O ex-presidente peruano Alberto Fujimori, cuja polêmica libertação da prisão fez com que o Peru fosse considerado desrespeitoso pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, disse nesta sexta-feira, 10, que foi diagnosticado com um novo tumor na língua, considerado maligno. Fujimori, de 85 anos, foi internado na semana passada em uma clínica de Lima, onde foi submetido a uma biópsia de uma doença de longa data na língua.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o ex-presidente disse: “Agora que recuperei minha liberdade, é minha vez de travar uma nova batalha”, afirmando que, desde a década de 1990, ele foi submetido a seis operações para remover lesões na superfície da língua conhecidas como leucoplasia, que às vezes podem evoluir para câncer.
“Nunca me rendo à doença e arbitrariedade. Nada poderá evitar meu reencontro com todos vocês. Com o seu apoio, a ajuda de Deus e o amor da minha família, vou derrotar o câncer”, continuou o ex-presidente.
Em 2018, Fujimori revelou um tumor no pulmão, além de problemas cardíacos e hipertensão. “No total, já passei por seis cirurgias no mesmo local, de forma que minha luta contra o câncer dura mais de 27 anos”, acrescenta o ex-presidente no vídeo.
Saída da prisão
Em meados de abril, o Peru anunciou que havia defendido a legalidade do polêmico indulto humanitário que libertou o ex-presidente Fujimori da prisão em um relatório para a Corte Interamericana de Direitos Humanos. A posição do governo é oposta à das famílias dos 25 peruanos assassinados pelos militares em 1991 e 1992, enquanto Fujimori era presidente (1990-2000), e pelos quais o ex-presidente foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão como mandante.
Em dezembro, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o mais alto tribunal latino-americano de direitos humanos ao qual o Peru está sujeito, solicitou ao governo da presidente Dina Boluarte que não executasse uma ordem do Tribunal Constitucional que determinava a libertação de Fujimori. No final, o governo o libertou.
Após a libertação do ex-presidente no início de dezembro do ano passado, a Corte Interamericana advertiu o Peru de que ele estava desrespeitando o tribunal internacional e solicitou um relatório para explicar a libertação com argumentos jurídicos.
Fujimori ganhou sua liberdade depois que o Tribunal Constitucional reviveu um perdão presidencial humanitário concedido em 2017 pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018). Especialistas interpretaram que Kuczynski concedeu o perdão para obter apoio parlamentar para seu governo dos legisladores do partido de Fujimori. O perdão foi anulado pela Suprema Corte em 2018.
Fujimori tem três outras condenações por corrupção e deve cerca de US$ 15 milhões ao tesouro, de acordo com a promotoria especializada em corrupção. Fujimori fugiu para o Japão em 2000, onde renunciou após vários escândalos de corrupção, incluindo a divulgação de um vídeo que mostrava seu chefe espião subornando congressistas da oposição. Em 2005, ele viajou para o Chile, onde foi preso e extraditado para o Peru em 2007./AP e AFP