegação de] inocência e planeja apelar”.

Um estrategista político republicano foi condenado por ajudar ilegalmente um empresário russo a contribuir para a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

Jesse Benton, de 44 anos, foi perdoado por Trump em 2020 por um crime de financiamento de campanha diferente, meses antes de ser indiciado novamente por seis acusações relacionadas a facilitar uma doação estrangeira ilegal de campanha. Ele foi considerado culpado em todas as seis acusações na quinta-feira, 17.

As eleições “refletem os valores, as prioridades e as crenças dos cidadãos americanos”, disse a procuradora-assistente dos EUA, Michelle Parikh, em seu argumento final esta semana. “Jesse Benton, com suas ações, prejudicou esses princípios.”

Estrategista republicano Jesse Benton em foto de 2011; Benton foi condenado por transferir recursos de empresário russo para campanha de Trump. Foto: Gage Skidmore

As evidências no julgamento mostraram que Benton comprou uma entrada de U$ 25 mil (R$ 133 mil) para um evento do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), em setembro de 2016, em nome de um oficial da marinha russa que entrou para o ramo do marketing multinível. (Vasilenko está sob investigação na Rússia por supostamente executar um esquema de pirâmide, de acordo com o jornal Kommersant; ele não pôde ser contatado para comentar.) A doação rendeu a Vasilenko uma foto com Trump e entrada para uma “rodada de negócios” com o futuro presidente.

Vasilenko se conectou com Benton por meio de Doug Wead, um aliado evangélico da família Bush que também estava envolvido com marketing multinível. Vasilenko enviou U$ 100 mil (cerca de R$ 534 mil) para Benton, que trabalhava para um super comitê de ação política pró-Trump na época, supostamente para serviços de consultoria. Benton posteriormente doou U$ 25 mil ao RNC com cartão de crédito para cobrir o ingresso de Vasilenko.

Testemunhas do RNC e da empresa contratada para organizar o evento disseram que não foram informados de que Vasilenko era cidadão russo. Benton disse em um e-mail para seu contato no RNC que Vasilenko era “um amigo que passa a maior parte do tempo no Caribe”; ele descreveu a intérprete de Vasilenko como uma “body gal.” - expressão sexista que aponta que a mulher só merece destaque por seu corpo. Na verdade, de acordo com o testemunho, Benton e Vasilenko nunca se conheceram.

Benton argumentou que seguiu o conselho de seu advogado da época, David A. Warrington, que também representou Trump. Warrington testemunhou que Benton o contatou na época para perguntar se ele poderia dar um ingresso para uma arrecadação de fundos política a um cidadão russo. Warrington disse que respondeu a Benton que “não há proibição de um cidadão russo receber um ingresso para um evento” e que “você pode dar seu ingresso que comprou para uma arrecadação de fundos a qualquer pessoa”.

Os promotores disseram que Benton não disse a Warrington que estava sendo reembolsado pelo cidadão russo pela doação. Benton pediu o conselho apenas “para encobrir seus rastros”, disse Parikh.

Em 2016, Donald Trump venceu a candidata democrata Hillary Clinton; campanha foi marcada por indícios de interferência russa. Foto: Kena Betancur/ AFP - 16/06/2015

Benton também afirmou que ganhou U$ 100 mil atuando como guia turístico em Washington para Vasilenko, cujo interesse não era política, mas autopromoção.

Wead - que morreu aos 75 anos em dezembro passado depois de ter sido indiciado com Benton - já havia discutido com Vasilenko a possibilidade de uma fotografia com Oprah Winfrey, Michelle Obama ou Steven Seagal antes de sugerir Trump.

“Se Oprah estivesse disponível”, disse o advogado de defesa Brian Stolarz em seu argumento final, “nem estaríamos aqui”.

Vasilenko postou uma foto sua com Trump no Instagram com um banner que dizia “Dois presidentes” e anunciava sua própria empresa. Ele disse que Benton “cumpriu o que lhe foi pedido”, que era “colocá-lo em uma foto com uma celebridade” para que Vasilenko “pudesse se gabar no Instagram”. Para Vasilenko, ele disse, Trump não era um político, mas “o cara que costumava estar em ‘O Aprendiz’”. Na mesa redonda, ele disse que Trump apareceu apenas brevemente e “apenas falou sobre pesquisas”.

Stolarz enfatizou que não há evidências de que Vasilenko tenha se envolvido com Trump fora do único evento, e nenhuma evidência de que o RNC tenha devolvido a doação. Testemunhas do RNC disseram que desconheciam a origem dos fundos.

