BRUXELAS - A União Europeia deve aprovar na próxima semana um embargo gradual e total ao petróleo russo, dizem autoridades, selando uma medida há muito adiada que dividiu os países integrantes do bloco e destacou sua dependência das fontes de energia russas.
Demorou semanas para que os países do bloco concordassem com os detalhes da medida, e negociações intensas continuarão no fim de semana antes que a Comissão Europeia, a parte executiva do bloco, coloque uma proposta final no papel para que os embaixadores da UE aprovem. Eles se reunirão na quarta-feira 4 de maio e esperam dar sua aprovação final até o final da semana, dizem funcionários e diplomatas envolvidos.
Os diplomatas e funcionários falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a se pronunciar publicamente sobre o andamento das negociações delicadas.
O embargo ao petróleo será o maior e mais importante passo dentro do sexto pacote de sanções da UE desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Novas sanções
O pacote também incluirá sanções contra o maior banco da Rússia, o Sberbank, que até agora foi poupado, bem como medidas adicionais contra russos do alto escalão, disseram autoridades.
Salvo uma improvável demanda de última hora da Hungria, que vem se arrastando com o tema, o processo com o petróleo russo deve ser concluído sem que haja uma reunião dos líderes da UE, evitando assim o esforço de juntar todos os 27 chefes de Estado em Bruxelas.
Impactos
O embargo provavelmente afetará o petróleo russo transportado por navios-tanque mais rapidamente do que o petróleo vindo por oleoduto, o que pode levar alguns meses. Em ambos os casos, o bloco europeu deve permitir que seus membros rescindam os contratos existentes com empresas petrolíferas russas, como fez com a proibição do carvão, que levou quatro meses para ser totalmente implementada.
A posição da Alemanha foi crítica na finalização da nova medida. O país, líder econômico do bloco, importava cerca de um terço de seu petróleo da Rússia na época da invasão russa à Ucrânia. Mas seu ministro da Energia, Robert Habeck, disse esta semana que a Alemanha conseguiu reduzir isso para apenas 12% nas últimas semanas, tornando um embargo total “administrável”.
“O problema que parecia muito grande para a Alemanha há apenas algumas semanas tornou-se muito menor”, disse Habeck durante uma visita a Varsóvia na terça-feira 26. Ele acrescentou: “A Alemanha chegou muito, muito perto da independência das importações de petróleo da Rússia”. No entanto, o ministro não explicou como o país foi capaz de fazer isso tão rapidamente.
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Depois que autoridades do alto escalão americano visitaram a Ucrânia e garantiram que é possível ganhar o conflito com o "equipamento adequado".
A Rússia é o maior fornecedor de petróleo da Europa, fornecendo cerca de um quarto das necessidades anuais do bloco, de acordo com dados de 2020 - isso representa cerca de metade das exportações totais da Rússia. À medida que o embargo de petróleo é implementado, autoridades disseram que o bloco buscaria compensar o déficit aumentando as importações de outras fontes, como países do Golfo Pérsico, Nigéria, Casaquistão e Azerbaijão.
O embargo, mesmo que amenizado pelo período de introdução gradual de um mês, provavelmente pressionará os preços globais do petróleo, agravando os já altos custos de energia em todo o mundo. Uma alternativa para diminuir o impacto, lançada pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na semana passada, era impor tarifas ou um teto de preço ao petróleo da Rússia em vez de um embargo total. Mas isso não ganhou força entre os líderes europeus, disseram autoridades. / NYT