Europa passa a considerar gás e fissão nuclear como ‘energias verdes’ com alta dos combustíveis


Apoiadores da medida argumentam que as duas fontes são necessárias para possibilitar transição energética

BRUXELAS (THE WASHINGTON POST) — Os eurodeputados aprovaram nesta quarta-feira, 6, um avanço no plano para classificar parte da eletricidade gerada por reatores atômicos e gás natural como energia renovável, uma decisão observada atentamente e capaz de forjar a política ambiental por vários anos.

Destinado a orientar investimento em projetos seguindo o objetivo do bloco europeu de conquistar a neutralidade climática até 2050, o plano conhecido como “taxonomia da UE” está em discussão.

continua após a publicidade

Em fevereiro, semanas antes da invasão russa na Ucrânia, o braço executivo da UE apresentou um plano para classificar parte da geração de eletricidade a partir de gás natural e reatores nucleares como investimentos verdes “transicionais” sob certas circunstâncias, o que desencadeou uma reação furiosa.

Imagem de dezembro de 2021 mostra torres de usina nuclear operada por Electricite de France SA, em Nogent-sur-Seine, França. Com guerra na Ucrânia, discussão sobre crise energética mudou na Europa Foto: Cyril Marcilhacy / Bloomberg

Cinco meses depois, enquanto a Rússia utiliza o gás natural como arma e a crise global de energia se intensifica, os legisladores do Parlamento Europeu rejeitaram uma objeção à proposta por 328 votos a favor e 278 contra.

continua após a publicidade

Aqueles que apoiam incluir gás e energia nuclear no campo da energia verde argumentam que essas fontes de eletricidade são necessárias para a transição às fontes renováveis, especialmente tendo em conta o impacto da guerra sobre os preços da energia.

Os críticos não estão convencidos. Houve vaias quando o resultado da votação foi anunciado no Parlamento em Estrasburgo, França. Um comunicado à imprensa do grupo de defesa ambiental Greenpeace qualificou o plano como uma “política suja”, que “manterá mais dinheiro enchendo o cofre de guerra de Putin”.

A questão no centro do debate é se geradores de eletricidade movidos a gás e usinas nucleares podem, sob alguma circunstância, serem considerados fontes sustentáveis ou verdes.

continua após a publicidade

Antes da guerra, a inclusão do gás nessa classificação teve apoio de Estados-membros que qualificavam o insumo como uma “ponte” necessária para países se livrarem dos combustíveis fósseis enquanto aumentam sua capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A França e outras nações do bloco pressionaram pela inclusão da energia atômica na classificação, apesar da forte oposição da Alemanha.

O plano enfrenta oposição não apenas de ambientalistas, mas também de alguns conselheiros da UE e até do diretor-executivo de um grupo que representa investidores de peso. Críticos afirmam que o esforço da Comissão Europeia de “proteger investidores privados de lavagem verde (greenwashing)” arrisca aumentar esse tipo de maquiagem numa escala ainda maior.

Chamas em planta de gás no Texas, Estados Unidos, em imagem do dia 25 de novembro de 2019. Europa passa a considerar gás energia "verde" em determinados casos Foto: Angus Mordant/Reuters
continua após a publicidade

Aqueles que se opõem à inclusão do gás na taxonomia verde expressam preocupação sobre a possibilidade dessa classificação incentivar investimentos em combustíveis fósseis e atrasar a transição da UE para as fontes renováveis. Também há preocupações a respeito da medida se tornar um marco, ocasionando diretrizes similares em outras regiões.

A guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas reviravoltas ao debate. De muitas maneiras, fez a Europa repensar sua dependência em relação à Rússia, particularmente quando se trata de combustíveis fósseis dos russos, e amplificou chamados pela aceleração da transição energética.

