EUA vetam resolução do Brasil sobre guerra entre Israel e Hamas no Conselho de Segurança da ONU


Motivo foi ausência de menção no texto ao direito de autodefesa de Israel; proposta, que pedia cessar-fogo e corredor humanitário, dizia que houve ‘ataque terrorista do Hamas’

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - Os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, nesta quarta-feira dia 18 uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

Os Estados Unidos têm poder de veto por serem um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.

“Os EUA estão desapontados por a resolução não citar o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”

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A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, votou contra a resolução do Brasil para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York  Foto: Mike Segar/Reuters

“Ao passo que reconhecemos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho deve se pronunciar, mas ações que tomamos devem ser baseadas nos fatos do terreno e apoiar esforços diplomáticos diretos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.

Greenfield indicou que o veto se deve também à aposta dos EUA na diplomacia presidencial de Biden, durante sua visita ao Oriente Médio. Diplomatas brasileiros avaliam, reservadamente, que Washington quer dar mais protagonismo a Biden, de olho em repercussões internas nas futuras eleições para a Casa Branca, além de demonstrar apoio incondicional à Israel.

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O Conselho, disse a embaixadora, deveria também ter citado o direito de autodefesa como fez em outras ocasiões, como após ataques terroristas anteriores da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

Resolução

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A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.

A resolução obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.

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O embaixador do Brasil na ONU, Sergio Franca Danese, discursa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Mike Segar/Reuters

A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA – o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.

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Reação

Minutos após a proposta redigida e articulada pelo Brasil ter sido barrada pelos EUA, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, argumentou que o conteúdo não era uma proposta puramente do governo Lula. Segundo ele, a proposta havia sido apresentada por solicitação de 13 dos 15 membros ao País, pelo fato de o Brasil exercer a presidência durante outubro.

O ministro disse ter participado pessoalmente das primeiras articulações, na semana passada, quando esteve em NovaYork, e que a diplomacia trabalhou para acomodar o texto ao que fosse mais “palatável” a todos os membros do Conselho de Segurança.

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O ministro rebateu ainda o argumento dos UEA. Segundo ele, ao citar as resoluções anteriores do Conselho, implicitamente estaria reconhecido o direito de autodefesa do Estado de Israel.

“Esse texto focava na cessação de hostilidades, no aspecto humanitário, criando passagem humanitária para que se pudesse sair de Gaza e estabelecia a possibilidade do envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução, ficou clara a divisão de opiniões”, afirmou o ministro, em entrevista no Itamaraty.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades e parassem com sacrifícios humanos e pudesse dar algum tipo de assistência a populações locais e aos brasileiros que estão ainda na Faiza de Gaza e expressaram desejo de sair e outros que não manifestaram porque não podem sair, não têm para onde ir. Nossa preocupação foi sempre humanitária, cada país terá tido sua inspiração própria”, afirmou o chanceler.

BRASÍLIA - Os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, nesta quarta-feira dia 18 uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

Os Estados Unidos têm poder de veto por serem um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.

“Os EUA estão desapontados por a resolução não citar o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, votou contra a resolução do Brasil para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York  Foto: Mike Segar/Reuters

“Ao passo que reconhecemos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho deve se pronunciar, mas ações que tomamos devem ser baseadas nos fatos do terreno e apoiar esforços diplomáticos diretos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.

Greenfield indicou que o veto se deve também à aposta dos EUA na diplomacia presidencial de Biden, durante sua visita ao Oriente Médio. Diplomatas brasileiros avaliam, reservadamente, que Washington quer dar mais protagonismo a Biden, de olho em repercussões internas nas futuras eleições para a Casa Branca, além de demonstrar apoio incondicional à Israel.

O Conselho, disse a embaixadora, deveria também ter citado o direito de autodefesa como fez em outras ocasiões, como após ataques terroristas anteriores da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

Resolução

A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.

A resolução obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.

O embaixador do Brasil na ONU, Sergio Franca Danese, discursa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Mike Segar/Reuters

A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA – o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.

Reação

Minutos após a proposta redigida e articulada pelo Brasil ter sido barrada pelos EUA, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, argumentou que o conteúdo não era uma proposta puramente do governo Lula. Segundo ele, a proposta havia sido apresentada por solicitação de 13 dos 15 membros ao País, pelo fato de o Brasil exercer a presidência durante outubro.

