EUA retiram da embaixada em Cuba mais da metade de sua equipe por ‘ataques’ a diplomatas


Washington orientou os cidadãos americanos a evitarem viagens à ilha; governo cubano nega envolvimento e diz que decisão é precipitada

Por Cláudia Trevisan, correspondente e Washington

WASHINGTON - Os EUA decidiram nesta sexta-feira, 29, retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários da embaixada americana em Cuba, depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição e/ou equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça a ao menos 21 membros do Departamento de Estado em Havana. Cuba disse que a decisão americana é precipitada e prejudica as relações bilaterais, retomadas no governo de Barack Obama.

+ Cuba e o enigma dos ‘ataques acústicos’ contra diplomatas americanos

Os incidentes começaram no fim de 2016 e o mais recente deles foi registrado em agosto. Todos ocorreram em hotéis e não na embaixada. Suspeitava-se inicialmente do uso de armas sônicas na ação. Outra possibilidade analisada é a utilização de equipamentos de espionagem.

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Fontes afirmam que os EUA estãoordenando que todos os funcionários não essenciais da embaixada saiam de Havana; apenas “equipes de emergência” permanecerão no país Foto: AP Photo/Desmond Boylan

Em briefing telefônico com jornalistas, uma alta autoridade do Departamento de Estado americano disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo realizadas. Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com as investigações.

“Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques”, disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob condição de anonimato, prática comum no governo americano. “Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência.”

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Mais da metade do contingente da embaixada será retirado de Havana. Todos os parentes de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade. A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. Os EUA também orientaram seus cidadãos a evitarem viagens à ilha.

A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral entre Washington e Havana. O presidente americano, Donald Trump, congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou o levantamento de sanções à realização de reformas democráticas.

6 pontos que explicam como Trump está prejudicando os EUA

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6 pontos que explicam como Trump está prejudicando os EUA

Foto: AFP PHOTO / SAUL LOEB
2 | 7

Economia e negócios

Foto: AP Photo/Richard Drew
3 | 7

Meio ambiente

Foto: AFP PHOTO / PAUL J. RICHARDS
4 | 7

Imigração

Foto: REUTERS/Eric Thayer
5 | 7

Diplomacia

Foto: AP Photo/Carolyn Kaster
6 | 7

Sociedade

Foto: REUTERS/Jonathan Drake
7 | 7

Crimes

Foto: REUTERS/Jonathan Bachman
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Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais. Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, casos relacionados à segurança nacional americana e operações “cruciais” da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer no território americano.

As relações diplomáticas com Cuba estão mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu “o esforço” do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.

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Funcionários da embaixada americana em Cuba precisaram de tratamento médico. Eles teriam sido alvo de 'ataques acústicos'.

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Washington já havia informado que pelo menos 21 americanos em Havana sofreram "incidentes de saúde", acrescentando que não tem "respostas definitivas sobre a fonte ou causa" das ocorrências.

Segundo meios de comunicação americanos, que citam relatórios médicos dos afetados, alguns diplomatas sofreram lesões cerebrais traumáticas leves e perda de audição em razão dos incidentes.

Em seu comunicado, Cuba também apontou que, de acordo com os resultados preliminares da investigação, "até o momento não há evidências das causas e da origem das afecções de saúde reportadas pelos diplomatas americanos".

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Pretexto

Para o cientista político Ben Hoffman, do Instituto de Estudos Globais de Hamburgo, na Alemanha, a decisão do governo americano pode ter sido motivada pelo desejo de buscar uma política mais dura contra Cuba, como anunciado em Miami e no discurso na ONU. “Esse incidente para ser um pretexto para endurecer a política para Cuba”, disse. 

Ainda de acordo com Hoffman, as restrições de visto provocadas pelo anúncio desta manhã podem colocar em dúvida o acordo de migração assinado entre os dois países na década de 90, segundo o qual os Estados Unidos concedem 20 mil vistos por ano em troca da repressão à imigração ilegal em Cuba. 

