WASHINGTON - O Departamento de Estado americano está investigando novas queixas de lesões cerebrais ligadas à chamada síndrome de Havana na Embaixada dos EUA na Colômbia, disse um alto funcionário do governo na terça-feira, 12, uma semana antes da visita do secretário de Estado Antony Blinken ao país.
Não ficou claro quantas pessoas na embaixada em Bogotá, capital colombiana, podem ter sofrido com a doença misteriosa e seus sintomas de dores de cabeça, náuseas, tonturas e perda de memória. O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que as autoridades garantiriam que os funcionários “recebessem o atendimento imediato de que precisam”, mas não descreveu as queixas na Colômbia durante uma coletiva em Washington.
O oficial sênior da administração confirmou as queixas, que foram relatadas anteriormente pelo The Wall Street Journal, e disse que pelo menos dois funcionários da embaixada relataram os sintomas.
O presidente Iván Duque, da Colômbia, disse que seu país estava ciente dos relatórios. Em entrevista ao The New York Times na terça-feira, Duque disse que enquanto os Estados Unidos assumiam a liderança, o serviço de inteligência da Colômbia também estava atuando na investigação.
Mais de 200 funcionários do governo dos EUA - espiões, diplomatas, tropas militares e outros - foram afetados pela doença nos últimos cinco anos em missões diplomáticas em vários países, incluindo Cuba. Relatos de um surto em Hanói, no Vietnã, atrasaram a visita da vice-presidente Kamala Harris em agosto por algumas horas.
Embora as origens da síndrome de Havana permaneçam desconhecidas, seus sintomas são semelhantes aos causados por equipamentos de vigilância usados pela Rússia durante a Guerra Fria. Ainda neste verão (Hemisfério Norte), no entanto, oficiais de inteligência dos EUA estavam lutando para encontrar evidências de que a condição era resultado de ataques de micro-ondas por agentes russos - uma teoria apresentada em um estudo da Academia Nacional de Ciências, em dezembro.
Mais da metade das vítimas é de funcionários da CIA (agência de Inteligência americana), e o Congresso aprovou mais apoio aos funcionários dos EUA que foram afetados pela doença. No mês passado, a Comissão de Inteligência da Câmara também exigiu mais recursos para ajudar a encontrar a causa das doenças e para revisar o tratamento dos casos pela CIA.
O Conselho de Segurança Nacional e o Departamento de Estado criaram forças-tarefa para investigar os casos relatados, que eram uma das principais preocupações de Blinken antes mesmo de ele assumir o cargo. Ele não deve cancelar ou atrasar sua viagem à Colômbia, durante a qual provavelmente tratará da questão dos migrantes e da crise política e humanitária na vizinha Venezuela.
Price disse que o Departamento de Estado procurou ser mais aberto com os funcionários sobre os relatos de ataques em postos diplomáticos, tentou agressivamente identificar sua causa e prestou atendimento às pessoas que reclamaram dos sintomas.
“Demos uma série de passos, inclusive em termos de comunicação, em termos de atendimento, em termos de detecção, em termos de proteção para nossa força de trabalho”, disse ele. “E isso é algo que continuará a ser uma prioridade para o secretário.”