O ministro disse ter participado pessoalmente das primeiras articulações, na semana passada, quando esteve em NovaYork, e que a diplomacia trabalhou para acomodar o texto ao que fosse mais “palatável” a todos os membros do Conselho de Segurança.

O ministro rebateu ainda o argumento dos UEA. Segundo ele, ao citar as resoluções anteriores do Conselho, implicitamente estaria reconhecido o direito de autodefesa do Estado de Israel.

“Esse texto focava na cessação de hostilidades, no aspecto humanitário, criando passagem humanitária para que se pudesse sair de Gaza e estabelecia a possibilidade do envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução, ficou clara a divisão de opiniões”, afirmou o ministro, em entrevista no Itamaraty.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades e parassem com sacrifícios humanos e pudesse dar algum tipo de assistência a populações locais e aos brasileiros que estão ainda na Faiza de Gaza e expressaram desejo de sair e outros que não manifestaram porque não podem sair, não têm para onde ir. Nossa preocupação foi sempre humanitária, cada país terá tido sua inspiração própria”, afirmou o chanceler.

BRASÍLIA - Os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, nesta quarta-feira dia 18 uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

Os Estados Unidos têm poder de veto por serem um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.

“Os EUA estão desapontados por a resolução não citar o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, votou contra a resolução do Brasil para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York  Foto: Mike Segar/Reuters

“Ao passo que reconhecemos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho deve se pronunciar, mas ações que tomamos devem ser baseadas nos fatos do terreno e apoiar esforços diplomáticos diretos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.

Greenfield indicou que o veto se deve também à aposta dos EUA na diplomacia presidencial de Biden, durante sua visita ao Oriente Médio. Diplomatas brasileiros avaliam, reservadamente, que Washington quer dar mais protagonismo a Biden, de olho em repercussões internas nas futuras eleições para a Casa Branca, além de demonstrar apoio incondicional à Israel.

O Conselho, disse a embaixadora, deveria também ter citado o direito de autodefesa como fez em outras ocasiões, como após ataques terroristas anteriores da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

Resolução

A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.

A resolução obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.

O embaixador do Brasil na ONU, Sergio Franca Danese, discursa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Mike Segar/Reuters

A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA – o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.

Reação

Minutos após a proposta redigida e articulada pelo Brasil ter sido barrada pelos EUA, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, argumentou que o conteúdo não era uma proposta puramente do governo Lula. Segundo ele, a proposta havia sido apresentada por solicitação de 13 dos 15 membros ao País, pelo fato de o Brasil exercer a presidência durante outubro.

O ministro disse ter participado pessoalmente das primeiras articulações, na semana passada, quando esteve em NovaYork, e que a diplomacia trabalhou para acomodar o texto ao que fosse mais “palatável” a todos os membros do Conselho de Segurança.

O ministro rebateu ainda o argumento dos UEA. Segundo ele, ao citar as resoluções anteriores do Conselho, implicitamente estaria reconhecido o direito de autodefesa do Estado de Israel.

“Esse texto focava na cessação de hostilidades, no aspecto humanitário, criando passagem humanitária para que se pudesse sair de Gaza e estabelecia a possibilidade do envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução, ficou clara a divisão de opiniões”, afirmou o ministro, em entrevista no Itamaraty.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades e parassem com sacrifícios humanos e pudesse dar algum tipo de assistência a populações locais e aos brasileiros que estão ainda na Faiza de Gaza e expressaram desejo de sair e outros que não manifestaram porque não podem sair, não têm para onde ir. Nossa preocupação foi sempre humanitária, cada país terá tido sua inspiração própria”, afirmou o chanceler.

BRASÍLIA - Os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, nesta quarta-feira dia 18 uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

Os Estados Unidos têm poder de veto por serem um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.

“Os EUA estão desapontados por a resolução não citar o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, votou contra a resolução do Brasil para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York  Foto: Mike Segar/Reuters

“Ao passo que reconhecemos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho deve se pronunciar, mas ações que tomamos devem ser baseadas nos fatos do terreno e apoiar esforços diplomáticos diretos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.

Greenfield indicou que o veto se deve também à aposta dos EUA na diplomacia presidencial de Biden, durante sua visita ao Oriente Médio. Diplomatas brasileiros avaliam, reservadamente, que Washington quer dar mais protagonismo a Biden, de olho em repercussões internas nas futuras eleições para a Casa Branca, além de demonstrar apoio incondicional à Israel.

