Europa reage contra plano de paz proposto por Trump e defende inclusão da Ucrânia em negociações


Putin e Trump conversaram por telefone e concordaram em se reunir para chegar a um acordo que, provavelmente, deve incluir a perda de território ucraniano

Por Redação
Atualização:

BRUXELAS - Os governos da Alemanha e da França, as principais potências dentro da União Europeia, rechaçaram nesta quinta-feira, 13, as negociações entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, para pôr um fim à guerra na Ucrânia.

Ontem Putin e Trump conversaram por telefone e concordaram em se reunir para chegar a um acordo que, provavelmente, deve incluir a perda de território ucraniano. A reunião, que deve ocorrer na Arábia Saudita, segundo Trump, não deve contar com a presença do presidente Volodmir Zelenski. Putin, no entanto, disse a Trump que qualquer acordo deve solucionar “as causas originais do conflito” — uma referência à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte ao leste da Europa.

Tanto a ausência de Zelenski quanto as demandas de Putin preocupam os europeus. Em uma reunião dos ministros de Defesa da Otan mais cedo em Bruxelas, o alemão Boris Pistorius disse que EUA os não deveriam ter feito concessões à Rússia antes das negociações de paz, descartando a adesão da Ucrânia à Otan e aceitando que o país teria de abrir mão de parte de seu território.

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O presidente americano Donald Trump e o russo Vladimir Putin em encontro na Finlândia em 2018 Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP

“Na minha opinião, teria sido melhor falar sobre uma possível adesão da Ucrânia à Otan ou sobre possíveis perdas de território na mesa de negociações”, disse Pistorius.

O ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, usou da ironia para comentar o telefonema entre Trump e Putin. " Me parece uma tentativa de chegar à paz pela fraqueza em vez da força”, disse ele, em referência ao slogan “paz pela força”, usado por Ronald Reagan para negociar com a URSS nos anos 80 e frequentemente adotado por Trump e seus partidários.

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A União Europeia, por sua vez, também expressou descontentamento. “Qualquer acordo de paz sobre a Ucrânia negociado sem Kiev e os europeus está fadado ao fracasso”, advertiu a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas. “Nenhum acordo pelas nossas costas funcionará, qualquer acordo também precisará da participação da Ucrânia e da Europa.”

O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, que na quarta-feira disse que Trump não apoiava a candidatura da Ucrânia à Otan como parte de um plano de paz, disse aos repórteres, antes de uma reunião dos ministros da Defesa aliados nesta quinta-feira, 13, que o telefonema com o líder russo “não foi uma traição” a Kiev. Zelenski, por sua vez, procurou parecer otimista, dizendo durante a noite que havia conversado com Trump e que acreditava “que a força dos Estados Unidos é suficiente para pressionar a Rússia e Putin a entrarem em paz, junto conosco, junto com todos os nossos parceiros”.

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A partilha da Ucrânia

A questão de onde as fronteiras da Ucrânia com a Rússia devem ser traçadas em qualquer negociação de paz entrou em foco nesta semana depois que Hegseth disse que era “irrealista” para a Ucrânia tentar recuperar todo o território que a Rússia tomou desde 2014.

O governo ucraniano há muito tempo afirma que seu objetivo é restaurar suas fronteiras ao ponto em que estavam antes de a Rússia lançar sua primeira invasão, há mais de uma década. Na ocasião, os russos ocuparam a Crimeia. Desde 2022, quando a guerra começou, conseguiram fincar suas tropas no leste da Ucrânia, tomando as províncias de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson. No total, Putin detém cerca de 20% do território da Ucrânia.

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Zelenski já estava enfrentando uma semana difícil antes mesmo do telefonema de ontem. No começo da semana, o governo Trump exigiu US$ 500 bilhões em direitos minerais ucranianos, cancelou a isenção da Ucrânia das tarifas americanas sobre o aço e um dos principais céticos americanos em relação à assistência militar para Kiev, o vice-presidente JD Vance, estava a caminho da Europa para uma reunião com o líder ucraniano.

Mas ontem, as coisas foram de mal a pior. Além de excluir Zelenski de qualquer negociação, o telefonema entre Trump e Putin também significou o fim dos esforços americanos para isolar a Rússia diplomaticamente após sua invasão em grande escala da Ucrânia há quase três anos.

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Reunião de ministros e secretário de Defesa em Bruxelas nesta quinta-feira, 13 Foto: Geert Vanden Wijngaert/AP

O temor dos europeus é que Trump possa ceder ainda mais — no caso concordar em deter ou reverter a expansão oriental da Otan —, o que colocaria em risco estratégico países como a Polônia, a Romênia e as repúblicas do Báltico.

