Cidade em que George Floyd foi assassinado vota contra desmonte da polícia


Minneapolis rejeita departamento que buscaria alternativas de saúde pública e assistência social no combate ao crime

Por Redação
Atualização:

Os eleitores de Minneapolis decidiram nesta terça-feira, 2, não substituir sua força policial por um novo departamento que buscaria respostas alternativas, focadas em saúde pública e assistência social, em vez da tradicional forma de combate à criminalidade.

Quase um ano e meio após o assassinato de George Floyd, que alçou a cidade ao epicentro do movimento antirracista nos Estados Unidos, a população de Minneapolis escolheu rejeitar a criação de um novo Departamento de Segurança Pública para substituir a estrutura atual.

A consulta à cidade aconteceu simultaneamente às eleições municipais. Além de escolher prefeito e conselheiros (equivalente a vereadores), os eleitores opinaram sobre a proposta relacionada à segurança pública. Dos 142 mil votos, 56,1% foram contrários ao projeto, enquanto os favoráveis somaram 43,8%.

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Mais de 56% dos eleitores de Minneapolis rejeitaram a questão eleitoral sobre criar um novo departamento de segurança pública. Foto: AP/Christian Monterrosa Foto:

Isso não significa, porém, que a polícia local deve continuar como era quando Floyd foi asfixiado por um agente branco diante de testemunhas e da câmera que registrou a desastrosa abordagem.

Leili Fatehi, uma das lideranças que estiveram à frente da campanha contra a dissolução do departamento de polícia, disse que nenhum dos lados da votação está satisfeito com o status atual do policiamento em Minneapolis —as divergências estão em como fazer as mudanças.

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"O que queremos que aconteça a seguir é que os moradores de Minneapolis se unam para cobrar responsabilidade do próximo prefeito e do conselho municipal para arregaçar as mangas e fazer esse trabalho duro sem demora", disse Fatehi à agência de notícias Reuters.

Do lado oposto, JaNaé Bates, uma das líderes da campanha do "sim", disse que, apesar da derrota na votação, o debate público sobre a conduta policial mudou para sempre.

"O povo de Minneapolis merece ter uma agência de aplicação da lei que seja responsável e transparente, e não é isso que temos hoje", afirmou, prometendo continuar a pressionar instituições por mudanças.

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A um ano das chamadas "midterms" (eleições legislativas de meio de mandato, previstas para novembro de 2022), a disputa eleitoral pode ter influenciado o resultado da votação.

A possível dissolução do departamento de polícia dividiu os políticos locais do Partido Democrata. Havia entre parte deles a preocupação de que o fim da corporação como é conhecida hoje servisse de combustível favorável ao discurso dos republicanos.

Opunham-se à medida, por exemplo, o prefeito Jacob Frey, a senadora Amy Klobuchar e o governador Tim Walz. Ainda entre os democratas, nomes considerados mais progressistas, como o do deputado Ilhan Omar e o do procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, eram favoráveis à criação de um novo modelo.

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"Se estamos dizendo que George Floyd pode ser assassinado nas ruas desta cidade e não estamos dispostos a fazer nenhuma mudança institucional para resolver isso, para mim isso é triste e um pouco assustador", disse Ellison, antes da votação. O procurador, que mora em Minneapolis, foi o responsável pela acusação a Derek Chauvin, o policial que asfixiou Floyd com o joelho.

Se as propostas de desmonte tivessem recebido o aval da maioria da população, grande parte do regramento da nova corporação só seria discutida pelo prefeito e pelo conselho municipal nos próximos meses. A falta de clareza sobre o que exatamente substituiria o departamento atual foi um dos principais obstáculos à aprovação da medida.

Outro argumento levantado pelos críticos é que o "sim" à dissolução do departamento concretizaria um dos slogans das manifestações, o "defund the police" (algo como "corte o financiamento da polícia"). Para os adversários da proposta, Minneapolis precisa de mais policiais, não de menos.

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Os favoráveis admitiam que o número de policiais poderia acabar diminuindo, mas defendiam a tese de que a reforma deveria ocorrer de uma maneira mais ampla, que incluísse formas de abordar causas básicas dos crimes antes que eles aconteçam.

Marcha contra a morte de George Floyd em Minneapolis Foto: Kerem Yucel / AFP

O novo departamento traria à área de segurança pública, além dos policiais, profissionais de saúde mental, especialistas em dependência de drogas e pessoas treinadas para a solução de conflitos.

