EUA vão entrar na guerra em Israel? E o mundo árabe? Entenda papel de outros países no conflito


Ataque terrorista do Hamas e retaliação de Israel deixam o mundo em alerta para extensão do conflito no Oriente Médio

Por Jéssica Petrovna
Atualização:

O mundo árabe deu sinais de que está dividido sobre a guerra em Israel. Em alguns países, manifestações nas ruas declaram apoio aos palestinos, mas os governos têm dado respostas mais reticentes, que pedem o cessar-fogo e o fim das hostilidades. É que, nos últimos anos, acirraram-se as tensões com o Irã, de origem persa, e o conflito Israel-Palestina passou para o segundo plano no Oriente Médio.

Grande exemplo disso é a Arábia Saudita. A maior economia da região trava uma guerra por procuração com o Irã no Iêmen, que virou palco da disputa por influência. Interessado na proteção dos Estados Unidos em meio à tensão, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que comanda Riad, negocia para se juntar aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

O processo mais recente começou com Emirados Árabes Unidos e Bahrein a partir dos Acordos de Abraão, costurados pelos Estados Unidos de Donald Trump, há três anos. Depois, veio a adesão do Marrocos e a negociação em andamentos com os sauditas. Para o reino, o acordo de defesa a mútua era a contrapartida para uma relação diplomática com Tel Aviv, que agora retalia na Faixa de Gaza o ataque sem precedentes de terroristas do Hamas.

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Líbano tem protestos em apoio à Palestina. Foto: ANWAR AMRO / AFP

Diante do dilema entre o apoio histórico aos palestinos e a aproximação com os Estados Unidos, a Arábia Saudita até aqui parece buscar um meio termo. Menciona que o cerco aos palestinos contribui para escalada da violência, mas foca na defesa do cessar-fogo.

“Nenhum desses acordos para retomada das negociações com Israel é feito gratuitamente, eles têm contrapartidas garantidas pela aproximação com os EUA. A Palestina, por sua vez, tem permanecido sozinha, o que demonstra como os interesses particulares no mundo árabe tem se sobressaído ao conflito”, avalia o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite.

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Do lado americano, por sua vez, os acordos reforçam uma virada, consolidada por governos tão diferentes como Donald Trump a Joe Biden. Saem as tropas que ocuparam o Afeganistão por duas décadas com um alto custo — financeiro e humanitário —, entram os negociadores. O cálculo feito por democratas e republicanos foi o mesmo: a grande ameaça para os Estados Unidos passou a ser a China, não mais o Oriente Médio.

Até que a guerra em Israel coloca em questão a movimentação das peças no tabuleiro, especialmente, EUA, Irã e Arábia Saudita. Isso porque, se qualquer um desses países decidir entrar diretamente no conflito, poderemos estar diante de uma crise mais ampla.

Estados Unidos

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O governo americano prontamente condenou com firmeza o ataque do Hamas. Além do repúdio, enviou armas e munições adicionais para Israel e reposicionou navios de guerra da marinha para mais perto do país em guerra.

O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional acredita que o movimento americano foi um recado para outro ator menor, mas que virou motivo de preocupação, o Hezbollah. O temor e que o grupo que atua no Líbano, com apoio do Irã, pudesse aproveitar o momento para atacar Israel pelo norte, como já aconteceu neste fim de semana, em meio à escalada com a Faixa de Gaza, no sul.

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“Essa era a grande preocupação no momento, foi por isso que a Casa Branca mandou os navios de guerra, para avisar ao Hezbollah que os Estados Unidos estão com Israel”, avalia.

Agora, são as pressões internas dentro dos Estados Unidos, que dão sinais de cansaço das intervenções militares em outros países, devem definir os próximos passos do governo Joe Biden no conflito. Apesar do presidente afirmar que se mantém firme no apoio à Ucrânia, o dinheiro extra para armar Kiev ficou fora do orçamento na queda de braço com republicanos no Congresso, que ameaçou um apagão do governo.

Mas a mesma oposição que aumenta os custos do apoio à Ucrânia, pode empurrar os Estados Unidos de volta para o Oriente Médio, afirma o professor de ciência política do Berea College (EUA), Carlos Gustavo Poggio. Um movimento que seria de interesse da Rússia.

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“Domesticamente, o apetite para uma política externa intervencionista não está muito alto como mostra o comportamento dos republicanos em relação à Ucrânia”, lembra Poggio. “Mas Israel se conecta com uma questão religiosa que é muita cara ao partido Republicano. Nesse caso, eles poderiam defender uma ação externa, diferente do que vem fazendo com Kiev. O governo deve enfrentar diferentes pressões, da direita e da esquerda, e estamos falando de uma região delicada. É preciso observar como Biden vai se equilibrar”, pondera.