A UE concordou em acabar gradualmente com suas importações de carvão e petróleo da Rússia para atingir o cofre de guerra do Kremlin. Mas o bloco continua dependente do gás russo — o que não passa despercebido por Putin, que tem usado esse poder de barganha para ameaças e punições.

continua após a publicidade

“Isso atrasará a verdadeira — e urgentemente necessária — transição para as fontes sustentáveis de energia e aprofundará nossa dependência em relação aos combustíveis russos”, tuitou a ativista ambiental Greta Thunberg nesta quarta-feira. “A hipocrisia é chocante, mas infelizmente não surpreende.”

Defensores do plano argumentam que a guerra sublinhou a necessidade do imediato investimento em infraestrutura necessário para importar gás de outros países. Eles esperam que as novas regras fomentem um aumento no investimento em infraestruturas como novos gasodutos e terminais para importação de gás natural liquefeito.

continua após a publicidade

“A ‘Transição Energética Imaculada’ não existe”, tuitou o eurodeputado espanhol Luis Garicano nesta quarta-feira. “Uma transição sensata requer mais do que apenas as fontes renováveis.”

Com o preço do gás nas alturas, a guerra na Ucrânia também intensificou o interesse em toda a Europa em construir novas usinas nucleares ou prolongar a vida de centrais atômicas já existentes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

BRUXELAS (THE WASHINGTON POST) — Os eurodeputados aprovaram nesta quarta-feira, 6, um avanço no plano para classificar parte da eletricidade gerada por reatores atômicos e gás natural como energia renovável, uma decisão observada atentamente e capaz de forjar a política ambiental por vários anos.

Destinado a orientar investimento em projetos seguindo o objetivo do bloco europeu de conquistar a neutralidade climática até 2050, o plano conhecido como “taxonomia da UE” está em discussão.

Em fevereiro, semanas antes da invasão russa na Ucrânia, o braço executivo da UE apresentou um plano para classificar parte da geração de eletricidade a partir de gás natural e reatores nucleares como investimentos verdes “transicionais” sob certas circunstâncias, o que desencadeou uma reação furiosa.

Imagem de dezembro de 2021 mostra torres de usina nuclear operada por Electricite de France SA, em Nogent-sur-Seine, França. Com guerra na Ucrânia, discussão sobre crise energética mudou na Europa Foto: Cyril Marcilhacy / Bloomberg

Cinco meses depois, enquanto a Rússia utiliza o gás natural como arma e a crise global de energia se intensifica, os legisladores do Parlamento Europeu rejeitaram uma objeção à proposta por 328 votos a favor e 278 contra.

Aqueles que apoiam incluir gás e energia nuclear no campo da energia verde argumentam que essas fontes de eletricidade são necessárias para a transição às fontes renováveis, especialmente tendo em conta o impacto da guerra sobre os preços da energia.

Os críticos não estão convencidos. Houve vaias quando o resultado da votação foi anunciado no Parlamento em Estrasburgo, França. Um comunicado à imprensa do grupo de defesa ambiental Greenpeace qualificou o plano como uma “política suja”, que “manterá mais dinheiro enchendo o cofre de guerra de Putin”.

A questão no centro do debate é se geradores de eletricidade movidos a gás e usinas nucleares podem, sob alguma circunstância, serem considerados fontes sustentáveis ou verdes.

Antes da guerra, a inclusão do gás nessa classificação teve apoio de Estados-membros que qualificavam o insumo como uma “ponte” necessária para países se livrarem dos combustíveis fósseis enquanto aumentam sua capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A França e outras nações do bloco pressionaram pela inclusão da energia atômica na classificação, apesar da forte oposição da Alemanha.

O plano enfrenta oposição não apenas de ambientalistas, mas também de alguns conselheiros da UE e até do diretor-executivo de um grupo que representa investidores de peso. Críticos afirmam que o esforço da Comissão Europeia de “proteger investidores privados de lavagem verde (greenwashing)” arrisca aumentar esse tipo de maquiagem numa escala ainda maior.