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Haveria também uma mudança na hierarquia do departamento, que passaria a responder não apenas ao prefeito, mas também aos 13 conselheiros da cidade —o que, segundo os defensores, daria à população mais influência nas decisões de como o policiamento é realizado.

Em meio a um aumento nos índices de criminalidade —casos de homicídio, roubos e agressões aumentaram em relação ao ano passado— mais de 200 policiais deixaram a corporação desde o assassinato de Floyd, segundo levantamento da Reuters. Parte dos que permaneceram tem evitado o envolvimento direto com a comunidade temendo se envolver em outros casos críticos.

Na região norte de Minneapolis, onde se concentra a parcela mais pobre e majoritariamente negra, a ideia do desmonte também não foi bem recebida.

"A coisa toda é um movimento progressista dos brancos. Eles estão tentando nos transformar em um grande experimento", disse Teto Wilson, dono de uma barbearia, acrescentando que quem convive com a violência diária não pode se dar ao luxo de tentar novas abordagens drásticas.

Angela Harrelson, tia de Floyd, queria que as mudanças fossem aprovadas, não para abolir a polícia, mas para fazer algo diferente. "Se um profissional de saúde mental ou um assistente social estivesse com a polícia no dia em que meu sobrinho morreu, ele poderia muito bem estar vivo hoje." / REUTERS e AP

Os eleitores de Minneapolis decidiram nesta terça-feira, 2, não substituir sua força policial por um novo departamento que buscaria respostas alternativas, focadas em saúde pública e assistência social, em vez da tradicional forma de combate à criminalidade.

Quase um ano e meio após o assassinato de George Floyd, que alçou a cidade ao epicentro do movimento antirracista nos Estados Unidos, a população de Minneapolis escolheu rejeitar a criação de um novo Departamento de Segurança Pública para substituir a estrutura atual.

A consulta à cidade aconteceu simultaneamente às eleições municipais. Além de escolher prefeito e conselheiros (equivalente a vereadores), os eleitores opinaram sobre a proposta relacionada à segurança pública. Dos 142 mil votos, 56,1% foram contrários ao projeto, enquanto os favoráveis somaram 43,8%.

Mais de 56% dos eleitores de Minneapolis rejeitaram a questão eleitoral sobre criar um novo departamento de segurança pública. Foto: AP/Christian Monterrosa Foto:

Isso não significa, porém, que a polícia local deve continuar como era quando Floyd foi asfixiado por um agente branco diante de testemunhas e da câmera que registrou a desastrosa abordagem.

Leili Fatehi, uma das lideranças que estiveram à frente da campanha contra a dissolução do departamento de polícia, disse que nenhum dos lados da votação está satisfeito com o status atual do policiamento em Minneapolis —as divergências estão em como fazer as mudanças.

"O que queremos que aconteça a seguir é que os moradores de Minneapolis se unam para cobrar responsabilidade do próximo prefeito e do conselho municipal para arregaçar as mangas e fazer esse trabalho duro sem demora", disse Fatehi à agência de notícias Reuters.

Do lado oposto, JaNaé Bates, uma das líderes da campanha do "sim", disse que, apesar da derrota na votação, o debate público sobre a conduta policial mudou para sempre.

"O povo de Minneapolis merece ter uma agência de aplicação da lei que seja responsável e transparente, e não é isso que temos hoje", afirmou, prometendo continuar a pressionar instituições por mudanças.

A um ano das chamadas "midterms" (eleições legislativas de meio de mandato, previstas para novembro de 2022), a disputa eleitoral pode ter influenciado o resultado da votação.

A possível dissolução do departamento de polícia dividiu os políticos locais do Partido Democrata. Havia entre parte deles a preocupação de que o fim da corporação como é conhecida hoje servisse de combustível favorável ao discurso dos republicanos.

Opunham-se à medida, por exemplo, o prefeito Jacob Frey, a senadora Amy Klobuchar e o governador Tim Walz. Ainda entre os democratas, nomes considerados mais progressistas, como o do deputado Ilhan Omar e o do procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, eram favoráveis à criação de um novo modelo.

"Se estamos dizendo que George Floyd pode ser assassinado nas ruas desta cidade e não estamos dispostos a fazer nenhuma mudança institucional para resolver isso, para mim isso é triste e um pouco assustador", disse Ellison, antes da votação. O procurador, que mora em Minneapolis, foi o responsável pela acusação a Derek Chauvin, o policial que asfixiou Floyd com o joelho.