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Engage Cuba, um grupo de lobby pró-Cuba com base em Washington disse que o corte de pessoal é indecifrável, uma vez que turistas não foram alvos dos ataques sônicos. Interromper a concessão de vistos, segundo o grupo, dividiria famílias e prejudicaria o nascente setor privado na ilha. 

O senador democrata Patrick Leahy, que defende a aproximação com Havana, pediu que a medida seja anulada. “Precisamos fazer o que esteja a nosso alcance para resolver esse mistério e nosso pessoal retorne em segurança o mais rápido possível”, disse. 

O senador republicano Marco Rubio, que representa a comunidade cubana em Havana, pediu medidas mais durad contra o governo cubano. “Até que os responsáveis sejam julgados, os Estados Unidos devem expulsar o mesmo número de diplomatas cubanos e reduzir suas operações na embaixada”, disse. / com REUTERS, AP e EFE

WASHINGTON - Os EUA decidiram nesta sexta-feira, 29, retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários da embaixada americana em Cuba, depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição e/ou equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça a ao menos 21 membros do Departamento de Estado em Havana. Cuba disse que a decisão americana é precipitada e prejudica as relações bilaterais, retomadas no governo de Barack Obama.

+ Cuba e o enigma dos ‘ataques acústicos’ contra diplomatas americanos

Os incidentes começaram no fim de 2016 e o mais recente deles foi registrado em agosto. Todos ocorreram em hotéis e não na embaixada. Suspeitava-se inicialmente do uso de armas sônicas na ação. Outra possibilidade analisada é a utilização de equipamentos de espionagem.

Fontes afirmam que os EUA estãoordenando que todos os funcionários não essenciais da embaixada saiam de Havana; apenas “equipes de emergência” permanecerão no país Foto: AP Photo/Desmond Boylan

Em briefing telefônico com jornalistas, uma alta autoridade do Departamento de Estado americano disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo realizadas. Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com as investigações.

“Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques”, disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob condição de anonimato, prática comum no governo americano. “Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência.”

Mais da metade do contingente da embaixada será retirado de Havana. Todos os parentes de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade. A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. Os EUA também orientaram seus cidadãos a evitarem viagens à ilha.

A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral entre Washington e Havana. O presidente americano, Donald Trump, congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou o levantamento de sanções à realização de reformas democráticas.

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Foto: AP Photo/Carolyn Kaster
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Sociedade

Foto: REUTERS/Jonathan Drake
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Crimes

Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais. Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, casos relacionados à segurança nacional americana e operações “cruciais” da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer no território americano.

As relações diplomáticas com Cuba estão mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu “o esforço” do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.

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Funcionários da embaixada americana em Cuba precisaram de tratamento médico. Eles teriam sido alvo de 'ataques acústicos'.

Washington já havia informado que pelo menos 21 americanos em Havana sofreram "incidentes de saúde", acrescentando que não tem "respostas definitivas sobre a fonte ou causa" das ocorrências.

Segundo meios de comunicação americanos, que citam relatórios médicos dos afetados, alguns diplomatas sofreram lesões cerebrais traumáticas leves e perda de audição em razão dos incidentes.

Em seu comunicado, Cuba também apontou que, de acordo com os resultados preliminares da investigação, "até o momento não há evidências das causas e da origem das afecções de saúde reportadas pelos diplomatas americanos".

Pretexto

Para o cientista político Ben Hoffman, do Instituto de Estudos Globais de Hamburgo, na Alemanha, a decisão do governo americano pode ter sido motivada pelo desejo de buscar uma política mais dura contra Cuba, como anunciado em Miami e no discurso na ONU. “Esse incidente para ser um pretexto para endurecer a política para Cuba”, disse. 

Ainda de acordo com Hoffman, as restrições de visto provocadas pelo anúncio desta manhã podem colocar em dúvida o acordo de migração assinado entre os dois países na década de 90, segundo o qual os Estados Unidos concedem 20 mil vistos por ano em troca da repressão à imigração ilegal em Cuba. 

Engage Cuba, um grupo de lobby pró-Cuba com base em Washington disse que o corte de pessoal é indecifrável, uma vez que turistas não foram alvos dos ataques sônicos. Interromper a concessão de vistos, segundo o grupo, dividiria famílias e prejudicaria o nascente setor privado na ilha. 