Chamas em planta de gás no Texas, Estados Unidos, em imagem do dia 25 de novembro de 2019. Europa passa a considerar gás energia "verde" em determinados casos Foto: Angus Mordant/Reuters

Aqueles que se opõem à inclusão do gás na taxonomia verde expressam preocupação sobre a possibilidade dessa classificação incentivar investimentos em combustíveis fósseis e atrasar a transição da UE para as fontes renováveis. Também há preocupações a respeito da medida se tornar um marco, ocasionando diretrizes similares em outras regiões.

A guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas reviravoltas ao debate. De muitas maneiras, fez a Europa repensar sua dependência em relação à Rússia, particularmente quando se trata de combustíveis fósseis dos russos, e amplificou chamados pela aceleração da transição energética.

A UE concordou em acabar gradualmente com suas importações de carvão e petróleo da Rússia para atingir o cofre de guerra do Kremlin. Mas o bloco continua dependente do gás russo — o que não passa despercebido por Putin, que tem usado esse poder de barganha para ameaças e punições.

“Isso atrasará a verdadeira — e urgentemente necessária — transição para as fontes sustentáveis de energia e aprofundará nossa dependência em relação aos combustíveis russos”, tuitou a ativista ambiental Greta Thunberg nesta quarta-feira. “A hipocrisia é chocante, mas infelizmente não surpreende.”

Defensores do plano argumentam que a guerra sublinhou a necessidade do imediato investimento em infraestrutura necessário para importar gás de outros países. Eles esperam que as novas regras fomentem um aumento no investimento em infraestruturas como novos gasodutos e terminais para importação de gás natural liquefeito.

“A ‘Transição Energética Imaculada’ não existe”, tuitou o eurodeputado espanhol Luis Garicano nesta quarta-feira. “Uma transição sensata requer mais do que apenas as fontes renováveis.”

Com o preço do gás nas alturas, a guerra na Ucrânia também intensificou o interesse em toda a Europa em construir novas usinas nucleares ou prolongar a vida de centrais atômicas já existentes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

BRUXELAS (THE WASHINGTON POST) — Os eurodeputados aprovaram nesta quarta-feira, 6, um avanço no plano para classificar parte da eletricidade gerada por reatores atômicos e gás natural como energia renovável, uma decisão observada atentamente e capaz de forjar a política ambiental por vários anos.

Destinado a orientar investimento em projetos seguindo o objetivo do bloco europeu de conquistar a neutralidade climática até 2050, o plano conhecido como “taxonomia da UE” está em discussão.

Em fevereiro, semanas antes da invasão russa na Ucrânia, o braço executivo da UE apresentou um plano para classificar parte da geração de eletricidade a partir de gás natural e reatores nucleares como investimentos verdes “transicionais” sob certas circunstâncias, o que desencadeou uma reação furiosa.

Imagem de dezembro de 2021 mostra torres de usina nuclear operada por Electricite de France SA, em Nogent-sur-Seine, França. Com guerra na Ucrânia, discussão sobre crise energética mudou na Europa Foto: Cyril Marcilhacy / Bloomberg

Cinco meses depois, enquanto a Rússia utiliza o gás natural como arma e a crise global de energia se intensifica, os legisladores do Parlamento Europeu rejeitaram uma objeção à proposta por 328 votos a favor e 278 contra.

Aqueles que apoiam incluir gás e energia nuclear no campo da energia verde argumentam que essas fontes de eletricidade são necessárias para a transição às fontes renováveis, especialmente tendo em conta o impacto da guerra sobre os preços da energia.

Os críticos não estão convencidos. Houve vaias quando o resultado da votação foi anunciado no Parlamento em Estrasburgo, França. Um comunicado à imprensa do grupo de defesa ambiental Greenpeace qualificou o plano como uma “política suja”, que “manterá mais dinheiro enchendo o cofre de guerra de Putin”.

A questão no centro do debate é se geradores de eletricidade movidos a gás e usinas nucleares podem, sob alguma circunstância, serem considerados fontes sustentáveis ou verdes.

Antes da guerra, a inclusão do gás nessa classificação teve apoio de Estados-membros que qualificavam o insumo como uma “ponte” necessária para países se livrarem dos combustíveis fósseis enquanto aumentam sua capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A França e outras nações do bloco pressionaram pela inclusão da energia atômica na classificação, apesar da forte oposição da Alemanha.