Há anos, Putin critica a expansão da Otan, que considera uma traição dos americanos e europeus durante o fim da União Soviética. Na visão dele, Washington e Bruxelas descumpriram uma promessa de conter a expansão da Otan para leste, o que representa uma ameaça estratégica para Moscou, que tem vastas áreas de fronteira seca na mira das armas da aliança atlântica. / NYT

BRUXELAS - Os governos da Alemanha e da França, as principais potências dentro da União Europeia, rechaçaram nesta quinta-feira, 13, as negociações entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, para pôr um fim à guerra na Ucrânia.

Ontem Putin e Trump conversaram por telefone e concordaram em se reunir para chegar a um acordo que, provavelmente, deve incluir a perda de território ucraniano. A reunião, que deve ocorrer na Arábia Saudita, segundo Trump, não deve contar com a presença do presidente Volodmir Zelenski. Putin, no entanto, disse a Trump que qualquer acordo deve solucionar “as causas originais do conflito” — uma referência à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte ao leste da Europa.

Tanto a ausência de Zelenski quanto as demandas de Putin preocupam os europeus. Em uma reunião dos ministros de Defesa da Otan mais cedo em Bruxelas, o alemão Boris Pistorius disse que EUA os não deveriam ter feito concessões à Rússia antes das negociações de paz, descartando a adesão da Ucrânia à Otan e aceitando que o país teria de abrir mão de parte de seu território.

O presidente americano Donald Trump e o russo Vladimir Putin em encontro na Finlândia em 2018 Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP

“Na minha opinião, teria sido melhor falar sobre uma possível adesão da Ucrânia à Otan ou sobre possíveis perdas de território na mesa de negociações”, disse Pistorius.

O ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, usou da ironia para comentar o telefonema entre Trump e Putin. " Me parece uma tentativa de chegar à paz pela fraqueza em vez da força”, disse ele, em referência ao slogan “paz pela força”, usado por Ronald Reagan para negociar com a URSS nos anos 80 e frequentemente adotado por Trump e seus partidários.

A União Europeia, por sua vez, também expressou descontentamento. “Qualquer acordo de paz sobre a Ucrânia negociado sem Kiev e os europeus está fadado ao fracasso”, advertiu a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas. “Nenhum acordo pelas nossas costas funcionará, qualquer acordo também precisará da participação da Ucrânia e da Europa.”

O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, que na quarta-feira disse que Trump não apoiava a candidatura da Ucrânia à Otan como parte de um plano de paz, disse aos repórteres, antes de uma reunião dos ministros da Defesa aliados nesta quinta-feira, 13, que o telefonema com o líder russo “não foi uma traição” a Kiev. Zelenski, por sua vez, procurou parecer otimista, dizendo durante a noite que havia conversado com Trump e que acreditava “que a força dos Estados Unidos é suficiente para pressionar a Rússia e Putin a entrarem em paz, junto conosco, junto com todos os nossos parceiros”.

A partilha da Ucrânia

A questão de onde as fronteiras da Ucrânia com a Rússia devem ser traçadas em qualquer negociação de paz entrou em foco nesta semana depois que Hegseth disse que era “irrealista” para a Ucrânia tentar recuperar todo o território que a Rússia tomou desde 2014.

O governo ucraniano há muito tempo afirma que seu objetivo é restaurar suas fronteiras ao ponto em que estavam antes de a Rússia lançar sua primeira invasão, há mais de uma década. Na ocasião, os russos ocuparam a Crimeia. Desde 2022, quando a guerra começou, conseguiram fincar suas tropas no leste da Ucrânia, tomando as províncias de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson. No total, Putin detém cerca de 20% do território da Ucrânia.

Zelenski já estava enfrentando uma semana difícil antes mesmo do telefonema de ontem. No começo da semana, o governo Trump exigiu US$ 500 bilhões em direitos minerais ucranianos, cancelou a isenção da Ucrânia das tarifas americanas sobre o aço e um dos principais céticos americanos em relação à assistência militar para Kiev, o vice-presidente JD Vance, estava a caminho da Europa para uma reunião com o líder ucraniano.

Mas ontem, as coisas foram de mal a pior. Além de excluir Zelenski de qualquer negociação, o telefonema entre Trump e Putin também significou o fim dos esforços americanos para isolar a Rússia diplomaticamente após sua invasão em grande escala da Ucrânia há quase três anos.

Reunião de ministros e secretário de Defesa em Bruxelas nesta quinta-feira, 13 Foto: Geert Vanden Wijngaert/AP

O temor dos europeus é que Trump possa ceder ainda mais — no caso concordar em deter ou reverter a expansão oriental da Otan —, o que colocaria em risco estratégico países como a Polônia, a Romênia e as repúblicas do Báltico.