Irã

Fontes do Hamas e do Hezbollah disseram no fim de semana ao The Wall Street Journal, que o país teria ajudado a planejar e dado sinal verde para o ataque em larga escala contra Israel. No dia seguinte, no entanto, Teerã veio à publico negar participação na ação terrorista. “A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender sua nação e tentar recuperar seus direitos perdidos”, disse o porta-voz Nasser Kanani.

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Para Gunther Rudzit, o país deve se manter como um ator indireto do conflito, sem entrar efetivamente na guerra. Isso porque, afirma o analista “Teerã sabe que o exército de Israel tem uma capacidade muito superior aos países da região e, não podemos esquecer, é um país que tem armas nucleares”.

Arábia Saudita

No caso da Arábia Saudita, ele reforça que o reino está mais preocupado em manter a aproximação com os Estados Unidos (aliados de Israel) para garantir proteção em meio à relação conflituosa com o Irã. Riad viu em 2019, com o ataque às suas instalações de petróleo, que sem apoio, poderia sair perdendo em um eventual confronto direto com Teerã, afirma o professor. Os Estados Unidos, por sua vez, buscaram essa aproximação em meio à guerra, quando precisaram de alternativas ao petróleo russo.

“A longo prazo, a menos que a Arábia Saudita consigam um acordo militar, os EUA não teriam motivo para apoiar o reino. Esse é um dos motivos pelos quais o príncipe vem tentando suavizar a imagem, abrindo concessões para as mulheres. A ideia é tornar a Arábia Saudita mais palatável, especialmente para o eleitor americano”, conclui.

Encontro do presidente Joe Biden com príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fist bumps U.S. President Joe Biden upon his arrival at Al Salman Palace, in Jeddah, Saudi Arabia, July 15, 2022. Bandar Algaloud/Courtesy of Saudi Royal Court/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY/File Photo Foto: Bandar Algaloud /Reino Saudita / via REUTERS

Neste ponto, também há uma mudança de atores significativa. O rei Salman bin Al Saud era mais ligado a questão da Palestina que o príncipe herdeiro, comandante de fato da Arábia Saudita desde que o pai se afastou por questões de saúde.

É por todo esse contexto que, pelo menos até aqui, Riad parece buscar um equilíbrio, como também sinaliza a posição oficial dos Emirados Árabes Unidos. Mas a manutenção dessa postura deve depender da retaliação de Israel. A Faixa de Gaza, é densamente povoada por 2 milhões de pessoas e a incursão militar pode derramar um banho de sangue, que aumentaria as pressões internas por um apoio aos palestinos. “Vai depender muito da extensão da resposta israelense”, avalia Carlos Gustavo Poggio.

Apesar dos riscos de um conflito ampliado, os analistas ouvidos pelo Estadão concordaram de modo geral que a guerra tende a ser longa, mas pelo menos até aqui, deve ficar restrita a Israel e Faixa de Gaza. No máximo, poderia respingar no Líbano, a depender das ações do Hezbollah.

O mundo árabe deu sinais de que está dividido sobre a guerra em Israel. Em alguns países, manifestações nas ruas declaram apoio aos palestinos, mas os governos têm dado respostas mais reticentes, que pedem o cessar-fogo e o fim das hostilidades. É que, nos últimos anos, acirraram-se as tensões com o Irã, de origem persa, e o conflito Israel-Palestina passou para o segundo plano no Oriente Médio.

Grande exemplo disso é a Arábia Saudita. A maior economia da região trava uma guerra por procuração com o Irã no Iêmen, que virou palco da disputa por influência. Interessado na proteção dos Estados Unidos em meio à tensão, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que comanda Riad, negocia para se juntar aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

O processo mais recente começou com Emirados Árabes Unidos e Bahrein a partir dos Acordos de Abraão, costurados pelos Estados Unidos de Donald Trump, há três anos. Depois, veio a adesão do Marrocos e a negociação em andamentos com os sauditas. Para o reino, o acordo de defesa a mútua era a contrapartida para uma relação diplomática com Tel Aviv, que agora retalia na Faixa de Gaza o ataque sem precedentes de terroristas do Hamas.

Líbano tem protestos em apoio à Palestina. Foto: ANWAR AMRO / AFP

Diante do dilema entre o apoio histórico aos palestinos e a aproximação com os Estados Unidos, a Arábia Saudita até aqui parece buscar um meio termo. Menciona que o cerco aos palestinos contribui para escalada da violência, mas foca na defesa do cessar-fogo.

