Três cidadãos americanos presos na China há anos foram libertados nesta quarta-feira, 27, em uma troca de prisioneiros entre Washington e Pequim. Um dos libertados havia sido informante do FBI, de acordo com funcionários do alto escalão dos EUA.
Os três homens, John Leung, Kai Li e Mark Swidan, voaram para os EUA na manhã desta quarta. “Em breve eles retornarão e se reunirão com as famílias pela primeira vez em muitos anos”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett.
Mark Swidan, de 48 anos, foi preso em 2012 sob acusações de tráfico de drogas, que os EUA consideram falsas. Kai Li, de 60 anos, estava detido desde 2016 e sofreu um derrame neste período. John Leung, de 78 anos, foi condenado à prisão perpétua por espionagem, após ser preso em 2021.
Leung era externamente pró-Pequim. Ele apoiou a reivindicação do país a Taiwan, organizou grupos que promoveram os laços americanos com a China e frequentemente aparecia com funcionários consulares chineses em Houston. Mas segundo duas autoridades americanas, ele também forneceu informações ao FBI por anos.
Os contatos no FBI o desencorajaram a viajar para a China em 2021, segundo um dos funcionários. Naquele ano, as autoridades chinesas o prenderam e o levaram para uma prisão não revelada. Por mais de dois anos, os amigos e parentes não tiveram notícias dele. Em 2023, um tribunal da cidade de Suzhou o condenou à prisão perpétua. Nunca um americano havia sido condenado na China com essa pena por causa de espionagem.
A troca foi negociada durante meses. Em contrapartida, pelo menos um prisioneiro chinês que está nos EUA será devolvido à Pequim, segundo autoridades americanas. Pequim não deu mais detalhes.
Durante as negociações, várias autoridades americanas disseram que discutiam a libertação de Xu Yanjun, um oficial da inteligência chinesa que cumpria pena de prisão nos EUA. Na manhã desta quarta-feira, Xu estava listado no sistema do Bureau of Prisons, a agência dos EUA responsável pelo sistema prisional do país, como “Não sob custódia”.
Xu foi o primeiro oficial de espionagem da China indiciado e preso no exterior e levado a julgamento nos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Justiça.
Segundo John Kamm, fundador da Fundação Dui Hua, um grupo de direitos humanos em San Francisco, a China normalmente não faz trocas de prisioneiros. “Isso me sugere que eles não apenas querem dar um presente de despedida a Joe Biden, mas estão sinalizando a Donald Trump a possibilidade de fazer concessões importantes”, disse ele. /COM NYT