EUA enviam diplomata ao Brasil para discutir influência do Irã na região e Teerã reage com críticas


Representantes de Teerã questionam se viagem de enviado de Biden a Brasília tem objetivo de restringir ainda mais o comércio entre os países

Por Felipe Frazão

BRASÍLIA - A presença de um enviado do governo dos Estados Unidos no Brasil para discutir com autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre sanções e atividades do Irã na região irritou Teerã. Diplomatas iranianos relataram nesta sexta-feira, dia 21, incômodo com a viagem ao País de Abram Paley, representante do Departamento de Estado, e questionaram os objetivos de seus encontros em Brasília.

Abram Paley exerce o cargo de enviado especial adjunto para o Irã. Antes, foi conselheiro da vice-presidente Kamala Harris sobre Oriente Médio. Ele é diplomata de carreira com larga experiência prévia no tema, tendo servido em embaixadas na Arábia Saudita, Israel e Iraque e trabalhado como diretor para Iêmen, no Conselho de Segurança Nacional.

O embaixador do Irã, Abdollah Nekounam Ghadirli, com o presidente Lula no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert / PR Foto: Ricardo Stuckert
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Em viagem discreta, ele esteve em Brasília nesta semana e manteve contatos com autoridades federais. O próprio enviado especial relatou na terça-feira, dia 18, sobre a visita a Brasília, que surpreendeu as autoridades iranianas no País e motivou as reclamações contra um possível aumento de sanções e restrições comerciais.

“Acabo de regressar do Brasil, onde tive reuniões construtivas com autoridades sobre as nossas preocupações sobre as atividades desestabilizadoras do Irã e dos seus proxis na região, a aplicação de sanções, a cooperação contra o terrorismo e nossos objetivos compartilhados de não-proliferação”, afirmou o diplomata, em publicação no X (antigo Twitter).

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O Itamaraty informou ao Estadão que o embaixador Carlos Duarte, secretário de África e Oriente Médio, reuniu-se com o enviado do governo Biden na segunda-feira, dia 17. Segundo o ministério, ele foi recebido para tratar da situação no Oriente Médio. A embaixada dos Estados Unidos não quis divulgar mais informações a respeito.

Um alto representante de Teerã no Brasil classificou a viagem do norte-americano como um exemplo da política de “pressão máxima” exercida por Washington e um “comportamento bárbaro” contra o povo iraniano, com objetivos políticos. Ele relacionou a presença do enviado do governo Joe Biden a uma tentativa de constranger a cooperação bilateral e o comércio entre Brasil e Irã: “Por que procuram reduzir as exportações brasileiras - carne e grãos - para o Irã”?

No governo Lula, houve sinais de reaproximação em alto nível político, inclusive com diálogo presidencial, entre Brasil e Irã. O país é um dos novos membros do Brics e vem recebendo sinais de confiança do governo petista, inclusive em fóruns internacionais. O Brasil deixou de votar nas Nações Unidas favoravelmente a uma investigação contra Teerã por causa da violação de direitos de mulheres.

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Após o histórico ataque aéreo com drones e mísseis contra Israel, o governo brasileiro divulgou uma nota oficial que não condenava o bombardeio sem precedentes - o que seria feito somente após cobranças e uma repercussão negativa, pelo chanceler Mauro Vieira.

Navios de Guerra

No ano passado, o governo dos Estados Unidos tentou, sem sucesso, apelar ao governo Lula para impedir a passagem pela costa brasileira e a ancoragem de dois navios de guerra do Irã. Os Estados Unidos acusam o país e seus braços militares de se envolverem em atividades terroristas. O Irã rechaça a pecha.

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Na ocasião, a Marinha deu aval para que os navios atracassem no Porto do Rio. Autoridades militares e diplomáticas do Brasil e do Irã participaram de uma celebração nos navios iranianos, sobre os 120 anos de relações entre os países. O Itamaraty e o Palácio do Planalto ignoraram a pressão da embaixada norte-americana.

No governo Jair Bolsonaro, o Irã precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguir aval para o reabastecimento de navios sancionados nos EUA, que trouxeram ureia e voltariam ao país com carregamento de milho.

Apesar das restrições, o comércio bilateral entre Brasil e Irã cresceu nos últimos anos e chegou a US$ 4,4 bilhões no ano passado. Os iranianos citam números ainda maiores, por causa de um fluxo indireto de produtos, que passam antes por outros países para driblar barreiras. A base são produtos como milho, soja, carne bovina e de aves e açúcar. O Brasil tem superávit nos últimos 20 anos.

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No entanto, as sanções ainda constrangem a expansão do comércio e causam problemas para o Irã. O país não conseguiu por exemplo destravar a compra milionária de aviões da Embraer. O Irã sofre dificuldades para repor a frota aérea que opera voos comerciais internos e também para realizar a manutenção de aeronaves.

No mês passado, a queda de um helicóptero que voava em condições de mau tempo matou o então presidente do país, Ebrahim Raisi, e o então ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian.