O plano enfrenta oposição não apenas de ambientalistas, mas também de alguns conselheiros da UE e até do diretor-executivo de um grupo que representa investidores de peso. Críticos afirmam que o esforço da Comissão Europeia de “proteger investidores privados de lavagem verde (greenwashing)” arrisca aumentar esse tipo de maquiagem numa escala ainda maior.

Chamas em planta de gás no Texas, Estados Unidos, em imagem do dia 25 de novembro de 2019. Europa passa a considerar gás energia "verde" em determinados casos Foto: Angus Mordant/Reuters

Aqueles que se opõem à inclusão do gás na taxonomia verde expressam preocupação sobre a possibilidade dessa classificação incentivar investimentos em combustíveis fósseis e atrasar a transição da UE para as fontes renováveis. Também há preocupações a respeito da medida se tornar um marco, ocasionando diretrizes similares em outras regiões.

A guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas reviravoltas ao debate. De muitas maneiras, fez a Europa repensar sua dependência em relação à Rússia, particularmente quando se trata de combustíveis fósseis dos russos, e amplificou chamados pela aceleração da transição energética.

A UE concordou em acabar gradualmente com suas importações de carvão e petróleo da Rússia para atingir o cofre de guerra do Kremlin. Mas o bloco continua dependente do gás russo — o que não passa despercebido por Putin, que tem usado esse poder de barganha para ameaças e punições.

“Isso atrasará a verdadeira — e urgentemente necessária — transição para as fontes sustentáveis de energia e aprofundará nossa dependência em relação aos combustíveis russos”, tuitou a ativista ambiental Greta Thunberg nesta quarta-feira. “A hipocrisia é chocante, mas infelizmente não surpreende.”

Defensores do plano argumentam que a guerra sublinhou a necessidade do imediato investimento em infraestrutura necessário para importar gás de outros países. Eles esperam que as novas regras fomentem um aumento no investimento em infraestruturas como novos gasodutos e terminais para importação de gás natural liquefeito.

“A ‘Transição Energética Imaculada’ não existe”, tuitou o eurodeputado espanhol Luis Garicano nesta quarta-feira. “Uma transição sensata requer mais do que apenas as fontes renováveis.”

Com o preço do gás nas alturas, a guerra na Ucrânia também intensificou o interesse em toda a Europa em construir novas usinas nucleares ou prolongar a vida de centrais atômicas já existentes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

BRUXELAS (THE WASHINGTON POST) — Os eurodeputados aprovaram nesta quarta-feira, 6, um avanço no plano para classificar parte da eletricidade gerada por reatores atômicos e gás natural como energia renovável, uma decisão observada atentamente e capaz de forjar a política ambiental por vários anos.

Destinado a orientar investimento em projetos seguindo o objetivo do bloco europeu de conquistar a neutralidade climática até 2050, o plano conhecido como “taxonomia da UE” está em discussão.

Em fevereiro, semanas antes da invasão russa na Ucrânia, o braço executivo da UE apresentou um plano para classificar parte da geração de eletricidade a partir de gás natural e reatores nucleares como investimentos verdes “transicionais” sob certas circunstâncias, o que desencadeou uma reação furiosa.

Imagem de dezembro de 2021 mostra torres de usina nuclear operada por Electricite de France SA, em Nogent-sur-Seine, França. Com guerra na Ucrânia, discussão sobre crise energética mudou na Europa Foto: Cyril Marcilhacy / Bloomberg

Cinco meses depois, enquanto a Rússia utiliza o gás natural como arma e a crise global de energia se intensifica, os legisladores do Parlamento Europeu rejeitaram uma objeção à proposta por 328 votos a favor e 278 contra.

Aqueles que apoiam incluir gás e energia nuclear no campo da energia verde argumentam que essas fontes de eletricidade são necessárias para a transição às fontes renováveis, especialmente tendo em conta o impacto da guerra sobre os preços da energia.