O Conselho, disse a embaixadora, deveria também ter citado o direito de autodefesa como fez em outras ocasiões, como após ataques terroristas anteriores da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

Resolução

A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.

A resolução obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.

O embaixador do Brasil na ONU, Sergio Franca Danese, discursa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Mike Segar/Reuters

A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA – o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.

Reação

Minutos após a proposta redigida e articulada pelo Brasil ter sido barrada pelos EUA, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, argumentou que o conteúdo não era uma proposta puramente do governo Lula. Segundo ele, a proposta havia sido apresentada por solicitação de 13 dos 15 membros ao País, pelo fato de o Brasil exercer a presidência durante outubro.

O ministro disse ter participado pessoalmente das primeiras articulações, na semana passada, quando esteve em NovaYork, e que a diplomacia trabalhou para acomodar o texto ao que fosse mais “palatável” a todos os membros do Conselho de Segurança.

O ministro rebateu ainda o argumento dos UEA. Segundo ele, ao citar as resoluções anteriores do Conselho, implicitamente estaria reconhecido o direito de autodefesa do Estado de Israel.

“Esse texto focava na cessação de hostilidades, no aspecto humanitário, criando passagem humanitária para que se pudesse sair de Gaza e estabelecia a possibilidade do envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução, ficou clara a divisão de opiniões”, afirmou o ministro, em entrevista no Itamaraty.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades e parassem com sacrifícios humanos e pudesse dar algum tipo de assistência a populações locais e aos brasileiros que estão ainda na Faiza de Gaza e expressaram desejo de sair e outros que não manifestaram porque não podem sair, não têm para onde ir. Nossa preocupação foi sempre humanitária, cada país terá tido sua inspiração própria”, afirmou o chanceler.

BRASÍLIA - Os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, nesta quarta-feira dia 18 uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

Os Estados Unidos têm poder de veto por serem um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.

“Os EUA estão desapontados por a resolução não citar o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, votou contra a resolução do Brasil para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York  Foto: Mike Segar/Reuters

“Ao passo que reconhecemos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho deve se pronunciar, mas ações que tomamos devem ser baseadas nos fatos do terreno e apoiar esforços diplomáticos diretos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.

Greenfield indicou que o veto se deve também à aposta dos EUA na diplomacia presidencial de Biden, durante sua visita ao Oriente Médio. Diplomatas brasileiros avaliam, reservadamente, que Washington quer dar mais protagonismo a Biden, de olho em repercussões internas nas futuras eleições para a Casa Branca, além de demonstrar apoio incondicional à Israel.

O Conselho, disse a embaixadora, deveria também ter citado o direito de autodefesa como fez em outras ocasiões, como após ataques terroristas anteriores da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

Resolução

A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.

A resolução obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.

O embaixador do Brasil na ONU, Sergio Franca Danese, discursa na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Mike Segar/Reuters

A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA – o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.

Reação

Minutos após a proposta redigida e articulada pelo Brasil ter sido barrada pelos EUA, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, argumentou que o conteúdo não era uma proposta puramente do governo Lula. Segundo ele, a proposta havia sido apresentada por solicitação de 13 dos 15 membros ao País, pelo fato de o Brasil exercer a presidência durante outubro.

O ministro disse ter participado pessoalmente das primeiras articulações, na semana passada, quando esteve em NovaYork, e que a diplomacia trabalhou para acomodar o texto ao que fosse mais “palatável” a todos os membros do Conselho de Segurança.

O ministro rebateu ainda o argumento dos UEA. Segundo ele, ao citar as resoluções anteriores do Conselho, implicitamente estaria reconhecido o direito de autodefesa do Estado de Israel.

“Esse texto focava na cessação de hostilidades, no aspecto humanitário, criando passagem humanitária para que se pudesse sair de Gaza e estabelecia a possibilidade do envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução, ficou clara a divisão de opiniões”, afirmou o ministro, em entrevista no Itamaraty.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades e parassem com sacrifícios humanos e pudesse dar algum tipo de assistência a populações locais e aos brasileiros que estão ainda na Faiza de Gaza e expressaram desejo de sair e outros que não manifestaram porque não podem sair, não têm para onde ir. Nossa preocupação foi sempre humanitária, cada país terá tido sua inspiração própria”, afirmou o chanceler.

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