Há anos, Putin critica a expansão da Otan, que considera uma traição dos americanos e europeus durante o fim da União Soviética. Na visão dele, Washington e Bruxelas descumpriram uma promessa de conter a expansão da Otan para leste, o que representa uma ameaça estratégica para Moscou, que tem vastas áreas de fronteira seca na mira das armas da aliança atlântica. / NYT

BRUXELAS - Os governos da Alemanha e da França, as principais potências dentro da União Europeia, rechaçaram nesta quinta-feira, 13, as negociações entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, para pôr um fim à guerra na Ucrânia.

Ontem Putin e Trump conversaram por telefone e concordaram em se reunir para chegar a um acordo que, provavelmente, deve incluir a perda de território ucraniano. A reunião, que deve ocorrer na Arábia Saudita, segundo Trump, não deve contar com a presença do presidente Volodmir Zelenski. Putin, no entanto, disse a Trump que qualquer acordo deve solucionar “as causas originais do conflito” — uma referência à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte ao leste da Europa.

Tanto a ausência de Zelenski quanto as demandas de Putin preocupam os europeus. Em uma reunião dos ministros de Defesa da Otan mais cedo em Bruxelas, o alemão Boris Pistorius disse que EUA os não deveriam ter feito concessões à Rússia antes das negociações de paz, descartando a adesão da Ucrânia à Otan e aceitando que o país teria de abrir mão de parte de seu território.

O presidente americano Donald Trump e o russo Vladimir Putin em encontro na Finlândia em 2018 Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP

“Na minha opinião, teria sido melhor falar sobre uma possível adesão da Ucrânia à Otan ou sobre possíveis perdas de território na mesa de negociações”, disse Pistorius.

O ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, usou da ironia para comentar o telefonema entre Trump e Putin. " Me parece uma tentativa de chegar à paz pela fraqueza em vez da força”, disse ele, em referência ao slogan “paz pela força”, usado por Ronald Reagan para negociar com a URSS nos anos 80 e frequentemente adotado por Trump e seus partidários.

A União Europeia, por sua vez, também expressou descontentamento. “Qualquer acordo de paz sobre a Ucrânia negociado sem Kiev e os europeus está fadado ao fracasso”, advertiu a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas. “Nenhum acordo pelas nossas costas funcionará, qualquer acordo também precisará da participação da Ucrânia e da Europa.”

O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, que na quarta-feira disse que Trump não apoiava a candidatura da Ucrânia à Otan como parte de um plano de paz, disse aos repórteres, antes de uma reunião dos ministros da Defesa aliados nesta quinta-feira, 13, que o telefonema com o líder russo “não foi uma traição” a Kiev. Zelenski, por sua vez, procurou parecer otimista, dizendo durante a noite que havia conversado com Trump e que acreditava “que a força dos Estados Unidos é suficiente para pressionar a Rússia e Putin a entrarem em paz, junto conosco, junto com todos os nossos parceiros”.

A partilha da Ucrânia

A questão de onde as fronteiras da Ucrânia com a Rússia devem ser traçadas em qualquer negociação de paz entrou em foco nesta semana depois que Hegseth disse que era “irrealista” para a Ucrânia tentar recuperar todo o território que a Rússia tomou desde 2014.

O governo ucraniano há muito tempo afirma que seu objetivo é restaurar suas fronteiras ao ponto em que estavam antes de a Rússia lançar sua primeira invasão, há mais de uma década. Na ocasião, os russos ocuparam a Crimeia. Desde 2022, quando a guerra começou, conseguiram fincar suas tropas no leste da Ucrânia, tomando as províncias de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson. No total, Putin detém cerca de 20% do território da Ucrânia.

Zelenski já estava enfrentando uma semana difícil antes mesmo do telefonema de ontem. No começo da semana, o governo Trump exigiu US$ 500 bilhões em direitos minerais ucranianos, cancelou a isenção da Ucrânia das tarifas americanas sobre o aço e um dos principais céticos americanos em relação à assistência militar para Kiev, o vice-presidente JD Vance, estava a caminho da Europa para uma reunião com o líder ucraniano.

Mas ontem, as coisas foram de mal a pior. Além de excluir Zelenski de qualquer negociação, o telefonema entre Trump e Putin também significou o fim dos esforços americanos para isolar a Rússia diplomaticamente após sua invasão em grande escala da Ucrânia há quase três anos.

Reunião de ministros e secretário de Defesa em Bruxelas nesta quinta-feira, 13 Foto: Geert Vanden Wijngaert/AP

O temor dos europeus é que Trump possa ceder ainda mais — no caso concordar em deter ou reverter a expansão oriental da Otan —, o que colocaria em risco estratégico países como a Polônia, a Romênia e as repúblicas do Báltico.

Há anos, Putin critica a expansão da Otan, que considera uma traição dos americanos e europeus durante o fim da União Soviética. Na visão dele, Washington e Bruxelas descumpriram uma promessa de conter a expansão da Otan para leste, o que representa uma ameaça estratégica para Moscou, que tem vastas áreas de fronteira seca na mira das armas da aliança atlântica. / NYT

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