“Nenhum desses acordos para retomada das negociações com Israel é feito gratuitamente, eles têm contrapartidas garantidas pela aproximação com os EUA. A Palestina, por sua vez, tem permanecido sozinha, o que demonstra como os interesses particulares no mundo árabe tem se sobressaído ao conflito”, avalia o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite.

Do lado americano, por sua vez, os acordos reforçam uma virada, consolidada por governos tão diferentes como Donald Trump a Joe Biden. Saem as tropas que ocuparam o Afeganistão por duas décadas com um alto custo — financeiro e humanitário —, entram os negociadores. O cálculo feito por democratas e republicanos foi o mesmo: a grande ameaça para os Estados Unidos passou a ser a China, não mais o Oriente Médio.

Até que a guerra em Israel coloca em questão a movimentação das peças no tabuleiro, especialmente, EUA, Irã e Arábia Saudita. Isso porque, se qualquer um desses países decidir entrar diretamente no conflito, poderemos estar diante de uma crise mais ampla.

Estados Unidos

O governo americano prontamente condenou com firmeza o ataque do Hamas. Além do repúdio, enviou armas e munições adicionais para Israel e reposicionou navios de guerra da marinha para mais perto do país em guerra.

O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional acredita que o movimento americano foi um recado para outro ator menor, mas que virou motivo de preocupação, o Hezbollah. O temor e que o grupo que atua no Líbano, com apoio do Irã, pudesse aproveitar o momento para atacar Israel pelo norte, como já aconteceu neste fim de semana, em meio à escalada com a Faixa de Gaza, no sul.

“Essa era a grande preocupação no momento, foi por isso que a Casa Branca mandou os navios de guerra, para avisar ao Hezbollah que os Estados Unidos estão com Israel”, avalia.

Agora, são as pressões internas dentro dos Estados Unidos, que dão sinais de cansaço das intervenções militares em outros países, devem definir os próximos passos do governo Joe Biden no conflito. Apesar do presidente afirmar que se mantém firme no apoio à Ucrânia, o dinheiro extra para armar Kiev ficou fora do orçamento na queda de braço com republicanos no Congresso, que ameaçou um apagão do governo.

Mas a mesma oposição que aumenta os custos do apoio à Ucrânia, pode empurrar os Estados Unidos de volta para o Oriente Médio, afirma o professor de ciência política do Berea College (EUA), Carlos Gustavo Poggio. Um movimento que seria de interesse da Rússia.

“Domesticamente, o apetite para uma política externa intervencionista não está muito alto como mostra o comportamento dos republicanos em relação à Ucrânia”, lembra Poggio. “Mas Israel se conecta com uma questão religiosa que é muita cara ao partido Republicano. Nesse caso, eles poderiam defender uma ação externa, diferente do que vem fazendo com Kiev. O governo deve enfrentar diferentes pressões, da direita e da esquerda, e estamos falando de uma região delicada. É preciso observar como Biden vai se equilibrar”, pondera.

Irã

Fontes do Hamas e do Hezbollah disseram no fim de semana ao The Wall Street Journal, que o país teria ajudado a planejar e dado sinal verde para o ataque em larga escala contra Israel. No dia seguinte, no entanto, Teerã veio à publico negar participação na ação terrorista. “A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender sua nação e tentar recuperar seus direitos perdidos”, disse o porta-voz Nasser Kanani.

Para Gunther Rudzit, o país deve se manter como um ator indireto do conflito, sem entrar efetivamente na guerra. Isso porque, afirma o analista “Teerã sabe que o exército de Israel tem uma capacidade muito superior aos países da região e, não podemos esquecer, é um país que tem armas nucleares”.

Arábia Saudita

No caso da Arábia Saudita, ele reforça que o reino está mais preocupado em manter a aproximação com os Estados Unidos (aliados de Israel) para garantir proteção em meio à relação conflituosa com o Irã. Riad viu em 2019, com o ataque às suas instalações de petróleo, que sem apoio, poderia sair perdendo em um eventual confronto direto com Teerã, afirma o professor. Os Estados Unidos, por sua vez, buscaram essa aproximação em meio à guerra, quando precisaram de alternativas ao petróleo russo.

“A longo prazo, a menos que a Arábia Saudita consigam um acordo militar, os EUA não teriam motivo para apoiar o reino. Esse é um dos motivos pelos quais o príncipe vem tentando suavizar a imagem, abrindo concessões para as mulheres. A ideia é tornar a Arábia Saudita mais palatável, especialmente para o eleitor americano”, conclui.

Encontro do presidente Joe Biden com príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fist bumps U.S. President Joe Biden upon his arrival at Al Salman Palace, in Jeddah, Saudi Arabia, July 15, 2022. Bandar Algaloud/Courtesy of Saudi Royal Court/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY/File Photo Foto: Bandar Algaloud /Reino Saudita / via REUTERS

Neste ponto, também há uma mudança de atores significativa. O rei Salman bin Al Saud era mais ligado a questão da Palestina que o príncipe herdeiro, comandante de fato da Arábia Saudita desde que o pai se afastou por questões de saúde.