Os críticos não estão convencidos. Houve vaias quando o resultado da votação foi anunciado no Parlamento em Estrasburgo, França. Um comunicado à imprensa do grupo de defesa ambiental Greenpeace qualificou o plano como uma “política suja”, que “manterá mais dinheiro enchendo o cofre de guerra de Putin”.

A questão no centro do debate é se geradores de eletricidade movidos a gás e usinas nucleares podem, sob alguma circunstância, serem considerados fontes sustentáveis ou verdes.

Antes da guerra, a inclusão do gás nessa classificação teve apoio de Estados-membros que qualificavam o insumo como uma “ponte” necessária para países se livrarem dos combustíveis fósseis enquanto aumentam sua capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A França e outras nações do bloco pressionaram pela inclusão da energia atômica na classificação, apesar da forte oposição da Alemanha.

O plano enfrenta oposição não apenas de ambientalistas, mas também de alguns conselheiros da UE e até do diretor-executivo de um grupo que representa investidores de peso. Críticos afirmam que o esforço da Comissão Europeia de “proteger investidores privados de lavagem verde (greenwashing)” arrisca aumentar esse tipo de maquiagem numa escala ainda maior.

Chamas em planta de gás no Texas, Estados Unidos, em imagem do dia 25 de novembro de 2019. Europa passa a considerar gás energia "verde" em determinados casos Foto: Angus Mordant/Reuters

Aqueles que se opõem à inclusão do gás na taxonomia verde expressam preocupação sobre a possibilidade dessa classificação incentivar investimentos em combustíveis fósseis e atrasar a transição da UE para as fontes renováveis. Também há preocupações a respeito da medida se tornar um marco, ocasionando diretrizes similares em outras regiões.

A guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas reviravoltas ao debate. De muitas maneiras, fez a Europa repensar sua dependência em relação à Rússia, particularmente quando se trata de combustíveis fósseis dos russos, e amplificou chamados pela aceleração da transição energética.

A UE concordou em acabar gradualmente com suas importações de carvão e petróleo da Rússia para atingir o cofre de guerra do Kremlin. Mas o bloco continua dependente do gás russo — o que não passa despercebido por Putin, que tem usado esse poder de barganha para ameaças e punições.

“Isso atrasará a verdadeira — e urgentemente necessária — transição para as fontes sustentáveis de energia e aprofundará nossa dependência em relação aos combustíveis russos”, tuitou a ativista ambiental Greta Thunberg nesta quarta-feira. “A hipocrisia é chocante, mas infelizmente não surpreende.”

Defensores do plano argumentam que a guerra sublinhou a necessidade do imediato investimento em infraestrutura necessário para importar gás de outros países. Eles esperam que as novas regras fomentem um aumento no investimento em infraestruturas como novos gasodutos e terminais para importação de gás natural liquefeito.

“A ‘Transição Energética Imaculada’ não existe”, tuitou o eurodeputado espanhol Luis Garicano nesta quarta-feira. “Uma transição sensata requer mais do que apenas as fontes renováveis.”

Com o preço do gás nas alturas, a guerra na Ucrânia também intensificou o interesse em toda a Europa em construir novas usinas nucleares ou prolongar a vida de centrais atômicas já existentes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

BRUXELAS (THE WASHINGTON POST) — Os eurodeputados aprovaram nesta quarta-feira, 6, um avanço no plano para classificar parte da eletricidade gerada por reatores atômicos e gás natural como energia renovável, uma decisão observada atentamente e capaz de forjar a política ambiental por vários anos.

Destinado a orientar investimento em projetos seguindo o objetivo do bloco europeu de conquistar a neutralidade climática até 2050, o plano conhecido como “taxonomia da UE” está em discussão.

Em fevereiro, semanas antes da invasão russa na Ucrânia, o braço executivo da UE apresentou um plano para classificar parte da geração de eletricidade a partir de gás natural e reatores nucleares como investimentos verdes “transicionais” sob certas circunstâncias, o que desencadeou uma reação furiosa.

