WASHINGTON - Os Estados Unidos qualificaram Pedro Castillo nesta quarta-feira, 7, como ex-presidente do Peru, depois que o Congresso do país aprovou sua destituição em resposta à sua tentativa de dissolvê-lo. A atitude de Castillo, que foi preso, foi condenada por vários governos, políticos e organizações, da América à Europa. Presidente do México, por sua vez, diz que elites peruanas forçaram Castillo a tomar decisões que levaram à sua destituição.
“Em nosso entendimento, devido à decisão do Congresso, Castillo agora é ex-presidente”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, em entrevista coletiva em Washington, na qual pediu que se defenda a democracia peruana.
Price acrescentou que os EUA “acompanharão de perto os acontecimentos” no país e que Washington “agirá de acordo com os desejos e aspirações do povo peruano”.
O porta-voz lembrou que todos os signatários da Carta Democrática Interamericana, assinada precisamente em Lima em 2001, estão comprometidos com “os valores democráticos, os direitos humanos e o Estado de direito”.
Brasil
No Brasil, governo brasileiro disse acompanhar com “preocupação” a situação política no país vizinho. Em nota, o Itamaraty classificou os atos do ex-presidente como “incompatíveis com o arcabouço normativo daquele país”. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de nota, disse que a destituição de Castillo seguiu os ritos da Constituição e lamentou que um presidente eleito democraticamente tenha tido esse destino.
OEA
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, repudiou as ações adotadas de Castillo e defendeu o diálogo no país. “O que ocorreu hoje no Peru constitui uma alteração da ordem constitucional”, afirmou Almagro durante uma reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA em Washington.
Chile
O governo de Gustavo Boric, do Chile, expressou confiança de que a situação “pode ser resolvida por meio de mecanismos democráticos e do respeito ao Estado de direito”, de acordo com uma declaração emitida pelo Ministério das Relações Exteriores.
Boric planejava viajar ao Peru em 13 e 14 de dezembro para participar na Cúpula da Aliança do Pacífico, que é composta por Chile, Colômbia, México e Peru, e que deveria ter sido realizada no México há algumas semanas, mas foi suspensa após o Congresso peruano ter recusado a autorização para viajar para a cúpula.
Após a destituição do presidente peruano, o secretário das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, publicou em redes sociais que “foi acordado adiar” a reunião reagendada para 14 de dezembro.
México
O governo do México pediu “respeito à democracia e aos direitos humanos”. Um pouco mais tarde, o presidente Andrés Manuel López Obrador acusou as “elites econômicas e políticas” do Peru de forçarem Castillo a “tomar decisões” que levaram à sua destituições.
O governo mexicano afirmou estar disposto a oferecer asilo a Castillo, ainda que ele não tenha solicitado. Em outras ocasiões, o presidente mexicano expressou solidariedade a Castillo, denunciando que havia “racismo” por trás da tentativa da “elite” e dos “conservadores” de tirá-lo do cargo.
Colômbia
Na Colômbia, também governada pela esquerda, a chancelaria pediu diálogo e condenou “qualquer atentado contra a democracia, venha de onde vier”. “O governo da Colômbia expressa sua preocupação com a crise política no Peru, se solidariza com o povo irmão peruano e convoca todos os atores políticos ao diálogo para salvaguardar a democracia”, afirmou a chancelaria, em comunicado.
Equador
O vizinho Equador manifestou “profunda preocupação”. “Fazemos um chamado a todos os atores políticos para manterem o Estado de direito e a democracia, assim como a comunidade internacional para facilitar o processo democrático no Peru”, afirmou a chancelaria.
Bolívia
Na Bolívia, o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) se manifestou e pediu respeito à Constituição, assim como “os mais altos interesses do povo” peruano. “Pedimos que se respeite a segurança, o direito à vida e a convivência pacífica e democrática.”
Argentina
O governo de Alberto Fernández também expressou “profunda preocupação” e pediu respeito às instituições no Peru. “A Argentina lamenta e expressa sua profunda preocupação pela crise política que atravessa a república irmã do Peru e faz um chamado a todos os atores políticos e sociais que se resguardem as instituições democráticas, o estado de direito e a ordem constitucional”, como afirmou a chancelaria no Twitter.
Espanha
Na Europa, a Espanha condenou veementemente a quebra da ordem constitucional e parabenizou o país por se corrigir democraticamente. O governo esquerdista de Pedro Sánchez saudou o “restabelecimento da normalidade democrática” no Peru após a destituição de Castillo e disse que “condena firmemente o colapso da ordem constitucional”./EFE e AFP