É por todo esse contexto que, pelo menos até aqui, Riad parece buscar um equilíbrio, como também sinaliza a posição oficial dos Emirados Árabes Unidos. Mas a manutenção dessa postura deve depender da retaliação de Israel. A Faixa de Gaza, é densamente povoada por 2 milhões de pessoas e a incursão militar pode derramar um banho de sangue, que aumentaria as pressões internas por um apoio aos palestinos. “Vai depender muito da extensão da resposta israelense”, avalia Carlos Gustavo Poggio.

Apesar dos riscos de um conflito ampliado, os analistas ouvidos pelo Estadão concordaram de modo geral que a guerra tende a ser longa, mas pelo menos até aqui, deve ficar restrita a Israel e Faixa de Gaza. No máximo, poderia respingar no Líbano, a depender das ações do Hezbollah.

O mundo árabe deu sinais de que está dividido sobre a guerra em Israel. Em alguns países, manifestações nas ruas declaram apoio aos palestinos, mas os governos têm dado respostas mais reticentes, que pedem o cessar-fogo e o fim das hostilidades. É que, nos últimos anos, acirraram-se as tensões com o Irã, de origem persa, e o conflito Israel-Palestina passou para o segundo plano no Oriente Médio.

Grande exemplo disso é a Arábia Saudita. A maior economia da região trava uma guerra por procuração com o Irã no Iêmen, que virou palco da disputa por influência. Interessado na proteção dos Estados Unidos em meio à tensão, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que comanda Riad, negocia para se juntar aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

O processo mais recente começou com Emirados Árabes Unidos e Bahrein a partir dos Acordos de Abraão, costurados pelos Estados Unidos de Donald Trump, há três anos. Depois, veio a adesão do Marrocos e a negociação em andamentos com os sauditas. Para o reino, o acordo de defesa a mútua era a contrapartida para uma relação diplomática com Tel Aviv, que agora retalia na Faixa de Gaza o ataque sem precedentes de terroristas do Hamas.

Líbano tem protestos em apoio à Palestina. Foto: ANWAR AMRO / AFP

Diante do dilema entre o apoio histórico aos palestinos e a aproximação com os Estados Unidos, a Arábia Saudita até aqui parece buscar um meio termo. Menciona que o cerco aos palestinos contribui para escalada da violência, mas foca na defesa do cessar-fogo.

“Nenhum desses acordos para retomada das negociações com Israel é feito gratuitamente, eles têm contrapartidas garantidas pela aproximação com os EUA. A Palestina, por sua vez, tem permanecido sozinha, o que demonstra como os interesses particulares no mundo árabe tem se sobressaído ao conflito”, avalia o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite.

Do lado americano, por sua vez, os acordos reforçam uma virada, consolidada por governos tão diferentes como Donald Trump a Joe Biden. Saem as tropas que ocuparam o Afeganistão por duas décadas com um alto custo — financeiro e humanitário —, entram os negociadores. O cálculo feito por democratas e republicanos foi o mesmo: a grande ameaça para os Estados Unidos passou a ser a China, não mais o Oriente Médio.

Até que a guerra em Israel coloca em questão a movimentação das peças no tabuleiro, especialmente, EUA, Irã e Arábia Saudita. Isso porque, se qualquer um desses países decidir entrar diretamente no conflito, poderemos estar diante de uma crise mais ampla.

Estados Unidos

O governo americano prontamente condenou com firmeza o ataque do Hamas. Além do repúdio, enviou armas e munições adicionais para Israel e reposicionou navios de guerra da marinha para mais perto do país em guerra.

O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional acredita que o movimento americano foi um recado para outro ator menor, mas que virou motivo de preocupação, o Hezbollah. O temor e que o grupo que atua no Líbano, com apoio do Irã, pudesse aproveitar o momento para atacar Israel pelo norte, como já aconteceu neste fim de semana, em meio à escalada com a Faixa de Gaza, no sul.

“Essa era a grande preocupação no momento, foi por isso que a Casa Branca mandou os navios de guerra, para avisar ao Hezbollah que os Estados Unidos estão com Israel”, avalia.

Agora, são as pressões internas dentro dos Estados Unidos, que dão sinais de cansaço das intervenções militares em outros países, devem definir os próximos passos do governo Joe Biden no conflito. Apesar do presidente afirmar que se mantém firme no apoio à Ucrânia, o dinheiro extra para armar Kiev ficou fora do orçamento na queda de braço com republicanos no Congresso, que ameaçou um apagão do governo.