Se as propostas de desmonte tivessem recebido o aval da maioria da população, grande parte do regramento da nova corporação só seria discutida pelo prefeito e pelo conselho municipal nos próximos meses. A falta de clareza sobre o que exatamente substituiria o departamento atual foi um dos principais obstáculos à aprovação da medida.

Outro argumento levantado pelos críticos é que o "sim" à dissolução do departamento concretizaria um dos slogans das manifestações, o "defund the police" (algo como "corte o financiamento da polícia"). Para os adversários da proposta, Minneapolis precisa de mais policiais, não de menos.

Os favoráveis admitiam que o número de policiais poderia acabar diminuindo, mas defendiam a tese de que a reforma deveria ocorrer de uma maneira mais ampla, que incluísse formas de abordar causas básicas dos crimes antes que eles aconteçam.

Marcha contra a morte de George Floyd em Minneapolis Foto: Kerem Yucel / AFP

O novo departamento traria à área de segurança pública, além dos policiais, profissionais de saúde mental, especialistas em dependência de drogas e pessoas treinadas para a solução de conflitos.

Haveria também uma mudança na hierarquia do departamento, que passaria a responder não apenas ao prefeito, mas também aos 13 conselheiros da cidade —o que, segundo os defensores, daria à população mais influência nas decisões de como o policiamento é realizado.

Em meio a um aumento nos índices de criminalidade —casos de homicídio, roubos e agressões aumentaram em relação ao ano passado— mais de 200 policiais deixaram a corporação desde o assassinato de Floyd, segundo levantamento da Reuters. Parte dos que permaneceram tem evitado o envolvimento direto com a comunidade temendo se envolver em outros casos críticos.

Na região norte de Minneapolis, onde se concentra a parcela mais pobre e majoritariamente negra, a ideia do desmonte também não foi bem recebida.

"A coisa toda é um movimento progressista dos brancos. Eles estão tentando nos transformar em um grande experimento", disse Teto Wilson, dono de uma barbearia, acrescentando que quem convive com a violência diária não pode se dar ao luxo de tentar novas abordagens drásticas.

Angela Harrelson, tia de Floyd, queria que as mudanças fossem aprovadas, não para abolir a polícia, mas para fazer algo diferente. "Se um profissional de saúde mental ou um assistente social estivesse com a polícia no dia em que meu sobrinho morreu, ele poderia muito bem estar vivo hoje." / REUTERS e AP

Os eleitores de Minneapolis decidiram nesta terça-feira, 2, não substituir sua força policial por um novo departamento que buscaria respostas alternativas, focadas em saúde pública e assistência social, em vez da tradicional forma de combate à criminalidade.

Quase um ano e meio após o assassinato de George Floyd, que alçou a cidade ao epicentro do movimento antirracista nos Estados Unidos, a população de Minneapolis escolheu rejeitar a criação de um novo Departamento de Segurança Pública para substituir a estrutura atual.

A consulta à cidade aconteceu simultaneamente às eleições municipais. Além de escolher prefeito e conselheiros (equivalente a vereadores), os eleitores opinaram sobre a proposta relacionada à segurança pública. Dos 142 mil votos, 56,1% foram contrários ao projeto, enquanto os favoráveis somaram 43,8%.

Mais de 56% dos eleitores de Minneapolis rejeitaram a questão eleitoral sobre criar um novo departamento de segurança pública. Foto: AP/Christian Monterrosa Foto:

Isso não significa, porém, que a polícia local deve continuar como era quando Floyd foi asfixiado por um agente branco diante de testemunhas e da câmera que registrou a desastrosa abordagem.

Leili Fatehi, uma das lideranças que estiveram à frente da campanha contra a dissolução do departamento de polícia, disse que nenhum dos lados da votação está satisfeito com o status atual do policiamento em Minneapolis —as divergências estão em como fazer as mudanças.

"O que queremos que aconteça a seguir é que os moradores de Minneapolis se unam para cobrar responsabilidade do próximo prefeito e do conselho municipal para arregaçar as mangas e fazer esse trabalho duro sem demora", disse Fatehi à agência de notícias Reuters.

Do lado oposto, JaNaé Bates, uma das líderes da campanha do "sim", disse que, apesar da derrota na votação, o debate público sobre a conduta policial mudou para sempre.

"O povo de Minneapolis merece ter uma agência de aplicação da lei que seja responsável e transparente, e não é isso que temos hoje", afirmou, prometendo continuar a pressionar instituições por mudanças.