“Ele quer ser um influenciador”, disse Stolarz. “Isso é apenas autopromoção descarada de um cara que pode se dar ao luxo de tirar essa foto.”

Mas os promotores disseram que, uma vez oferecido, Vasilenko viu o valor de uma apresentação a Trump. Ele estava concorrendo ao parlamento na Rússia na época, de acordo com o Departamento de Justiça, e após a eleição de Trump foi convidado pela televisão russa.

“Ele é sofisticado”, disse a promotora adjunta Michelle Wasserman aos jurados. “Ele teve acesso a alguém que ajudou a eleger.”

A defesa de Benton minimizou os U$ 25.000 como “nada” em uma eleição que custou bilhões.

“Este não é um esquema nefasto de bastidores para canalizar milhões de dólares da Rússia”, disse ele.

O ex-presidente Donald Trump afirmou que vai tentar uma nova corrida à Casa Branca em 2024. Foto: Andrew Harnik/ AP

Os promotores argumentaram que cada dólar contava em uma corrida em que a democrata Hillary Clinton estava muito à frente na arrecadação de fundos e que Benton sabia que Trump precisava de dinheiro na época.

Stolarz disse que Benton também foi pago para organizar um jantar beneficente ao qual Vasilenko compareceu em sua viagem aos Estados Unidos, que os promotores descartaram como uma refeição barata em uma rede de restaurantes.

“Eles podem tentar minimizar, mas o de Maggiano é bom”, disse Stolarz.

Benton começou sua carreira na periferia libertária do Partido Republicano como assessor do ex-congressista Ron Paul, do Texas, cuja neta é esposa de Benton. Ele ganhou credibilidade popular ajudando o filho de Paul, Rand Paul (Kentucky), a ganhar uma cadeira no Senado em 2010 e foi contratado pela campanha de reeleição de 2014 do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell (Kentucky).

Mas Benton renunciou antes daquela eleição em meio a uma investigação sobre se um senador do Estado de Iowa foi subornado para apoiar Ron Paul na corrida presidencial de 2012. Benton foi condenado em maio de 2016 por conspiração e envolvimento na apresentação de relatórios falsos de financiamento de campanha - não muito antes do início do novo esquema.

“Ele conhecia a lei”, disse Wasserman. “Ele conhecia as regras.”

Após o veredicto, Stolarz disse que Benton “mantém sua [alegação de] inocência e planeja apelar”.

Um estrategista político republicano foi condenado por ajudar ilegalmente um empresário russo a contribuir para a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

Jesse Benton, de 44 anos, foi perdoado por Trump em 2020 por um crime de financiamento de campanha diferente, meses antes de ser indiciado novamente por seis acusações relacionadas a facilitar uma doação estrangeira ilegal de campanha. Ele foi considerado culpado em todas as seis acusações na quinta-feira, 17.

As eleições “refletem os valores, as prioridades e as crenças dos cidadãos americanos”, disse a procuradora-assistente dos EUA, Michelle Parikh, em seu argumento final esta semana. “Jesse Benton, com suas ações, prejudicou esses princípios.”

Estrategista republicano Jesse Benton em foto de 2011; Benton foi condenado por transferir recursos de empresário russo para campanha de Trump. Foto: Gage Skidmore

As evidências no julgamento mostraram que Benton comprou uma entrada de U$ 25 mil (R$ 133 mil) para um evento do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), em setembro de 2016, em nome de um oficial da marinha russa que entrou para o ramo do marketing multinível. (Vasilenko está sob investigação na Rússia por supostamente executar um esquema de pirâmide, de acordo com o jornal Kommersant; ele não pôde ser contatado para comentar.) A doação rendeu a Vasilenko uma foto com Trump e entrada para uma “rodada de negócios” com o futuro presidente.

Vasilenko se conectou com Benton por meio de Doug Wead, um aliado evangélico da família Bush que também estava envolvido com marketing multinível. Vasilenko enviou U$ 100 mil (cerca de R$ 534 mil) para Benton, que trabalhava para um super comitê de ação política pró-Trump na época, supostamente para serviços de consultoria. Benton posteriormente doou U$ 25 mil ao RNC com cartão de crédito para cobrir o ingresso de Vasilenko.

Testemunhas do RNC e da empresa contratada para organizar o evento disseram que não foram informados de que Vasilenko era cidadão russo. Benton disse em um e-mail para seu contato no RNC que Vasilenko era “um amigo que passa a maior parte do tempo no Caribe”; ele descreveu a intérprete de Vasilenko como uma “body gal.” - expressão sexista que aponta que a mulher só merece destaque por seu corpo. Na verdade, de acordo com o testemunho, Benton e Vasilenko nunca se conheceram.