Mas a mesma oposição que aumenta os custos do apoio à Ucrânia, pode empurrar os Estados Unidos de volta para o Oriente Médio, afirma o professor de ciência política do Berea College (EUA), Carlos Gustavo Poggio. Um movimento que seria de interesse da Rússia.

“Domesticamente, o apetite para uma política externa intervencionista não está muito alto como mostra o comportamento dos republicanos em relação à Ucrânia”, lembra Poggio. “Mas Israel se conecta com uma questão religiosa que é muita cara ao partido Republicano. Nesse caso, eles poderiam defender uma ação externa, diferente do que vem fazendo com Kiev. O governo deve enfrentar diferentes pressões, da direita e da esquerda, e estamos falando de uma região delicada. É preciso observar como Biden vai se equilibrar”, pondera.

Irã

Fontes do Hamas e do Hezbollah disseram no fim de semana ao The Wall Street Journal, que o país teria ajudado a planejar e dado sinal verde para o ataque em larga escala contra Israel. No dia seguinte, no entanto, Teerã veio à publico negar participação na ação terrorista. “A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender sua nação e tentar recuperar seus direitos perdidos”, disse o porta-voz Nasser Kanani.

Para Gunther Rudzit, o país deve se manter como um ator indireto do conflito, sem entrar efetivamente na guerra. Isso porque, afirma o analista “Teerã sabe que o exército de Israel tem uma capacidade muito superior aos países da região e, não podemos esquecer, é um país que tem armas nucleares”.

Arábia Saudita

No caso da Arábia Saudita, ele reforça que o reino está mais preocupado em manter a aproximação com os Estados Unidos (aliados de Israel) para garantir proteção em meio à relação conflituosa com o Irã. Riad viu em 2019, com o ataque às suas instalações de petróleo, que sem apoio, poderia sair perdendo em um eventual confronto direto com Teerã, afirma o professor. Os Estados Unidos, por sua vez, buscaram essa aproximação em meio à guerra, quando precisaram de alternativas ao petróleo russo.

“A longo prazo, a menos que a Arábia Saudita consigam um acordo militar, os EUA não teriam motivo para apoiar o reino. Esse é um dos motivos pelos quais o príncipe vem tentando suavizar a imagem, abrindo concessões para as mulheres. A ideia é tornar a Arábia Saudita mais palatável, especialmente para o eleitor americano”, conclui.

Encontro do presidente Joe Biden com príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fist bumps U.S. President Joe Biden upon his arrival at Al Salman Palace, in Jeddah, Saudi Arabia, July 15, 2022. Bandar Algaloud/Courtesy of Saudi Royal Court/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY/File Photo Foto: Bandar Algaloud /Reino Saudita / via REUTERS

Neste ponto, também há uma mudança de atores significativa. O rei Salman bin Al Saud era mais ligado a questão da Palestina que o príncipe herdeiro, comandante de fato da Arábia Saudita desde que o pai se afastou por questões de saúde.

É por todo esse contexto que, pelo menos até aqui, Riad parece buscar um equilíbrio, como também sinaliza a posição oficial dos Emirados Árabes Unidos. Mas a manutenção dessa postura deve depender da retaliação de Israel. A Faixa de Gaza, é densamente povoada por 2 milhões de pessoas e a incursão militar pode derramar um banho de sangue, que aumentaria as pressões internas por um apoio aos palestinos. “Vai depender muito da extensão da resposta israelense”, avalia Carlos Gustavo Poggio.

Apesar dos riscos de um conflito ampliado, os analistas ouvidos pelo Estadão concordaram de modo geral que a guerra tende a ser longa, mas pelo menos até aqui, deve ficar restrita a Israel e Faixa de Gaza. No máximo, poderia respingar no Líbano, a depender das ações do Hezbollah.

O mundo árabe deu sinais de que está dividido sobre a guerra em Israel. Em alguns países, manifestações nas ruas declaram apoio aos palestinos, mas os governos têm dado respostas mais reticentes, que pedem o cessar-fogo e o fim das hostilidades. É que, nos últimos anos, acirraram-se as tensões com o Irã, de origem persa, e o conflito Israel-Palestina passou para o segundo plano no Oriente Médio.

Grande exemplo disso é a Arábia Saudita. A maior economia da região trava uma guerra por procuração com o Irã no Iêmen, que virou palco da disputa por influência. Interessado na proteção dos Estados Unidos em meio à tensão, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que comanda Riad, negocia para se juntar aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

O processo mais recente começou com Emirados Árabes Unidos e Bahrein a partir dos Acordos de Abraão, costurados pelos Estados Unidos de Donald Trump, há três anos. Depois, veio a adesão do Marrocos e a negociação em andamentos com os sauditas. Para o reino, o acordo de defesa a mútua era a contrapartida para uma relação diplomática com Tel Aviv, que agora retalia na Faixa de Gaza o ataque sem precedentes de terroristas do Hamas.

