Uma mulher que escreveu um livro infantil sobre como lidar com a dor do luto após a morte de seu marido foi acusada de envenená-lo intencionalmente nos Estados Unidos. Mãe de três filhos, Kouri Richins, de 33 anos, foi presa no Estado de Utah, em maio. Nesta segunda-feira, 12, seus advogados entraram com um pedido para que ela seja libertada sob fiança durante o período de julgamento.
O caso aconteceu em março de 2022. Kouri Richins foi presa acusada de envenenar seu marido com uma dose letal de fentanil em sua casa na cidade de Kamas. Os promotores alegam que a mulher ligou para as autoridades no meio da noite para relatar que seu marido, Eric Richins, estava “frio ao toque”. Ela disse aos policiais que preparou para o marido uma bebida mista de vodca para comemorar a venda de uma casa e depois foi acalmar um de seus filhos para dormir em seu quarto. Mais tarde, ela voltou e, ao descobrir que o marido não respondia, ligou para o 911 (número local da polícia).
Mais tarde, um médico legista encontrou cinco vezes a dosagem letal de fentanil em seu sistema. Além da acusação de homicídio, ela também enfrenta acusações envolvendo a suposta posse de GHB - uma droga para narcolepsia frequentemente usada em ambientes recreativos, inclusive em boates.
As acusações ocorreram dois meses depois que ela apareceu na televisão local para promover “Are with me?” (“Está comigo?”, em tradução livre) um livro ilustrado que ela escreveu para ajudar as crianças a lidar com a morte de um ente querido. A obra mostrava um pai angelical cuidando de seus filhos após o falecimento.
Advogados pedem fiança
Kouri compareceu uma audiência de fiança na manhã desta segunda-feira, 12, para determinar se ela deve ou não ser libertada da prisão enquanto aguarda seu julgamento pela morte de seu marido. A promotora-chefe do condado de Summit, Patricia Cassell, disse que planejava interrogar várias testemunhas na manhã desta segunda-feira.
De acordo com o jornal britânico “Daily Mail”, novos elementos do caso foram apresentados à investigação. Descobriu-se que ela havia procurado no Google “prisões de luxo para os ricos na América” e que pesquisou se a polícia pode ver textos excluídos, se os policiais podem forçá-la a fazer um teste de detector de mentiras e quanto tempo duram os pagamentos do seguro de vida.
Em uma moção pedindo sua libertação apresentada na sexta-feira, 9, os advogados de Kouri Richins argumentaram que as evidências contra ela são circunstanciais porque a polícia nunca apreendeu fentanil na casa da família. Eles também questionaram a credibilidade das principais testemunhas que devem apoiar o pedido dos promotores para mantê-la sob custódia.
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Os advogados disseram que os promotores “simplesmente aceitaram” a narrativa da família de Eric Richins de que sua esposa o envenenou “e trabalharam de trás para frente em um esforço para apoiá-la”, gastando cerca de 14 meses investigando e não encontrando nenhuma evidência para apoiar sua teoria. Em um processo judicial contendo uma carta arquivada na segunda-feira, seus advogados também afirmam que os detetives detiveram e interrogaram Richins ilegalmente enquanto executavam um mandado de busca na casa da família cerca de um mês após a morte de seu marido.
Se o caso for a julgamento, pode depender em grande parte de um informante não identificado que, segundo os promotores, vendeu a ela as drogas que os médicos legistas encontraram posteriormente no sistema de seu marido. Documentos de cobrança e mandados detalham entrevistas nas quais a informante disse que vendeu hidrocodona e fentanil a nas semanas e meses anteriores à morte de seu marido. Os promotores dizem que o cronograma de compra de drogas corresponde à morte de Eric Richins e à alegação de que sua esposa havia adulterado o sanduíche semanas antes.
Os promotores disseram, ainda, que Kouri havia adulterado o sanduíche semanas antes. Depois que seu marido sobreviveu ao primeiro suposto envenenamento, Kouri Richins pediu drogas mais fortes, “algumas das coisas de Michael Jackson”, disse o traficante aos investigadores, de acordo com os promotores. Quando a estrela pop morreu de parada cardíaca em 2009, os médicos legistas encontraram medicamentos prescritos e anestésicos poderosos em seu sistema, não fentanil.
Documentos de cobrança sugerem que o caso provavelmente girará em torno de disputas financeiras e conjugais como possíveis motivos. O casal discutiu se deveria comprar uma mansão inacabada de 1.860 metros quadrados nas proximidades e discutiu o divórcio antes de sua morte, alegam documentos judiciais.
Os promotores também dizem que Kouri Richins fez grandes mudanças nos planos imobiliários da família antes da morte de seu marido, fazendo apólices de seguro de vida com benefícios totalizando quase US$ 2 milhões.
Eles também alegam que Richins comprou e gastou uma linha de crédito de US$ 250.000, retirou US$ 100.000 das contas bancárias de seu marido, gastou mais de US$ 30.000 em seus cartões de crédito e roubou cerca de US$ 134.000 destinados a impostos para seus negócios./AP