THE NEW YORK TIMES — Os Estados Unidos e o Reino Unido realizaram ataques militares de larga escala na segunda-feira, 22, contra oito locais no Iêmen controlados pelos rebeldes Houthi, de acordo com os dois países. Os ataques assinalaram que o governo Biden pretende travar uma campanha sustentada e, pelo menos por agora, aberta contra o grupo apoitado pelo Irã, que interrompeu o tráfego de rotas marinhas internacionais vitais.
Os ataques — o oitavo episódio em quase duas semanas — atingiram múltiplos alvos em cada local, e foram maiores e mais amplos do que a série de ataques recentes mais limitados contra mísseis houthis, os quais norte-americanos disseram que surgiram em um curto espaço de tempo. Esses mísseis foram atingidos antes que eles pudessem disparar contra navios no Mar Vermelho ou no Golfo de Aden.
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Mas o planejado ataque noturno na segunda-feira, que atingiu radares, bem como locais de drones e mísseis e bunkers subterrâneos de armazenamento de armas, foram menores que as primeiras retaliações no dia 11 de janeiro. Naquele episódio, mais de 60 alvos foram atingidos em 30 locais do Iêmen, em uma expansão do conflito no Oriente Médio, que o governo Biden estava tentando evitar.
Este meio-termo reflete a tentativa do governo de minar a capacidade dos houthis de ameaçar navios mercantis e militares, mas não atingir com tanta força a ponto de matar um grande número de combatentes e comandantes houthis, e potencialmente desencadear um caos ainda maior em uma região que já oscila à beira de uma guerra mais ampla.
“Queremos reiterar nosso aviso para as lideranças houthi: nós não vamos hesitar em defender vidas e o fluxo livre do comércio em uma das vias navegáveis mais críticas do mundo em face à ameaça continua”, disseram os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido em um comunicado.
Juntaram-se no comunicado Holanda, Austrália, Canadá e Bahrein, que, como fizeram nos ataques de 11 de janeiro, também participaram, fornecendo logística, inteligência e outros apoios, segundo oficiais estadunidenses.
Em conjunto, no entanto, os ataques liderados pelos Estados Unidos, em uma operação militar chamada Poseidon Archer, até agora não conseguiram dissuadir os houthis de atacar rotas marítimas que passam pelo Canal de Suez, que são cruciais para o comércio global. O grupo apoiado pelo Irã afirma que continuará com seus ataques, alegando ser um protesto contra a campanha militar de Israel na Faixa de Gaza contra o Hamas.
Em vez disso, os houthis permaneceram desafiadores na segunda-feira, depois dos ataques dos caças FA-18 da Marinha baseados em porta-aviões, dos mísseis de cruzeiro Tomahawk e dos aviões de guerra britânicos Typhoon. “A retaliação contra americanos e britânicos é inevitável, e qualquer nova agressão não ficará impune”, declarou Yahya Sarea, um porta-voz houti, em um comunicado antes dos últimos ataques americanos.
Os houthis alegaram na segunda-feira terem atacado um navio de carga militar americano, Ocean Jazz, no Golfo de Aden, mas a Casa Branca e o Pentágono negaram que tal ataque tenha ocorrido.
O presidente Joe Biden disse na última quinta-feira, 18, que ataques aéreos contra os houthis iriam continur. “Eles estão parando os houthis? Não”, disse. “Eles irão continuar? Sim”.
No domingo, 21, Jon Finer, vice conselheiro de segurança nacional, ofereceu uma visão da estratégia emergente da administração em relação aos houthis, formada em várias reuniões de alto nível na Casa Branca nos últimos dias, disseram autoridades dos EUA. “Eles têm estoques de armas avançadas fornecidas a eles ou possibilitadas a eles, em muitos casos, pelo Irã”, disse Finer no programa This Week da ABC News. “Estamos destruindo esses estoques para que eles não consigam realizar tantos ataques ao longo do tempo. Isso levará tempo para se desenrolar.”
Os ataques aéreos e navais liderados pelos EUA começaram em resposta a ataques de drones e mísseis houthis contra navios comerciais no Mar Vermelho desde novembro. Os Estados Unidos e vários aliados alertaram repetidamente os houthis sobre as graves consequências se os movimentos não parassem.
Mas dois oficiais estadunidenses alertaram, poucos dias depois de a campanha aérea começar, que apesar de atingirem alvos de mísseis e drones houthis com mais de 150 munições guiadas, os ataques só danificaram ou destruíram cerca de 20% a 30% da capacidade ofensiva dos rebeldes, muito dos quais são montados em plataformas e podem facilmente se mover ou se esconder.
Um terceiro oficial disse na segunda-feira que percebeu esse número pode ter subido para 30% a 40% depois que pelo menos 25 a 30 munições guiadas com precisão atingiram com sucesso seus alvos na segunda-feira. Entretanto, outros responsáveis dos serviços secretos dos EUA que foram informados sobre a dimensão e o âmbito do arsenal dos houthis dizem que os analistas não têm a certeza com que quantidade de armamento o grupo começou.
A inteligência dos Estados Unidos e outras agências ocidentais não gastaram tempo significativo ou recursos nos últimos anos coletando dados sobre a localização de defesas aéreas dos houthis, centros de comando, depósitos de munições e estoques e facilitadores de produção para drones e míssies, de acordo com autoridades.
Isso mudou rapidamente depois do ataque do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, e dos ataques houthi em navios comerciais um mês depois. Analistas dos EUA têm corrido para catalogar mais alvos potenciais dos Houthi todos os dias, disseram as autoridades. Esse esforço resultou em muitos dos alvos atingidos em 11 de janeiro e na segunda-feira, disseram autoridades.
Muitos republicanos no Congresso e alguns ex-oficiais militares disseram que a abordagem não está funcionando. “A chave é que temos que machucar os houthis até um ponto em que eles parem”, disse o general Kenneth F. McKenzie Jr., chefe reformado do Comando Central militar, numa entrevista. “Ainda não fizemos isso.”