Líbano tem protestos em apoio à Palestina. Foto: ANWAR AMRO / AFP

Diante do dilema entre o apoio histórico aos palestinos e a aproximação com os Estados Unidos, a Arábia Saudita até aqui parece buscar um meio termo. Menciona que o cerco aos palestinos contribui para escalada da violência, mas foca na defesa do cessar-fogo.

“Nenhum desses acordos para retomada das negociações com Israel é feito gratuitamente, eles têm contrapartidas garantidas pela aproximação com os EUA. A Palestina, por sua vez, tem permanecido sozinha, o que demonstra como os interesses particulares no mundo árabe tem se sobressaído ao conflito”, avalia o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite.

Do lado americano, por sua vez, os acordos reforçam uma virada, consolidada por governos tão diferentes como Donald Trump a Joe Biden. Saem as tropas que ocuparam o Afeganistão por duas décadas com um alto custo — financeiro e humanitário —, entram os negociadores. O cálculo feito por democratas e republicanos foi o mesmo: a grande ameaça para os Estados Unidos passou a ser a China, não mais o Oriente Médio.

Até que a guerra em Israel coloca em questão a movimentação das peças no tabuleiro, especialmente, EUA, Irã e Arábia Saudita. Isso porque, se qualquer um desses países decidir entrar diretamente no conflito, poderemos estar diante de uma crise mais ampla.

Estados Unidos

O governo americano prontamente condenou com firmeza o ataque do Hamas. Além do repúdio, enviou armas e munições adicionais para Israel e reposicionou navios de guerra da marinha para mais perto do país em guerra.

O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional acredita que o movimento americano foi um recado para outro ator menor, mas que virou motivo de preocupação, o Hezbollah. O temor e que o grupo que atua no Líbano, com apoio do Irã, pudesse aproveitar o momento para atacar Israel pelo norte, como já aconteceu neste fim de semana, em meio à escalada com a Faixa de Gaza, no sul.

“Essa era a grande preocupação no momento, foi por isso que a Casa Branca mandou os navios de guerra, para avisar ao Hezbollah que os Estados Unidos estão com Israel”, avalia.

Agora, são as pressões internas dentro dos Estados Unidos, que dão sinais de cansaço das intervenções militares em outros países, devem definir os próximos passos do governo Joe Biden no conflito. Apesar do presidente afirmar que se mantém firme no apoio à Ucrânia, o dinheiro extra para armar Kiev ficou fora do orçamento na queda de braço com republicanos no Congresso, que ameaçou um apagão do governo.

Mas a mesma oposição que aumenta os custos do apoio à Ucrânia, pode empurrar os Estados Unidos de volta para o Oriente Médio, afirma o professor de ciência política do Berea College (EUA), Carlos Gustavo Poggio. Um movimento que seria de interesse da Rússia.

“Domesticamente, o apetite para uma política externa intervencionista não está muito alto como mostra o comportamento dos republicanos em relação à Ucrânia”, lembra Poggio. “Mas Israel se conecta com uma questão religiosa que é muita cara ao partido Republicano. Nesse caso, eles poderiam defender uma ação externa, diferente do que vem fazendo com Kiev. O governo deve enfrentar diferentes pressões, da direita e da esquerda, e estamos falando de uma região delicada. É preciso observar como Biden vai se equilibrar”, pondera.

Irã

Fontes do Hamas e do Hezbollah disseram no fim de semana ao The Wall Street Journal, que o país teria ajudado a planejar e dado sinal verde para o ataque em larga escala contra Israel. No dia seguinte, no entanto, Teerã veio à publico negar participação na ação terrorista. “A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender sua nação e tentar recuperar seus direitos perdidos”, disse o porta-voz Nasser Kanani.

Para Gunther Rudzit, o país deve se manter como um ator indireto do conflito, sem entrar efetivamente na guerra. Isso porque, afirma o analista “Teerã sabe que o exército de Israel tem uma capacidade muito superior aos países da região e, não podemos esquecer, é um país que tem armas nucleares”.

Arábia Saudita

No caso da Arábia Saudita, ele reforça que o reino está mais preocupado em manter a aproximação com os Estados Unidos (aliados de Israel) para garantir proteção em meio à relação conflituosa com o Irã. Riad viu em 2019, com o ataque às suas instalações de petróleo, que sem apoio, poderia sair perdendo em um eventual confronto direto com Teerã, afirma o professor. Os Estados Unidos, por sua vez, buscaram essa aproximação em meio à guerra, quando precisaram de alternativas ao petróleo russo.