A um ano das chamadas "midterms" (eleições legislativas de meio de mandato, previstas para novembro de 2022), a disputa eleitoral pode ter influenciado o resultado da votação.

A possível dissolução do departamento de polícia dividiu os políticos locais do Partido Democrata. Havia entre parte deles a preocupação de que o fim da corporação como é conhecida hoje servisse de combustível favorável ao discurso dos republicanos.

Opunham-se à medida, por exemplo, o prefeito Jacob Frey, a senadora Amy Klobuchar e o governador Tim Walz. Ainda entre os democratas, nomes considerados mais progressistas, como o do deputado Ilhan Omar e o do procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, eram favoráveis à criação de um novo modelo.

"Se estamos dizendo que George Floyd pode ser assassinado nas ruas desta cidade e não estamos dispostos a fazer nenhuma mudança institucional para resolver isso, para mim isso é triste e um pouco assustador", disse Ellison, antes da votação. O procurador, que mora em Minneapolis, foi o responsável pela acusação a Derek Chauvin, o policial que asfixiou Floyd com o joelho.

Se as propostas de desmonte tivessem recebido o aval da maioria da população, grande parte do regramento da nova corporação só seria discutida pelo prefeito e pelo conselho municipal nos próximos meses. A falta de clareza sobre o que exatamente substituiria o departamento atual foi um dos principais obstáculos à aprovação da medida.

Outro argumento levantado pelos críticos é que o "sim" à dissolução do departamento concretizaria um dos slogans das manifestações, o "defund the police" (algo como "corte o financiamento da polícia"). Para os adversários da proposta, Minneapolis precisa de mais policiais, não de menos.

Os favoráveis admitiam que o número de policiais poderia acabar diminuindo, mas defendiam a tese de que a reforma deveria ocorrer de uma maneira mais ampla, que incluísse formas de abordar causas básicas dos crimes antes que eles aconteçam.

Marcha contra a morte de George Floyd em Minneapolis Foto: Kerem Yucel / AFP

O novo departamento traria à área de segurança pública, além dos policiais, profissionais de saúde mental, especialistas em dependência de drogas e pessoas treinadas para a solução de conflitos.

Haveria também uma mudança na hierarquia do departamento, que passaria a responder não apenas ao prefeito, mas também aos 13 conselheiros da cidade —o que, segundo os defensores, daria à população mais influência nas decisões de como o policiamento é realizado.

Em meio a um aumento nos índices de criminalidade —casos de homicídio, roubos e agressões aumentaram em relação ao ano passado— mais de 200 policiais deixaram a corporação desde o assassinato de Floyd, segundo levantamento da Reuters. Parte dos que permaneceram tem evitado o envolvimento direto com a comunidade temendo se envolver em outros casos críticos.

Na região norte de Minneapolis, onde se concentra a parcela mais pobre e majoritariamente negra, a ideia do desmonte também não foi bem recebida.

"A coisa toda é um movimento progressista dos brancos. Eles estão tentando nos transformar em um grande experimento", disse Teto Wilson, dono de uma barbearia, acrescentando que quem convive com a violência diária não pode se dar ao luxo de tentar novas abordagens drásticas.

Angela Harrelson, tia de Floyd, queria que as mudanças fossem aprovadas, não para abolir a polícia, mas para fazer algo diferente. "Se um profissional de saúde mental ou um assistente social estivesse com a polícia no dia em que meu sobrinho morreu, ele poderia muito bem estar vivo hoje." / REUTERS e AP

Os eleitores de Minneapolis decidiram nesta terça-feira, 2, não substituir sua força policial por um novo departamento que buscaria respostas alternativas, focadas em saúde pública e assistência social, em vez da tradicional forma de combate à criminalidade.

Quase um ano e meio após o assassinato de George Floyd, que alçou a cidade ao epicentro do movimento antirracista nos Estados Unidos, a população de Minneapolis escolheu rejeitar a criação de um novo Departamento de Segurança Pública para substituir a estrutura atual.

A consulta à cidade aconteceu simultaneamente às eleições municipais. Além de escolher prefeito e conselheiros (equivalente a vereadores), os eleitores opinaram sobre a proposta relacionada à segurança pública. Dos 142 mil votos, 56,1% foram contrários ao projeto, enquanto os favoráveis somaram 43,8%.

Mais de 56% dos eleitores de Minneapolis rejeitaram a questão eleitoral sobre criar um novo departamento de segurança pública. Foto: AP/Christian Monterrosa Foto:

Isso não significa, porém, que a polícia local deve continuar como era quando Floyd foi asfixiado por um agente branco diante de testemunhas e da câmera que registrou a desastrosa abordagem.