Imagem de dezembro de 2021 mostra torres de usina nuclear operada por Electricite de France SA, em Nogent-sur-Seine, França. Com guerra na Ucrânia, discussão sobre crise energética mudou na Europa Foto: Cyril Marcilhacy / Bloomberg

Cinco meses depois, enquanto a Rússia utiliza o gás natural como arma e a crise global de energia se intensifica, os legisladores do Parlamento Europeu rejeitaram uma objeção à proposta por 328 votos a favor e 278 contra.

Aqueles que apoiam incluir gás e energia nuclear no campo da energia verde argumentam que essas fontes de eletricidade são necessárias para a transição às fontes renováveis, especialmente tendo em conta o impacto da guerra sobre os preços da energia.

Os críticos não estão convencidos. Houve vaias quando o resultado da votação foi anunciado no Parlamento em Estrasburgo, França. Um comunicado à imprensa do grupo de defesa ambiental Greenpeace qualificou o plano como uma “política suja”, que “manterá mais dinheiro enchendo o cofre de guerra de Putin”.

A questão no centro do debate é se geradores de eletricidade movidos a gás e usinas nucleares podem, sob alguma circunstância, serem considerados fontes sustentáveis ou verdes.

Antes da guerra, a inclusão do gás nessa classificação teve apoio de Estados-membros que qualificavam o insumo como uma “ponte” necessária para países se livrarem dos combustíveis fósseis enquanto aumentam sua capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A França e outras nações do bloco pressionaram pela inclusão da energia atômica na classificação, apesar da forte oposição da Alemanha.

O plano enfrenta oposição não apenas de ambientalistas, mas também de alguns conselheiros da UE e até do diretor-executivo de um grupo que representa investidores de peso. Críticos afirmam que o esforço da Comissão Europeia de “proteger investidores privados de lavagem verde (greenwashing)” arrisca aumentar esse tipo de maquiagem numa escala ainda maior.

Chamas em planta de gás no Texas, Estados Unidos, em imagem do dia 25 de novembro de 2019. Europa passa a considerar gás energia "verde" em determinados casos Foto: Angus Mordant/Reuters

Aqueles que se opõem à inclusão do gás na taxonomia verde expressam preocupação sobre a possibilidade dessa classificação incentivar investimentos em combustíveis fósseis e atrasar a transição da UE para as fontes renováveis. Também há preocupações a respeito da medida se tornar um marco, ocasionando diretrizes similares em outras regiões.

A guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas reviravoltas ao debate. De muitas maneiras, fez a Europa repensar sua dependência em relação à Rússia, particularmente quando se trata de combustíveis fósseis dos russos, e amplificou chamados pela aceleração da transição energética.

A UE concordou em acabar gradualmente com suas importações de carvão e petróleo da Rússia para atingir o cofre de guerra do Kremlin. Mas o bloco continua dependente do gás russo — o que não passa despercebido por Putin, que tem usado esse poder de barganha para ameaças e punições.

“Isso atrasará a verdadeira — e urgentemente necessária — transição para as fontes sustentáveis de energia e aprofundará nossa dependência em relação aos combustíveis russos”, tuitou a ativista ambiental Greta Thunberg nesta quarta-feira. “A hipocrisia é chocante, mas infelizmente não surpreende.”

Defensores do plano argumentam que a guerra sublinhou a necessidade do imediato investimento em infraestrutura necessário para importar gás de outros países. Eles esperam que as novas regras fomentem um aumento no investimento em infraestruturas como novos gasodutos e terminais para importação de gás natural liquefeito.

“A ‘Transição Energética Imaculada’ não existe”, tuitou o eurodeputado espanhol Luis Garicano nesta quarta-feira. “Uma transição sensata requer mais do que apenas as fontes renováveis.”

Com o preço do gás nas alturas, a guerra na Ucrânia também intensificou o interesse em toda a Europa em construir novas usinas nucleares ou prolongar a vida de centrais atômicas já existentes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.