O senador democrata Patrick Leahy, que defende a aproximação com Havana, pediu que a medida seja anulada. “Precisamos fazer o que esteja a nosso alcance para resolver esse mistério e nosso pessoal retorne em segurança o mais rápido possível”, disse. 

O senador republicano Marco Rubio, que representa a comunidade cubana em Havana, pediu medidas mais durad contra o governo cubano. “Até que os responsáveis sejam julgados, os Estados Unidos devem expulsar o mesmo número de diplomatas cubanos e reduzir suas operações na embaixada”, disse. / com REUTERS, AP e EFE

WASHINGTON - Os EUA decidiram nesta sexta-feira, 29, retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários da embaixada americana em Cuba, depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição e/ou equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça a ao menos 21 membros do Departamento de Estado em Havana. Cuba disse que a decisão americana é precipitada e prejudica as relações bilaterais, retomadas no governo de Barack Obama.

+ Cuba e o enigma dos ‘ataques acústicos’ contra diplomatas americanos

Os incidentes começaram no fim de 2016 e o mais recente deles foi registrado em agosto. Todos ocorreram em hotéis e não na embaixada. Suspeitava-se inicialmente do uso de armas sônicas na ação. Outra possibilidade analisada é a utilização de equipamentos de espionagem.

Fontes afirmam que os EUA estãoordenando que todos os funcionários não essenciais da embaixada saiam de Havana; apenas “equipes de emergência” permanecerão no país Foto: AP Photo/Desmond Boylan

Em briefing telefônico com jornalistas, uma alta autoridade do Departamento de Estado americano disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo realizadas. Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com as investigações.

“Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques”, disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob condição de anonimato, prática comum no governo americano. “Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência.”

Mais da metade do contingente da embaixada será retirado de Havana. Todos os parentes de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade. A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. Os EUA também orientaram seus cidadãos a evitarem viagens à ilha.

A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral entre Washington e Havana. O presidente americano, Donald Trump, congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou o levantamento de sanções à realização de reformas democráticas.

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Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais. Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, casos relacionados à segurança nacional americana e operações “cruciais” da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer no território americano.

As relações diplomáticas com Cuba estão mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu “o esforço” do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.

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Em seu comunicado, Cuba também apontou que, de acordo com os resultados preliminares da investigação, "até o momento não há evidências das causas e da origem das afecções de saúde reportadas pelos diplomatas americanos".

Pretexto

Para o cientista político Ben Hoffman, do Instituto de Estudos Globais de Hamburgo, na Alemanha, a decisão do governo americano pode ter sido motivada pelo desejo de buscar uma política mais dura contra Cuba, como anunciado em Miami e no discurso na ONU. “Esse incidente para ser um pretexto para endurecer a política para Cuba”, disse. 

Ainda de acordo com Hoffman, as restrições de visto provocadas pelo anúncio desta manhã podem colocar em dúvida o acordo de migração assinado entre os dois países na década de 90, segundo o qual os Estados Unidos concedem 20 mil vistos por ano em troca da repressão à imigração ilegal em Cuba. 

Engage Cuba, um grupo de lobby pró-Cuba com base em Washington disse que o corte de pessoal é indecifrável, uma vez que turistas não foram alvos dos ataques sônicos. Interromper a concessão de vistos, segundo o grupo, dividiria famílias e prejudicaria o nascente setor privado na ilha. 

O senador democrata Patrick Leahy, que defende a aproximação com Havana, pediu que a medida seja anulada. “Precisamos fazer o que esteja a nosso alcance para resolver esse mistério e nosso pessoal retorne em segurança o mais rápido possível”, disse. 

O senador republicano Marco Rubio, que representa a comunidade cubana em Havana, pediu medidas mais durad contra o governo cubano. “Até que os responsáveis sejam julgados, os Estados Unidos devem expulsar o mesmo número de diplomatas cubanos e reduzir suas operações na embaixada”, disse. / com REUTERS, AP e EFE

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