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A tragédia ainda está sob investigação, mas autoridades do país já admitiram falha técnica. Sob o comando do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, foram convocadas eleições para a próxima sexta-feira, dia 28 de junho.

BRASÍLIA - A presença de um enviado do governo dos Estados Unidos no Brasil para discutir com autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre sanções e atividades do Irã na região irritou Teerã. Diplomatas iranianos relataram nesta sexta-feira, dia 21, incômodo com a viagem ao País de Abram Paley, representante do Departamento de Estado, e questionaram os objetivos de seus encontros em Brasília.

Abram Paley exerce o cargo de enviado especial adjunto para o Irã. Antes, foi conselheiro da vice-presidente Kamala Harris sobre Oriente Médio. Ele é diplomata de carreira com larga experiência prévia no tema, tendo servido em embaixadas na Arábia Saudita, Israel e Iraque e trabalhado como diretor para Iêmen, no Conselho de Segurança Nacional.

O embaixador do Irã, Abdollah Nekounam Ghadirli, com o presidente Lula no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert / PR Foto: Ricardo Stuckert

Em viagem discreta, ele esteve em Brasília nesta semana e manteve contatos com autoridades federais. O próprio enviado especial relatou na terça-feira, dia 18, sobre a visita a Brasília, que surpreendeu as autoridades iranianas no País e motivou as reclamações contra um possível aumento de sanções e restrições comerciais.

“Acabo de regressar do Brasil, onde tive reuniões construtivas com autoridades sobre as nossas preocupações sobre as atividades desestabilizadoras do Irã e dos seus proxis na região, a aplicação de sanções, a cooperação contra o terrorismo e nossos objetivos compartilhados de não-proliferação”, afirmou o diplomata, em publicação no X (antigo Twitter).

O Itamaraty informou ao Estadão que o embaixador Carlos Duarte, secretário de África e Oriente Médio, reuniu-se com o enviado do governo Biden na segunda-feira, dia 17. Segundo o ministério, ele foi recebido para tratar da situação no Oriente Médio. A embaixada dos Estados Unidos não quis divulgar mais informações a respeito.

Um alto representante de Teerã no Brasil classificou a viagem do norte-americano como um exemplo da política de “pressão máxima” exercida por Washington e um “comportamento bárbaro” contra o povo iraniano, com objetivos políticos. Ele relacionou a presença do enviado do governo Joe Biden a uma tentativa de constranger a cooperação bilateral e o comércio entre Brasil e Irã: “Por que procuram reduzir as exportações brasileiras - carne e grãos - para o Irã”?

No governo Lula, houve sinais de reaproximação em alto nível político, inclusive com diálogo presidencial, entre Brasil e Irã. O país é um dos novos membros do Brics e vem recebendo sinais de confiança do governo petista, inclusive em fóruns internacionais. O Brasil deixou de votar nas Nações Unidas favoravelmente a uma investigação contra Teerã por causa da violação de direitos de mulheres.

Após o histórico ataque aéreo com drones e mísseis contra Israel, o governo brasileiro divulgou uma nota oficial que não condenava o bombardeio sem precedentes - o que seria feito somente após cobranças e uma repercussão negativa, pelo chanceler Mauro Vieira.

Navios de Guerra

No ano passado, o governo dos Estados Unidos tentou, sem sucesso, apelar ao governo Lula para impedir a passagem pela costa brasileira e a ancoragem de dois navios de guerra do Irã. Os Estados Unidos acusam o país e seus braços militares de se envolverem em atividades terroristas. O Irã rechaça a pecha.

Na ocasião, a Marinha deu aval para que os navios atracassem no Porto do Rio. Autoridades militares e diplomáticas do Brasil e do Irã participaram de uma celebração nos navios iranianos, sobre os 120 anos de relações entre os países. O Itamaraty e o Palácio do Planalto ignoraram a pressão da embaixada norte-americana.

No governo Jair Bolsonaro, o Irã precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguir aval para o reabastecimento de navios sancionados nos EUA, que trouxeram ureia e voltariam ao país com carregamento de milho.

Apesar das restrições, o comércio bilateral entre Brasil e Irã cresceu nos últimos anos e chegou a US$ 4,4 bilhões no ano passado. Os iranianos citam números ainda maiores, por causa de um fluxo indireto de produtos, que passam antes por outros países para driblar barreiras. A base são produtos como milho, soja, carne bovina e de aves e açúcar. O Brasil tem superávit nos últimos 20 anos.

No entanto, as sanções ainda constrangem a expansão do comércio e causam problemas para o Irã. O país não conseguiu por exemplo destravar a compra milionária de aviões da Embraer. O Irã sofre dificuldades para repor a frota aérea que opera voos comerciais internos e também para realizar a manutenção de aeronaves.

No mês passado, a queda de um helicóptero que voava em condições de mau tempo matou o então presidente do país, Ebrahim Raisi, e o então ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian.

A tragédia ainda está sob investigação, mas autoridades do país já admitiram falha técnica. Sob o comando do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, foram convocadas eleições para a próxima sexta-feira, dia 28 de junho.

