WASHINGTON - Os Estados Unidos impuseram sanções nesta quinta-feira, 6, ao ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi; assim como à ministra das Comunicações, Eisa Zarepour, e a cinco funcionários de alto escalão das forças de segurança do país, em represália à repressão violenta aos protestos pelos direitos das mulheres e contra a obrigatoriedade do uso do véu.
Especificamente, o escritório de controle de ativos estrangeiros do Tesouro dos EUA incluirá essas pessoas em sua lista de entidades que receberam sanções por “cortar o acesso à internet e continuar a violência contra manifestantes pacíficos”, segundo detalhou um comunicado desse departamento.
O anúncio é feito depois que o mesmo escritório impôs penalidades a vários funcionários de alto escalão da Polícia da Moral iraniana no último dia 22 de setembro.
A Casa Branca vem alertando há dias que os EUA continuariam com as sanções até que cesse a repressão aos protestos, que eclodiram em decorrência da morte sob custódia policial de Masha Amini, de 22 anos, após ser detida pela Polícia da Moral por usar o véu de forma inadequada.
“Os Estados Unidos condenam a contínua repressão violenta de protestos após a morte de Amini”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em comunicado por ocasião do anúncio das sanções.
Em 23 de setembro, os EUA autorizaram empresas de tecnologia a expandir seus serviços no Irã, em resposta aos cortes de internet ordenados pelo governo daquele país para tentar atrapalhar as manifestações.
Concretamente, o Departamento do Tesouro, que mantém fortes sanções ao país, emitiu uma licença geral com a qual “as empresas de tecnologia poderão fornecer mais serviços digitais aos iranianos, desde acesso à nuvem a ferramentas para melhorar sua segurança e privacidade online”.]
Seu navegador não suporta esse video.
Mahsa Amini: Jovem de 22 anos morreu após ser detida pela polícia moral do #Irã por uso ‘inadequado’ da indumentária obrigatória
Depois que Estados Unidos e Canadá anunciaram sanções contra o Irã, a União Europeia afirmou estava considerando a imposição de medidas similares por causa da repressão violenta aos protestos. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, alertou que a UE pode esperar “uma atitude recíproca”.
A deputada sueca do Parlamento Europeu, Abir al-Sahlani, cortou o próprio cabelo durante um discurso na assembleia da União Europeia em apoio às manifestações de mulheres no Irã. De origem iraquiana, a parlamentar pediu por ações mais duras do bloco europeu contra o Irã que vem sufocando de forma violenta os protestos que deflagraram após a morte de Mahsa Amini, 22 anos, sob custódia da polícia da moralidade.
Como a eurodeputada sueca, várias mulheres aderiram ao movimento de cortar o próprio cabelo em frente as câmeras para demonstrar apoio aos protestos. Atrizes e cantoras francesas como Juliette Binoche, Isabelle Huppert, Marion Cotillard e Isabelle Adjani cortaram uma mecha do cabelo em solidariedade às mulheres iranianas.
Caso Mahsa Amini
O regime do Irã endureceu a repressão contra ativistas e artistas que aderiram aos protestos contra o governo e o uso obrigatório do hijab após a morte de Mahsa Amini. As manifestações pelo país estão em sua terceira semana e já espalharam para mais de 80 cidades, com amplo apoio de estudantes universitários e de ensino médio, cujos vídeos de meninas tirando seus hijab viralizaram nos últimos dias. Em resposta, o governo iraniano promoveu um apagão ao acesso a internet para conter os vídeos.
Mais de 90 pessoas já morreram desde 16 de setembro, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega. Por sua vez, as autoridades iranianas divulgaram um balanço de 60 mortos, incluindo 12 agentes de segurança. Mais de mil pessoas foram detidas e 620 já foram libertadas na província de Teerã, segundo as autoridades./EFE e AFP