WASHINGTON - Passageiros que viajarem do Brasil aos Estados Unidos podem, em breve, ser proibidos de levar laptops e outros equipamentos eletrônicos a bordo de aviões. Em meio a contínuas ameaças terroristas, o secretário de Segurança Interna do governo de Donald Trump, John Kelly, disse neste domingo, 28, que a proibição, inicialmente imposta a dez outros países, pode ser ampliada para todos os voos que tenham aeroportos americanos como destino.
“É realmente uma coisa pela qual os terroristas estão obcecados: a ideia de derrubar um avião em pleno voo, ainda mais se for de uma companhia aérea dos Estados Unidos, ainda mais se estiver cheio de americanos”, Kelly disse ao programa “Fox News Sunday”.
Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna disse, no dia 24, que a agência ainda não se decidiu sobre a proibição de laptops em voos internacionais que saem dos Estados Unidos. A agência – que desde março barrou dispositivos maiores que telefones celulares em voos provenientes de dez aeroportos do Oriente Médio e do norte da África – vem conversando com representantes da Comissão Europeia sobre a possibilidade de estender a proibição para voos que saem do continente para os Estados Unidos, apesar das preocupações da União Europeia.
O temor das autoridades americanas tem como base informações de inteligência que descrevem como grupos extremistas – especialmente, o Estado Islâmico – vêm estudando maneiras de miniaturizar explosivos potentes para fazê-los caber em aparelhos eletrônicos que, atualmente, podem passar pelas inspeções de segurança dos aeroportos.
“É uma ameaça muito sofisticada, e vou esperar até vermos para onde as coisas vão se encaminhar”, disse Kelly sobre uma possível decisão final. Os comentários dele foram semelhantes aos que fez em uma audiência do Senado, no dia 25, sobre o orçamento do Departamento para 2018.
Kelly disse que o Departamento de Administração da Segurança de Transportes “pode e provavelmente vai” intensificar também as revistas de bagagem de mão, pois os viajantes estão levando mais coisas consigo para evitar pagar as taxas cobradas pelas companhias aéreas pelo excesso de peso na bagagem despachada.
“Quanto mais coisa você coloca na mala, menos os profissionais da segurança conseguem ver os conteúdos da bagagem pelos monitores”, disse. “O que estamos fazendo agora é elaborar táticas, técnicas e procedimentos em alguns aeroportos para descobrir exatamente como fazer isso com menos inconveniente para o viajante”.
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Especialistas americanos e a Comissão Europeia têm feito contatos frequentes para debater como uma possível ampliação da proibição afetaria a rotina de viagens. Alguns especialistas acreditam que o veto aos eletrônicos poderia desencadear “o caos” nos aeroportos europeus, que têm 3.250 voos semanais programados para os EUA no próximo verão no Hemisfério Norte. As companhias aéreas americanas temem que novas restrições tenham impacto negativo nos negócios, mas não negam a necessidade de ampliar as medidas de segurança. “Seja o que for, teremos de cumprir”, afirmou na semana passada o CEO da United Airlines, Oscar Muñoz.
Tecnologia. Apesar da promessa de endurecimento, Kelly aludiu à possibilidade de que a melhoria dos dispositivos de verificação de bagagem possa aliviar a necessidade de procedimentos tão rigorosos. “Estão surgindo novas tecnologias e, em breve, vamos usá-las”, ele disse.
Recentemente, ao menos quatro das maiores empresas que fabricam tais dispositivos disseram que estão desenvolvendo scanners muito melhores na detecção de explosivos do que as atuais máquinas de raios X. Isso permitiria que os passageiros pudessem voltar a carregar laptops, outros eletrônicos de maior porte – como câmeras fotográficas – e até mesmo líquidos em suas malas de mão.
Para lembrar
O primeiro anúncio do governo Trump sobre proibição de laptops e outros eletrônicos maiores que celulares na bagagem de mão veio no dia 21 de março e afetou dez aeroportos em oito países. Passageiros que viajam aos EUA partindo de Turquia, Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Emirados Árabes e Marrocos já estão sujeitos à restrição.
No dia 15, após a notícia de que a proibição seria aplicada também à Europa, a Associação Britânica de Pilotos divulgou nota afirmando que despachar eletrônicos é um risco, já que um incêndio provocado por baterias de lítio no compartimento de bagagens seria incontrolável, diferentemente de um iniciado na cabine. / THE WASHINGTON POST