BRASÍLIA - A presença de um enviado do governo dos Estados Unidos no Brasil para discutir com autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre sanções e atividades do Irã na região irritou Teerã. Diplomatas iranianos relataram nesta sexta-feira, dia 21, incômodo com a viagem ao País de Abram Paley, representante do Departamento de Estado, e questionaram os objetivos de seus encontros em Brasília.

Abram Paley exerce o cargo de enviado especial adjunto para o Irã. Antes, foi conselheiro da vice-presidente Kamala Harris sobre Oriente Médio. Ele é diplomata de carreira com larga experiência prévia no tema, tendo servido em embaixadas na Arábia Saudita, Israel e Iraque e trabalhado como diretor para Iêmen, no Conselho de Segurança Nacional.

O embaixador do Irã, Abdollah Nekounam Ghadirli, com o presidente Lula no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert / PR Foto: Ricardo Stuckert

Em viagem discreta, ele esteve em Brasília nesta semana e manteve contatos com autoridades federais. O próprio enviado especial relatou na terça-feira, dia 18, sobre a visita a Brasília, que surpreendeu as autoridades iranianas no País e motivou as reclamações contra um possível aumento de sanções e restrições comerciais.

“Acabo de regressar do Brasil, onde tive reuniões construtivas com autoridades sobre as nossas preocupações sobre as atividades desestabilizadoras do Irã e dos seus proxis na região, a aplicação de sanções, a cooperação contra o terrorismo e nossos objetivos compartilhados de não-proliferação”, afirmou o diplomata, em publicação no X (antigo Twitter).

O Itamaraty informou ao Estadão que o embaixador Carlos Duarte, secretário de África e Oriente Médio, reuniu-se com o enviado do governo Biden na segunda-feira, dia 17. Segundo o ministério, ele foi recebido para tratar da situação no Oriente Médio. A embaixada dos Estados Unidos não quis divulgar mais informações a respeito.

Um alto representante de Teerã no Brasil classificou a viagem do norte-americano como um exemplo da política de “pressão máxima” exercida por Washington e um “comportamento bárbaro” contra o povo iraniano, com objetivos políticos. Ele relacionou a presença do enviado do governo Joe Biden a uma tentativa de constranger a cooperação bilateral e o comércio entre Brasil e Irã: “Por que procuram reduzir as exportações brasileiras - carne e grãos - para o Irã”?

No governo Lula, houve sinais de reaproximação em alto nível político, inclusive com diálogo presidencial, entre Brasil e Irã. O país é um dos novos membros do Brics e vem recebendo sinais de confiança do governo petista, inclusive em fóruns internacionais. O Brasil deixou de votar nas Nações Unidas favoravelmente a uma investigação contra Teerã por causa da violação de direitos de mulheres.

Após o histórico ataque aéreo com drones e mísseis contra Israel, o governo brasileiro divulgou uma nota oficial que não condenava o bombardeio sem precedentes - o que seria feito somente após cobranças e uma repercussão negativa, pelo chanceler Mauro Vieira.

Navios de Guerra

No ano passado, o governo dos Estados Unidos tentou, sem sucesso, apelar ao governo Lula para impedir a passagem pela costa brasileira e a ancoragem de dois navios de guerra do Irã. Os Estados Unidos acusam o país e seus braços militares de se envolverem em atividades terroristas. O Irã rechaça a pecha.

Na ocasião, a Marinha deu aval para que os navios atracassem no Porto do Rio. Autoridades militares e diplomáticas do Brasil e do Irã participaram de uma celebração nos navios iranianos, sobre os 120 anos de relações entre os países. O Itamaraty e o Palácio do Planalto ignoraram a pressão da embaixada norte-americana.

No governo Jair Bolsonaro, o Irã precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguir aval para o reabastecimento de navios sancionados nos EUA, que trouxeram ureia e voltariam ao país com carregamento de milho.

Apesar das restrições, o comércio bilateral entre Brasil e Irã cresceu nos últimos anos e chegou a US$ 4,4 bilhões no ano passado. Os iranianos citam números ainda maiores, por causa de um fluxo indireto de produtos, que passam antes por outros países para driblar barreiras. A base são produtos como milho, soja, carne bovina e de aves e açúcar. O Brasil tem superávit nos últimos 20 anos.

No entanto, as sanções ainda constrangem a expansão do comércio e causam problemas para o Irã. O país não conseguiu por exemplo destravar a compra milionária de aviões da Embraer. O Irã sofre dificuldades para repor a frota aérea que opera voos comerciais internos e também para realizar a manutenção de aeronaves.

No mês passado, a queda de um helicóptero que voava em condições de mau tempo matou o então presidente do país, Ebrahim Raisi, e o então ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian.

A tragédia ainda está sob investigação, mas autoridades do país já admitiram falha técnica. Sob o comando do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, foram convocadas eleições para a próxima sexta-feira, dia 28 de junho.

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