“A longo prazo, a menos que a Arábia Saudita consigam um acordo militar, os EUA não teriam motivo para apoiar o reino. Esse é um dos motivos pelos quais o príncipe vem tentando suavizar a imagem, abrindo concessões para as mulheres. A ideia é tornar a Arábia Saudita mais palatável, especialmente para o eleitor americano”, conclui.

Encontro do presidente Joe Biden com príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fist bumps U.S. President Joe Biden upon his arrival at Al Salman Palace, in Jeddah, Saudi Arabia, July 15, 2022. Bandar Algaloud/Courtesy of Saudi Royal Court/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY/File Photo Foto: Bandar Algaloud /Reino Saudita / via REUTERS

Neste ponto, também há uma mudança de atores significativa. O rei Salman bin Al Saud era mais ligado a questão da Palestina que o príncipe herdeiro, comandante de fato da Arábia Saudita desde que o pai se afastou por questões de saúde.

É por todo esse contexto que, pelo menos até aqui, Riad parece buscar um equilíbrio, como também sinaliza a posição oficial dos Emirados Árabes Unidos. Mas a manutenção dessa postura deve depender da retaliação de Israel. A Faixa de Gaza, é densamente povoada por 2 milhões de pessoas e a incursão militar pode derramar um banho de sangue, que aumentaria as pressões internas por um apoio aos palestinos. “Vai depender muito da extensão da resposta israelense”, avalia Carlos Gustavo Poggio.

Apesar dos riscos de um conflito ampliado, os analistas ouvidos pelo Estadão concordaram de modo geral que a guerra tende a ser longa, mas pelo menos até aqui, deve ficar restrita a Israel e Faixa de Gaza. No máximo, poderia respingar no Líbano, a depender das ações do Hezbollah.

O mundo árabe deu sinais de que está dividido sobre a guerra em Israel. Em alguns países, manifestações nas ruas declaram apoio aos palestinos, mas os governos têm dado respostas mais reticentes, que pedem o cessar-fogo e o fim das hostilidades. É que, nos últimos anos, acirraram-se as tensões com o Irã, de origem persa, e o conflito Israel-Palestina passou para o segundo plano no Oriente Médio.

Grande exemplo disso é a Arábia Saudita. A maior economia da região trava uma guerra por procuração com o Irã no Iêmen, que virou palco da disputa por influência. Interessado na proteção dos Estados Unidos em meio à tensão, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que comanda Riad, negocia para se juntar aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

O processo mais recente começou com Emirados Árabes Unidos e Bahrein a partir dos Acordos de Abraão, costurados pelos Estados Unidos de Donald Trump, há três anos. Depois, veio a adesão do Marrocos e a negociação em andamentos com os sauditas. Para o reino, o acordo de defesa a mútua era a contrapartida para uma relação diplomática com Tel Aviv, que agora retalia na Faixa de Gaza o ataque sem precedentes de terroristas do Hamas.

Líbano tem protestos em apoio à Palestina. Foto: ANWAR AMRO / AFP

Diante do dilema entre o apoio histórico aos palestinos e a aproximação com os Estados Unidos, a Arábia Saudita até aqui parece buscar um meio termo. Menciona que o cerco aos palestinos contribui para escalada da violência, mas foca na defesa do cessar-fogo.

“Nenhum desses acordos para retomada das negociações com Israel é feito gratuitamente, eles têm contrapartidas garantidas pela aproximação com os EUA. A Palestina, por sua vez, tem permanecido sozinha, o que demonstra como os interesses particulares no mundo árabe tem se sobressaído ao conflito”, avalia o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite.

Do lado americano, por sua vez, os acordos reforçam uma virada, consolidada por governos tão diferentes como Donald Trump a Joe Biden. Saem as tropas que ocuparam o Afeganistão por duas décadas com um alto custo — financeiro e humanitário —, entram os negociadores. O cálculo feito por democratas e republicanos foi o mesmo: a grande ameaça para os Estados Unidos passou a ser a China, não mais o Oriente Médio.

Até que a guerra em Israel coloca em questão a movimentação das peças no tabuleiro, especialmente, EUA, Irã e Arábia Saudita. Isso porque, se qualquer um desses países decidir entrar diretamente no conflito, poderemos estar diante de uma crise mais ampla.

Estados Unidos

O governo americano prontamente condenou com firmeza o ataque do Hamas. Além do repúdio, enviou armas e munições adicionais para Israel e reposicionou navios de guerra da marinha para mais perto do país em guerra.

