CARACAS - Venezuela e Estados Unidos concordaram em melhorar as relações bilaterais após a retomada do processo de negociação, informou o representante do regime Nicolás Maduro nesta quarta-feira, 3, a menos de um mês das eleições venezuelanas.
Como parte do acordo que busca garantir a lisura do processo, Washington chegou a suspender sanções contra Venezuela, mas voltou atrás quando a líder opositora María Corina Machado foi impedida de concorrer. No começo da semana, no entanto, Maduro anunciou o reestabelecimento de conversas diretas entre Venezuela e Estados Unidos. Segundo ele, a proposta teria partido do lado americano.
Na sequência, autoridades da Casa Branca disseram à Reuters que o governo estava aberto ao diálogo e encarava as negociações com “boa fé”, mas não chegaram a confirmar a declaração de Nicolás Maduro de que a reunião estava marcada.
“Concluímos a reunião virtual com a delegação do governo dos EUA em que manifestamos o nosso repúdio às distorções que têm sido repetidamente publicadas por porta-vozes do governo americano sobre este diálogo”, escreveu o líder do Parlamento e negociador venezuelano Jorge Rodríguez nas redes sociais nesta quarta-feira sem dar mais detalhes.
Após a reunião, afirmou, ficou acordada a vontade dos governos de trabalhar para ganhar confiança e melhorar a relação, além de manter comunicações respeitosas e construtivas.
EUA e Venezuela romperam relações diplomáticas em 2019, depois da reeleição de Maduro, que não foi reconhecida pela Casa Branca. No final do ano passado, altos funcionários realizaram reuniões secretar no Catar. Os detalhes das conversas não foram divulgados, mas resultaram em uma troca de prisioneiros: os Estados Unidos libertaram Alex Saab, acusado de ser “laranja” de Maduro, e a Venezuela soltou 28 detidos, 10 americanos e 18 venezuelanos.
O negociador venezuelano não elaborou os assuntos discutidos desta vez, mas os Estados Unidos têm pressionado contra os obstáculos que as autoridades eleitorais ligadas ao chavismo impuseram à oposição na Venezuela.
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A Casa Branca também criticou as prisões de opositores — 46 em seis meses, segundo a ONG Acesso à Justiça — e a decisão de retirar o convite à União Europeia para observar as eleições. A votação está marcada para 28 de julho, quando Nicolás Maduro enfrentará o ex-diplomata Edmundo González, indicado como representante de oposição após as inabilitações de María Corina Machado e Corina Yoris.
“Temos claro que a mudança democrática não será fácil e requer um compromisso sério”, disse a porta-voz Karine Jean-Pierre. “Continuamos comprometidos em apoiar a vontade do povo da Venezuela e um caminho para uma governabilidade democrática através de eleições competitivas e também inclusivas.”/COM AFP