Benton argumentou que seguiu o conselho de seu advogado da época, David A. Warrington, que também representou Trump. Warrington testemunhou que Benton o contatou na época para perguntar se ele poderia dar um ingresso para uma arrecadação de fundos política a um cidadão russo. Warrington disse que respondeu a Benton que “não há proibição de um cidadão russo receber um ingresso para um evento” e que “você pode dar seu ingresso que comprou para uma arrecadação de fundos a qualquer pessoa”.

Os promotores disseram que Benton não disse a Warrington que estava sendo reembolsado pelo cidadão russo pela doação. Benton pediu o conselho apenas “para encobrir seus rastros”, disse Parikh.

Em 2016, Donald Trump venceu a candidata democrata Hillary Clinton; campanha foi marcada por indícios de interferência russa. Foto: Kena Betancur/ AFP - 16/06/2015

Benton também afirmou que ganhou U$ 100 mil atuando como guia turístico em Washington para Vasilenko, cujo interesse não era política, mas autopromoção.

Wead - que morreu aos 75 anos em dezembro passado depois de ter sido indiciado com Benton - já havia discutido com Vasilenko a possibilidade de uma fotografia com Oprah Winfrey, Michelle Obama ou Steven Seagal antes de sugerir Trump.

“Se Oprah estivesse disponível”, disse o advogado de defesa Brian Stolarz em seu argumento final, “nem estaríamos aqui”.

Vasilenko postou uma foto sua com Trump no Instagram com um banner que dizia “Dois presidentes” e anunciava sua própria empresa. Ele disse que Benton “cumpriu o que lhe foi pedido”, que era “colocá-lo em uma foto com uma celebridade” para que Vasilenko “pudesse se gabar no Instagram”. Para Vasilenko, ele disse, Trump não era um político, mas “o cara que costumava estar em ‘O Aprendiz’”. Na mesa redonda, ele disse que Trump apareceu apenas brevemente e “apenas falou sobre pesquisas”.

Stolarz enfatizou que não há evidências de que Vasilenko tenha se envolvido com Trump fora do único evento, e nenhuma evidência de que o RNC tenha devolvido a doação. Testemunhas do RNC disseram que desconheciam a origem dos fundos.

“Ele quer ser um influenciador”, disse Stolarz. “Isso é apenas autopromoção descarada de um cara que pode se dar ao luxo de tirar essa foto.”

Mas os promotores disseram que, uma vez oferecido, Vasilenko viu o valor de uma apresentação a Trump. Ele estava concorrendo ao parlamento na Rússia na época, de acordo com o Departamento de Justiça, e após a eleição de Trump foi convidado pela televisão russa.

“Ele é sofisticado”, disse a promotora adjunta Michelle Wasserman aos jurados. “Ele teve acesso a alguém que ajudou a eleger.”

A defesa de Benton minimizou os U$ 25.000 como “nada” em uma eleição que custou bilhões.

“Este não é um esquema nefasto de bastidores para canalizar milhões de dólares da Rússia”, disse ele.

O ex-presidente Donald Trump afirmou que vai tentar uma nova corrida à Casa Branca em 2024. Foto: Andrew Harnik/ AP

Os promotores argumentaram que cada dólar contava em uma corrida em que a democrata Hillary Clinton estava muito à frente na arrecadação de fundos e que Benton sabia que Trump precisava de dinheiro na época.

Stolarz disse que Benton também foi pago para organizar um jantar beneficente ao qual Vasilenko compareceu em sua viagem aos Estados Unidos, que os promotores descartaram como uma refeição barata em uma rede de restaurantes.

“Eles podem tentar minimizar, mas o de Maggiano é bom”, disse Stolarz.

Benton começou sua carreira na periferia libertária do Partido Republicano como assessor do ex-congressista Ron Paul, do Texas, cuja neta é esposa de Benton. Ele ganhou credibilidade popular ajudando o filho de Paul, Rand Paul (Kentucky), a ganhar uma cadeira no Senado em 2010 e foi contratado pela campanha de reeleição de 2014 do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell (Kentucky).

Mas Benton renunciou antes daquela eleição em meio a uma investigação sobre se um senador do Estado de Iowa foi subornado para apoiar Ron Paul na corrida presidencial de 2012. Benton foi condenado em maio de 2016 por conspiração e envolvimento na apresentação de relatórios falsos de financiamento de campanha - não muito antes do início do novo esquema.

“Ele conhecia a lei”, disse Wasserman. “Ele conhecia as regras.”

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