O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional acredita que o movimento americano foi um recado para outro ator menor, mas que virou motivo de preocupação, o Hezbollah. O temor e que o grupo que atua no Líbano, com apoio do Irã, pudesse aproveitar o momento para atacar Israel pelo norte, como já aconteceu neste fim de semana, em meio à escalada com a Faixa de Gaza, no sul.

“Essa era a grande preocupação no momento, foi por isso que a Casa Branca mandou os navios de guerra, para avisar ao Hezbollah que os Estados Unidos estão com Israel”, avalia.

Agora, são as pressões internas dentro dos Estados Unidos, que dão sinais de cansaço das intervenções militares em outros países, devem definir os próximos passos do governo Joe Biden no conflito. Apesar do presidente afirmar que se mantém firme no apoio à Ucrânia, o dinheiro extra para armar Kiev ficou fora do orçamento na queda de braço com republicanos no Congresso, que ameaçou um apagão do governo.

Mas a mesma oposição que aumenta os custos do apoio à Ucrânia, pode empurrar os Estados Unidos de volta para o Oriente Médio, afirma o professor de ciência política do Berea College (EUA), Carlos Gustavo Poggio. Um movimento que seria de interesse da Rússia.

“Domesticamente, o apetite para uma política externa intervencionista não está muito alto como mostra o comportamento dos republicanos em relação à Ucrânia”, lembra Poggio. “Mas Israel se conecta com uma questão religiosa que é muita cara ao partido Republicano. Nesse caso, eles poderiam defender uma ação externa, diferente do que vem fazendo com Kiev. O governo deve enfrentar diferentes pressões, da direita e da esquerda, e estamos falando de uma região delicada. É preciso observar como Biden vai se equilibrar”, pondera.

Irã

Fontes do Hamas e do Hezbollah disseram no fim de semana ao The Wall Street Journal, que o país teria ajudado a planejar e dado sinal verde para o ataque em larga escala contra Israel. No dia seguinte, no entanto, Teerã veio à publico negar participação na ação terrorista. “A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender sua nação e tentar recuperar seus direitos perdidos”, disse o porta-voz Nasser Kanani.

Para Gunther Rudzit, o país deve se manter como um ator indireto do conflito, sem entrar efetivamente na guerra. Isso porque, afirma o analista “Teerã sabe que o exército de Israel tem uma capacidade muito superior aos países da região e, não podemos esquecer, é um país que tem armas nucleares”.

Arábia Saudita

No caso da Arábia Saudita, ele reforça que o reino está mais preocupado em manter a aproximação com os Estados Unidos (aliados de Israel) para garantir proteção em meio à relação conflituosa com o Irã. Riad viu em 2019, com o ataque às suas instalações de petróleo, que sem apoio, poderia sair perdendo em um eventual confronto direto com Teerã, afirma o professor. Os Estados Unidos, por sua vez, buscaram essa aproximação em meio à guerra, quando precisaram de alternativas ao petróleo russo.

“A longo prazo, a menos que a Arábia Saudita consigam um acordo militar, os EUA não teriam motivo para apoiar o reino. Esse é um dos motivos pelos quais o príncipe vem tentando suavizar a imagem, abrindo concessões para as mulheres. A ideia é tornar a Arábia Saudita mais palatável, especialmente para o eleitor americano”, conclui.

Encontro do presidente Joe Biden com príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fist bumps U.S. President Joe Biden upon his arrival at Al Salman Palace, in Jeddah, Saudi Arabia, July 15, 2022. Bandar Algaloud/Courtesy of Saudi Royal Court/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY/File Photo Foto: Bandar Algaloud /Reino Saudita / via REUTERS

Neste ponto, também há uma mudança de atores significativa. O rei Salman bin Al Saud era mais ligado a questão da Palestina que o príncipe herdeiro, comandante de fato da Arábia Saudita desde que o pai se afastou por questões de saúde.

É por todo esse contexto que, pelo menos até aqui, Riad parece buscar um equilíbrio, como também sinaliza a posição oficial dos Emirados Árabes Unidos. Mas a manutenção dessa postura deve depender da retaliação de Israel. A Faixa de Gaza, é densamente povoada por 2 milhões de pessoas e a incursão militar pode derramar um banho de sangue, que aumentaria as pressões internas por um apoio aos palestinos. “Vai depender muito da extensão da resposta israelense”, avalia Carlos Gustavo Poggio.

Apesar dos riscos de um conflito ampliado, os analistas ouvidos pelo Estadão concordaram de modo geral que a guerra tende a ser longa, mas pelo menos até aqui, deve ficar restrita a Israel e Faixa de Gaza. No máximo, poderia respingar no Líbano, a depender das ações do Hezbollah.

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