O ex-presidente do Equador Rafael Correa recebeu o status de refugiado na Bélgica, algo solicitado havia vários anos, de acordo com uma cópia do certificado emitido pelo Comissário Geral para Refugiados e Apátridas. O documento tem data de 15 de abril. Ainda nesta sexta-feira, as autoridades judiciais equatorianas solicitaram a extradição do ex-presidente, que já havia sido rejeitada anteriormente.
“É um alívio. Porque quando te dão essa proteção isso mostra que você está sendo perseguido”, disse Correa à agência France Presse. Sobre o pedido de extradição assinado hoje, o ex-presidente disse que as autoridades equatorianas “vão se enganar novamente”. “Já foram negadas várias vezes. Mas não se importam.”
Em Quito, o Ministério das Relações Exteriores declarou nesta sexta-feira que não havia sido notificado sobre a concessão de asilo político por nenhuma “fonte oficial”.
Correa apresentou seu pedido de refúgio na Bélgica em 2018, país de origem de sua mulher, Ann Malherbede, onde vive desde 2017. O ex-presidente havia apoiado sua ação alegando que ele era objeto de “perseguição política” e judicial em seu país.
Isso aconteceu após a chegada ao poder de Lenin Moreno, ex-aliado que se beneficiou do apoio de Correa para ser eleito presidente.
Correa, que governou o Equador entre 2007 e 2017, foi condenado à revelia a 8 anos de prisão pelo crime de suborno.
De acordo com a justiça equatoriana, durante o mandato de Correa, tanto o ex-presidente, como ex-funcionários e empresários participaram de um esquema de corrupção no qual subornos foram pagos em troca de contratos.
O ex-presidente socialista também enfrenta julgamento, com mandado de prisão, pelo sequestro fugaz de um oponente na Colômbia em 2012.
Bens confiscados
“Temos um julgamento final. Há o acordo com a Bélgica e os acordos internacionais, mais a lei de extradição, que respaldam nosso pedido em lei estrita. Aqui não há juízos de valor”, disse o presidente do Tribunal de Justiça, Iván Saquicela, ao apresentar o novo pedido de extradição.
Em fevereiro, a Procuradoria-Geral do Equador apreendeu bens pertencentes a Correa e a outros funcionários de seu governo.
“A propriedade desses ativos atualmente corresponde ao Estado equatoriano, conforme declarado nos certificados de penhor”, afirmou a agência em comunicado.
Em novembro passado, a Justiça equatoriana ordenou o confisco das contas bancárias dos 17 condenados no caso de suborno./AFP