Leili Fatehi, uma das lideranças que estiveram à frente da campanha contra a dissolução do departamento de polícia, disse que nenhum dos lados da votação está satisfeito com o status atual do policiamento em Minneapolis —as divergências estão em como fazer as mudanças.

"O que queremos que aconteça a seguir é que os moradores de Minneapolis se unam para cobrar responsabilidade do próximo prefeito e do conselho municipal para arregaçar as mangas e fazer esse trabalho duro sem demora", disse Fatehi à agência de notícias Reuters.

Do lado oposto, JaNaé Bates, uma das líderes da campanha do "sim", disse que, apesar da derrota na votação, o debate público sobre a conduta policial mudou para sempre.

"O povo de Minneapolis merece ter uma agência de aplicação da lei que seja responsável e transparente, e não é isso que temos hoje", afirmou, prometendo continuar a pressionar instituições por mudanças.

A um ano das chamadas "midterms" (eleições legislativas de meio de mandato, previstas para novembro de 2022), a disputa eleitoral pode ter influenciado o resultado da votação.

A possível dissolução do departamento de polícia dividiu os políticos locais do Partido Democrata. Havia entre parte deles a preocupação de que o fim da corporação como é conhecida hoje servisse de combustível favorável ao discurso dos republicanos.

Opunham-se à medida, por exemplo, o prefeito Jacob Frey, a senadora Amy Klobuchar e o governador Tim Walz. Ainda entre os democratas, nomes considerados mais progressistas, como o do deputado Ilhan Omar e o do procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, eram favoráveis à criação de um novo modelo.

"Se estamos dizendo que George Floyd pode ser assassinado nas ruas desta cidade e não estamos dispostos a fazer nenhuma mudança institucional para resolver isso, para mim isso é triste e um pouco assustador", disse Ellison, antes da votação. O procurador, que mora em Minneapolis, foi o responsável pela acusação a Derek Chauvin, o policial que asfixiou Floyd com o joelho.

Se as propostas de desmonte tivessem recebido o aval da maioria da população, grande parte do regramento da nova corporação só seria discutida pelo prefeito e pelo conselho municipal nos próximos meses. A falta de clareza sobre o que exatamente substituiria o departamento atual foi um dos principais obstáculos à aprovação da medida.

Outro argumento levantado pelos críticos é que o "sim" à dissolução do departamento concretizaria um dos slogans das manifestações, o "defund the police" (algo como "corte o financiamento da polícia"). Para os adversários da proposta, Minneapolis precisa de mais policiais, não de menos.

Os favoráveis admitiam que o número de policiais poderia acabar diminuindo, mas defendiam a tese de que a reforma deveria ocorrer de uma maneira mais ampla, que incluísse formas de abordar causas básicas dos crimes antes que eles aconteçam.

Marcha contra a morte de George Floyd em Minneapolis Foto: Kerem Yucel / AFP

O novo departamento traria à área de segurança pública, além dos policiais, profissionais de saúde mental, especialistas em dependência de drogas e pessoas treinadas para a solução de conflitos.

Haveria também uma mudança na hierarquia do departamento, que passaria a responder não apenas ao prefeito, mas também aos 13 conselheiros da cidade —o que, segundo os defensores, daria à população mais influência nas decisões de como o policiamento é realizado.

Em meio a um aumento nos índices de criminalidade —casos de homicídio, roubos e agressões aumentaram em relação ao ano passado— mais de 200 policiais deixaram a corporação desde o assassinato de Floyd, segundo levantamento da Reuters. Parte dos que permaneceram tem evitado o envolvimento direto com a comunidade temendo se envolver em outros casos críticos.

Na região norte de Minneapolis, onde se concentra a parcela mais pobre e majoritariamente negra, a ideia do desmonte também não foi bem recebida.

"A coisa toda é um movimento progressista dos brancos. Eles estão tentando nos transformar em um grande experimento", disse Teto Wilson, dono de uma barbearia, acrescentando que quem convive com a violência diária não pode se dar ao luxo de tentar novas abordagens drásticas.

Angela Harrelson, tia de Floyd, queria que as mudanças fossem aprovadas, não para abolir a polícia, mas para fazer algo diferente. "Se um profissional de saúde mental ou um assistente social estivesse com a polícia no dia em que meu sobrinho morreu, ele poderia muito bem estar vivo hoje." / REUTERS e AP

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